A Caçadora E O Vampiro escrita por Dory


Capítulo 21
A viagem (Parte III)


Notas iniciais do capítulo

Oi amores!!! Aqui está o último capítulo sobre a viagem deles, ainda temos mais alguns capítulos antes do final desta fic, mas meu computador ainda está problemático e está difícil de postar com muita frequência, acreditem, estou postando o mais rápido possível usando o computador da minha mãe...

Esse capítulo não é um dos meus favoritos, mas foi o melhor que consegui. Espero realmente que gostem...

Boa leitura!!!



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Desci do avião aliviada, não agüentava mais ficar dentro dele, principalmente depois de uma aterrissagem que me deixou sobressaltada, sempre tive medo de aviões, mas essa viagem parecia ter sido ainda pior. Mark estava se divertindo internamente com minha reação quando o avião tocou o solo com uma força desnecessária fazendo meu coração dar um salto dentro de meu peito, ele ainda não conseguia entender como uma caçadora de vampiros podia ter medo de algo inofensivo como um avião. Sabia que ele estava escutando meus batimentos cardíacos descompassados aos poucos irem voltando ao normal se controlando para não rir na minha frente, ele sabia que se fizesse isso eu ficaria brava e ele estava evitando isso.

Quando consegui colocar meus pés no imóvel piso do aeroporto saí quase correndo para buscar minha bagagem, o alívio de estar pisando em terra firme tomando conta de mim como sempre acontecia depois de um vôo.  As esteiras não demoraram a começar a trazer as bagagens dos passageiros que estavam no mesmo avião que eu. Olhando para eles atentamente pude perceber que ninguém estava sobressaltado com a aterrissagem como eu estava, era como se para eles isso fosse completamente normal.  Peguei minha mochila preta e saí do aeroporto com Mark ao meu lado.

O dia estava maravilhoso apesar de estar relativamente frio para andar pelas ruas sem uma jaqueta. O sol brilhava intensamente, fazendo tudo a minha volta refletir seu brilho, o céu azul sem uma única nuvem a enfeitar-lhe. Um típico dia de sol no estado do Texas. Mas não era naquela cidade que ficaríamos, ainda tínhamos mais uma hora de viagem de carro para enfrentar. Sinceramente, não me importava de ter que percorrer mais milhas, desde que pudesse percorrê-las em um veículo que ficasse o tempo todo com os pneus tocando o solo.

Ao lado da saída do aeroporto ficava uma loja de aluguel de carros, Mark e eu fomos até lá, alugamos um carro sedan preto que não chamava muita atenção nas ruas, não queríamos que as pessoas ficassem prestando atenção a todos os passos que dávamos. Cidade pequena é sempre assim, carne nova sempre vira fofoca mais rápido do que você pode imaginar.

A estrada era estreita, apenas uma faixa para cada sentido. Para todos os lados que olhava podia ver cavalos e vastos pastos verdes com pouquíssimas árvores para fazer uma sombra refrescante para os pobres animais. Para entrar no clima, Mark ligou o rádio em uma estação que tocava apenas músicas country, não é o tipo de música que gosto ou que estou acostumada a ouvir, mas não reclamei, não estava realmente prestando atenção nas músicas.

           

“E se não encontrarmos, Mark?” perguntei, minha voz pouco mais alta que um sussurro. Mesmo não tendo falado sobre o que exatamente estava me referindo, ele entendeu.

“Nós vamos encontrar, não seja tão negativa” falou, sem desviar os olhos da estrada que se estendia infinitamente a nossa frente.

“Eu tenho medo do que pode acontecer se não acharmos... mas também tenho medo do que vai acontecer se acharmos” falei, dando voz aos meus temores.

“Nada de ruim vai acontecer, eu vou estar sempre com você para que nada te aconteça” ele pegou minha mão que repousava em meu colo e entrelaçou nossos dedos para me reconfortar, mas suas palavras haviam me dado o que pensar.

“Não é comigo que estou preocupada. Estou preocupada com você, o Mike, a Ally” minha voz foi sumindo aos poucos até que não consegui mais pronunciar nada com medo de que começasse a chorar.

