Narrando: JAKE 

Porque tem que ser assim? Não sou um aluno exemplar, acho que todo mundo percebe isso, não sou nem o tipo de garoto exemplar, desculpe, mas meu nome não é Tyler... Eu até queria ser assim sabe? Um menino que todos gostem, e não só pela aparência, mas também pelo caráter, porém eu estou longe de ser assim, deixo-me levar e fico com garotas cuja quais nem sei o nome, “elas só veem a aparência”, minhas notas no colégio são tão boas que precisaram chamar minha mãe duas vezes no colégio, e a garota que mais meche comigo... Bem, não é todo dia que o Mister Jake leva um pé na bunda pessoal.

Falando sério, não sei por que ela meche tanto comigo, e isso é estranho, muito estranho, talvez eu esteja confundindo o ódio com o amor, mas isso é fácil, ódio e amor andam de mãos dadas. Talvez seja pelos seus hiper ultra mega máster blaster cortes, pelo jeito a qual me irrito, pelas brigas diárias, pelos sorrisos involuntários, ah sim, aquele sorrisinho que ela tem depois de uma de nossas “discussões” é compensador me faz querer irrita-la cada fez mais e mais, pelas demonstrações de afeto dolorosas, tapas, chutes cotoveladas, pelo jeito dela ser, pelo simples fato dela ser Zoe Dihidfhy, a garota por qual eu estava apaixonado.

Isso foi só uma amostra dos meus pensamentos, pois meninos também pensam sobre as coisas, não somos cabeças ocas e nem mentecaptos, bem, alguns... são. Eu estava assistindo a um filme de terror, que nem de terror chegava a ser, cara, é aqueles filmes que forçam tanto a barra que chegam a ser ridículos, um recado aos produtores de filmes de terror: não é tão assustador assim ver morte, morte, morte e mais morte, sem nenhum sentido, Zoe brava é bem mais assustador que isso.

-Jake, vai dormir, amanhã você tem aula e reclama depois que não quer ir, que é muito cedo- minha mãe adentava no quarto com as roupas lavadas

-E então porque a senhora não vai dormir?- perguntei-a mas logo me arrependi, o olhar dela era tão parecido com de Zoe, não fisicamente, mas o que eles transmitiam, minha mãe naquele exato momento transmitia um: Mané

- Primeiro, eu preciso terminar de colocar as roupas em ordem, ou você quer fazer isso? E segundo, desliga esse filme beste rento- ela olhou para a televisão

-Mas o filme não é...- encarei a tevê e fiquei com a melhor cara de “poker face” – eu nem estava assistindo, estava pensando- deixei escapar

-Você pensando?- Eu disse que Zoe era parecida com minha mãe não? Pois é. – Diga-me então, sobre o que estava pensando, quantas garotas eu peguei na ultima festa ou sobre você ser o “lindão”?- Ela ria da minha cara, e insinuou o “lindão” com aspas, ei!

-Até podia ser, mas não, canso-me de admirar tanta beleza em um corpo só- respondi e ela riu

-Tudo bem amor, eu vou indo não durma tarde e... se possível troque de filme, boa noite- ela disse fechando a porta lentamente, ri e desliguei a televisão.

-Boa noite- respondi achando que ela já havia ido, porém ela ainda se encontrava na porta de meu quarto

-Perdeu alguma coisa?- perguntei

-Não, é só que... Posso te perguntar uma coisa?

-Mas você já esta...

-Esta bem, eu só tentei ser educada, você anda meio avoado sabe?- ela sorriu – mas do que o rotineiro

-E qual é a pergunta?- perguntei

-Quem que te fez ficar tão avoado? – ela me encarava de um jeito doce, sorri envergonhado, 

-E-eu não entendi- disse olhando a televisão desligada, ela entrou novamente no quarto e sentou-se na ponta da cama

-Você quer que eu seja direta?- meu coração começou a ficar acelerado mas afirmei

-Você, esta amando filho, uma primeira vez, amando uma garota, é uma garota né? Bem, espero que sim... Quem é ela?- das mães não se escondem nada não é, pois bem, droga, amando? Seria esse o termo, não, amando é um pouco mais forte, ou quem sabe não? Eu realmente estava confuso, preferia usar o termo apaixonado, mas que diferença faz

-Ah mãe eu não estou amando ninguém –disse

-mentira- ela respondeu seca- se não esta, uma dessas suas ficantes mexeu bastante com você.

