Here Without You escrita por lawlie


Capítulo 32
New York, New York...




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Como já era tarde, Fugaku pedira que o motorista os levasse até Nova York. Dessa forma, o Uchiha se sentara no banco de trás juntamente com Takari. De tempos em tempos olhava o relógio apreensivo.

 

Talvez fosse muito tarde para Fugaku deixar Takari na Filarmônica, contudo, ele se recusava a permanecer com aquela menina por nem mais um dia. Ele sentia a adrenalina subir pelo seu corpo, queria que o motorista fosse mais rápido. Tudo bem que não fora o combinado, mas ele ainda tinha esperanças que a bastarda ainda desistisse da herança. Provavelmente, todos os acionistas da empresa, assim como seu irmão mais velho Teyaki ficariam furiosos ao saber que o plano não se concretizara.

 

- Por que estamos indo devagar? – reclamava Fugaku.

 

- Desculpe, senhor. – dizia o motorista – Mas a pista está escorregadia por causa da chuva. Eu acho perigoso acelerar.

 

- Você não é pago pra achar nada. Ande logo! Quero chegar a Nova York antes que seja uma hora inconveniente para incomodar a Filarmônica! E se precisarmos de um hotel, a diária será descontada do seu salário.

 

Não podendo responder à falta de educação do patrão, o motorista pisou no acelerador e seguiu.

 

Takari olhava pelo vidro embaçado de sua janela. Seu peito doía quando respirava. Estava com medo do que teria que enfrentar em Nova York. E estava com mais medo de não conseguir voltar para Kakashi.

 

Ela podia ter matado Fugaku naquele dia. Assim, toda sua dor desapareceria de vez. Os pensamentos de Takari a incomodavam. Fugaku estava confiante demais que ela seria aceita na Filarmônica. Ele provavelmente soubera mais cedo disso, caso contrário não estaria tão eufórico.

 

- Tacky-chan – disse ele com aquela voz forcadamente doce. – Você vai morar lá para sempre. Recebi mais cedo o fax da Filarmônica confirmando sua aceitação. É melhor você ser realmente boa nisso. – ele retoma o tom ameaçador. – Se eles te expulsarem, eu sou capaz de mandar você para aquelas pocilgas que sua mãe trabalhava!

 

- Minha mãe não era uma prostituta, desgraçado! – gritou Takari.

 

- Aww... – fez Fugaku com indiferença. – Não fale sobre o que você não sabe, menina burra. Sua mãe era sim uma vadia de um bordel fedorento que ameaçava meu pai. Uma vaca! Conseguiu emprego de secretária apenas porque ela ameaçou contar tudo pra minha mãe.

 

- O homem que você chama de pai é quem era o canalha da história! – disse Takari.

 

- Você não sabe nem um terço dessa história, Takari...

 

- E eu não estou disposta a ouvir a sua versão. – disse ríspida.

 

- Você vai acabar igualzinho a ela...

 

Takari não deu mais ouvidos às provocações de Fugaku. Não queria vê-lo mais distorcendo os fatos. Ela apenas desejava que a verdade fosse lhe dita. O pouco que se lembrava de sua infância era borrões de rostos raivosos, aquela mulher amarga e infeliz que fora sua madrasta, se é que se possa dizer assim, olhando-a com desgosto e acima de tudo, lembrava-se do sótão.

 

A garota se revoltara com sua vida. Jamais perdoaria sua mãe por tê-la abandonado naquela porta. Será que ela pensava que este seria um bom futuro para ela? Teria sido melhor se a garota fosse deixada em um orfanato, talvez não precisaria estar a beira da morte como ela sempre estava na casa dos Uchiha.

 

Pouco a pouco, a estrada foi se iluminando. Eram as luzes de Nova York. Luzes que ofuscavam sua visão. Era esta a cidade mais importante do mundo, a cidade da solidão.

 

“Fria, Nova York, fria...”

