Sabe a historia do patinho feio?!, Então, eu acho que descreve bem a situação de Jake, ele era um dos meus amigos da minha antiga cidade, mas, antes ele era o garotinho tímido, magricela, o cabelo comprido até os olhos, ele usava um óculos “fundo de garrafa” e seus dentes eram todos desalinhados e tortos, eu acho que esse foi o verdadeiro motivo por eu demorar um tempinho para reconhecer Jake, ele parecia outra pessoa, o cabelo em um corte perfeito, um sorriso encantador, além de seu corpo em forma (não que eu tenha ficado reparando!).

-Jake?!- disse entusiasmada- Mas é claro que eu me lembro de você, como, como você mudou- então ele me deu um sorriso. Eu até iria conversar mais com ele, se não fosse uma professora que acabou de entrar.

-Bom dia queridos alunos- ela disse, e eu senti que a palavra “queridos” poderia ser facilmente substituída por malditos. –Eu sou a nova professora de Literatura...- e assim ela foi dando o discurso de sempre. Seu nome era Susane, ela era uma mulher que eu dava entre uns 30 a 40 anos de idade, seu cabelo estava preso em um coque, mas era um loiro, quase platinado, ela usava um óculos de grau redondo, o que era um pouco esquisito, não era uma das pessoas mais feias do mundo, mas não era também “aquela coisa”. Eu achei ela simpática, e nunca havia visto antes, também porque ela era uma nova professora no colégio.

-Então, vamos começar com uma aula interativa?!- sugeriu Susane. – Ela funciona da seguinte maneira, vamos falar de livros, dos livros que vocês estão lendo no momento. Algum voluntario?!- ela perguntou bem entusiasmada.

Alguns nerds ergueram as mãos, Paul Moller que ganhou as olimpíadas de matemática dois anos consecutivos, e Alana Norls, que tem o boletim mais desejado do colégio, com sua pior nota sendo 9,8. Depois outros alunos iam erguendo a mão, olhei rapidamente para Ty, e ele estava fintando a mesa escolar, como se seus pensamentos estivessem em um lugar bem longe, a professora foi até sua mesa e lhe deu um sorriso.

-Esta lendo esse livro?!- ela pegou o livro da cadeira de Ty e mostrou a todo mundo- Vamos trabalhar com esse livro esse ano, o fofo esta adiantado, trata-se sobre...- então ela começou a explicar sobre o livro, mas algo estranho aconteceu, folhas caíram do livro de Ty, não eram folhas normais, eram folhas velhas.

As aulas ocorreram bem, a princípio nenhum professor “fora da casinha”, a principio, pois um dia não é o suficiente para conhecer ninguém, ah por falar nisso, Jake era muito engraçado, e ele e Zoe, discutiam o tempo inteiro, eu me diverti com isso. Ty passou o intervalo lendo, eu senti muita pena. Mas o “Primeiro dia do inferno” acabou, e eu estava pronta pra voltar pra casa, me despedi de Jake e Zoe, eles iam para casa juntos, coitado de quem os levava, pois sério, eles não param de brigar.

Uma coisa me incomodara desde manhã, os papéis do livro de Ty, eu reconhecia eles, mas não conseguia lembrar de onde, então fiz uma das coisas mas bestas que poderia ter feito, fui perguntar a Ty. Ele estava voltando para a casa, então eu corri em sua direção até alcançá-lo, ele levou um susto, mas dei ombros e prossegui:

-Ty, quer dizer- foquei meu olhar para o chão- Tyler, eu posso perguntar uma coisa?

-Acabou de perguntar- ele disse num tom brincalhão, eu queria dar uma risada, mas me mantive séria.

-Então duas coisas?- perguntei novamente

-Você acabou de me perguntar duas coisas- ele riu novamente.

-Argh- resmunguei, então respirei fundo e me concentrei em manter a voz firme- Que papeis eram aqueles que caíram do seu livro?

Ele me encarou, e depois fintou o chão- ele sempre fintava o chão quando estava nervoso- hesitou em falar algo, mas então caminhou algum tempo em silencio, até que finalmente me respondeu:

-Ah, são, rabiscos meus- havia tensão em sua voz, e assim como ele reconhecia quando eu estava mentindo, eu também reconhecia quando ele estava mentindo, o que era o caso, o olhei novamente, eu não precisava dizer nada, só o olhar foi o suficiente para dizer “eu sei que você esta mentindo, conte-me o que ouve agora”, então ele respirou fundo.

