Here Without You escrita por lawlie


Capítulo 10
Cada um por si - Parte I




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“Grande coisa...” pensava Kakashi atordoado em sua costumeira sacada fitando mais uma vez aquele papel com seu início de música. Seus olhos frustrados passavam de um lado para o outro. “Por que eu não consigo entender aquela garota?”

 

O Hatake permanecia inconformado com as atitudes de Takari. Ele tentava ao menos compreender as reações da garota. Por que ela muda de humor assim? Isso o cansava. Ele almejava tanto que Takari virasse para ele e contasse todos os seus medos, segredos e alegrias. Ele queria que ela o visse. O reconhecesse ao menos. E por que ela tinha de ser tão fria?

 

- Que saco! – resmunga Kakashi. – Pelo visto não vai sair nada de música hoje. - O garoto então recolhe os papéis espalhados pela sacada e vai tomar banho.

 

À noite cai uma chuva pesada. Kakashi deita-se em sua cama e se aconchega com o pesado cobertor. Na verdade uma tempestade se forma além daquelas janelas. Raios, trovões pairavam sobre a cidade. E o garoto não conseguia dormir. Faltava praticamente uma semana para o tão falado Baile de Inverno. Sua música não estava pronta, nem o seu destino.

 

Em meio a seus pensamentos desvairados a tempestade aumenta. O vento ricocheteia na janela e os raios iluminam o quarto. Imagens percorrem sua mente. Seus amigos... Takari... a letra da música... Anko... a faculdade... seu pai. Tudo tão distante e perto demais. Até que enfim, ele dorme ao som dessa chuva que não quer passar.

 

~ × ~

 

Amanhece em Middletown. O chão está molhado e o céu cinzento paira na cidade. O garoto de cabelos cinzentos ainda está caminhando pelas ruas rumo ao colégio.

 

- Mas um dia chuvoso e nublado. – reclama ele para si mesmo.

 

Ele chega à escola. Nada de diferente naquele ambiente tedioso a não ser os anúncios do Baile de Inverno pendurados em todas as paredes. Eram avisos de que a festa se aproximava, algo que Kakashi queria retardar ao máximo. Anúncios eram feitos a todo momento no alto-falante avisando aos sensatos para que arrumassem um par o mais rápido possível.

 

- Mais essa... – reclamava Hayate rabiscando um papel. – Além de ter que vir nesse Baile a gente tem que convidar uma garota...

 

- Eu já disse que a gente não precisa fazer isso. – fala Kakashi pela enésima vez. – A gente vai tocar...

 

- Mas o que você ta pensando hein, Kakashi? Que eu não vou dançar com ninguém? Que eu quero só tocar e ir embora? Claro que não! Eu quero aproveitar a festa também! – reclama Genma.

 

- Tudo bem gente... Mas é que o Hayate reclama muito! Por que você mesmo não vai chamar uma garota? – pergunta o Hatake.

 

- Humpf! – murmura – Qual garota vai querer ir comigo? Você fala isso né Kakashi mas você recebeu quinhentos convites pra ir!

 

- Isso é mentira! – disse Kakashi.

 

- Não é não. De nós você foi o único que foi convidado e ainda por cima dispensou a garota. – disse Genma emburrado.

 

- Dispensei porque ela é a garota que você gosta. – responde Kakashi.

 

- Aff... Eu sou mesmo um perdedor... – reclama ele olhando para o teto.

 

Genma estava inquieto e chateado. Por que ele ia gostar justamente dela? Ela não o quer e ele sabe disso... “Mulheres...” pensa Genma “São complicadas...” E nessa sua divagação algo o surpreende.

 

- Genma?! – chama aquela voz conhecida e popular.

 

Os três amigos se viram e vêem Anko um pouco atrás deles. Kakashi suspira cansado de ter que encarar ela mais uma vez. Hayate olha com desprezo para a garota. Possivelmente ele estava com inveja de uma garota ter convidado seu amigo. Genma vira-se como se ela não tivesse falado o nome dele.

 

- Já vamos deixar você e o Kakashi à sós. – diz o garoto de cabelos loiros.

 

- Não é com o Kakashi que eu vim falar. – fala Anko abrindo um sorriso malicioso. – Genma você quer ir ao baile comigo?

 

Os três permanecem aparvalhados com a frase da garota, dita obviamente muito alto, de forma a chamar a atenção de todos os estudantes que estavam por perto.

 

- O que você disse? – perguntou Genma transtornado.

 

- Se você quer ir ao baile comigo. – responde Anko olhando firmemente para Kakashi.