 

-x-

 

Sentado à mesa com seu pai, Kakashi olhava quieto a comida. Às vezes amontoava ervilhas sobre o purê de batatas. Seu pai o encarou preocupado.

 

- Não vai comer? – perguntou. Kakashi abaixou o olhar.

 

Sakumo viu algumas lágrimas caírem do rosto abaixado do garoto.

 

- Pai... – disse ele com a voz fraca. – o senhor já se apaixonou a ponto de achar que sua vida não tem mais sentido sem a pessoa amada?

 

Sakumo arregalou os olhos ao ver que seu filho caíra em um profundo pranto. Ele se levantou e foi até Kakashi. Ajoelhado, abraçou o garoto.

 

- Hey... está tudo bem Kakashi... – falou Sakumo.

 

- Eu não posso agüentar... Dói tanto...

 

- Eu sei...

 

Os dois permaneceram quietos, até que Sakumo falou:

 

- Não se preocupe, filho. – Kakashi ergueu os olhos avermelhados. – Isso vai passar. Quando sua mãe morreu, eu pensei que não agüentaria a dor também. Mas eu precisava ser forte. Eu tinha um filho para criar. E eu ainda sinto tanta falta dela... – os olhos dele se encheram de lágrimas. – Mas eu sabia que ela sempre estaria presente, olhando por nós de algum lugar.

 

- Você pode pensar que eu não te compreendo, mas eu sei sim como é sentir assim.  Você ainda tem uma vida inteira pela frente. Não se desespere, porque essa dor vai passar.

 

- Ela está indo hoje para Nova York.

 

- Eu lamento. – disse Sakumo.

 

- Eu fiz tudo que pude pra tirá-la dele, pai... – falou Kakashi.

 

- Nós sabemos disso.

 

- Eu temo que ela desista da vida novamente. Eu tento ser confiante a pensar que ainda podemos ter outra chance, mas eu duvido. Quantas pessoas eu terei que desapontar para ficar com ela. Eu não acho certo fazer isso com os meus amigos, com você...

 

- Kakashi, eu quero que você saiba de uma coisa: não importa o que aconteça, se for para você ser feliz, você nunca irá me desapontar. Você é meu único filho.

 

- Por que isso tudo não pode ser diferente? Por que eles não podem simplesmente deixar essa garota viver?

 

- Eles não podem. – disse Sakumo. Kakashi arregalou os olhos assustado.

 

- Como assim?

 

- Kakashi, o que for dito hoje nessa sala, eu quero que permaneça aqui. – falou o pai sombriamente. – Eu irei te contar o motivo de eu ter saído das Empresas Uchiha.

 

Eles ficaram em silêncio. Sakumo voltou a se sentar na cadeira. Deu um longo suspiro e começou:

 

- Como todos sabem, a mãe de Takari era secretária do Sr. Uchiha e tinha um caso com ele. Ela ficou grávida e então Fugaku e Teyaki resolveram dar um fim nela e no bebê. Primeiro, eles a ameaçaram e ordenaram que ela fizesse um aborto. Lógico que ela não aceitou. Então, os irmãos contrataram um assassino para acabar com ela. Mas não funcionou. Toriyama Sumire me procurou desesperada e então eu sugeri que ela fugisse. Ela disse que jamais teria condições de criar a criança sozinha, então eu propus que ela desse a criança para adoção. Mas ela fez o contrário. Sumire estava tão revoltada com os Uchiha que ela acabou fazendo uma loucura. Um dia ela me ligou apavorada dizendo que a filha dela tinha os mesmo direitos de Fugaku e Teyaki e terminou por deixar a garotinha de poucos meses na porta dos Uchiha.

 

- Numa carta ela explicava tudo. A Sra. Uchiha exigiu um exame de DNA e foi confirmada a paternidade. Não havendo mais alternativas, eles tiveram de aceitar Takari. A Sra. Uchiha foi até gentil com a garota. Já o Sr. Uchiha era indiferente. Mas quem a odiava mesmo eram Fugaku e Teyaki.

