My Red Cherry escrita por Miahh


Capítulo 4
Hospital e prisões




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Jane foi lentamente recuperando os sentidos. Estava em algum lugar fofo e quente. Ouvia-se a voz de Lisbon falando com outra mulher, que parecia procurar pelo pulso do consultor, depositando seus dedos no pescoço dele. Jane sentia muita dor na parte posterior da cabeça e como resultado, soltou um gemido alto, deixando todos que observaram a cena, aliviados.

–Jane, Jane? Pode me ver? Pode me escutar? – Lisbon dizia, pegando delicadamente em sua mão – Você consegue me responder? Jane?

–O... Onde está...?

–Melody? Melody está bem. Estão a levando para o centro de proteção.

–Não – Ele murmurou – De.. Deixem.. aqui.

–Jane, você machucou a cabeça, você deveria ir para o hospital.

–Não – Ele se esforçava tanto para responder, que Teresa preferiu que ele se calasse.

–Vamos te levar para o hospital e ponto final. Você perdeu a consiencia por alguns minutos, Jane. Você pode estar correndo risco de vida.

–Meh... Estou.. Estou bem.

–Não está. E não fale mais. Vamos te levar – Teresa largou a mão do consultor e chamou o Rigsby – Por favor, ligue para a ambulância, vamos levar o Jane para o hospital.

–Charlotte – Jane falou baixinho – A deixe ficar aqui. Ela corre perigo.

–Ela vai voltar para aquele lugar, Jane.

–Deixe-a ficar.

–Ah, chefe, o que eu faço com a menina? – Rigsby perguntou confuso. Quem ele deveria dar ouvidos? O consultor inteligente ou a chefe correta?

–Ok – Ela suspirou – Deixe-a ficar aqui e peça para a Van pelt e o Cho cuidarem dela. Não deixem que fuja ou que se machuque. Red John pode estar por trás disso, temos que tomar cuidado.

–Ele está por trás disso.

–Jane, já disse para se calar.

E Jane se calou, deixando que a dor invadisse o seu corpo, já fraco. No final, ele desmaiou por uma segunda vez e estava totalmente apagado quando os paramédicos chegaram, o retirando dali sobre uma maca. Na ambulância, Lisbon foi junto dele, rezando mentalmente para que o consultor ficasse bem.

Do lado de fora, o sol foi se despedindo lentamente, deixando seu brilho no horizonte por pouco tempo. A brisa fria batia contra as cortinas do quarto de hospital do Jane e Teresa, tensa, bebia o terceiro copo de café do dia. O médico disse que o que deixou Patrick naquele estado teria sido uma combinação fatal de noites mal dormidas, alimentação não adequada e um stress enorme o levou a desmaiar daquela forma. Ele levou três pontos na parte de trás da cabeça por causa do choque contra o chão frio e mais alguns curativos no cotovelo e pescoço. Lisbon iria dar um puxão de orelha no consultor, que parecia brincar com a própria vida. Se ela soubesse, se ela ao menos soubesse, ela teria saído para almoçar com ele e o forçado a comer corretamente. Talvez leva-lo ao SPA para dar uma relaxada? Quem sabe? Ambos necessitavam de uma pausa na vida caótica.

–Eu morri? – Brincou, a voz ainda rouca e os olhos enxergando apenas vultos e sombras – Eu estou no céu que a Van Pelt tanto disse?

–Jane, seu idiota – Ela respondeu, deixando o copo de café do lado da cama dele e agarrou novamente a sua mão – Você me assustou, sabia? Quem vai morrer se continuar fazendo isso, será eu.

Ele juntou todas as suas forças e sorriu.

–O que houve dessa vez? Eu não me lembro de muito... Estavamos interrogando alguém, não estavamos?

–Não pense muito. Está tudo bem agora, vai ficar tudo bem – Ela pousou a mão na testa dele e sorriu – Estavamos no meio de um interrogatório sim. Você passou mal.

–Charlotte.... Estavamos falando com aquela menina que parece a minha filha... Red John... Ele está por trás disso, não está?

