Strange escrita por NessAlgumaCoisa


Capítulo 8
O chamado das vozes


Notas iniciais do capítulo

Bem... Primeiramente desculpem pela demora pra postar... Pelo menos voltei rrsrsrsrs enfim aiai... Peço encarecidamente para que comentem digam o que estão achando da fanfic... Por que sério eu estou desanimada... Mas não vou deixar de postar... Só que é um saco escrever para as paredes... Enfim bom capitulo !



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Ao terminar as duas últimas notas, desatei a chorar, meu coração estava apertado... Tudo oque acontecera em todos esses anos... Tudo vem como uma bomba nuclear, explodindo na minha cara me tornando suja...

Enxuguei as lágrimas que ainda desciam e então sai da sala de gravação, voltei à sala principal, mas ninguém voltara... Que estranho...

Peguei na minha bolsa meu celular e disquei o número de meu irmão. Deu na caixa postal, tentei e tentei de novo, sempre caixa postal.

Meu coração se apertou de novo, ele não disse aonde iria no bilhete, nem parecia algo urgente...

Quando novamente fui discar o número meu celular tocou e era ele.

–Maninha...- começou ele com a voz pesada e embargada.

–Oque houve?- perguntei preocupada, nunca que meu irmão vacilaria a voz.

Ele não respondeu.

–Onde você está?- perguntei no tom mais sério que pude.

–H... Hospital. - disse e pude ouvir um soluço abafado como se alguém estivesse chorando.

–Estou indo para ai. - disse e encerrei a chamada.

Dobrei as mangas da enorme blusa do meu irmão e sai, depois de trancar a porta e guardar as chaves segui em direção à rua principal da pequena cidade.

Caminhava num passo apressado, quase correndo, tropeçava um pouco nas pedras soltas do chão.

Eu apenas precisava chegar logo ao hospital.

Trombava em algumas pessoas, se não bastasse, como eu podia ser tão desastrada? Já me disseram que é por que não sou uma pessoa “presente”, oque isso significa não me importa... Tenho muitas coisas para me preocupar e essa não é a mais importante...

Virei na esquina da livraria Chez Louis e subi o morro que levava ao hospital da cidade.

Antes de entrar no prédio mandei uma mensagem para saber onde Johnny estava, três minutos depois ele respondeu, andar quatro na recepção do andar.

Entrei e fui ao local.

Aquele cheiro me nauseava, a limpeza me deixava tonta, tudo branco, tudo esterilizado, pessoas em macas e em cadeiras de rodas, tudo era muito familiar e por isso me aterrorizava. Caminhava entre os corredores e me sentia novamente presa, podia sentir as mãos dos seguranças apertando meus braços e me jogando num quarto branco... Sentia as agulhas penetrando minha carne, podia ouvir... Os gritos desesperados daqueles que estavam sendo atormentados... Podia sentir a morte acompanhando os passos de cada um deles... Doía-me forte no peito lembrar tudo isso... Reviver novamente... Odeio hospitais.

Na recepção do andar vi uma mulher nos braços de meu irmão, ela estava desesperada, estava em prantos, inconsolável, Félix apenas estava com os cotovelos apoiados nos joelhos e estava cabisbaixo.

–Você. - minha mãe conseguiu dizer quando me viu.

–Sua culpa, sua... Sua... - a mulher se desfazendo dos braços de meu irmão vindo na minha direção, às olheiras profundas, os olhos turquesa, poucas rugas e linhas de expressão facial marcadas, cabelos tingidos de loiro presos num coque bagunçado, maquiagem borrada, essa era minha mãe... Com os olhos brilhando de raiva enquanto olhava para mim.

–Minha culpa o que?- perguntei tentando me manter calma e segura.

Meu irmão estava pronto para intervir, mas a maneira que olhei para ele o fez entender para deixar as coisas acontecerem.

–Meu marido morreu por SUA culpa! – Esbravejou a mulher, que eu deveria chamar de mãe, ela socou meu braço, mas não doeu muito.

Eu fiquei estática por um momento e então as vozes riram baixinho em meus ouvidos, uma risada debochada.

“Isso garotinha... Chore nos braços de sua família...” Ouvi-as dizer... A... As vozes... Nunca foram claras ao falarem... Comecei a tremer tanto que pesei que fosse desmaiar. Meus pelos se arrepiaram e senti um frio na espinha.

“Começou de novo.” Pensei desesperada.

–Pai... -disse baixinho segurando forte para não cair.

–Está feliz agora? Deveria ter avisado que ele tinha um tumor, deveria ter avisado, deveria ter feito ALGUMA COISA! Pelo menos ISSO deveria ter feito, mas NÃO estava ocupada de mais com seus “problemas”!- gritou a mulher enfatizando algumas palavras, senti tamanha repulsa que achei que iria vomitar ali mesmo.