 

- Como advogado da empresa eu fui encarregado de fazer o testamento do Sr. Uchiha. Como desejo dele, ele deixaria seu patrimônio para os três filhos. Isso deixou os dois legítimos muito revoltados. Fugaku não queria aceitar o testamento e tentou me subornar para que eu o alterasse. Como eu não aceitei, os irmãos começaram a me perseguir na empresa.

 

 

- A Sra. Uchiha não tardou a morrer também e a casa fora deixada para Fugaku. Então, um dia eu ouvi uma conversa entre Fugaku e Teyaki. Como eles não queriam dividir nada com Takari, eu escutei Fugaku dizendo para Teyaki não se preocupar, que ele levaria a bastarda para morar com ele e faria da vida dela um inferno. Ele iria fazer com que ela tivesse descontroles psicológicos até que ela pudesse se matar. Mas isso precisaria acontecer antes que ela completasse vinte e um anos. Assim, ele prometeu.

 

- Teyaki descobriu que eu estava escutando a conversa. Não tardou e eles forjaram umas notas frias e eu fui demitido. Nunca consegui provas para incriminá-los. Depois de algum tempo ouvi notícias dizendo que Takari tinha tentado suicídio. Os dois realmente conseguiram descontrolar a menina. Eu penso que se ela não se matar até os vinte e um anos, eles darão um jeito de assassiná-la ou de gerar um laudo dizendo que ela não pode ter nenhuma parte na herança por ser desequilibrada psicologicamente.

 

- Era por isso, Kakashi, que eu não queria que você se envolvesse. Fugaku pensa que fui eu quem pedi para você impedir Takari de se matar. Agora, não só ela corre perigo, mas você também.

 

- Eu não acredito... como eles podem ser tão baixos... – disse Kakashi.

 

- Filho, eu estou te contando isso, mas pelo amor de Deus não vá fazer nenhuma besteira. Eu fico satisfeito por você ter evitado que Takari se matasse, mas não se envolva mais. Eles são perigosos demais.

 

- Pai, eu não posso ficar quieto. Ainda restam quatro anos até que ela complete vinte e um. Eu jamais deixaria a Takari morrer, ainda mais por causa de uma herança.

 

- Kakashi, ouça bem o que eu vou falar. Pense antes de apostar sua vida nisso. Por faltar apenas quatro anos, pode ser decisivo para a Takari. O Fugaku ainda não desistiu de matá-la. Eles tem suas cartas na manga.

 

- Eu vou trazê-la de volta. Eu prometi a ela.

 

- Você se apaixonou pela pessoa errada, filho.

 

- Pode até ser, mas eu irei até o fim com isso. Nem que eu tenha que sacrificar a minha vida, aquele canalha vai para a cadeia.

 

Fez-se silêncio. Sakumo pensava se teria feito a coisa certa a contar tudo isso a seu filho. Kakashi ficou calado, olhando o nada mais uma vez.

 

- O que você pretende fazer? – perguntou Sakumo.

 

- Eu vou fugir com ela, pai. Vamos nos casar e morar numa casa à beira da praia em algum lugar da Califórnia. Nós seremos muito felizes. Eu, a Takari e seus netos. – disse Kakashi sorrindo.

 

-x-

 

O carro parara. Fugaku olhou mais uma vez para o relógio apressado.

 

- Senhor, chegamos. – falou o motorista.

 

- Ande, menina! Saia logo daí! – ordenou Fugaku para Takari.

 

A garota mal esperou o motorista abrir a porta para ela e já foi saindo. Como estava frio! Takari, que estava sem casaco abraçou seus braços a fim de se proteger do vento frio da noite nova-iorquina.

 

Ela ergueu a cabeça e viu um imponente prédio sobre seus olhos. Em letras prateadas lia-se: Filarmônica de Nova York. Olhou em volta. Suspirou mais uma vez.

 

- O que você está fazendo parada aí! Vamos logo! – reclamou Fugaku.