“Não vou deixar nada nem ninguém machucá-los tampouco, não precisa se preocupar tanto assim, amor”

Voltamos a ficar em silêncio. Virei meu rosto para encarar a paisagem pela janela ao meu lado, não queria que ele me visse em um estado emocional tão conturbado. Suas palavras só fizeram meus temores se intensificarem. Ele estava disposto a fazer qualquer coisa para proteger a todos nós, mas ele poderia se machucar no processo e isso era algo que não conseguiria suportar.  Eu amava meus amigos, minha família de sangue diferente, sofreria muito se os perdesse, mas perder o Mark iria me devastar, não conseguiria suportar saber que ele morrera por minha causa, só o pensamento já era o suficiente para que uma dor forte rasgasse meu peito lentamente e de uma maneira agonizante. Me encolhi no assento tentando me recompor, não era saudável ficar com esses pensamentos vagando pela minha cabeça, só iria me fazer sentir pior. Mas de uma coisa estava certa, precisava achar um jeito de proteger o Mark dos esquemas insanos do Dean, sabia que ele não perderia a oportunidade de fazer meu namorado sofrer, principalmente com ele apaixonado por mim como eu supunha que estava desde várias missões atrás.

“Será que vai ser fácil encontrar isso como foi encontrar aquela tigela?” perguntei, tentando conversar sobre alguma coisa que me fizesse parar de pensar em maneiras de manter Mark a salvo.

“Sinceramente, não sei, mas acho que com a tigela tivemos muita sorte. Só espero que Laureen e Mike tenham a mesma sorte que nós” havia esquecido que devia estar preocupada com eles, afinal eles também foram incumbidos de encontrar artefatos antigos e protegidos por magia.

“Espero que eles estejam bem” murmurei, mesmo minha voz estando muito baixa, tinha certeza de que Mark me ouvira, mas ele não adicionou nenhum comentário ao meu e voltamos a ficar em silêncio pelo resto do trajeto.

Uma hora depois estávamos finalmente na pequena cidade no interior do Texas que guardava o objeto que procurávamos. A cidade era bonita, várias árvores nas calçadas faziam sombras para bancos de madeira espalhados pela extensão da mesma onde alguns senhores de cabelos grisalhos estavam sentados lendo o jornal ou apenas observando o movimento, apesar de não ter muito o que se ver naquela hora.

O carro que havíamos alugado não era chamativo, mas ainda assim as pessoas paravam para olhar os viajantes que chegavam à cidade, no entanto o insulfilm do carro era escuro demais para verem quem estava do lado de dentro do mesmo. Estava grata por ainda ter mais alguns minutos dentro do carro até chegarmos a pequena pousada na qual ficaríamos hospedados pelo dia, isso me daria mais tempo no anonimato, sabia que assim que colocasse meus pés naquele lugar os cidadãos começariam a fofocar sobre o casal de viajantes que chegaram na cidade a procura de algo misterioso.

A pousada era uma casa pequena e comum, uma construção quadrada de dois andares com mais janelas que os outros ao seu redor. Estava esperando um lugar mais bonito, talvez um prédio com fachada antiga e cheia de floreios, mas não era assim, apenas uma parede lisa pintada de verde claro com janelas de madeira envernizadas. O lado de dentro era tão expressivo quanto o de fora. Um balcão de madeira em um canto onde um homem de aproximadamente trinta anos estava pronto para nos atender, do outro lado ficavam duas poltronas estofadas na cor rosa bebê, um abajur alto e antigo feito de madeira, uma pequena lareira elétrica e uma televisão de plasma que estava desligada no momento e ficava pendurada acima da lareira. Nos fundos do recinto se encontrava uma escadaria de madeira que levava ao piso superior onde ficavam os quartos.

“Posso ajudá-los?” perguntou o homem sorrindo. Mark tirou uma folha de papel do bolso onde estava marcada a reserva de um quarto para casal.

“Temos uma reserva” falou, entregando a folha para o homem a sua frente. O homem abriu uma gaveta no balcão e de lá tirou uma chave dourada já gasta. “Queiram me seguir, por favor” ele saiu de trás do balcão e começou a se dirigir à escada. Mark pegou nossas malas e o seguiu, comigo caminhando logo atrás.

A escada se abria para um corredor que não era pequeno, mas que também não era amplo. De ambos os lados ficavam portas de madeiras envernizadas com números de bronze pregados nas mesmas. Passamos por várias portas até chegar no quarto com o número18 pregado na porta. O homem abriu-a, nos deixando entrar com as bagagens.

“Espero que esteja do seu agrado, qualquer coisa é só me procurar na recepção” depois de ter dito isso ele entregou a chave a Mark que estava mais perto e se retirou, voltando ao seu posto atrás do balcão.

