Para Sempre É Muito Tempo escrita por Lady Fairy


Capítulo 1
Ichi




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Lucy Heartfilia estava em seu apartamento, sentada aos pés da cama, derramando lagrimas de dor e solidão enquanto tentava controlar os sentimentos conturbados dentro de si, mas a cada soluço sentia-se bagunçar mais e mais. Quando finalmente ficou em pé, se dirigiu ao banheiro. Não se preocupou em alterar a temperatura do chuveiro, simplesmente deixou-se arrepiar sobre as gotas geladas.

Andava nesse limbo desde que retornaram dos Jogos Mágicos, sabia que não fora totalmente sua culpa tudo o que houve, mas isso não mudava o fato de que se sentia insuficiente dentro da Fairy Tail. Não era proposital todo esse masoquismo, mas desde muito nova Lucy se martirizava com pensamentos autodestrutivos que simplesmente não paravam de rondar seus pensamentos.

As coisas estavam tão descontroladas dessa vez que ir para a guilda — Que sempre fora seu maior sonho realizado. — se tornou um verdadeiro pesadelo. Ter que encarar seus companheiros, que sempre estiveram dispostos a tudo por seu bem, e saber que jamais teria força o suficiente para retribuir.

Foi pensando nisso que desligou o chuveiro e se secou rapidamente com uma toalha branca e vestiu o conjunto que estava separado desde que acordara, a saia azul, a regata branca com detalhes combinando com a saia e a meia 3/4 preta. Após se vestir caminhou até a comoda apanhando as chaves e o chicote, prendendo ambos a saia. Não demorou para que saísse do apartamento e fosse em direção a Fairy Tail, no alto de um dos montes de Magnolia.

Parou em frente à porta da mesma e a empurrou só o suficiente para poder passar. Foi direto até o balcão onde Mira enxugava um copo, o típico sorriso simpático nos lábios.

— Ohayou, Mira.

— Ohayou, Lucy! — Respondeu dando um de seus melhores sorrisos. As fadas não eram bobas e já a muito tempo haviam percebido o baixo astral da maga celestial, e por isso estavam empenhados em entende-la e anima=la. 

Foi pensando nisso que de repente flocos de gelo começam a cair sobre os fios dourados, como numa nevasca. Era Gray.

— Ohayou, Lucy! Você está bem? — Perguntou ele, sentando-se no banco ao lado da garota. Já faziam algumas semanas que Lucy não se juntava aos outros em sua mesa.

— Aye. — Assentiu desanimadamente, recebendo um copo de suco de morangos frescos que Mira havia preparado para a mesma mais cedo.

— Mira-nee! — Ouviram e Lucy deus espaço para que a garota pudesse se aproximar do balcão, dando-lhe um sorriso que foi correspondido docemente.

— Bom dia, Lucy-chan! — Era Lisanna. A garota albina estava mais linda do que nunca, na opinião de Lucy. Estava com o cabelo curtinho e bem penteado, os olhos azuis como o sol brilhando animados e as bochechas coradas. A loira sabia bem o que a deixava tão bonita, era o amor. 

Bastava ter dois olhos na cara para perceber que a algum tempo Natsu e Lisanna andavam mais próximos do que nunca. Esse fato também contribuía para o desanimo de Lucy, afinal ver o garoto que gostava apaixonado por outra era doloroso, mas apesar disso estava feliz que as coisas andavam bem entre eles, afinal no fundo sempre soubera que o rosada sentia algo por Lisanna. E também não podia culpa-lo, já que nunca esteve em seus planos se declarar, afinal pensava que algum dia simplesmente as coisas acabariam rolando. 

— Lisanna!-disse Mira, com um sorriso desconfortável, pois sabia que a situação entre Natsu e a irmã machucavam Lucy. — Do que precisa?

— Natsu já vai chegar, ele disse que tem algo para me dizer! — Disse animada.

— O que aquele idiota está querendo, será? — Gray disse desinteressado, se levantando e dando uma olhada de soslaio para a loira. Ele era um dos que já haviam percebido a muito tempo os sentimentos de Lucy por Natsu, mas decidira não intervir pensando que algum dia os dois se acertariam, mas as coisas saíram um pouco do esperado.

— Eu não sei, mas ontem nós nos beijamos. Talvez tenha algo a ver! — Respondeu, as bochechas branquinhas atingindo um tom forte de vermelho. Lucy engoliu em seco e virou o rosto para o outro lado.

Gray encarou a amiga e percebeu como os ombros se encolheram, e conhecia a loira bem o suficiente para saber que estava se segurando para não chorar. Não sabia o que fazer, não estava acostumado a liderar com garotas como Lucy, talvez se ela fosse piradinha como Juvia fosse mais facil. Apenas respirou fundo e deu a volta em Lisanna, se aproximando da loira e brincando com um cubinho de gelo, que despejou por fim no copo de suco da garota.

Lucy tentou mesmo não se sentir afetada por aquela situação, mas doía muito. Seu coração fora de Natsu nos últimos anos, mesmo que o rosado não soubesse, e senti-lo escapar por entre seus dedos era horrível. Nem mesmo Gray tentando anima-la (e ela era muito grata pelo amigo) conseguiu faze-la se sentir melhor.

— Nat-kun! — Ouviu a albina chamar assim que a porta da guilda fora aberta. 

— Ohayou, minna! — Responde ele, fazendo o coração de Lucy disparar apenas ao ouvir sua voz. — Oi, Li-chan. — Disse de forma mais tímida.

Lucy não pode evitar que lembranças invadissem seus pensamentos, correndo até uma memória especifica.

