Kayla já estava retornando a cidade, finalmente tinha acabado a limpeza dos banheiros, Jake e Zoe tiveram que limpar novamente, e ainda por cima levaram um bronca do auxiliar, os pensamentos de Kayla, porém estava em lugares distantes, enquanto ela olhava pela janela, pensava em como conseguiria sobreviver na cidade, afinal qualquer descuido é o suficiente para que Loren venha dizer um olá... Ela também estava preocupada em questão do telefonema que recebera mais cedo, ela sabia que Abby não estava bem, mas não conseguia cogitar um motivo, o jeito era deixar tudo acontecer.

Com Tyler não era diferente ele observava sua namorada olhando pela janela, com seus cabelos dourados iluminados com o sol, para ele era como uma hipnotize, sua mente ia longe assim como a de Yla, e pensava na mesma coisa que ela, ele queria tentar resolver logo o problema com as almas, sabia que a vida dele estava em risco por causa de Loren, ele sentia um medo imenso do cavalheiro apesar de não admitir, realmente ele admirava Ayla por conseguir aguenta-lo tanto tempo, também estava preocupado com Abby, a garotinha lhe encantava, mas ele sabia que ao chegar lá ia saber o motivo dela estar mal, e não adiantava ficar formulando hipóteses para se preocupar ainda mais. Só que diferente de Kayla, ele pensava em uma alma em especial, seu pai, ele sentia uma falta imensa dele, relembrava todos os momentos bons que ele passara na infância, lembrava-se dos olhos azuis do pai, a qual ele herdou, e no sorriso, que o fazia instantaneamente sorrir. Ele tinha um objetivo, ele descobriria o motivo do pai não falar com ele, de ser uma “alma silenciosa”, nem que isso significasse uma faxina nas coisas velhas que ainda não foram jogadas fora pela mãe, ele sabia que ela escondia dele um baú onde guardava os pertences do falecido marido, mas só não sabia onde, e ele não achava uma boa ideia contar para sua mãe do aparecimento de seu pai, isso só lhe traria preocupação a ela, e ele queria que quanto menos pessoas forem afetadas melhor.

Jake e Zoe sentaram juntos, pois Kayla e Tyler queriam sentar um do lado do outro, os dois fizeram “birrinhas”, mas nada adiantou, e depois de muito lutar, acabaram cedendo, no começo um não olhou para cara do outro. Jake estava mais envergonhado do que com “ódio” da garota, ele não entendia o que passava na cabeça da Zoe por ter sido tão próxima dele na noite anterior, por ter realmente demonstrado que ela era uma amiga, e que apesar das brigas, ela era muito especial, só não sabia o quão especial, era confuso para ele achar uma garota que só briga com ele especial, ele preferiu colocar os fones de ouvido e se deixar levar com a música.  Zoe não estava numa situação diferente, ela mesma não se entendia, desejava estar longe e perto do loiro ao mesmo tempo, talvez porque ela não entendesse o que ela sentia, Zoe era dura e forte perante todos, mas não entendia como era tão difícil ser do lado de algumas pessoas, principalmente Jake, ela se importava com o garoto, era como uma parede que ele simplesmente atravessava, ela o odiava por ele mexer tanto com ela. Eram poucos os meninos que falavam com ela, não porque eles não queriam, mas toda vez que um menino falava com ela, ela dava seus trilhões de cortes até desistirem, era o jeito dela de ser, e às vezes passava na cabeça dela que ela queria mudar, mas ela não conseguia. A mãe dela falava que ela tinha que ser mais delicada, que desse jeito ela não arranjaria ninguém, falava que Zoe era linda, o que de fato era verdade, mas era muito grossa, e isso fazia as pessoas se afastarem dela, deve ser por isso que ela nunca teve um namorado, que ela nunca teve a chance de beijar um menino, mas esse era um segredo, ninguém sabia disso. Então esse era um bom motivo pelo fato de que nunca existiu “Jake+Zoe=♥”, ou quem sabe existisse, mas nenhum dos dois reconhecesse isso, nenhum dos dois sabia o que era amor. Jake era mulherengo, ficava com muitas garotas, mas nunca soube o quão melhor e gostar de apenas uma, o quão melhor era amar...

Quando eles chegaram no colégio, onde pegariam suas malas e iriam embora, se despediram com um breve “até amanhã” e saíram. Jake e Zoe iam juntos, o destino os condenava, as mães deles eram melhores amigas, e estavam toda hora juntas. Tyler e Yla iam à pé:

-E agora Ty?- perguntou Ayla tremendo, lá na cidade estava frio. O garoto entendeu a pergunta, como eles fariam para voltar para suas casas, sem que Loren aparecesse.

-Yla, acho melhor nos irmos mesmo assim- ele pegou a mochila da menina e colocou nas costas, com o outro braço a envolveu com esperança que a esquentasse.

