Dos Dois Lados escrita por Lari Haner


Capítulo 50
Amar


Notas iniciais do capítulo

Capitulo 50
nhaaaaaaaa, nunca pensei que esse dia chegaria hsuahsa

então eu ia escrever um texto enormee
mas vou deixar para o proximo capitulo

boa leitura



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Era uma quantidade incontável, uma bela imagem, um belo momento.

Os passarinhos ficavam cada vez mais distantes, voavam levemente como se tivessem ensaiado uma coreografia, todos brancos misturavam-se com o azul do céu.

E ela merecia aquilo, merecia uma surpresa, merecia todos os passarinhos do mundo.

Sua fissuração por eles veio desde cedo, sua mãe me disse que de noite ao invés de pedir para ela ler uma historia antes de dormir, Abby pedia-a para abrir a janela e observar o céu e os pássaros, pra que explicação? Ela só gostava e pronto.

Não precisamos explicar por que gostamos das coisas, o gostar é uma sensação. E o sentir muitas vezes não pode ser explicado.

E a sensação que eu estava sentindo também não podia ser explicada.

Eu finalmente me sentia útil em alguma coisa, tempo depois da morte de minha mãe me senti completamente inútil, sem razão para viver, as vezes acho que sou um problema para Tyler, essa coisa de almas só me faz me sentir mais insignificante ainda, sem saber o que fazer. Porém naquele momento senti que assim como nós precisávamos de Abby, o sentimento era mútuo.

É bom se sentir amada, e é bom amar.

E talvez esse amar seja mais que uma palavra. Aprendi com meu professor de literatura, no primeiro ano do ensino médio, que a palavra Amor, que contém o prefixo “a” (uma negativa) e “mors” (no latim “morte”). Amor, a negação da Morte. Amor é, então, Vida. Significa, portanto 'eu morreria por você'.

E eu morreria por Abby, morreria por Ty... Afinal, é amar.

A emoção era nítida em meus olhos, eu estava agarrada a Ty observando a bela cena, esses meus pensamentos só me levavam mais perto dos pássaros distantes. Eu estava ali, mas também estava distante.

Porém os pensamentos deixaram de ser presente depois de um ruído, ininterrupto.

Um ruído que eu logo odiei.

 Como nos filmes, as linhas iam e vinham fazendo um gráfico cheio de picos, e depois do ruído... Uma linha morta, sem movimento.

Quando olhei para trás Abby não estava concentrada nos pássaros, as linhas do Monitor Cardíaco estavam sem movimento, mortas.

E aquilo vez com que meu coração acelerasse drasticamente, e se estivesse sendo medidos pelo monitor iriam ser linhas enlouquecidas.

Daria tudo para que as linhas do monitor tivessem algum movimento.

Não havia caído a fixa, e então esperei que Tyler acompanhasse meu olhar, e ouvisse aquele mesmo ruído. Quando ele viu, o que não demorou, disse “não”.

E essa é uma das fases que entramos após de observar a morte: Negação.

Ela não podia estar morta, ela não foi derrotada.

Lágrimas já estavam caindo sem mais delongas, sem perceber.

 O choro é o sangue da alma.

E minha alma estava, portanto, gravemente ferida.

A enfermeira que estava junto já estava do lado de Abby, desesperada.

Tudo isso foi o que aconteceu em frações de segundos, desde o olhar para os pássaros e se perder aos pensamentos, até a enfermeira tentando lidar com a situação, não demorou nem cinco segundos.

Tudo acontece muito rápido, quando vemos esta distante.

A enfermeira nos olhou e um olhar de condolência a tomou, aquilo não podia estar acontecendo.

__________

Recebia um abraço caloroso de Ty enquanto esperávamos na sala do hospital, as pessoas me observavam chorando incontrolavelmente enquanto Ty tentava me acalmar, o que não adiantava muito uma vez que ele também estava chorando.