-Não ela não é minha ficante – disse sem pensar, oh merda.

-Então admite que tem uma ela na historia- ela sorriu, empolgada

-Tem- admiti- mas, ela é diferente, ah mãe para com isso!- ela deu uma gargalhada

-Vai! eu não vou rir da sua cara só quero saber quem é

-Não, eu conto, mas não agora

-É Zoe não é?- quando ela perguntou isso me enrijeci, porque ela não foi direta então?

-Oi?- tentei fingir que não entendi o que piorou o momento

-é ela!!- minha mãe ficou agora muito empolgada -Beijou ela não é?!

Sorri e balancei a cabeça negativamente Ah que é isso, pare de bobagem!

- Você a beijou!- minha mãe estava quase roendo as unhas de felicidade, por fim levantou-se e foi rumo à porta -Vai dormir, ou passe a noite pensando nela, só não faça barulho – ela saiu do quarto e deu um gritinho

E eu acho que não demorou cinco minutos para eu cair no sono...

_________

Eu já estava saindo de casa e minha mãe ia nos levar ao colégio, ela ainda insiste “ah, meu trabalho é caminho” e bla bla bla, mas como nada fosse tao ruim que não possa piorar, minha mãe também levava Zoe. Abri a porta do passageiro.

-O que você esta fazendo aqui, hoje você não senta aqui não- ela jogou sua bolsa no lugar, como assim?

-Posso saber o motivo?- perguntei

-Vai lá pra trás - ela respondeu me deixando ainda com mais duvidas

Ao chegar à frente da casa de Zoe, lá estava ela, mexendo em seu celular, provavelmente. Abriu a porta do banco de trás e ficou me encarando depois olhou para minha mãe.

Zoe era o ser mais imprevisível que existe nesse mundo, depois que fizemos as pazes ela voltou a ser a velha Zoe, mas que besteira que eu fiz? Ao entrar ela jogou sua mala em mim, não foi de leve, foi tipo arremesso de peso com o alvo sendo a minha cara.

-Ei!- reclamei e coloquei sua mala no banco do meio separando-nos. Algumas pessoas vão achar que Zoe seria muito educada na frente da minha mãe, mas não, ela é ela em qualquer circunstancia, isso é que eu admi... opa, opa sem elogios. Minha mãe deu bom dia para Zoe que respondeu com a mesma doçura, e a garota imprevisível nem na minha cara olha...

O carro continuava seguindo até que percebi que ela estava tremendo, eu juro que foi impulso, e minha intenção não foi se preocupar com ela tá? Foi apenas uma pergunta inocente:

-Ta com frio?

-Não, eu estou tremendo porque tenho Mal de Parkinson- ela respondeu

Percebi minha mãe rindo, que ótimo.

-Fui tentar ser legal, ui- protestei

-Então morra tentando- respondeu. Depois disso não disse mais nada, não queria levar outro super corte de Zoe.

-tudo bem com você Zoe?- minha mãe interveio

-Tudo sim- a respondeu

-Como vão vocês?- minha mãe disse sorrindo, não... Era só o que me faltava.

-Mas você acabou de perguntar pra Zoe se ela esta bem, não precisa perguntar novamente- ri nervoso.

-Não quis dizer isso, quero saber como vão vocês, os dois, juntos... – ela respondeu

Zoe ficou um pouco vermelha, contrastava com seu tom de pele clara... Meu como isso soou gay. Enfim, deu para perceber que em uma situação que eu não queria sair constrangido, constrangido era um dos menores níveis que eu poderia estar se sentindo agora. Mas o tempo nos ajudou, estávamos agora na frente da escola, o interrogatório não havia de ser respondido, menos mal...

-Que pena mãe- disse eu- já chegamos, é melhor irmos indo antes que cheguemos atrasados.