–Jane, preste atenção. Você ainda está muito fraco. Não pense nisso. Você está confuso, apenas relaxe, está bem?

–Cadê a garota?

–Está bem, não se preocupe. Ela está com a Grace e o com o Cho. Eles não vão deixar que nada de ruim aconteça a ela.

Jane respirou fundo. Virou a cabeça para o lado e notou que era alimentado por soro e se lembrou do dia que estava internado no hospital, logo antes de ir parar em uma “clinica psiquiátrica” também conhecido como manicômio.

Era o mesmo hospital. Seu corpo doía da mesma forma, o soro o alimentava constantemente e a única coisa que ele conseguia pensar era em sua família. Ele não conseguia se desvincilhar da imagem da sua família assassinada sobre a cama.

E agora havia grandes chances de tudo aquilo ter sido uma grande encenação, digo, grandes chances de parte daquilo ser mentira. Angela estava morta. Disso ele tinha certeza. Agora Charlotte, ele nunca soube. Quando ele a encontrou, ela estava com sua camisola branca, deitada de bruços. Seus cachos loiros estavam pintados com o sangue que espirrara de Angela e sua mão sem vida tocava o rosto da morena. Nunca teve coragem de ver o rosto da filha. Tinha medo de encontra-la com os olhos abertos e se culpar ainda mais por fazer a filha tão querida, sentir o que sentiu.

“Sua mulher quer que eu diga que a sua filha nunca acordou. Ela não soube o que aconteceu. Ela não ficou assustada, nem por um segundo sequer”.

E se ela nunca tivesse morrido?

–Lisbon... Poderia me fazer um favor?

–Depende.

–Ligue para um dos seus amigos policiais e peça que façam a exumação do corpo da pessoa que está enterrada no tumulo da minha Charlotte. E que realizem um exame de DNA na Melody.

–Jane - Suspirou alto – Eu não acho isso uma boa ideia, vai te dar confiança e eu não quero que você se magoe novamente. O que será de você se essa menina não for a tua filha? Afinal, quais as chances dela ser a tua filha?

–Por favor, Lisbon. Isso é muito importante para mim. – Ele segurou suavemente a mão dela – Eu ficaria devendo a minha vida a você.

Teresa arfou. Tudo que ela menos queria era o Jane implorando algo que ela não deveria fazer. Entretanto, Jane era teimoso e iria insistir nessa ideia. Talvez ela devesse dar uma chance e ver o que aconteceria.

–Está bem, eu faço. Mas novamente, não quero que crie esperanças. Red John pode estar por trás disso, ele pode estar brincando com você.

–Eu sei, Lisbon. E eu fico agradecido que esteja se preocupando tanto assim comigo, mas eu sei o que eu estou fazendo.

Ela riu.

–Sabe? Segunda vez em um hospital em menos de dois meses. Sabe mesmo o que faz.

–Meh.

–Além disso, você precisa se alimentar melhor! Chá não enche barriga.

Ele revirou os olhos.

–Lisbon, você está tão maternal ultimamente, talvez a senhora Haze estivesse certa, talvez você devesse ter um filho.

–Cala a boca – Ela riu, dando um tapa de leve no ombro dele. – Agora trate de descansar. Quero meu consultor inteiro amanhã. Teremos um dia cheio pela frente.

**

Na manhã seguinte, Jane já estava se sentindo bem melhor. Ganhou um café da manhã – particularmente sem gosto – na cama e estava confiante. Não parou de pensar sobre a tal garota a noite toda. Sua mente analisou cada pedacinho de pele da menina e o fez pensar se ele estava mesmo certo. E se Teresa estivesse com a razão? E se fosse apenas mais um jogo doentio do seu inimigo? Bom, as respostas não estavam ali, estavam dentro de uma sala de interrogatório, ou melhor, dentro de um laboratório. Os testes de DNA seriam a chave para resolver esse dilema.

