My Red Cherry escrita por Miahh


Capítulo 2
Bem vindo de volta




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Dois de março de 2004

–Angela, eu admiro que queria que a nossa filha tenha um futuro grandioso, mas não acha que ela ainda é muito jovem para frequentar as aulas de francês? Ela não domina o inglês ainda. Sinto que isso possa prejudica-la de alguma forma.

–Patrick, está tudo bem. São aulas leves e divertidas, Charlotte vai adorar. Não é, Chérie?

–Che...Cherry – Ela balbuciou, provocando risadas nos dois.

–É chérie, Charlotte. Chérie significa querida em francês. – A mãe explicou e Charlotte mordeu os lábios rosados, franzindo o cenho – Vai aprender tudo isso na aula com a senhorita Wood. E seu pai vai adorar a ideia.

–Eu não odeio, eu apenas acho que ela deveria dominar o próprio idioma primeiro.

–Mas eu sou inteligente, papai.

Os dois riram novamente.

–Claro que é, querida. Puxou o papai.

–Não é querida, papai, é Cherry.

–Nossa filha não é uma gracinha? – Angela disse, acariciando os cachos loiros da pequena – Ela será uma garota incrível quando ela crescer.

**

O centro de proteção a testemunhas não ficava tão longe, porém eles demoraram a chegar. O transito estava péssimo e constantemente Lisbon grunhia, raivosa.

Não era um lugar enorme, porém era acolhedor. Naquele exato momento, o centro ajudava um pouco mais de trinta moças entre as mais variadas idades. A mais nova tinha doze, e mais velha, sessenta.

Ao entrarem, eles se depararam com uma pequena recepção repleta de guardas e policiais da FBI. Todos os olhares se voltaram aos dois.

–Boa tarde – Disse a recepcionista loira, que parecia acuada no meio de tantos agentes – O que desejam?

–Nós somos da CBI – Teresa mostrou o distintivo – Queríamos falar com alguém da direção.

–Aguarde um momento – Ela pediu, discando um numero curto no telefone e chamando alguém. Logo após alguns segundos, ela sorriu cordialmente – A senhora Haze está a caminho. Podem sentar se desejarem.

–Não, tudo bem.

Não custou nem dois minutos para a idosa dar o ar da graça no lugar. Era uma senhora muito bem arrumada e com olhos penetrantes, como os de quem já havia vivido e visto muito na vida. Ela não parecia ser alguém que colaboraria com tal atrocidade como a que vinha ocorrendo com as jovens dali.

–Prazer, somos da CBI – Elas se cumprimentaram formalmente e deram inicio a uma caminhada pelo local.

–Mais policiais. Toda essa gente está deixando as garotas muito assustadas. – A mulher estava andando com extrema dificuldade, arrastando-se pelo corredor principal – Querem que eu mostre a casa para vocês? Ou querem ir direto para a minha sala, conversar?

–Vamos conversar na sua sala. – Disse Lisbon, contrariando Jane que parecia louco para ir embora.

–Está bem.

E eles foram caminhando pelo lugar. Precisavam passar por metade da casa para chegarem na sala da diretoria. A primeira sala que entraram – uma sala de tv – estava vazia e perfeitamente arrumada.

–Aqui que as mais jovens gostam de ficar – A idosa disse – A televisão exerce um poder muito forte nas mentes mais jovens.

–Com certeza. – Jane respondeu, recebendo um sorriso da mulher que estava quase morrendo.

–Tem filhos, senhor...?

–Jane, senhor Jane. Não, não tenho.

–Uma pena. Crianças enchem o nosso peito de alegria. E você, senhora...?

–Lisbon. Eu também não.

–Mas é tão bonita, não é casada?

Lisbon corou e Jane segurou o riso.

–Não, não ainda.

–Que triste.

Eles prosseguiram andando, agora entrando em um corredor estreito, com várias portas. A idosa explicou que cada porta era um quarto e que duas garotas dividiam o lugar, de um modo bem calmo e organizado. Brigas entre as meninas eram raras e tratadas com muita severidade quando aconteciam.

Do começo do corredor, Jane avistou uma das portas, entreaberta, e uma garota de longos cabelos loiros parada a observa-los. Seu corpo estava apoiado na porta e seus olhos fixos nos do consultor. Ele sorriu e ela como resposta, fechou a porta.