O quarto era pequeno, mas era o suficiente para passarmos a noite que não demoraria a chegar, o relógio em cima do criado mudo marcava que eram 6:45 p.m. A janela dava para os fundo do hotel, a vista que tinha era de uma alta montanha verde com poucas árvores e o sol que se punha atrás dela. Era até que uma paisagem bonita. O piso do quarto era de carpete marrom, a cama de casal estava coberta por uma colcha verde com dois travesseiros com fronhas no mesmo tom de verde em cima do colchão. Um armário de madeira escura ficava encostado na parede oposta a janela. Colocamos nossas malas dentro dele e nos sentamos na cama para começar a planejar nossos passos para o dia seguinte.

“O que vamos fazer? Ainda precisamos descobrir por onde vamos começar a procurar” comentei enquanto Mark espalhava as folhas que Alice nos dera em cima da cama.

“Não sei, podemos começar perguntando as pessoas sobre este lugar como fizemos na outra cidade, mas não é garantido que elas saibam onde fica” respondeu, ainda sem me olhar.

“Vamos ser positivos e pensar que as pessoas sabem onde fica este lugar” peguei uma folha onde estava a descrição do local que devíamos procurar, mas a descrição me parecia muito precária, meu otimismo ia diminuindo conforme lia e percebia que poderíamos ter dificuldades para obter informações.

“Espero que você esteja certa, não sei nem por onde começar” essas palavras fizeram com que meu otimismo diminuísse ainda mais, Mark sempre tinha alguma idéia do que fazer por mais estranha que a situação fosse.

“Você acha melhor começarmos a pensar sobre isso ainda hoje ou podemos sair para comer alguma coisa? Estou com fome”

“Podemos comer antes, sem problemas” sorriu, tentando me animar, acho que ele conseguiu sentir que o meu estado de espírito não era dos melhores naquele momento.

Saímos da pousada e fomos até um pequeno restaurante do outro lado da rua. O lugar me lembrava a lanchonete/bar na qual trabalhava, era estranho perceber que estava com saudades daquele lugar, da cidade minúscula na qual morava, até mesmo da floresta que circundava tudo por lá.

Ao abrirmos a porta, uma sineta tocou, mas duvido que alguém tenha ouvido com todo o barulho que estava no interior do prédio. Achamos uma mesa em um canto afastado e mais quieto. Uma garçonete veio nos atender. Ela devia ter em torno de vinte anos, cabelos pretos, pele branca e olhos verdes. Não pude deixar de notar que ela olhava sempre que podia para Mark, me fazendo sentir uma pontada de ciúmes que logo resolvi ignorar, sabia que ele não se envolveria com ninguém além de mim, ele já havia deixado isso claro no último ataque de ciúmes que tive.

Depois de comermos, voltamos à pousada, ambos exaustos do vôo e do tempo que passamos dentro do carro. Tomei um banho quente para relaxar os músculos que estavam tensos desde que entrar no avião. Mesmo sendo cedo, fomos para a cama e adormecemos quase que instantaneamente.

***                     

            Depois de várias horas tentando entender o mapa que o dono da pousada nos entregara, finalmente achamos a trilha da qual ele falara. Havíamos começado a fazer perguntas sobre a cidade para os funcionários da pousada assim que voltamos da padaria onde tomamos nosso café da manhã. Foi tão fácil descobrir sobre o lugar para o qual estávamos indo quanto na primeira cidade, parece que este lugar era um local ao qual todos já haviam visitado antes. O dono da pousada nos arranjou um antigo mapa que ele guardava em seu escritório e nos entregou para que conseguíssemos seguir a trilha que nos levaria até o local que haviam sido realizados os rituais de magia negra que os habitantes tanto ridicularizavam já que a lenda dizia que quem fosse lá sofreria as conseqüências e nada acontecera as pessoas que foram até lá. A lenda também falava sobre um objeto preso a uma rocha que ninguém conseguia pegar, isso me fez lembrar da história do rei Arthur que conseguiu tirar a espada da rocha enquanto as outras pessoas não conseguiam ao menos fazê-la mexer.

            A trilha era fácil de seguir, apesar de ser uma eterna subida. Mesmo com meus problemas de equilíbrio estava conseguindo caminhar normalmente sem ao menos tropeçar. Era muito bom andar sem precisar de ajuda, um ato notável vindo de mim.

            Mark parou em frente a uma bifurcação e ficou analisando o mapa. Aproveitei para descansar. Sentei-me em uma pedra grande coberta de musgo na beira da trilha, me certificando de tirar um pouco do musgo antes de sentar, não queria manchar minha roupa de verde. Estava andando há algumas horas e meu corpo já estava começando a querer um longo e demorado descanso, mas sabia que não poderia ter isso ainda, tinha mais o que percorrer.