Ele pegou um taxi até a CBI e subiu correndo até o andar onde eles trabalhavam. Era cedo e apenas Grace estava lá, cansada, frustrada, mas perfeitamente arrumada. O relógio ainda nem marcava oito horas da manhã e Grace parecia totalmente pronta para enfrentar o dia.

–Bom dia, Van Pelt. Você sabe onde a Melody está?

–Bom dia – Respondeu sorridente – Quando eu fui embora, eu a deixei dormindo em uma cela. – Jane franziu o cenho, confuso – Não podíamos deixa-la em uma sala de interrogatório, ela precisava dormir.

–Eu entendo. Vou lá vê-la.

–Quer que eu vá junto?

–Não precisa. Apenas avise a Teresa quando eu chegar que eu estou conversando com a garota.

–Está bem.

Animado, Jane correu para lá. Três guardas protegiam a cela da menina, que dormia pacificamente em um colchão extremamente desconfortável. Receoso, Jane pediu para os guardas saírem e entrou no lugar, sentando-se na beirada da cama.

–Bom dia.

Ela o encarou espantado.

–É estranho acordar com um homem te olhando. Me sinto como se eu fosse casada.

Ele sorriu.

–Como foi a noite?

–Você quer a verdade? – Ele acenou – Péssima. Olhe para mim, eu não tomei um banho ontem e eu estou cheirando a gambá. Além disso, como podem deixar guardas desconhecidos na porta dessa jaula? E se um deles trabalha para o Red John? Eu poderia estar morta.

–Você o conhece?

–Conhece quem?

–Red John. Já o viu antes?

A loira revirou os olhos e passou a mão nos fios que insistiam em cair sobre sua face.

–Eu não trabalho para ele, eu não sei quem é ele. Deveria acreditar em mim.

–Eu acredito em você. Bom... Em partes. Você parece muito ser alguém que se diz ser, mas não sei se devo acreditar. Seria um milagre se estivesse viva.

–Você fala que nem um livro – Ela sorriu e ele também – Mas não é milagre. Milagre de acordo com o dicionário, é um ato ou acontecimento fora do comum que é inexplicável pelas leis naturais. Porém, há uma explicação para tudo. Você não morre quando não se é morto. Muito simples.

–Precisa de mais para me convencer que é a minha Charlotte.

–Charlotte... – Ela repetiu – Faz tempo que eu não ouço o meu nome sendo pronunciado por alguém... Principalmente pelo meu próprio pai. É estranho.

–Como que te chamam no centro?

–Meh, me chamam de Melody mesmo. Elisa, aquela menina que foi morta pelo Red John, ela me chamava de Cherry... Sabe por que né? – Ele sacudiu a cabeça, negando, porém sabia muito bem do que ela estava falando – Lembra, quando a mamãe ficou obcecada em me colocar nas aulas de francês, ela ficava me chamando de Chérie e eu não conseguia repeti-la, dai eu falava Cherry ao invés disso.

Ele assentiu, acariciando os fios loiros da garota.

–Está tão bonita, Cherry.

–Obrigada, papai. O senhor ficou muito esbelto também. O cabelo está maior e agora usa essas roupas chiques.

–Acha o meu terno chique?

–Bom, eu só via homens de terno quando alguém do governo ia para o centro, ouvir a senhora Haze se gabar em como nós éramos felizes lá. Homens do governo são chiques.

–Os da CBI, também. Vai ver muitos homens de terno também.

–E mulheres... – Ela riu – Aquela tua amiga, Lisbon? Lisboa? Sabe quem eu estou falando, a morena, baixinha...

–Lisbon.

–Sim, Lisbon. Ela usa terninhos também. Vocês são obrigados a usar essas roupas?

–Não. Não somos obrigados.

–Interessante. – Eles pararam de falar e passaram a encarar um ao outro, sempre sorridentes – Pai... Você me desculpa?

–Por...?

–Por ter feito você desmaiar e bater a cabeça no chão. Fez um barulho enorme. Achei que tinha quebrado o crânio.

–Está tudo bem, eu estou bem. Não se preocupe, nada foi culpa tua.

Nada.


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