A Diabólica Vida De Eleonora Duncan escrita por Ikuno Emiru


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Demorei, não foi? Desculpa, galera, mas é que eu estava viajando e não tive muito tempo para escrever. Fora que eu rescrevi esse capítulo umas três vezes e então fiquei satisfeita. x_x
As coisas estão bem perto de serem esclarecidas... vocês vão ficar muito surpresas, espero eu!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/322038/chapter/9

A aula havia acabado, eu estava deitada num dos banquinhos do pátio, olhando para o céu. Eu havia recebido um bilhete anônimo, pedindo para que eu esperasse o meu “admirador secreto” no pátio, depois da aula, mas até agora ninguém apareceu. Eu talvez esteja fazendo um grande papel de boba em estar aqui esperando, mas por outro lado, algo bom pode estar a minha espera... Esse pensamento me deixou ligeiramente nervosa, então peguei um alcaçuz de dentro da minha mochila e comecei a mordiscar, eu fechei meus olhos para tentar imaginar quem seria o tal admirador secreto:

Ninguém. Ambre pregando uma peça em mim. ...

Os garotos que conheço tem coragem o suficiente para falar comigo pessoalmente, então é provável que não seja nem o Nathaniel e muito menos o Castiel. O Ken não está aqui, o Dajan... argh, Dajan não! Prefiro acreditar que ele não voltará a pisar nessa escola!

– Você levou um bolo! – Demon falou.

– Não levei não, Demon, pensa positivo. – Continuei a mordiscar o alcaçuz com os olhos fechados. – É provável que seja alguém tentando me enganar.

– Então por que você continua aqui? – Ele perguntou. Uma pergunta inteligente.

– Porque eu sou uma curiosa! – Senti alguém puxar o alcaçuz da minha mão, quando abro os olhos, vejo o rosto de Castiel. – Me devolve meu doce?

Ele pegou o alcaçuz e deu uma mordida na ponta oposta a que eu estava mordendo, depois ele fez o favor de colocar o doce de volta na minha boca.

Ele levantou minha cabeça com delicadeza e se sentou no banco, depois, ele deitou minha cabeça nas suas pernas. – Ei, que abuso é esse? O que você está fazendo? – Fui perdendo a voz enquanto eu falava, o que ele estava fazendo, afinal? Que vergonha! Será que ele é o “anônimo” ou “admirador secreto”, como dizem nos filmes? Se ele estava aqui, bom, talvez... mas ele poderia estar apenas passando por aqui e quis me atormentar...

– Me sentando? – Ele respondeu. Poucos segundos depois, pude sentir suas mãos brincando com meus cabelos, acariciando a minha franja...Eu não estava entendendo mais nada, mas... aquilo era bom... não, Eleonora, não pense nisso!

– Foi você? – Eu precisava descobrir!

– Eu o quê?

– Que colocou isso no meu estojo? – Entreguei o papel para ele, ele pegou com uma mão, enquanto ainda brincava com meus cabelos e passou os olhos pelo bilhete que lhe entreguei.

– Aham. – Ele disse. – Eu só queria brincar contigo, ver se você ficava animadinha por ter um admirador secreto, mas parece que não deu certo.

– Você fez que eu me sentisse naqueles filmes de colegiais em que a menina excluída recebe um cartão anônimo no dia dos namorados, mas só por alguns minutinhos.

– Pensei ter mencionado que era para você vir sozinha! – Rolei os olhos para o lado e identifiquei um garoto de cabelos castanhos escuros e olhos azuis na minha frente, eu me levantei bem na hora do colo de Castiel.

– Você! – Eu exclamei para Castiel. Minha visão escureceu, levantei muito rápido e fiquei tonta, o que quase me fez cair do banco. Uma vez que eu já estava recuperada, continuei – Por que mentiu para mim?

– Porque seria divertido ver a sua cara e a dele. – Ele apontou para o garoto.

– Desculpe-me por isso... – Me levantei e me coloquei na frente do garoto. – Eu sou a Eleonora, mas acho que você já sabe disso, não é? Podemos ir a outro lugar? –

Claro, aparentemente, a culpa não é sua. – Ele lançou um olhar para Castiel, um olhar que me deu até medo. Castiel começou a rir. O garoto estava andando em direção ao ginásio, eu o acompanhei, mas não deixei de me virar para Castiel e mostrar o dedo a ele... de forma mais discreta, é claro... (N/A: Eleonora fez esse gesto a Castiel: http://gifrific.com/wp-content/uploads/2012/04/rose-gives-finger.gif em Friends, esse gesto corresponde a mostrar o dedo do meio).