-Yla, eu vou contar, mas não aqui, você pode me acompanhar até em casa?- ele perguntou com os olhos pidões, maldito ele sabe que eu gamo naquele olhar. Eu iria recusar, mas se fosse pra acontecer alguma coisa, já teria acontecido não é?! Assenti com a cabeça, e caminhamos até a casa de Ty, silêncio absoluto, e ele não fez nenhum esforço pra puxar assunto, depois que disse que tinha uma coisa a me contar, ele ficou tenso, ele demonstrava isso.

Cinco minutos depois chegamos a sua casa. A primeira coisa que eu perguntei foi:

-Cadê seus pais?- perguntei enquanto ele abria a porta.

-Minha mãe esta em uma viagem a trabalho, e meu pai esta no escritório- ele disse em um gesto para que eu entrasse. Entrei e me sentei no sofá.

-Pronto, agora conte o que quer contar- disse séria, até me assustava com a minha atitude. Ty sentou do meu lado, mas não muito próximo, estava com os papéis na mão, e imediatamente, olhando mais de perto os reconheci:

-Tyler o que esta fazendo com isso?!- gritei assustada

-Yla, lembra que após a viagem a casa de Adam você disse que eu estava estranho?- ele perguntou só assenti com a cabeça. Os papéis que estavam em sua mão, eram os mesmos que Adam escrevera.

-Então, é porque eu comecei a ler os papéis que ele escreveu, alguns só, não consegui pegar todos, mas eles são um pouco uteis-disse ele por fim

-Você sabe que isso é ridículo Tyler!- gritei me levantando- não se pode confiar naquele maluco do Adam, nada é comprovado!

-E daí, Yla, é um dos únicos jeitos de eu saber mais sobre as almas, ele relatou um monte de coisas que são importantes saber, e tem uma coisa...- então eu realmente fiquei preocupada, ele estava maluco!- tem uma coisa que eu preciso fazer, e você precisa confiar em mim.

-Tyler eu não vou confiar em você! Não se você for fazer um tipo de loucura!

-Isso tudo é por você, será que da pra reconhecer isso!- então ele levantou a voz, eu nunca havia o visto levantar a voz comigo, não daquele jeito, até me assustei,- Eu ia esconder isso de você, você vai achar uma ideia maluca e vai me impedir, mas agora, você me deixou por um motivo chulo, e eu farei isso por conta própria, e se der errado, ao menos eu tentei!- ele continuava gritando, e eu continuava com medo.

-Que diabos que você esta falando?- gritei

-Que diabos?! Estou falando de te ajudar, e que apoio eu ganho? Nenhum estou fazendo isso por você, e o que você me diz? Que eu sou maluco! Obrigado por me agradecer!- então ele chutou a mesinha de centro, e eu me assustei, nunca havia visto ele tendo esse tipo de atitude, era tanto coisa pra minha cabeça. Que horrível que eu fui com Ty, ele tentando me ajudar, e eu falo isso? Comecei a chorar, uma parte eu estava me culpando, a outra por medo da atitude de Ty.

-Não, Yla, me desculpe, eu não queria magoa-lá- então ele me abraçoue depois sussurrou em meu ouvido- Desculpa

Eu levantei a cabeça de seu ombro e logo fiquei cara a cara, não, eu pensei, não posso.

-Você, esta certo Tyler, eu sou ingrata, você merece alguém que reconheça o que você faz- disse, ainda cara a cara com ele. – Merece alguém tão perfeita quanto você.

-Yla, quantas vezes eu tenho que te dizer- falou se aproximando- que você é essa pessoa- cada vez ele estava mais próximo, sentia o seu coração batendo tão forte quanto o meu, sua respiração estava ofegante, não eu não podia um beijo poderia acabar com a minha vida. Ty fechou os olhos e afagou suas mãos em meu cabelo. E então aconteceu nos beijamos.

A principio não aconteceu nada, e depois de um tempo nos separamos.

-Não, não Ty- eu comecei a chorar- o que eu fiz?!

-C-como assim Yla?!- ele me olhava esperando uma resposta. Minhas pernas começaram a ficar banbas, e eu coração estava mais acelerando como nunca esteve.

-Espero que tenha aproveitado o beijo, pois vai ser seu último, Kayla Sullivian- o cavalheiro apareceu, com certeza, eu iria morrer, ou pior, ele poderia matar Ty.