Minhas pernas estavam bambas e por um momento eu não senti o chão, cai e tremia sem parar, sentia o desespero se apoderando, minha mãe me encarava com aqueles olhos que cintilavam em fúria.

Minha cabeça rodava e me senti enjoada, me joguei para o lado e vomitei novamente, mas não vomitei nada a não ser água.

Meu irmão segurou minha mãe para que ela não avançasse em mim que era oque parecia prestes a fazer e Félix veio em minha direção junto de das recepcionistas que vieram para me socorrer.

–Inútil!- disse com desprezo para mim e então lágrimas caíram de seus olhos e então ela se acolheu nos braços de seu irmão que resolveu ficar calado, ele estava dividido... Podia-se ver em seus olhos tamanha tristeza.

As mulheres ao meu redor apenas limparam o vômito me deram água, me perguntaram se eu precisava de algum remédio ou se eu tinha algum problema de saúde e respondi que não apenas fora nervosismo, elas me trouxeram alguns analgésicos e sal de fruta para o estômago.

Enquanto estava sentada tomando os medicamentos e deixando as enfermeiras medirem minha pressão e tudo mais sentia o olhar de minha mãe em mim, o olhar de uma víbora... Como e por que ela é assim?

A culpa não é minha que eu não sabia de meu pai... Sendo que quem veio me buscar na clínica fora apenas minha mãe...

Bem meu pai não era o melhor pai do mundo... Mas pelo menos ele não era louco e doente a ponto de já ter me trancado num armário dizendo que eu havia fugido.

–Anne quer ir pra casa?- Félix perguntou, acho que minha expressão era bem abatida...

–Por favor...- disse agradecendo por ele ter me perguntado.

–Se você tivesse dito alguma coisa pra mim... Você deveria saber... Ele é seu pai... Querendo ou não ele faz parte de você... Deveria SABER AO MENOS ISSO!- Aquela mulher nos braços do meu irmão resmungou e esbravejou a última parte.

–Já chega mãe!- Johnny elevou a voz levantando-se e fazendo a mulher se espantar.

–Pare de trata-la como lixo, a senhora não vê que ela é sua filha assim como eu? Não vê que a está ferindo!? Inútil é você que coloca a culpa nas costas de sua própria filha, cale a boca se não...

Ela arrumou os cabelos seu semblante orgulhoso não seria desfeito.

–Se não o que Johnny? Eu ainda sou sua mãe, você ainda tem que me escutar, me obedecer e respeitar. - disse ela severa.

Os olhos de Johnny expressaram tamanha dor que senti vontade de abraça-lo naquele momento.

–Ah... -Suspirou.- Mãe... Pare com esse comportamento ridículo...

–Ridículo é você, defendendo ela ao invés de mim sua própria mãe!- ela disse gesticulando na minha direção e lágrimas brotaram de seus olhos.

–Eu vou embora, não suporto essa palhaçada, você acabou de trocar a tristeza da perda de seu marido para discutir com seu filho por ele defender a sua filha por algo tão ridículo que me deixa espantado com sua ignorância. - Félix puxou-me pela mão, lançou um olhar significativo para Johnny e então saímos daquele inferno.

Apenas senti que estava chorando quando senti o líquido salgado tocar meus lábios e pingar no meu pescoço.

Félix me puxou para seu abraço, ele era meu segundo irmão mais velho... Ele era da família... Pelo menos ele era a minha única família... Ele e Johnny.

–Não desperdice suas lágrimas com isso. - sorriu gentil bagunçando meus cabelos.

Sorri fraco e então no caminho de volta ele me convidou para ir ao cinema ver algo para distrair a mente, concordei... Não iria ficar em casa chorando...

–Vou comprar a pipoca, doce ou salgada?-perguntei.

–Salgada.

–E a bebida?

–Água com gás.

–Sério?- perguntei.

–Sério. - disse ele e depois mostrou a língua e foi para a sala.

Entrei na fila e então um tempinho depois ouvi algumas risadinhas e murmúrios, deu uma olhada por trás e vi Ambre e suas amigas, elas riam e conversavam apontando para as pessoas, suas roupas correspondiam com quem eram... Ambre usava uma meia calça preta e um short branco muito curto, uma blusa roxa de mangas curtas e um colar âmbar, os longos cabelos loiros cacheados estavam soltos e balançavam graciosamente... Bem era a única coisa bela naquela criatura.

As outras garotas não eram nem um pouco diferentes, olhei na direção em que olhavam e zombavam e então vi Leisha, ela conversava ou melhor dizendo discutia com alguém perto da entrada do cinema do pequeno shopping.

Ela estava com o rosto inchado devido ás lágrimas , ela não estava bem arrumada como “deveria” estar... Ela não é o tipo de pessoa que se vestiria daquela maneira, não condizia com “ela”. Usava Jeans azul desgastado e boca de sino um blusão fino azul e cumprido e estava acabado, os cabelos cacheados e negros estavam presos num coque bagunçado, parecia desesperada, o homem a sua frente tinha expressão dura e severa, de braços cruzados e então de repente ele puxou-a fortemente pelo braço fazendo-a calar-se e praticamente arrastando-a a levou para fora.

