The Darkness is Coming escrita por Liran Rabbit


Capítulo 10
A esperança é um erro, mas é doce e tentadora




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Em tanto tempo de existência, apenas os guardiões tinham visto a toca. O santuário da qual Coelhão tinha construído através dos séculos, o seu refúgio contra o mundo dos humanos e seus conflitos, um lugar intocado pelo homem, intocado pelo conflito e prazer da guerra. Antes sábio e contido, Coelhão já usou e abusou dos poderes antes de uma guerreiro do seu planeta, mas agora... Sentia que a um século atrás, o que fazia era uma resposta para suas dúvidas e problemas, agora não mais. 

Sentia a dúvida, mas além da dúvida, a vergonha. Usar e manipular um inimigo era uma tática antiga e seus companheiros pookas usavam isso ao favor deles contra os medonhos, usando a pele negra dos pesadelos para se infiltrarem em seus navios, mas quando Breu atacou e dizimou seu planeta, o envolvendo pelas trevas e fazendo o núcleo dele consumir todos de dentro para fora. 

— É lindo aqui... 

Karma olhava ao seu redor, os olhos brilhando de fascinação pelo ambiente que a rodeava, mas na verdade, ela que estava bela. O tecido do vestido que usava parecia vivo, as flores se moviam com vida e o cabelo negro dela parecia o mais completo breu, um medonho domado.  

Não sabia ao certo como os poderes dela funcionavam, mas mentir poderia causariam estragos futuros e danos irreparáveis, mas ser algo que não era... Usar a garota era errado, mas a única saída. A Mãe Natureza deveria sentir ou saber dos seus planos, mas não o censurou... Ela não parecia se preocupar tanto com sua cria. 

— Mesmo não me levando ao mundo dos humanos, o perdoarei apenas por me trazer na toca – Sorria, não tendo traço de arrogância ou ego sendo inflado, havia sinceridade em suas palavras e as mesmas eram ingênuas, assim como a pessoa que as proferia. 

Ele sorriu com a fala dela, se aproximando e pegando a mão da mesma, tendo o olhar curioso sobre si e o mesmo sorriso que o fazia se sentir sujo, o pior dos pookas, pior que um macho da espécie dos humanos. Não sabia do porquê, mas tentava o mínimo de contato físico possível, além de ser breve com as palavras. 

Ele era o guardião da esperança e o que Karma tentava se agarrar no momento era a esperança em si, a mais sólida e resistente possível. 

— Sabe que os humanos iriam apenas lhe corromper, não é? — O sujo falando do mal lavado, ele mesmo tinha segundas intenções, mas ali, ele tentava ser apenas um amigo. 

— Sei disso, Norte e mamãe falam o tempo todo isso — Contou, se deixando ser levada por Coelhão pela Toca, passando pelo rio de tinta azul e a puxando para ficar em suas costas enquanto a levava — Mas ainda sinto curiosidade de ver os humanos de perto, Sand os mostra como são em meus sonhos, como são diferentes em todo o lugar do planeta, mas queria ver com meus próprios olhos. 

— Curiosidade sempre é boa, mas na dose certa — Advertiu, a deixando no chão novamente enquanto a levava até os guerreiros de pedra — Norte não deveria limitar suas saídas, às vezes ele leva o papel de padrinho muito a sério. 

Levava e nem disfarçava, Norte o censurava no lugar da Mãe Natureza. Falava que Coelhão estava plantando uma rosa próximo demais dos cravos, plantar uma amizade falsa e alimentar o anseio de Karma para ter uma companhia era perigoso demais e que os danos, mesmo não aparecendo em nenhum momento, iriam abalar a pequena garota. 

Mas a garota em si não parecia notar, fechada na própria bolha e trajada da melhor roupa, Karma parecia viver no próprio mundo. Parecia, apenas. 

— Ele acha que me protege, mas olhe só — E ao falar, rodopiou. 

A saia do vestido girou junto e parecia um buquê de flores girando, mas não, era apenas ela. Apenas... Karma. 

— Estou na Toca, o lugar mais bonito da Terra — Falou, o deixando sem graça com o elogio que ela mesma deu — O que foi? Eu disse algo errado?  

Então ele notou o próprio silêncio, quando a deixava falar e soar sonhadora. Quanto tempo fazia desde que estava cuidando dela? Quantos meses e dias passaram para notar que se pegava a deixando falar tão livremente? Pelos deuses antigos, ele foi ao templo da Dentiana sem o treno, confiando apenas na garota na sua frente. 

— Não é nada... Apenas... Não vamos fazer isso parecer errado, sim? — Sugeriu e ela concordou, acuada. 

Não, não, não. Essa era última coisa que ele queria, a deixar com vergonha e temerosa pelas palavras que iria se dirigir a ele, não podia jogar a confiança dela fora pelo seu silêncio. 

— Eu a trouxe aqui porque queria contar algo importante... — Contou, pedindo a mão dela e a guiando para se sentar com ele na relva fresca — Algo importante... 