 

Ele entrou apressado no prédio e seguiu para o caminho onde existia os dormitórios. A porta da recepção estava fechada, então ele tocou a campainha que havia ali. Takari segurava suas malas com as mãos suadas e frias. Não tardou muito, alguém veio recebê-los.

 

Uma senhora de aproximadamente cinqüenta anos os cumprimentou e os convidou para entrar.

 

- Boa noite. Sou Gemma Ivanovich, diretora da Filarmônica. – ela fez uma pausa. – O senhor deve ser Uchiha Fugaku e ela deve ser Takari.

 

- Exatamente, senhora. Devo me desculpar pela hora inconveniente da vinda, mas como eu sou um homem muito ocupado, não tive outra data para trazer a minha irmãzinha. – ele sorriu falsamente. Takari engoliu seco sentindo a cólera subir ao pensar o quão Fugaku era dissimulado.

 

- Não se preocupe com isso, Sr. Uchiha. Nós compreendemos suas impossibilidades. – disse a mulher.

 

- Fico grato. – e sorriu novamente.

 

- Então, Takari, como está se sentindo a respeito da escola? – perguntou a Sra. Ivanovich.

 

Takari não respondeu de imediato. Estava se contorcendo de raiva devido a falsidade de Fugaku. O homem lhe lançou um olhar ameaçador, então, ela falou sem nenhum resquício de ânimo:

 

- Não vejo a hora de começar. 

 

- Isso é muito bom. – disse a diretora. – Suas composições foram bastante elogiadas na academia. Essa garota tem um futuro brilhante, Sr. Uchiha.

 

- Se tem. – falou Fugaku. Takari apertou o punho.

 

- Diga-me Takari, você só toca piano ou já tentou outro instrumento?

 

- Apenas o piano, senhora.

 

- Talvez possamos te inserir em outro instrumento para que você possa atuar no fim do ano na apresentação de natal do Central Park.

 

- Desculpe, senhora, mas eu pretendo ficar apenas no piano.

 

- Isso não é jeito de se falar, garota. – resmungou Fugaku.

 

- Está tudo bem, Sr. Uchiha. Eu compreendo. – disse a Sra. Ivanovich. – Se a Takari se esforçar ela poderá solar com o piano na apresentação. Mas isso já é mais difícil, já que temos o pianista solo. Vai depender apenas do desenvolvimento dela. Espero que sua estadia aqui na academia te transforme em uma excelente pianista.

 

- Obrigado mais uma vez Sra. Ivanovich. Eu aposto que a Takari se esforçará bastante, não é Takari? – ele sorriu colocando a mão sobre o ombro da garota.

 

- Claro. – disse ela quase que inaudivelmente.

 

- Então estamos de acordo, certo, Sra. Ivanovich? Vocês irão transformar a Tacky-chan em uma grande pianista e eu irei depositar a mensalidade na conta da senhora.

 

- Aah Sr. Fugaku não comente tais coisas. É claro que está tudo combinado. – disse a mulher.

 

Takari olhou-os surpresa. Então fora assim que ela conseguira entrar tão rápido na Filarmônica. Fugaku estaria pagando extra para essa mulher para deixá-la ali, sob constante vigia. Nada mais apropriado por um corrupto como ele.

 

- Então, fico feliz. – disse Fugaku. – Está feliz também Takari?

 

- Não podia estar mais feliz. – disse sombria.

 

- Muito bem então. – falou a mulher radiante. – Vou te levar para seu novo dormitório, Takari.

 

- Muito obrigado, Sra. Ivanovich. – disse Fugaku.

 

- Eu é quem devo lhe agradecer.

 

- Tenha uma boa noite.

 

- Para o senhor também.

 

Fugaku saiu por aquela porta após cumprimentar a mulher com um aperto de mão. Mesmo não estando em liberdade, Takari se sentia aliviada de ao menos estar longe daquele monstro. Ela respirou fundo e seguiu a Sra. Ivanovich até onde seria seu dormitório.