–O que tem ali? – Jane apontou para a porta branca.

–É a sala de música. Na verdade, está mais para uma sala de artes. Tentamos desenvolver a criatividade nas mais jovens. É muito bom para o psicológico.

–Você se importaria se eu desse uma olhada? – Jane sentia os olhares curiosos da chefa, sobre ele. Ela estava se perguntando “o que o Jane achou desta vez?”. Ela ainda não havia se decidido se Jane era apenas muito inteligente, ou era mesmo um “mágico” com poderes especiais.

–Não, fique a vontade. – E dizer isso para o consultor era em vão. Em todo lugar que ele entrava, ele já se sentia a vontade para aprontar mais uma.

E ele foi. Abriu a porta ainda com os olhos atentos da Lisbon o acompanhando, e então a fechou delicadamente. Seu coração apertou por um instante. Seus ouvidos captaram o melódico som de “fur elise” sendo tocado pelos dedos ágeis da garota misteriosa. Jane sorriu e logo se sentou, procurando desfrutar um pouco do momento.

–Seja bem vindo – Ela disse, parando de tocar repentinamente – Gosta de Beethoven?

–Gosto. Gosto muito.

Ela tirou os olhos do piano e o mirou. Jane percebeu o quão bonita era. Seus olhos eram azulados, seus lábios rosados assim como suas bochechas e obviamente era loira e os fios eram levemente ondulados. Tinha traços familiares, traços de alguém que ele já conhecia. Em sua mente, ele pensou se era alguma familiar dele, uma irmã perdida ou uma prima qualquer. Mesmo ela parecendo muito com a sua pequena Charlotte... Mas afinal, Charlotte estava morta, não é?

–Qual é o seu nome? – Ele perguntou.

–Eu tenho muitos nomes. Nenhum deles importa. – Ela deu uma pausa – Eu vou presa se eu não te falar o meu nome?

–Como sabe que eu sou da policia?

–Não respondeu a minha pergunta.

Ele refletiu por um momento. Era uma garota que temia a policia, mas não parecia envolvida com nada ilegal.

–Não, não vai. Porque eu não sou a policia.

–Então a sua amiga, se ela perguntasse, eu seria obrigada a responder?

–Sim, provavelmente.

–Hum, entendi.

–Tem medo da policia?

–Por que eu teria?

Touchê.

E uma nova pausa foi tomada. Ambos se encaravam e um misto de emoções florescia. De um lado, Jane, concentrado em descobrir quem era aquela garota, do outro, a menina misteriosa, interessada em jogar seus joguinhos com o consultor.

–Sabe alguma coisa do assassinato dessas jovens?

Ela mexeu a cabeça, cruzando as pernas pálidas.

–Talvez.

–Ela sabia – Jane pensou.

–Por que talvez?

–Porque eu não tenho certeza.

Ele suspirou.

–Você sabe de algo que poderia nos ajudar?

–Provavelmente sim, mas como eu vou saber que o que eu sei iria te ajudar em algo?

–Se você me falasse, talvez eu poderia ver se isso é de importância para a investigação.

Ela sorriu.

–Então eu não direi.

Patrick, contrariado, se levantou, indo em direção a porta.

–Onde pensa que vai?

–Você não tem nada de bom para me oferecer. Não vou ficar aqui ouvindo.

Jane pensou que isso obrigaria a garota a dizer algo. A garota que era muito parecida com a alucinação que teve há um mês atrás. Mas, surpreendentemente, nada disso aconteceu.

– Pode ir, quem estará perdendo será somente você.

E Jane parou na porta, sua mão pousada na maçaneta. Ele precisava resolver o caso e aquela menina era a chave para isso. Na cabeça dele, se ela não fosse amante do assassino, ela era amiga bem próxima.

Mesmo assim, Jane abriu a porta e foi atrás de Lisbon, que ouvia um discurso sistemático da senhora, dizendo em como a casa era protegida e que não sabia o que estava acontecendo. Aquelas coisas de sempre, que deixava a agente cansada e frustrada.

–Com licença, eu vou precisar levar uma de suas garotas, comigo. – A mulher a encarou com espanto – Ela parece ter conhecimento de alguma coisa, eu preciso interroga-la na CBI.

–Bom, está bem. Apenas avisem a FBI e tragam a mesma antes do pôr-do-sol. As meninas tem escola amanhã.

–Sem problemas.


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