Senti uma pontada de dor... Por ela... Pelo que ela estava passando... Entedia oque era aquilo... Ser humilhada daquela maneira...

Saí de meus devaneios quando ouvi o atendente chamar “próximo”.

Depois de comprar as coisas, fui à sala onde seria passado o filme, Félix assoviou para que eu o localizasse, dei a ele sua pipoca e bebida, não contei a ele o ocorrido mais recente, conversamos um pouco e então o filme começou.

Depois ele levou-me para casa, pediu se queria que ele ficasse, mas queria um tempo sozinha... Colocar os pensamentos em ordem.

Depois que ele foi embora tomei uma rápida ducha.

Quando vi a hora fiquei assustada em como o tempo passara rápido... Era quase 10 horas...

“As vozes nunca foram tão claras ao se comunicarem...”

Ponderei um pouco no que acontecera e me senti um pouco tonta... Ter labirintite é uma coisa complicada...

“Mas teve aquela vez... Ah não...”

Meu coração falhou algumas batidas e minha cabeça começou a girar novamente e pensei que iria vomitar, mas consegui controlar a tempo, sentei-me na cama e então ouvi baixas risadas em meus ouvidos e senti um frio na espinha.

Bebi um pouco d’água e deitei-me novamente, dormi de imediato oque é muito raro acontecer, mas infelizmente não foi uma noite bem dormida... Acho que nunca tive pesadelo pior...

“Eu estava sentada naquela sala... A camisa de força me apertando me deixava sem ar... Eu tinha vontade de gritar, mas as forças para isso haviam fugido, queria espernear, mas minhas pernas não obedeciam... Eu via apenas aquela tediosa cor... Branco... O mesmo cheiro enjoativo... Remédio, xarope e limpeza... Forte era minha dor de cabeça... Tudo tão real... Sonhos não são assim, certo? Sonhos são distorcidos, geralmente não fazem muito sentido já que são coisas projetadas pelo nosso subconsciente...Então por que a dor é tão real?

Eu me via sentada naquele chão encostada na parede forrada... Sabia que estavam me observando... Aquela menina ali, aquela pequena garotinha de sete anos... Era eu... Eu sentia sua dor por que ela era eu.

365 dias foram de tremendo sofrimento... Meus cabelos cumpridos naquele tempo... Meus olhos grandes e corpo pequenino... Ah oque fizeram com você pequena¿

Então murmúrios eram ouvidos...

“Você pode nos ouvir... Mas não nos vê... Pode sentir-nos, mas não pode tocar-nos... Nós somos sua maldição... Sinta o quão forte somos... Sinta que não merece viver... Quando você sair deste inferno... Morra... É pra isso que você nasceu.”

Então a pequena se debatia, eu estava sofrendo, me debatendo tentando livrar aquelas vozes... Que diabos estavam acontecendo? Por que?

Eu estava morta... Disso eu já sabia... Só precisava de algumas estúpidas vozes afirmarem que este era meu destino... Morrer.”

Acordei arfando, suando, contorcida na cama.

O suor vertia de meus poros, minha garganta seca gritava por água, meus olhos pesavam, sentia como se acabasse de levar trinta injeções...

Olhei no relógio, 7:23, corri para o banheiro lavei o rosto e escovei os dentes, tomei um remédio para dor de cabeça, o céu lá fora estava nebuloso mas o sol aparecia em filetes de luz o céu mostrava-se azul por traz das espessas nuvens.

Vesti uma calça vermelha, blusa de mangas cumpridas cinza um lenço azul escuro calcei um tênis qualquer peguei minha bolsa, passei a mão pelos fios de cabelos numa falha tentativa de desembaraça-los, havia umas quinze mensagens do meu irmão e outras 10 do Félix mandei um “estou indo para escola” para os dois enquanto corria em direção ao meu segundo pesadelo.

Tropeçava algumas vezes, mas nada que fosse anormal, minha cabeça estava cheia... Estava estressada, estava nervosa... Oque eu menos queria era ter que descontar algo me alguém...

Adentrei o prédio rosa que era o colégio “Sweet Amoris” e corri para minha sala, pedi desculpas ao professor e sentei-me no meu lugar ao lado da janela.

“Quando esse pesadelo terá fim...?”


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Notas finais do capítulo

Bem é isso ai por enquanto... Com o tempo teremos mais da vida da Anne e da família dela... Assim como da vida de Félix e bem oque acham de continuarmos com a vida normal dela? Fiquei em cima de uns 3 capitulos só pra um dia! Foi necessário mas vamos dar continuidade a nossa linha do tempo ^^ Kissus espero que deem sinais de vida srsrrsrs kissus



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