 

Genma olha para os outros dois amigos em busca de ajuda. Hayate balança os braços e Kakashi sequer faz um movimento. Anko pergunta de novo:

 

- Você vai comigo ou eu vou ter que pedir outra pessoa?

 

- Eu... eu... eu vou. – responde Genma com um fio de voz.

 

- Ok então Genma-kun! – disse Anko indo na direção do garoto e dando um leve beijo na bochecha. Antes de sair ela acena para Kakashi e seque seu rumo.

 

- Você viu isso? – pergunta Genma paralisado e um tanto vermelho pela ação da garota.

 

- Ela te convidou... – falou Hayate ainda aborrecido.

 

- Algum problema Kakashi? – pergunta Genma voltando a si e olhando que o amigo estava pensativo.

 

- Não. Nada... – responde. – Vamos para a aula.

 

Os três então se encaminham para a sala de Geometria no fim do corredor. Quando entram eles buscam um lugar perto da janela para que possam contemplar a paisagem dos jardins.

 

Yuugao entra na sala sozinha e senta-se atrás de Hayate. A garota tem o olhar baixo e bem apreensivo. O típico olhar de quem está planejando falar algo há dias.

 

“Será que eu devo...” pensava Yuugao olhando de relance para Hayate. “Será que ele vai aceitar? E se ele já tiver companhia?” Ela mordia o lábio inferior e apertava com força um lápis que estava na sua mão.

 

Ela continua a encarar aqueles cabelos castanhos debaixo de uma bandana à sua frente. Yuugao estava desconcertada demais e tremia. “Por que isso?” continuou a pensar. “Quando terminar essa aula eu crio coragem e falo com ele.”

 

A garota de cabelos roxos e longos ficou presa nesse dilema durante toda aula de Geometria. O professor reclamou bastante da falta de atenção da aluna mais brilhante da sala e Yuugao só pedia mais e mais desculpas por não saber a resposta do exercício. Até que nesse ritmo, o sinal tocou avisando o fim dessa aula.

 

Ela ainda está sentada rígida em sua carteira quando vê Hayate se levantando um tanto cansado. Yuugao percebe o garoto indo embora, quando de repente levanta-se derrubando seu material da mesa.

 

- Hayate. – diz ela bem baixo.

 

O garoto vira-se e vê aquela garota às suas costas. Hayate faz feição de desentendimento e vira-se novamente.

 

- Hayate... – fala Yuugao um pouco mais alto. Agora ele teve certeza de que a ouvira falando seu nome e permanece com cara de “Por que ela está falando comigo?”.

 

- Hun... Você ta falando comigo? – pergunta ele se entender.

 

- Sim – diz Yuugao ficando vermelha. Ela abaixa a cabeça e sua franja encobre seus olhos. – Eu... eu... eu queria te perguntar...

 

- Pode falar. – diz ele entediado para ela.

 

- Você já tem par? – ela está muito vermelha e com a cabeça baixa.

 

- Pra prova de biologia? Não. – diz ele enfiando as mãos nos bolsos.

 

- Eu não to falando da prova. – disse Yuugao bem baixo.

 

- Achei que fosse. Até estranhei em ver você querendo fazer uma prova de dupla comigo... – ele olha a contragosto para o quadro cheio de exercícios que ele sequer copiara.

 

- Eu to falando do baile. – falou Yuugao quase que por um suspiro. Hayate volta-se para a garota. Ele está com os olhos arregalados e confusos.

 

- Você ta me convidando?

 

- Sim. – responde Yuugao depois de dar um suspiro prolongado.

 

- Mas por que você me convidaria?

 

- Ora! Não posso te convidar? – pergunta ela voltando a ter um tom autoritário.

 

- Acho que pode...

 

- Então você aceita?

 

- Tem outra escolha?

 

- Ora...

 

- Tudo bem...

 

Hayate ainda está confuso e desvia o olhar da garota. Yuugao murmura um “até mais” e sai correndo da sala. O garoto pega sua mochila e sai logo depois.

 

“Garota estranha.” Pensa.

 

Depois disso o baixista da banda encontra-se com os dois amigos e conta do episódio estranho que acabara de vivenciar. Genma ria falando que Hayate estava pagando língua por ficar falando que ninguém o convidaria.

 

- E ela ainda é uma gata! – dizia Genma dando tapinhas nas costas de Hayate.

 

- Não mais que a Anko! – disse Hayate fazendo bico. – Não sei nem por que a Yuugao falou comigo... O que ela ia querer com alguém como eu?