 

-x-

 

- Não são permitidas saídas noturnas, visitas inapropriadas de amigos, familiares ou namorados, saídas sem o consentimento da direção e acima de tudo não é permitido mau comportamento. – o humor da Sra. Ivanovich mudara de gentil e agradável para amargo e prepotente.

 

 Takari mal a acompanhava apressada pelos corredores enquanto ouvia a velha mulher dar-lhe recomendações:

 

- Não pense que aqui você terá regalias. Você terá que praticar ao piano pelo menos doze horas diárias, sabendo que fechamos a sala de instrumentos às vinte e duas horas. Seguimos horários rígidos. Às sete servimos café da manhã e o almoço acontece exatamente ao meio dia. Preste bem atenção, menina, nó não toleramos atrasos. Entre os intervalos de piano, você terá breves aulas de história, boas maneiras e literatura. Todas as disciplinas serão testadas numa prova no fim do ano letivo. Mesmo sendo a melhor pianista mas não passando nesse exame, você fica imediatamente reprovada.

 

A mulher parou para tomar fôlego. Postou-se diante de uma porta.

 

- Este é seu dormitório. Irá dividi-lo com mais duas colegas. Entendeu?

 

- Sim, senhora. – disse. A diretora bateu na porta. Dentro de instantes uma garota veio atender.

 

- Boa noite Senhorita Harvelle. Esta é sua nova colega de quarto, Senhorita Uchiha.

 

- Ah sim. – disse a menina de coques castanho-claros e olhos verdes.

 

- Ajude-a com as malas. – ordenou.

 

- Sim senhora.

 

- Tenham uma boa noite. – disse a Sra. Ivanovich de forma seca, saindo imediatamente. A menina convidou Takari para entrar no quarto.

 

- Ela é uma bruxa. – disse. Takari sorriu. A garota colocou as coisas da nova colega em uma cama vazia e sentou-se na sua. – Takari, não é? Sou Irma Harvelle. Muito prazer.

 

- Igualmente. – disse Takari.

 

- Shh!! – fez Irma. – A Renée está dormindo.

 

Takari olhou para a outra cama onde havia uma garota dormindo tranquilamente.

 

- Ninguém suporta ela. – sussurrou a menina. – Pro seu bem, Takari, não interfira em nada da Renée Gardner.

 

- Ela é tão temida assim?

 

- Você não tem idéia. – disse abaixando ainda mais a voz. – Ela é um monstro. – Takari sorriu.

 

- Monstros não me assustam mais.

 

Takari sentou-se em sua cama, Irma sentou-se do seu lado.

 

- O que você toca?

 

- Piano. – respondeu.

 

- Eles vão tentar te mudar.

 

- Eu sei. Mas eu não quero.

 

- Takari, aqui não tem nada para se querer. É o que a Sra. Ivanovich diz e pronto.

 

- De todo jeito eu não vou ficar aqui por muito tempo. – suspirou a garota de longos cabelos negros.

 

- Se você diz... – Irma fez uma pausa. – Eu estou aqui há sete anos aprendendo clarinete. A Renée já está há quase treze anos e ainda não conseguiu o solo de violoncelo dela. Não creio que você vá se formar aqui tão cedo.

 

- Talvez. – disse Takari.   

 

- Eu vou dormir agora. – disse a menina dando um longo bocejo. – Boa noite Takari.

 

- Boa noite. – respondeu.

 

Takari deitou-se naquela cama fria e dura. Demorou a dormir, pois ficara pensando ainda mais em seus problemas. Depois de longas horas de insônia conseguiu pregar os olhos sem ao menos sonhar durante o resto da noite.

 

-x-

 

- Acorde, novata. – dizia uma voz estridente chamando por Takari. A garota abre os olhos e depara-se com a garota de nome Renée. – De pé. – ordena.

 

- Quem é você pra falar comigo desse jeito? – diz Takari ainda com voz de sono, virando-se para o outro lado da cama.

