My Red Cherry escrita por Miahh


Capítulo 5
Olhos vermelhos




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Patrick levou a garota para a cozinha e serviu um chá quente de morango para ambos. Depois, com um dos braços enrolados nos ombros da jovem, Patrick pediu para que ela se sentasse no sofá de Teresa, assim poderiam conversar melhor, em um ambiente mais reservado e em um sofá confortável.

–O chá está bom?

–Sim, está ótimo. Fazia tempo que eu não tomava um chá tão bom...

Ele sorriu, passando a fita-la com amor.

–Charlotte, se você for mesmo a minha filha – Como se ele ainda tivesse duvidas – Quero que me conte o que aconteceu naquela noite.

–Ah pai... Eu não sei... – Sua expressão era de desconforto com um leve misto de agonia.

–Sei que é doloroso e não precisa me dar detalhes. Apenas me diga superficialmente o que houve.

–Eu não me lembro direito. Nada faz muito sentido na minha cabeça.

–Como assim?

–Eu me lembro de algumas coisas, mas bem poucas. São como em um sonho. Não consigo lembrar de muito – Ela fez uma pausa, dando um gole no chá. Seus pés balançavam de um lado para o outro e Jane notou o quão desconfortável ela estava – O psicólogo disse que isso era uma memória represada. Disse que o meu cérebro se livrou dessas coisas para me ajudar e que eu deveria tentar me lembrar, quando eu sentisse que estivesse pronta.

Jane já conseguia imaginar o que teria acontecido: Hipnose. Charlotte viu o Red Jonh. Provavelmente falou com ele. Porém, ela não se lembra. E foi esse “esquecimento” que lhe deixou viva. Não importava o plano que Red John tinha em mente, o importante era que Charlotte foi deixada viva por alguma razão. Por algum motivo especifico que ele ainda não sabia, somente deduzia. E não soava bem. Nada daquilo soava bem.

–Do que se lembra?

–Bom... Me lembro de algumas coisas que antecederam a morte da mamãe. Lembro-me de estar te assistindo na tv, junto da mamãe. Lembro-me de estar pulando na cama, feliz e a mamãe me dando bronca por ter acabado de tomar banho e que se eu continuasse fazendo aquilo, ficaria toda suada. Me lembro bem de ter ido dormir. Não me lembro do resto. Tudo fica embaralhado, confuso. Eu só me lembro da mamãe me pedindo para fazer silencio. Eu estava debaixo de alguma mesa ou dentro do armário, algo de madeira. Depois disso, não me lembro de mais nada. Apenas de chegar no centro de proteção a testemunhas, das mulheres trocando a minha roupa, fazendo perguntas, pedindo que eu me acalmasse. Tudo estava confuso.

Jane estava a beira de um colapso nervoso, porém relutava para não cair no choro e prosseguir com as perguntas.

–Por que você não tentou contato comigo?

–Achei que estava morto. Foi o que me falaram, “os seus pais morreram, você agora é órfã”. Acreditei nisso até eu completar os meus quatorze anos. Te vi na tv, em uma entrevista com uma mulher e um cara qualquer. Você citou o Red John. Você se lembra disso?

–Sim.

–Bom, depois disso eu tentei perguntar mais para as pessoas que trabalhavam lá há anos, mas ninguém queria me falar nada. Disseram que eu estava ficando louca. Foi ai que entrou o psicólogo. Ele acreditou nelas e disse que eu estava sofrendo um “transtorno de estresse pós-traumatico”, disse que o meu cérebro estava criando fantasias sobre coisas que não aconteceram. Que eu havia ficado louca. Ameaçaram me internar em uma clinica qualquer, disseram que eu ficaria lá para sempre. Eu parei de te procurar. Pelo menos, fingi.

Charlotte colocou os fios loiros para trás e cruzou as pernas.

–Na biblioteca da escola, eu usei um computador para pesquisar mais sobre o Red John e você. Descobri que era consultor da CBI e que eu era dada como morta. Eu sabia o lugar onde você trabalhava, o telefone e tudo mais. Eu pesquisei tudo que podia sobre seus companheiros de trabalho, principalmente a tal Lisbon. Foi ai que começou...

–O que?

–As mortes das garotas. Aquelas garotas eram minhas “amigas”. Tirando a Elise, nenhuma delas sabia exatamente o que tinha acontecido comigo. Entretanto, elas iriam me ajudar a te encontrar... Mas o Red John foi mais esperto. Ele parece que lê a minha mente, afinal ele sabia de tudo. E começou a matar as meninas. Achei que seria a próxima, mas depois eu percebi que o que ele queria era que você me achasse. Viva, de preferência. Ele vai me matar. Mas não agora.

–Shhh, não diga isso, ok? Eu não vou deixar que esse monstro toque em você...

E patrick finalmente a abraçou. A garota dos seus olhos, a pequena Charlotte. O corpo dela estava tenso, rígido. Parecia que nunca havia sido abraçado antes, por ninguém. Era como se ela estivesse sempre em alerta, esperando que Red John fosse surgir do nada e mata-la.

Charlotte foi relaxando aos poucos e até deitou a sua cabeça no ombro do pai. E mais do que isso, ela deixou as lágrimas saírem. Uma por uma, as lagrimas quentes tocavam a roupa do consultor e o molhavam. Ela soluçou e Patrick a abraçou ainda mais forte, tentando aliviar aquele desejo de toca-la desde que a pequena morreu.

–Achei que estivesse morto, achei que nunca mais eu iria te ver – Ela proclamou entre lagrimas e soluços – Eu não quero que ele te mate, eu não quero que ele faça isso.

–Calma querida, calma. Vai ficar tudo bem.

–As pessoas que eu gosto sempre morrem. Eu não quero que você morra também. Não quero mais gente que eu amo, morrendo sem eu poder fazer nada.

–Escute, Charlotte – Patrick segurou o rostinho da filha e a encarou com seus olhos vermelhos, lacrimejantes – Você não vai morrer. Ninguém irá morrer. Vamos ficar bem. Acredite em mim.

Era difícil para a pequena acreditar depois de tudo que aconteceu, mas ainda era mais difícil para o consultor acreditar nas palavras que ele havia dito. Ele sabia que o Red John poderia mata-los a qualquer hora, em qualquer lugar.


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