O sinal bateu avisando que a aula havia terminado. Kakashi saiu apressado da sala. Mal guardou seu material e já estava no portão. Talvez o garoto estivesse fugindo dos olhares de Anko implorando para que ele a convidasse para o baile de inverno. Ou talvez ele fugisse apenas das perguntas dos seus amigos a respeito de se a música estava pronta.

O garoto já cruzava o portão de saída do prédio da escola quando, de repente, ele vê, encostado em uma árvore não muito distante dali, Asuma. Kakashi se aproxima do amigo e pergunta:

- O que você faz aqui Asuma? Pensei que você não quisesse nunca mais saber de escola...

- Ora Kakashi, e você não sabe? Vim provar a vocês que eu posso conquistar a tal garota. – fala Asuma sorrindo pelo canto da boca.

- Você é teimoso. Já não te disseram que garotinhas ricas não namoram com rebeldes sem teto?

- Não.

- E já na te disseram que garotinhas ricas só namoram com playboys em cima de conversíveis?

- Se disseram fiz questão de não prestar atenção.

- Ok. Se você gostar de levar foras fique à vontade. Mas não diga que eu não avisei. Tô indo embora. – diz Kakashi.

- Falou então! – despede-se Asuma. Kakashi segue seu rumo andando. Era certe que o garoto já tinha idade para dirigir, mas mesmo assim, ele achava mais inspirador ir andando até sua casa. Além do mais, seu pai jamais permitiria que ele pegasse o carro emprestado para ficar andando por aí, exibindo-se para as garotas e depois bater no primeiro muro que encontrasse no caminho. Não que Kakashi um dia pudesse fazer isso, não era muito de seu feitio se fantasiar de playboy motorizado. Mas na mente de seu pai, isso era o que sempre acontecia com todos os garotos nessa idade. E com certeza, para ele, não seria diferente com seu filho.

Asuma estava ainda encostado na árvore. De longe parecia atraente com um belo sorriso no canto da boca. Contudo, apenas um detalhe estragava seu charme: um cigarro aceso, esfumaçando até um pouco acima de sua cabeça. Um perfeito comercial de um Hollywood.

O garoto espera o último aluno sair da escola e caminhando lentamente, vinha a garota dos olhos avermelhados. Tímida e um tanto contida, ela se agarrava a uma pasta de arquivo. Kurenai foi andando até a beira da calçada, próximo a uma placa de trânsito. Em pe, ela olhava para os dois lados da rua. Isso a fazia parecer ansiosa, porém, o brilho de seus olhos era somente de tédio ao esperar os pais no seu carro de luxo.

- Olá. – diz Asuma chegando perto, quase que num pulo para chamar a atenção da garota. Ela não responde de imediato. Fica apenas a encarar os olhos daquele garoto. Asuma ainda mantinha o cigarro aceso. E, apesar da fumaça, Kurenai pode ver o sorriso escanteado do Sarutobi.

Ela se agarrou mais forte à pasta que segurava. A rua estava movimentada e barulhenta. Num repente, o carro de seus pais já estava parado bem na frente dos dois. O vidro fume desceu eletricamente e o rosto da mãe da garota é visto no banco do motorista.

- Vamos Kurenai. – diz a Sra. Yuuhi num tom severo. A garota abaixa os olhos, não ousando encarar Asuma mais uma vez. abre a porta e entra.

Num baque seco, ela fecha a porta do Mercedez azul-escuro e parte, observando apenas aquele garoto pele retrovisor ficar cada vez mais longe.

Asuma se perde na distância e mais uma vez Kurenai tem que ouvir o interrogatório da mãe a respeito de seu dia de aula e do garoto a seu lado.

Asuma, ainda na calçada, dá um meio sorriso, arqueia a sobrancelha e fala num tom de surpresa.

- Complicado. Não pense que irei desistir tão depressa.

E então segue seu caminho.