Vi seu olhar de reprovação, ela sabia exatamente que eu queria fugir daquela situação, Zoe continuava a fitar a paisagem, sem olhar para ninguém. Só tomou uma atitude depois que sai do carro, ela fez o mesmo, e minha mãe foi embora.

Fiquei parado alguns segundos, pensando se, falava com Zoe eu ia procurar Ty e Yla, por mais que a minha situação com Zoe tivesse sido “resolvida” eu ainda não ia deixar de sentir uma coisa a mais...

Porém eu não precisei ir atrás de ninguém, uma criatura mais baixa que eu, olhos azuis e cabelo moreno veio se aproximando, e sua cara não era boa coisa...

-Seu idiota! Você só complica as coisas – recebi um empurrão, sim, de Zoe, mas que diabos... Calma ela estava... Lagrimejando?

Esqueci o que eu ia falar imediatamente, segurei seus pulsos, sem força ok?

-O que aconteceu?- perguntei nunca a vi assim... Quase chorando, excerto uma vez, mas não gosto de entrar nesse assunto.

-Você só faz merda! Quer saber, eu não preciso da sua companhia Jake- ela se soltou o que foi fácil, pois o que ela me disse me deixou completamente imóvel.

-Zoe...- a palavra saiu fraca, sem nenhum poder de persuasão, ela nem se quer olhou para trás, eu posso sim esperar qualquer tipo de coisa da garota imprevisível, mas isso já é demais.

E a cada passo que ela dava, meu coração ia se apertando, eu estava perdido, nunca me senti assim. Um sentimento de culpa, mas eu nem se quer sabia o que eu tinha feito.

Amigos é eles podem ser uma solução... E lá vinha Ty e Ayla, rindo, namorados de contos de fadas, sem qualquer tipo de problema, às vezes eu queria viver a vida deles, seria muito mais fácil...

-Bom dia- disse Yla, seu jeito carismático conquistava qualquer um, mas então ela percebeu que eu não estava em um bom dia- O que aconteceu Jake?

Acho que uma palavra resumiria tudo, e foi o que eu fiz:

-Zoe- curto e breve eu disse, e ela já entendeu praticamente tudo.

-Ty, eu acho que vou conversar com Jake, ok?- ela se virou pra ele, ele não disse nada, só deu-lhe um beijo e mandou-me um olhar do tipo, “poxa cara boa sorte ai... Mas se se meter com a minha namorada, cabeças rolam soltas... Até”

Ayla andou até a arvore do campo onde jogou sua mala e sentou-se, sentei ao seu lado.

-Então comesse a contar o que rola com o pseudo casal

-Bem, isso envolve uma mãe querendo constranger seu filho, um carro, uma menina revoltada, quase chorando, e um lindo- disse

-Só não entendi quem é o lindo- Ayla disse, e então eu me senti um pouco melhor... Sabia que não era um xingamento, só para descontrair- Zoe chorando?

-É eu também não sei, ela disse que não queria mais minha companhia e...- abaixei a cabeça

-Mas porque isso?- perguntou

-Minha querida amiga, se eu soubesse não estaria falando contigo, certo?

-Me de detalhes- ela pediu

-Minha mãe, ela quis constranger a gente, meio que descobriu do beijo e tudo mais... Quer dizer só do beijo, porque não teve um tudo mais, mas então ela perguntou como estávamos nós dois, eu e Zoe, juntos, e....

-Merda- falou Ayla – Você ainda não se tocou?

Balancei a cabeça negativamente esperando que ela me respondesse

-Sua mãe descobriu sua mãe ser melhor amiga da mãe da Zoe, mãe da Zoe odiar tudo que há haver com amor, mãe da Zoe ao descobrir isso te matara, sua mãe contar... – ayla não precisou terminar sua hipótese de índio, poucas palavras eram necessárias.