Na casa de Kayla o clima não ia nada bem, Abby estava trancada em seu novo quarto que ficava do lado do de Kayla, estava triste e se sentia mal, Abby estava doente, ela ainda não sabia o que era, as Clarie a levou pro hospital após dois desmaios repentinos no colégio, um fato era que a garota odiava hospitais era neles que ela via muitas almas, que apesar de não se comunicarem com ela à davam medo.

-Eu não gosto disso Teddy- a garotinha puxou o ursinho para um abraço – Agora mamãe me olha esquisita, e ela fala que tudo ira ficar bem, mas eu já estou bem!

Clarie estava na cozinha tomando um chá para acalmar, ela tinha recebido a noticia, sua filha estava com uma doença grave, não podia se conformar com isso, e Abby teria que ser internada, mas ela achou melhor que Kayla estivesse ali na hora de dar essa noticia, que Kayla desse a noticia, pois no fundo ela sabia: Kayla entendia melhor Abby. Brandon também estava muito abalado, já considerava Abby como uma filha, e ainda mais ver a sua amada chorando minuto por minuto trazia muita dor à ele.

Foi quando a campainha tocou, A menininha já tinha visto na janela quem era e saiu correndo as escadas com um imenso sorriso no rosto.

-Ela chegou! Chegou!- anunciou, e girou a chave da porta para receber Kayla.

Ayla tinha ouvido os gritos de Abby, e não pode deixar de sorrir, por sorte nada aconteceu no caminho, apesar de ver as almas que andavam sem rumo na rua, ela não se preocuva tanto a isso já estava acostumada. Tyler estava do seu lado, de jeito algum deixaria a namorada ir para casa sozinha. Foi quando a porta abriu e Abby saltou no colo de Kayla que já estava de braços abertos

-Eu tenho tanta coisa pra te mostrar!- sussurrou a loirinha, foi quando Yla avistou Clarie chorando na cozinha – Não ligue, ela esta um pouco chatinha nesses últimos dias.

A menina dos olhos verdes olhou para Tyler:

-Abby, só vou me despedir- e piscou, então encostou a porta

-Depois você me da às noticias ok? – falou Tyler

-Certo comandante- brincou a garota- Não deixe de vasculhar o quartel e analisar os documentos antigos, eles vão ser de grande valor a nossa super investigação.

O moreno riu:

-Você  é minha melhor tenente! Confio minha vida à você- Ele a puxou pela cintura

-Ela esta em boas mãos- a garota sorriu.

-Eu sei, alias, minha vida não esta em suas mãos... Você é minha vida

E então o casal se beijou, mais um dos milhares de beijos apaixonados que eles davam, mas cada beijo era especial, cada beijo era único.

Abby achou que eles estavam demorando demais, e não sabia que Yla era uma Tenente seja lá o que isso significasse, pensava ela. Então quando a garota entrou, ficou com a boca aberta, a casa tinha trocado totalmente a decoração, nem parecia a mesma, e ela achou até melhor, esqueceria que aquela um dia foi a casa que ela morava com a mãe, e com o pai, para ser a casa de uma nova família.

Comprimentou os tios com um sorriso e subiu ao endar de cima pois Abby estava à puxando.

-E esse- a garotinha abriu a porta- é o meu quarto.

Quando ela entrou viu que o quarto era lindo, sua decoração era linda, tudo lá era maravilhoso, mas notou que nada era rosa, o que para uma garotinha de sua idade era esquisito

-Você não gosta de rosa?- perguntou Kayla com um sorriso, poais quando ela tinha a idade de Abby também era a única menina a qual o rosa não a atraia.

-Não, rosa é muito... – a garota pensou, ela nunca gostou de rosa, mas não sabia o motivo, ea simplesmente não gostava por não gostar- rosa

As duas riram. Ela depois percebeu que a decoração do quarto de Abby tinha tudo ligado com pássaros.

-Você gosta de pássaros?

-Eu amo pássaros, eles são legais, e eu queria voar igual eles, e nascer de um ovinho sabe, ai eu teria asas e Cabum!- a menininha subiu na cama e deu um pulo fingindo que estava voando, e foi correndo pelo quarto com os braços abertos, fingindo ser um pássaro. Kayla aproveitou um pouco mais para observar o quarto enquanto a menininha brincava.

-O que a minha boneca esta fazendo aqui?- Kayla perguntou, mas seu tom saiu mais rude do que ela queria.

-Ah- a menina parou – eu achei que você não se importaria se...

-Ela é sua- Kayla sorriu- Bem, não era mas agora é.

A menina a abraçou, acompanhando Kayla que estava indo até seu quarto, ela tirou os seus all stars enlameados, ela estava toda suja, recisava de um banho, mas percebeu que Abby tinha muita coisa para lhe contar e visse e versa, então sentou na cadeira de sua escrivaninha já que não queria sujar a cama, e falou:

-Então, você sabe por que Clarie esta chorando?

A menina sentou na cama de sua “irma” ela já considerava Kayla como uma irma, pois deiferente de Clarie ou qualquer outra pessoa, Abby sentia que Kayla era a única que podia ser de verdade sua familiar, apesar de não ser, não é que ela não gostasse dos outros, mas Kayla a entendia perfeitamente, Kayla a completava.