 

- Não dê as costas a mim quando estou falando com você! – gritou Renée.

 

- E o que você vai fazer? – perguntou Takari ainda deitada.

 

- Insolente! Ande, levante-se!! – gritou ainda mais a menina, agora empurrando Takari para o chão. A Uchiha cai.

 

- Você é louca?! – disse Takari. – Não teve graça.

 

- E quem disse que era para ter? – Renée parecia furiosa.

 

Takari encarou-a. A expressão da colega de quarto não era nem um pouco amistosa. Olhou para os lados e não viu Irma.

 

- O que você quer? – perguntou.

 

- Você me deve favores, novata. – respondeu a garota que tinha cabelos ruivos e olhos castanhos.

 

- Ao que me parece, não devo nada a você.

 

- Vá buscar meu café da manhã! – ordenou.

 

- Me dê um bom motivo para fazer isso? – desafiou Takari levantando-se. Renée se aproximou e encostou o dedo em sua cara.

 

- Porque eu estou mandando, novata.

 

Takari olhou-a curiosa. Que garota insuportável, pensara. A partir do momento que a Uchiha colocara os pés naquela casa, ela se decidira não ser mais a passiva Takari de antes. Não iria aceitar mais ordens de ninguém, ainda mais de uma fedelha como aquela.

 

- O que te faz pensar que é melhor que todas as outras aqui? – retrucou Takari. Nesse momento Irma chegou ao quarto trazendo uma bandeja.

 

- Seu café-da-manhã, Renée. – disse bem baixo. Ninguém prestara atenção.

 

- Eu sou melhor que todas vocês aqui, novata. – disse a garota de cabelos ruivos.

 

- Não sou eu quem estou tentando fazer uma apresentação solo há treze anos. – falou Takari. No mesmo instante um tapa estatelou em seu rosto.

 

- Vadia! – gritou Renée. Takari preparou-se para revidar, mas a garota segurou sua mão. – Se eu fosse você eu pensaria duas vezes antes de transferir esse golpe. – disse ameaçadora.

 

- Se eu fosse você eu pensaria duas vezes antes de mexer comigo. – falou Takari.

 

- A garota suburbana está se revelando?! – disse com deboche. – Qualquer coisa que você fizer comigo, novata, fará você ser imediatamente expulsa da academia. Em quem você acha que eles acreditariam? Na aluna exemplar que estuda aqui há treze anos ou na problemática que acabou de chegar porque a família não é capaz de arrumar um internato digno para ela?

 

- Como você sabe disso? – perguntou Takari assustada.

 

- Sei de muitas coisas aqui, novata. Assim como sei que se você for chutada daqui você vai para um hospício. – Renée riu debochadamente. – Eles não deveriam permitir doentes mentais na Filarmônica.

 

- Cale a boca! – gritou Takari.

 

- Cale você! E olhe por onde anda, novata. Qualquer dia desses você escorrega e o tombo será fatal. – disse soltando o braço de Takari. – Onde está o meu café, Harvelle? – voltara a ter o tom imperativo.

 

- A-aqui, Renée. – disse Irma gaguejando.

 

A garota pegou sua bandeja e saiu do quarto, sorrindo.

 

- Eu te avisei. – falou Irma apavorada. – Agora você acaba de se tornar a aqui-inimiga da Renée.

 

- Com coisa que eu me importo. – disse Takari. – Eu só queria saber como ela descobriu aquelas coisas.

 

- Ela sabe de tudo o que acontece aqui, Takari. E ela pode ferrar qualquer um com isso.

 

- Eu não me importo. – disse Takari.

 

“Apenas dois meses.” Pensou “Se eu conseguir ficar aqui por pelo menos dois meses eu estarei livre.”

 

- Takari, - falou Irma. – tome cuidado.

 

- Não se preocupe, Irma. O reinado dessa garota aqui está prestes a terminar. E eu não vou acatar ordem nenhuma dessa víbora. 

 


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