— Também preciso contar algo importante para você, por isso aceitei sem questionar o seu pedido para a Toca — Deu uma leve risada, o que fez que Coelhão soltasse de imediato a mão delicada e pequena dela — Coelhão? 

Era o momento. Pegando ao lado de onde estavam sentados, um cravo vermelho e o deixando em seu cabelo, o significado da flor ficaria apenas com ele e para ele, mesmo que Karma não fosse entender do porquê ao invés do cravo branco, Coelhão preferiu deixar o carmesim em seu cabelo negro. 

Respirando fundo, ele viu a esperança irradiar dela, o olhar que brilhava e a ingenuidade mais pura e sólida que encontrou em alguém, de que viu apenas a bondade e as ignorâncias de Jack, que foi protegida a fogo e ferro pelos guardiões e o Homem da Lua. Ela não era uma máquina mortal de consequências, era apenas ela. 

— Encontrei uma forma de ajudar você... — Sussurrou, desviando o olhar que ela lançava para si — Sua mãe está doente e eu sei como arrumar um jeito de ajudá-la. 

Então, quando ele voltou a encará-la pelo olhar, cada parte dele pareceu derreter com a esperança que ela mostrava. Não pela aura dela, mas pela sua face e sorriso, o brilho do olhar de Karma era como uma estrela. 

— Encontrou...? Coelhão, você é o melhor de todos! — Ignorando toda a distância que ele colocou entre ambos, Karma se jogou em seus braços e o fez cair de costas — O que teríamos de fazer? Ir atrás de uma flor rara? Ir ao mundo dos humanos? — Perguntava empolgada e mesmo não querendo, ele a segurou pela cintura para assim, a afastar consideravelmente de si. 

— Se me deixar respirar, falarei o que teríamos de fazer — Falou, mas isso não afastou o sorriso e felicidade dela — Certamente você conhece o seu avô e o poder que ele teve durante as eras, certo? — Indagou e ela concordou, se afastando dele e voltando a se sentar — Seu avô é o único com poderes de influência para parar os humanos, Karma. 

Ele viu a transição do belo sorriso se mostrar em uma face séria, o olhar que uma vez brilhou, estava frio como gelo, negro como um medonho. Ele tinha feito algo maior do que simplesmente soltar uma palavra ignorante para ela, ele plantou uma semente do conflito dentro dela. 

Todos aprenderam que mexer com Breu era perigoso, ela certamente tinha aprendido desde que nasceu de que o avô era cruel o suficiente para manipular a própria neta. Machucar a cria da filha dele. 

— O medo que ele dá para as crianças não surte mais efeito, mas não é para ser usado como algo vingativo... Mas como um aviso — Continuou, explicando como podia sem trazer um sentimento diferente e instável aparecer — Ele não interage conosco, mas ajudaria sua mãe... Breu também está fraco e corre riscos assim como ela. 

— Então eu deveria ir até ele? — Sussurrou, o olhando com receio e dúvida — Ele iria me machucar... 

— Eu não deixaria. Teria que passar por cima de mim para tentar fazer algo contra você — Declarou, sério e erguendo o queixo dela para que o olhasse — Karma? Eu juro pelo mais belo campo de cravos de que ele não irá machucá-la quando estiver do meu lado. 

— Se é para salvar a minha mãe, o farei — Decidiu, determinada e sorrindo fracamente — Obrigado, Coelhão... 

E segurando a pata dele, ela a levou até seu rosto e fechou seus olhos, suspirando e ficando quieta.  

Então, com esse ato ele percebeu o que estava acontecendo com ele... O olhar mais atento com ela e o receio de a ferir... O poder dela o estava influenciando desde que ele se aproximou, o manipulando antes mesmo dele proferir a primeira palavra para a doce garota. 

A lei do retorno estava fazendo o seu trabalho desde o início e ele percebeu apenas agora. Ele não estava se sentindo sujo apenas por usá-la... Se sentia sujo por... Gostar dela. Ele estava amando. O pior erro e que ela não parecia perceber ainda, faziam coisas que nem mesmo Dentiana fazia com ele como amiga, gestos longe de serem de amigos, palavras e atitudes longe de serem de alguém de confiança apenas. 

E ele fez a atitude que não deveria ter feito para selar ainda mais isso, agravar o erro que ele cometeu ao se deixar ficar próximo a ela. Ele deixou sua testa encostar com a dela, ouvindo o doce suspirar dela com o gesto. 

Ao se afastar, ver o olhar dela... Seus olhos brilhavam em um dourado intenso. 


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Notas finais do capítulo

Saiu o livro do JACK FROST! Mas é em inglês... Juro, não vou esperar um ano e meio pra sair a tradução, gente. Não vai dar, não dá! Leiam os livros, sério '^'

Demorei um pouco para atualizar, mas eu sempre volto e quando volto, posso retornar mais rápido com outra atualização.

Gostaria de agradecer a todos que leem e acompanham, principalmente para os comentários. Adoro ler cada um, sério. Agradeço muito por poderem tirar um tempinho do dia de vocês para comentar, isso me motiva muito.

Espero que tenham gostado. Até a próxima.



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