– Você deve estar se perguntando quem sou eu. – O garoto falou assim que estávamos sozinhos.

– Você tirou as palavras da minha boca. – Respondi.

– Na verdade, eu li a sua mente.

– O quê?! – Falei quase cuspindo o alcaçuz.

– Eu me chamo Kaoru. Assim como Demon, eu sou um ser espiritual, mas a minha função é te vigiar de longe e impedir que o mal chegue a você, já Demon precisa estar constantemente ao seu lado para te proteger. Aqui na terra, vocês costumam nos chamar de Anjos.

– Então por que Demon tem estado tão ausente ultimamente?

– Ele está investigando e passando as suas descobertas para nós, mas não cabe a você, Eleonora, saber o que. Pelo menos não agora.

– Mas me diga, por que só eu vejo Demon? As outras pessoas não tem protetores?

– Você não é a única que vê, Eleonora. Você terá respostas às suas perguntas, mas, também não cabe a mim responder.

– E quem vai me responder? Então você não estuda aqui?

– Paciência, minha garota, mais cedo ou mais tarde você descobrirá. E claro que eu não estudo aqui, essa minha forma nem sequer é a minha verdadeira! Mas, eu devo ir agora, meu dever já foi cumprido.

Mas... mas o quê? Por quê? Como? E quem além de mim vê Demon? Kaoru desapareceu diante dos meus olhos, assim como Demon costuma fazer. Então ele e Demon eram de uma mesma espécie? Raça? Demon era algum tipo de protetor? Mas por que ele me protegeria? Não é como se houvesse vários males aí fora tentando ferrar com a minha vida. Ou é? É informação demais para que eu processasse.

– Ei, Demon, você pode me explicar isso? – Eu olhei para ele, ele olhou para mim e desapareceu. – Pestinha!

Eu ainda precisava voltar para o pátio, eu havia deixado Castiel lá. Minha conversa com Kaoru não demorou muito, então é provável que ele ainda esteja lá. Voltei para o pátio e enxerguei o banco vazio, apenas minha mochila estava lá. Me deitei mais uma vez no banco, eu não queria ir embora, Marin ainda não teria chegado em casa, eu não quero ficar sozinha. Ficar sozinha só me faria pensar em Kaoru, o que me deixaria mais confusa do que já estou. Se bem que aqui eu também ficaria sozinha, então não faria diferença. Me levantei e joguei a mochila nas costas e comecei a fui andando para casa.

Chamei Demon várias vezes enquanto eu caminhava, mas ele simplesmente não me respondia ou aparecia. Tentei entrar em contato com Kaoru também, mas ele também não apareceu. De certo modo, era bom saber que haviam ...pessoas? me vigiando, tanto de perto quanto de longe, mas eu ainda me pergunto o porquê disso. Por mais que eu tivesse demorado na escola, Marin ainda não havia chegado em casa. Liguei a televisão e coloquei em qualquer canal, só para não me sentir sozinha.

– Se sentindo sozinha?

– C-Castiel? – Gritei. Ele estava sentado ao meu lado, olhando para mim, com aquele sorriso de sempre. – Como foi que? Como é que? Como você entrou aqui?

– É porque eu não sou o Castiel. – O “Castiel” foi se transformando em outro garoto, de cabelos castanhos e olhos azuis. Meu coração, que estava acelerado do susto, foi se acalmando. Era Kaoru.

– E o que você veio fazer aqui? Minha cabeça está confusa, primeiro você some sem me dar explicações, depois o Demon faz a mesma coisa e não volta...

– Eu estou aqui para te entreter, apenas. Você prefere que eu fique assim ou – ele se transformou em Castiel novamente – assim?

– Por que você está se transformando no Castiel? Você acha que eu sou apaixonada por ele ou algo do tipo é?

– Ah... – Ele falou, pensou um pouco – Você não é?

– Claro que não! Eu o conheço há uma semana só, seria loucura.