            Depois de alguns poucos minutos Mark decidira seguir pela trilha da esquerda, fazendo com que entrássemos ainda mais no pequeno bosque que ficava perto da entrada da cidade, o único lugar que tinha várias árvores agrupadas, diferentemente do resto do lugar que era apenas mato alto. Ele estava tão concentrado no que fazia que estávamos em um silêncio profundo, interrompido apenas pelo canto dos pássaros que ainda não haviam imigrado para terras mais quentes e pelo barulho dos nossos passos.

            Mais algum tempo de caminhada e saímos do pequeno bosque e nos deparamos com uma montanha coberta por mato alto. A trilha continuava fácil, estava estranhando o fato de estar tudo fácil de mais, isso era errado, as coisas que queremos nunca vem até nós com tanta facilidade, especialmente quando seres sobrenaturais estão envolvidos na equação. Foi quando a trilha começou a ficar difícil de seguir. Várias pedras impossibilitavam que continuássemos seguindo em frente, comecei a andar rumando para a esquerda na tentativa de contornar a montanha de rochas, mas Mark estava determinado em continuar na trilha e me fez voltar para junto dele. Ele me ajudou a escalar a maioria das rochas que estavam em nosso caminho, subindo cada vez mais alto. Um barulho de água corrente ficava cada vez mais alto conforme íamos continuando escalando as imensas rochas acinzentadas recobertas por musgos e outras plantas que não sabia o nome.

            Quando conseguimos finalmente chegar ao topo da montanha de pedras íngremes e escorregadias, por incrível que pareça, sem arranhões ou machucados, pudemos ver a cidade inteira dali e várias das montanhas que a circundava. Era realmente uma paisagem magnífica. Mark continuou seguindo o mapa nos fazendo ir para a esquerda novamente, tendo que atravessar um pequeno e raso riacho circundado por pedras. Tiramos nossos tênis para que não tivéssemos que caminhar com eles encharcados e atravessamos. A água estava gelada, mas a sensação da água corrente em meus pés era agradável. Uma vez do outro lado da margem, colocamos os tênis novamente e continuamos seguindo uma trilha imaginária por entre rochas e pequenos arvoredos até que nos deparamos com uma cachoeira incrustada na montanha a nossa frente, o barulho da água me trouxe recordações boas a mente. Me lembrei dos dias que passei com Mark deitados na nossa pequena campina com a cachoeira dando uma harmonia e uma paz inigualável ao ambiente. Mas esses dias pareciam ter sido há anos atrás.

            Continuamos andando, sempre em frente até chegarmos em mais uma trilha íngreme, mas de terra, o que me deixava relativamente aliviada, era muito mais fácil andar na terra do que nas pedras.  A trilha seguia montanha acima, nos levando até o topo da cachoeira, o barulho parecia quase ensurdecedor quando paramos lá. Ali perto ficava outro bosque com árvores altas e mato rasteiro. O mapa dizia para entrarmos naquele bosque. Mark foi na frente com o mapa em mãos sem hesitar um único instante sequer.

            O que eu achei que era um bosque na verdade era uma pequena clareira, as árvores formavam um círculo preciso nas bordas e a grama ali era baixa, pontilhada por pequenas flores vermelhas. Cinco pedras estavam espalhadas pela careira e uma estreitíssima trilha de terra ligava essas pedras, formando uma estrela de cinco pontas. No centro havia uma pedra baixa onde, em cima de sua superfície, estava o objeto que tanto desejávamos. Mark tentou se aproximar da pedra, mas ele foi impedido, sendo arremessado de encontro com uma árvore por uma força invisível. Magia, pensei em meio ao meu desespero em vê-lo caído no chão.

            Corri até onde ele estava caído, ele estava desacordado. Eu não conseguia pensar no que fazer em uma situação como aquela. Sua respiração estava fraca, mas ele estava vivo, o que me consolava. Sabia que ele não gostaria que perdesse tempo cuidando dele porque vampiros não morrem tão facilmente e gostaria que eu fosse tentar arranjar uma maneira de pegar aquele objeto. Mas estava com medo que a mesma coisa acontecesse comigo, para um vampiro ficar desacordado a força com que ele batera na árvore devia ter sido muito forte, se o mesmo acontecesse com um humano não haveria volta, eu provavelmente morreria com um impacto como aquele.