-Eu tive dois desmaios na sala de aula, e ultimamente ando muito cansada, um menino lá da sala falou que eu se parecia com a bela adormecida, de tanto que estava dormindo.

Kayla riu

-Hm, Abby sendo elogiada, e o que você disse?- ela riu

-Ué, disse que não sou uma princesa, pois eu não gosto de princesas, disse que eu não dormi e sim desmaiei- ela respondeu como se fosse simples, na verdade nem sabia que chama-la de Bela adormecida havia sido um elogio – Continuando, Clarie me levou no hospital, e ela sabe o quanto eu odeio hospitais! E mesmo assim me levou!

-Abby- Kayla tentou acalma-lá – Foi para o seu bem

-Eu sei mas então o medico, ele se chama senhor bigodes.

-Senhor bigodes?

-Sim ele é carequinha e tem um bigode imenso!- a garota soltou um gargalhada a se lembrar do médico- ele disse que queria ter uma conversa particular com os meus “pais”!

-Abby, mas você sabe o que ele queria?- depois de dizer Kayla percebeu o quão idiota foi a pergunta

-Não né, eu só sei que ouvi a Clarie falando de você que queria que você falasse comigo mais tarde.

Logo tudo se iluminou na cabeça de Ayla, algo grave esta acontecendo com Abby.

-Mudando de assunto, por que o garoto bonito te chamou de Tenente?- perguntou Abby, e Kayla deu uma gargalhada.

-O nome dele é Tyler, você precisa conhecer ele, pode deixar que um di eu apresento vocês. E ah, era uma brincadeira.

A garotinha desanimou.

-Ah achei que você estava em uma missão super secreta

-Quase isso, vou te contar uma coisa, meu namorado, Tyler, o garoto bonito, ele também vê as almas

A boca da garotinha abriu em um formato de O, e depois sorriu

-Deve ser por isso que você gosta dele

-Não é por isso, isso só me faz gostar ainda mais dele. Eu preciso te contar tudo que aconteceu no acampamento, nos ficamos perdidos!

-Tipo nos filmes?!

-Aham- kayla riu com o entusiasmo da garota e assim contou sobre tudo, sem esconder nada, era como uma amiga normal, para Kayla a idade de Abby não significava nada, o importante é que ela se sente bem ao lado da bela garotinha.

Depois de contar tudo sobre o acampamento, A jovem falou que tomaria um banho, então Abby foi para o seu quarto, ela fechou a porta pois ainda estava brava com a mãe que não queria de jeito nenhum informar o que o Sr. Bigodes falou à eles. Ela deitou na sua cama já com o seu pijama, e se cobriu, ela não contou a ninguém, mas depois que Kayla foi para o banho ela começou a sentir uma forte dor de cabeça, e cansaço, pensou que talvez era porque ela imitou um pássaro, e como ela não era uma pássaro não podia fazer coisas de pássaros, confuso, mas ela entendeu, e então achou melhor dormir, em baixo do edredom encolhida, assim como os passarinhos se aninham nos ninhos.

Ayla viu a garota dormindo depois que saiu do banho, então desceu, precisava falar com Clarie e com Brandom.

-Oi- a garota falou tentando não incomodar, pois viu  quanto Clarie estava mal.

-Kayla- Falou Brandon- Precisamos falar com você.

A garota se sentou a redor da nova mesa e pegou uma xicara de chá, estava preparada para qualquer coisa, e no fundo sabia, que aquilo não é nada bom.

Brandon e Clarie se entreolharam e então Brandon começou a falar, Clarie estava muito debilitada para isso, era como se parte de seu coração tivesse sido arrancado. O tio de Kayla enrolou um pouco, contou dos desmaios e que teve que ir ao hospital, o que a garota já sabia, mas deixou ele recontar, não queria atrapalhar, mas então seu tio chegou na parte que Abby não sabia:

-Abby esta com Leucemia, câncer no sangue... – disse ele, e Clarie começou a chorar, como se acabasse de receber a noticia.

-Mas... Tem cura não?- Kayla estava muito nervosa, ela não podia acreditar nisso, e se houvesse um mínimo de esperança ela acreditaria nele.

-Tem, mas a leucemia é uma doença grave, e o tratamento, bem, é complicado. Tem cura mas há riscos.

Kayla não olhou novamente para seu tio, pôs a mão na cabeça e fitou o chá, não acreditava, não podia acontecer nada com Abby, ela não suportaria perder mais alguém. Mas ela não podia desistir, sabia o quão difícil seria para Abby e o quão difícil seria pra todos em sua volta, mas Kayla iria lutar com toda sua força para que nada desse errado, pois a vida dela é assim, lutando perante os problemas, custe o que custar, e sabia que só havia uma chance de que ela parasse de lutar: se morresse. Uma lágrima caiu de seu olho direto no chá. E a doença de Abby acabara de se tornar mais um dos milhares de problemas da sua vida.