 

Era uma sexta feira e Natsu estava no quarto de Lucy, deitado com ela em sua cama, como sempre acabava acontecendo, e os dois se encaravam no silêncio da noite.

— Quero ficar com você para sempre. — Disse ele seriamente. Lucy sorriu e revirou os olhos. — Quero poder me aventurar por ai, realizar as missões mais difíceis, encontrar Igneel... Quero que você esteja lá para comemorar comigo, sempre. 

Natsu não entendia o peso de suas palavras, Lucy sabia disso. O para sempre dele poderia ser muito diferente do que ela queria, esperava daquela relação. porém, só aquela noite, permitiu-se iludir.

— Para sempre é muito tempo, Natsu.

— Não importa. Se for com você, não ligo quanto tempo leve. Juramento de dragão! — Ele sorriu e levantou a mão na altura da cabeça, fazendo a garota sorrir.

— Se você entendesse o que isso significa para mim, Natsu... — Murmurou, fechando os olhos em seguida. Sentiu a mão do garoto espalmar em sua bochecha e acariciar sua bochecha.

— Eu posso não entender exatamente o que você quis dizer. — Lucy confirmou sua suspeita — Mas doeria demais te perder, Lucee.

Chacoalhou a cabeça para desfazer o pensamento e se levantou bruscamente, assustando Gray. Havia chego a uma conclusão e, naquele momento, parecia ser a única saída para tudo o que sentia. Precisava se desligar daquilo, que a machucava e deixava impotente, e precisava sair dali, daquele lugar. Pelo menos até conseguir se resolver com o monstro dentro de si mesma. Foi pensando nisso que subiu as escadas para o segundo andar rapidamente, parando em frente a porta de madeira conhecida. Respirou fundo antes de bater, e logo ouviu a voz lhe permitindo entrar.

O mestre estava sentado sobre sua mesa, chacoalhando os perninhas curtas no ar com um sorriso enorme no rosto. Em um canto, conservando sua expressão séria e braços cruzados estava Erza, que sorriu ao ver a amiga. O coração de Lucy se partiu pela primeira vez naquele momento, pois com a titânia ali as coisas seriam mais dificeis.

— Lucy, o que deseja, minha filha?

Respirou fundo e entrou de vez, fechando a porta atrás de si.

— Mestre, tomei uma decisão muito importante.

Erza a encarou preocupada. Assim como Gray e Levy, também sabia que Lucy andava muito mal. 

— E qual seria?

— Vou sair da guilda.

Um silencio mortal se instalou.

Erza foi a primeira a se mexer, levantando-se e indo até a loira, pegando-a pelas mãos com os olhos arregalados.

— Por quê? — Perguntou, apertando mais do que pretendia as mãos da garota.

— Erza, não se preocupe. — Disse na intensão de acalmar a outra —Eu vou voltar, só sinto que agora isso é algo que preciso fazer.

Mordeu o lábio tentando segurar as lágrimas que já quase transbordavam as órbes castanhas. Makarov estava tão chocado quanto Erza, mas tentava não deixar isso transparecer. Naquele momento precisava ser racional. 

— Qual o motivo dessa decisão? — Perguntou.

— Eu... — Pensou em dar um desculpa, mas sentia que para os dois era um dever ser sincera. — Eu me sinto tão frustrada comigo mesma, me sinto um estorvo constante. Eu não consigo lidar com esses sentimentos enquanto tenho que vir aqui todos os dias e ver como todos estão se esforçando tanto e eu continuo dando passos de formiga para acompanha-los. Chega a ser ridículo o fato de que eu pertenço ao nosso time. — Disse para Erza agora. — Preciso sentir que sou necessária, que posso fazer por meus companheiros tudo o que fazem por mim e até mais. Preciso me sentir forte.

— Lucy, não existe apenas a força física. Você é forte de tantas outras formas! Na verdade você mesma não tem noção de quão forte você é, tanto fisicamente quanto aqui dentro. — Apontou para o coração da loira.

— Eu sinto muito — A voz já estava embargada. —, só que é algo que preciso fazer por mim mesma.

— Mesmo sendo horrível, eu entendo o que você está tentando dizer. Só é difícil demais para mim ouvir algo assim da minha nakama.

— Desculpe, Erza-chan.

Logo foi abraçada pela maior. Era caloroso e familiar, e era doloroso pensar que não veria a amiga por um tempo ainda indeterminado.

Quando se separaram, Lucy caminhou até próximo do mestre, que disse por fim:

— Esta é sua decisão final, filha?

Lucy respirou fundo. — Sim, mestre.

Estendeu a mão com a marca rosada para o mais velho que apenas empurrou-a de volta para a loira.

— Leve a marca com você para que assim sempre se lembre que tem para onde voltar quando as coisas ai dentro estiveram no lugar em que devem estar. Somos uma família, Lucy. Famílias nunca dizem adeus. 

Lucy abraçou o velhinho e Erza mais uma vez antes de ir até a porta e virar-se para eles.

— Então eu... Eu vou indo.

— Lucy! — Ouviu Erza chamar e voltou-se para a ruiva. — Tome. Quero que fique com isso.

Movimentou a mão de um jeito automático que Lucy já a vira fazer milhares de vezes e em sua palma estava uma linda catana de lamina dourada e o punho cravejado de pedras verdes que Lucy reconheceu como safiras. Apanhou-a e acenou em despedida, descendo rapidamente os degraus de atravessando o salão. Saiu pela porta e, antes que fosse em direção a casa para reunir o que fosse precisar, de voltou para sua segunda casa.

— Até logo, Fairy tail.

 


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