            Fui me aproximando devagar e hesitante da pedra, um vento forte fez meus cabelos bagunçarem e várias folhas levantarem como se um redemoinho as tivesse carregando cada vez mais alto. O barulho do vento, junto com o barulho da cachoeira que não estava muito longe de onde estava não me possibilitava ouvir mais nada. Porém ouvi algo que me pareceu improvável, talvez estivesse ficando louca, mas depois de ter conversado com vozes do além naquele casebre a procura da tigela, o fato de estar ouvindo vozes não me assustava mais.

            “Somente um coração puro e sem ganância pode encontrar o que procura e sair impune” não consegui distinguir se era voz de homem ou mulher por causa do barulho a minha volta. Tentei procurar a fonte daquela voz, mas nada encontrei, estava sozinha ali, já que Mark ainda estava desacordado, as folhas não me deixavam vê-lo, era como se elas estivessem formando uma barreira, para que eu não pudesse voltar a trás.

            Aquela frase me fez pensar. Um coração puro, sem ganância. Não queria o objeto por ganância ou para provar algo a alguém, estava ali por uma causa nobre. Se as bruxas que haviam falado comigo naquela casa na cidade anterior acreditaram em mim porque viram que meu sofrimento era real, talvez valesse a pena arriscar e dizer que meu coração era puro.

            Me aproximei da pedra ilesa, nenhuma força sobrenatural me fizera recuar. Com muita cautela consegui tocar a pedra que suportava o objeto. Se até então nada me acontecera, nada me aconteceria se tocasse o objeto, mas estava com medo de movê-lo e algo acontecer, isso se conseguisse fazê-lo sair do lugar. Respirei fundo e fui em frente. O objeto era feito de pedra assim como os outros que estávamos procurando. O toquei, sua superfície era áspera e olhando-o atentamente percebi que ele parecia uma adaga de pedra bem rudimentar. O que deveria ser o punho da adaga estava marcado com símbolos que não faziam sentido para mim. Consegui tirá-lo de lá com facilidade sem nada me acontecer. Assim que o tive em minhas mãos, o vento parou, as folhas voltaram a cair sobre a macia relva verde da clareira.

            “Um coração puro” ouvi alguém falar ao meu ouvido, mas quando me virei não vi ninguém. Um arrepio tomou meu corpo quando uma última rajada de vento passou por mim.

            Fui até onde Mark estava e vi que ele estava recuperando os sentidos.

            “Você está bem?” perguntei, a preocupação presente em minha voz.

            “Sim, mas tive um sonho estranho” ele se sentou, parecendo confuso.

            “O que você sonhou?” me sentei no chão ao seu lado com a adaga ainda em mãos.

            “Um homem estava na campina conversando comigo, ele falou que somente um coração puro conseguiria obter o objeto em cima da pedra. Vi você indo até lá. Ele falou que se o seu coração não fosse puro, a magia que guarda este lugar a mataria. Tentei ir até você, mas não conseguia me mexer, era como se a magia que impregna esta campina não estivesse me deixando interferir nos acontecimentos. Mas você conseguiu pegar o objeto e nada acontecera. O homem foi até você e sussurrou algo em seu ouvido, me pareceu que ele estava falando algo sobre um coração puro” terminou seu relato como se fosse apenas um sonho bobo, mas, para mim, era mais do que isso, era a explicação para ter conseguido segurar a adaga em minhas mãos e sair dali com tanta facilidade. Seu olhar parou nas minhas mãos fechadas fortemente em volta da adaga como se ela pudesse resolver fugir de mim “E você realmente conseguiu o objeto” ele sorriu animado.

            “Sim, acho que o objeto é uma adaga” mostrei o que segurava a ele que não ousou tocar no pedaço de pedra que estendia a minha frente.

            “Uma adaga de pedra muito mal feita” comentou bem humorado.

            “Vamos voltar, temos que ir para o aeroporto ainda hoje e quero ir para casa o quanto antes” falei me levantando e me dirigindo para a trilha novamente, com o nosso retorno a casa parecendo cada vez mais perto.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Ainda estou achando estranho saber que a fic está chegando ao fim, mas ao mesmo tempo estou super animada já que, assim que acabar essa, vou poder começar a trabalhar em uma nova que acho que vai ser mais interessante que esta que estou escrevendo para vocês agora.

Espero que ainda estejam gostando do que escrevo, qualquer coisa me avisem que tento melhorar, não quero decepcioná-los com o final da fic tão próximo...

Beijinhos e até o próximo capítulo!!!



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