Talvez elas soubessem o que estava acontecendo afinal estávamos em um hospital e muitos daquela sala estavam esperando para ver entes queridos, ou uma resposta do que estava acontecendo com eles.

Era o que estávamos fazendo agora esperando uma resposta do que estava acontecendo com Abby.

E por mais que minha mente falasse que ela se foi, meu coração gritava “não, nunca temos certeza das coisas, me recuso a acreditar”

Uma depressão interna e externa.

Eu estava lastimável.

Tyler se levantou e me deu um beijo na testa, depois sussurrou em meu ouvido “tenho que falar com a minha mãe” e se afastou, e eu tinha quase certeza que ele iria demorar muito mais que uma ligação, que depois de ligar para sua mãe ele iria ficar lá fora, tomando um ar e chorando, ele é forte, admiro ele ser assim, ele conseguir conter os sentimentos tão bem, mas ninguém é forte ao bastante, uma hora a dor nos domina.

Eu chorava alto, meu choro contrastando com sussurros das pessoas e a televisão da sala de espera. Ele tanto me incomodava, quanto incomodava todos da lá.

Fazer o que?

E a cada pessoa que se vai, leva com ela um pedacinho do meu coração.

Chega já existe muitas estrelas no céu.

Eu não quero, não posso suportar.

_______

Depois de vinte minutos que Tyler ainda não havia aparecido eu fui atrás dele, minhas suspeitas de que ele iria demorar foram confirmadas. Encontrei-o do lado de fora sentado no meio fio, com a cabeça entre as mãos.

Sem falar nada fui até ao seu lado e sentei-me.

O silêncio naquela hora era necessário para entender os sussurros da mente.

Dei um beijo de leve nele e me distanciei logo para sala de espera, era melhor alguém ficar lá.

Sem perceber Ty estava atrás e mim, e logo quando entramos na sala um médico saiu com a prancheta analisando todos as pessoas que lá esperavam até que por fim chamou.

-Tyler Owen?!- o médico, que não era o Sr. Bigodes, olhou novamente ao redor, minha respiração junto com os batimentos de meu coração estavam sem ritimo, tudo misturado, Ty me impediu de continuar andando

-Não Yla, eu, eu vou sozinho- em seguida me deu um beijo na testa, e foi em direção ao doutor, eu não o obedeci, a vida é cheia de obstáculos, não podemos contorna-los só enfrenta-los, e é isso que ia fazer, independente da noticia que receberia eu a enfrentaria.

_________

Não estávamos em uma sala comum de hospital com a maca e os apetrechos médicos, naquele momento o medico, Dr. Willians, nos levou a uma sala branca com uma mesa e cadeiras, estava nela pendurados alguns quadros coloridos e certificados, que eu não consegui ler do que se tratavam, um pouco mais ao lado havia uma mesinha com água e café.

-Então, Vocês são os pais da Abby?- perguntou o Doutor

-Não- disse tentado me compor para poder ao menos conversar com alguém- irmã, ele é meu namorado

O medico assentiu.

-Abby com certeza é uma criança maravilhosa, todos aqui da área de leucemia a conhecem, inclusive eu, e eu posso afirmar que ela é um criança incrível

-Tenho certeza disso também Dr.Willians- Tyler disse

-E ninguém gostaria que algo acontecesse com ela, digo... Algo pior que a leucemia...

Ele nos encarou por um momento, mas ninguém disse nada, eu estava esperando o resto para poder falar alguma coisa. Então ele prosseguiu:

-Há tempos ela esta com o caso mais grave, bem, creio que vocês estavam a acompanhando, e sabem disso, hoje ela teve uma de caída- ele respirou fundo – Abby esta com apenas vinte por cento de sobrevivência... Estamos fazendo o possível para podermos deixa-la nesse mundo, mas, esta sendo difícil. Não sabemos se ela passa de hoje.

“quando explosões ocorriam no céu, tudo o que eu precisava era a única coisa que eu não podia encontrar”.