– E se eu fizesse isso... – Castiel, digo, Kaoru se aproximou de mim, seu rosto e seus lábios estavam há pouquíssimos centímetros do meu. Senti meu rosto corar. Eu... eu queria isso? Ou não? A essa altura, Kaoru já deve ter lido todos os meus pensamentos, mas mesmo assim, ele não se afastou. Eu estava insegura... toquei o peito de Kaoru e o afastei de mim, com delicadeza.

– Não...

Ele se afastou e desapareceu, assim como havia feito mais cedo.

~//~

– O que o idiota queria? – Castiel se sentou ao meu lado na sala de aula.

– Ahhh – O que eu diria? Eu não podia dizer que o garoto era um “anjo” que veio me visitar e passar algum tipo de mensagem. Eu também não podia dizer que o garoto se transmutou nele e que tentou me beijar! – Ele me confundiu com outra Eleonora e ficou com vergonha de dizer isso na sua frente. – Tive que mentir, eu não tive outra opção...

– Vergonha de dizer na minha frente? – Ele riu – Ora, como se eu fosse rir da cara dele.

– Tem razão, você nunca faria isso! – Zombei – Você não é esse tipo de rapaz, não é? – Eu tentava olhar para o rosto de Castiel, mas era complicado, a imagem de Kaoru tão próximo a mim voltava e voltava e voltava...

– Por que você não está olhando para mim? – E mais uma vez, ele fez o favor de levantar o meu rosto para que eu o encarasse. Qual é, Eleonora, não é tão difícil assim encarar o garoto? Eu forcei o melhor sorriso.

– Eu estava distraída, desculpa.

– Eu estou interrompendo alguma coisa? – Rosalya falou, sentando na cadeira na frente da minha. Castiel deu tapinhas de leve em meu queixo e me soltou.

– Não, não! – Falei com urgência, Rosalya arqueou uma sobrancelha.

– Se você diz! Você ainda lembra de mim, não é? – Ela falou.

– Sim! Eu esbarrei contigo na saída na semana passada!

– Oi, Rosalya, tudo ótimo comigo! – Castiel falou, ironicamente. Rosalya apenas revirou os olhos, evitando um riso, e continuou a falar comigo.

– Ah, então você se lembra mesmo! Que estranho a gente só se encontrar nessa aula, não é?

– Pois é, talvez a gente tenha cruzado pela escola e não vimos uma a outra...

– Eu também estou bem, Castiel. – Ele me interrompeu, falando com uma voz fina.

– Shhhhh! – Eu fiz sem pensar.

– Você fez “shhhh” pra mim?

– Shhhhh! – Repeti, eu estava prestando atenção no que Rosalya estava falando e não em Castiel.

– Se eu fosse você, não olhava para o lado. – Rosalya me alertou.

– Por quê? O bonde está passando? – Demon falou, me deixando com vontade de rir. Sim, o pestinha havia finalmente aparecido! Olhei para o lado de mansinho e encontrei um Castiel de cara fechada e braços cruzados. Ih, o que foi que eu fiz? Eu não falaria com ele e tentaria não chamar a sua atenção, temo ser tratada mau!

Eu e Rosalya saímos juntas para intervalo, mas ela acabou se lembrando que tinha que fazer outra coisa, então eu fiquei sozinha... não por muito tempo. Castiel me pegou pelo pulso e me carregou até a escadaria, que estava vazia. Ele me colocou contra a parede e me encarou feio!

– Você não tem noção mesmo, não é?

– Do quê? – Arrisquei.

– Você acha que pode fazer o que quiser comigo! “Shhhh”? Fala sério! – Ele não estava gritando, mas seu tom estava sério, então ele não estava brincando mesmo...

– E-eu não achei que seria tão grave assim... você parecia estar de bom humor...

– Sim, eu estou. – Ele começou a rir do nada, eu não entendi. Fiquei tentando entender o que estava se passando. – Olha só a sua cara, achando que eu estava bravo com você. Eleonora, você me faz rir e muito!

– Mas... mas você...

– Eu o quê?

– Ahhhh seeeu! – Comecei a bater no peito dele de leve, ele continuava a rir. Quando eu menos esperava, Castiel me abraçou e eu parei de bater nele imediatamente.

– “Não dói mas incomoda” – Ele brincou – Já está bom né, baixinha? – Ele falou enquanto me pressionava em um abraço. Tive medo de corresponder, então simplesmente fiquei como eu estava. Ele me soltou e saiu da escadaria, me deixando sozinha, sem entender um A.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!