 

- Vai ver ela tem uma queda por perdedores... – ria Kakashi.

 

- Os opostos se atraem amigo! – comentou Genma.

 

- Mas esse caso ta muito oposto. Quer dizer, ela é a garota mais inteligente da escola e eu sou o que mais fica de recuperação... Será que não tinha um partido melhor pra ela escolher? – disse Hayate.

 

- Vai ver ela gosta de você... – comentou Kakashi.

 

- Será? – Hayate disse olhando para o vazio.

 

~ × ~

 

Os garotos ficaram parados encarando o nada. Foram para as próximas aulas. Uma chuva forte caía sobre os jardins da escola. A grama alagava e agora estava em um tom barrento. As árvores finalmente já estavam praticamente sem folhas algumas e um vento frio entrava por todas as frestas, o que fez com que os professores ligassem o aquecedor.

 

O sinal tocou avisando o término desse dia de aula. Cada um fez seu rumo. Genma deu uma carona a Hayate e Kakashi permanecera na escola a fim de encontrar Takari. Porém, novamente no muro da escola, estava Asuma. O garoto estava bem agasalhado, com uma pesada jaqueta de couro com as golas levantadas para proteger suas orelhas do vento frio. O garoto tragava mais um cigarro para se manter aquecido. Os alunos todos já haviam ido embora, à exceção de uns poucos que permaneciam a esperar a carona dos pais.

 

No mesmo ponto de sempre estava Kurenai embaixo de um guarda-chuva vermelho. Asuma logo que vê a garota sai na chuva até alcançá-la. O garoto apaga seu cigarro e chega mais perto da menina. Kurenai sequer se moveu com a presença dele.

 

- Olá! – cumprimente Asuma abrindo seu costumeiro sorriso radiante. A garota não responde. Fica apenas quieta a encarar a rua. – Como vai você?

 

- Desculpa, mas eu não falo com estranhos. – diz Kurenai desviando o olhar.

 

- Sou Sarutobi Asuma. Não somos mais estranhos. – fala ele estendendo a mão para cumprimentar formalmente a garota. Ela abre mais um pouco aqueles olhos esbugalhados e se perde naquele sorriso contagiante de Asuma.

 

- Olá. – diz ela fracamente. – Sou Yuuhi Kurenai.

 

- Eu sei. – Asuma ainda sorria e a deixava hipnotizada.

 

Os dois então se perderam por longos minutos, um olhando os olhos do outro, analisando cada detalhe do rosto.

 

“Que cara lindo” pensava Kurenai.

 

“Ela está falando comigo” pensava Asuma.

 

Kurenai queria esquecer-se da realidade e ficar perdida por toda eternidade no encanto de Asuma. E o garoto ainda sentia-se enfeitiçado por aqueles olhos vermelhos. Eles ano queriam que esse momento acabasse. Estava tão profundo e lindo que por um instante eles se esqueceram dos pais, dos amigos e dos problemas pequenos.

 

- Você vai ao Baile de inverno? – perguntou Asuma fazendo com que Kurenai despertasse daquele encanto.

 

- Não sei. – responde ela.

 

- Às vezes eu não queria ter sido expulso da escola... Eu queria estar lá pra poder te ver todos os dias... – comenta ele.

 

 

- Mas você já me vê todos os dias. – diz Kurenai sorrindo.

 

- É mesmo... mas não é a mesma coisa. – ele faz uma pausa e encara o chão. – Bem, eu vou tocar no dia do baile. Sou o baterista da banda e se você quiser, na verdade, se você puder, eu queria que você me acompanhasse...

 

- Você ta me convidando para o Baile? – pergunta ela comovida. Kurenai ainda não havia recebido convite algum.

 

- Estou sim. – responde ele. – Você, Yuuhi Kurenai, me aceita como seu par no Baile de Inverno?

 

- Aceito. – responde a garota corada embaixo do guarda-chuva vermelho.

 

Asuma sorri novamente e Kurenai abre um leve sorriso. A garota finalmente criara coragem e esquecera de todas as regras de seus pais e fora falar com Asuma. Talvez ela ficasse encrencada por isso. Mas com certeza valeria a pena por estar acompanhada por alguém tão encantador quanto Asuma.

 

De repente, o carro dos pais de Kurenai, o típico Mercedez azul-marinho para em frente à calçada. Do vidro dava para ver que a Sra. Yuuhi fazia cara feia para a filha.

 

- Adeus. – disse Kurenai. E assim a garota entra no carro e desaparece de vista.

 


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