Eu desabei no choro, ainda com esperanças naqueles 20% e qualquer numero mesmo que insignificante vai me fazer acreditar.

“Em algum lugar nesta escuridão há uma luz que eu não posso achar, talvez seja muito longe ou talvez eu esteja apenas cego”

A luz é os vinte por cento enquanto a escuridão é os oitenta.

Essa batalha ainda não esta ganha e nem perdida.

E eu vou até o fim

Nem que tenha que morrer ao seu lugar

Afinal, amar é isso.

_______

Voltar para casa foi muito difícil, mas foi o que nos recomendaram, disseram que qualquer ocorrido nos ligariam, e eu não queria, mas estava esperando uma ligação a qualquer momento.

A casa vazia me fez lembrar novamente o dia da morte da minha mãe, mais morte... A diferença agora era que Ty estava comigo, meus tios foram para o hospital, porque pediram que os pais ficassem lá tratando o financiamento das novas técnicas.

Joguei-me na cama, e apesar de achar que o sono era uma saída alternativa, o sono era o que menos eu possuía naquele momento. Medo, incerteza, nervosismo... ah isso sim estava bem presente.

Enquanto eu esperava Tyler buscar o chá fiquei observado o quarto sem um pensamento concreto, o único me levava a negação: “Abby não pode morrer”

Porém uma alma me visitou, e bem, eu já teria ate esquecido dela...

-Feche a porta- ela mandou, fiquei com medo, sim eu fiquei, e não sei por que, mas obedeci. Levantei e fechei a porta

-O que você quer?

-Preciso falar com você- logo ela passou da expressão autoritária para a acolhedora, e algo nela me fazia ficar intrigada. -Tyler esta aqui não esta? Ele não pode nos ouvir, sabe, ele não gosta muito de mim.

Desloquei-me até o radio do quarto e liguei-o, as minhas musicas depressivas começaram a tocar o que não ajudou muito.

-Certo, pode me dizer o que quer agora.

Sentei-me na cama e a encarei, ela parecia tão inocente e inofensiva que não tinha como ter suspeitas negativas dela. Fiz um gesto de confirmação com a cabeça para enfim ela falar o que queria:

-Você quase nunca me vê, sei que tem grande duvidas de quem eu sou, Tyler principalmente, mas olhe escute com atenção porque pode ser difícil para você entender- ela parou e pareceu dar um respiro profundo, o que é meio confuso porque almas não deviam respirar... – Abby vai morrer.

“Ame hoje o que você tem antes que a vida lhe obrigue a amar o que você tinha .”

Depois de entrar em estado de choque não consegui emitir som algum, porém Tyler bateu do outro lado da porta.

-Yla? Abre isso.

-T-ty, eu estou me trocando...- foi a coisa mais inteligente que passou pela minha cabeça

-Yla, qual é, eu sou seu namorado!

Não respondi e me voltei para a ruiva.

-Abby vai morrer- ela repetiu- os médicos já estão desistindo do caso, é quase impossível reanima-la...

As lágrimas se tornaram necessidade naquele momento...

-Porém, eu posso mudar isso... Posso fazer com que Abby viva, e que a doença seja extinta... Mas tem um preço.

Ao ouvir isso eu não pensei nas consequências, saber que abby tinha de alguma forma, chances de viver eram algo indescritível.

-Eu aceito, aceito qualquer coisa- nem que tenha que morrer em seu lugar... Amar é isso.

-Não, Yla... Olhe, pode não ser uma boa alternativa...

-Eu aceito- a interrompi

-Tudo bem... Até... logo

Ela se dissipou.

Abri a porta e abracei Tyler.

Porque se eu realmente fosse morrer por Abby, tinha que aproveitar o restante dos momentos ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

No ultimo capitulo teve um frase assim:

"Mas a ruiva tinha dito para ela que ela estava segura...

Essas almas..."

HAHA PEGUEI VOCÊS USAHASU


nha...
nao me matem

amo vcs ♥

hahah, ja sebem, reviews