A única vez que Zoe chorou na minha frente foi na noite em que eu contei que meu irmão tinha morrido, nós dois estávamos conversando, até que ela achou uma foto do meu irmão, e por um motivo desconhecido resolvi contar a ela, a única pessoa que eu tinha realmente contado aquilo, quando ela ouviu a historia acabou chorando, e ela acabou contando para mim sobre sua mãe que após se separar de seu pai entrou nas drogas, virou alcoólatra, e já tinha tentado suicídio... Há desde então uma razão por a mãe de Zoe odiar o amor, esse tipo de amor... E então isso explicava tudo, se minha mãe contar para mãe de Zoe o que aconteceu entre nós... sim isso seria trágico.

-Yla, o que eu faço?!- levantei

-Ligue pra sua mãe, eu vou falar com Zoe- ela levantou também e pós a mala nas costas

-Não eu falo com Zoe, você liga pra minha mãe.- disse sem pensar, Ayla franziu o cenho.

-Jake, seria estranho eu falar com sua mãe sobre isso, sento que ela nem se quer me conhece, não acha?

-Ta, ta, então você vai lá com Tyler e seja feliz, eu falo com Zoe e ligo pra minha mãe, obrigada queria amiga índia.

Dei um beijo em sua testa e depois sai correndo ela ficou parada rindo do meu delírio e depois saiu.

Ótimo, mãe atenda ao telefone, por favor...

Tive uma conversa nada legal com a minha mãe, ela me disse que eu era um besta por achar que eu ia contar, e que a preocupação era o primeira passo para um relacionamento (eu mereço?) depois dessa indireta, ela desligou o telefone, rindo da minha cara provavelmente, ótimo... Agora só faltava encarar a pior parte, uma menina brava querendo me matar.

Comecei a procurar ela pelo colégio enquanto o sinal não batia, e olhe, por onde ela se esconde, entrou em um armário e foi pra nárnia? Achou o símbolo de dédalo e entrou no labirinto? Sim, provavelmente sim, só que não.

Enquanto tentava a achar fiquei pensando em o que dizer para ela:

“Zoe, me desculpa, minha mãe descobriu, mas olha não se preocupa que eu liguei pra ela pedindo pra não contar pra sua mãe, já que sua mãe teve certos problemas...”

Decidi parar com essa formulação, Zoe ia ter mais ódio de mim se eu se lembrasse do que ela tinha passado com a mãe.

“Zoe, desculpa, olha esta tudo resolvido ta, volta para mim”

Não não, eu provavelmente receberia um tapa na cara.

“Zoe, eu não sei o que falar, quer um sorvete?”

Alguém me explica de onde eu tirei essa formulação, mas falando sério, as garotas se amarram em sorvetes.

Não deu muito certo pensar no que falar, não mesmo, mas eu não precisava mais fazer aquilo, eu vi Zoe, e ao seu lado Dean

Ele estava sentado ao lado de, Zoe, ela o ignorava ainda com lagrimas nos olhos, foi quando ele tirou uma mecha do cabelo caído no rosto de Zoe e o colocou atrás da orelha. A menina o encarou e levantou, mas ele a barrou.

-Espera- ele chegou perto- eu preciso pedir desculpas pelo que eu fiz com você, não sou assim, eu estava fora de si

-Sai daqui mané- ela respondeu

-Shh, hein, para com isso, você é tão gatinha, seja mais legal vai- ele colocou o dedo na frente da boca de Zoe indicando silencio.

- Pelo pouco que eu te conheço, eu já te odeio querido- ela respondeu

-Ah, pelo pouco que me falaram de você, disseram que você odeia outro menino também, e olha, eu não sabia que beijávamos quem a gente odeia... Se for assim pode me odiar a vontade gata.

- Você se finge de coitadinho, mas é o contra não?- ela riu irônica

-E você se finge de durona, mas estava chorando, não aguenta o fato de sua mamãe ter sido drogada- ele riu.

Zoe ficou paralisada, pude ver que ela estava tentando se manter no controle, mas esse era seu ponto fraco, e como ele tinha descoberto?! e então ela começou a chorar

-Quem foi que te disse isso seu...- ela não tinha palavras estava desesperada

Eu não sei por que tinha ficado vendo o que estava ocorrendo, devia ter dado um soco na cara daquele traste logo que ele tocou em Zoe, mas não, Jake você é muito burro.

Bem... Antes tarde do que nunca.