Meu Anjo escrita por BG


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Personagens fictícios, qualquer semelhança - o que eu duvido que haja - com a realidade é mera coincidência.



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– Não vou te machucar, não se preocupe. – Uma voz calma respondeu.

– Por favor, eu não tenho nada de dinheiro, nem... – Ela parou ao ouvir o homem dizer que não faria nada. – Espera aí, você disse que não vai me machucar? – Falou ela ao raciocinar o que ele havia dito.

– Não, não vou. – Respondeu ele.

Bianca se virou e viu um anjo parado. Ele era lindo, moreno de olhos castanhos intensos, usava uma roupa branca, e tinha duas asas gigantes.

– V-o-o-c-ê é um anjo? – Perguntou a garota, gaguejando ao notar que ele realmente não faria nenhum mal a ela, a não ser que ele fosse um anjo da parte “escura do céu”.

– O que você acha?

– Sei lá né. Luke às vezes faz umas pegadinhas bem elaboradas...

– Isso não tem nada a ver com ele, Bianca. Tem a ver com você. – Afirmou o anjo, ainda sem nome para Bianca.

– Comigo? E como você sabe meu nome, moço? Eu nem sei o seu. Que intimidade é essa, hein?

O anjo riu e ao ver que ela falara séria, resolveu responder.

– Me desculpe. Meu nome é Peter.

– Peter? Isso é indiano?

– Árabe, na verdade. – Disse o anjo rindo.

– Mas e como você sabe meu nome?

– Eu tenho meus informantes.

– Nossa, isso parece coisa que um gangster diria quando quer sequestrar a mocinha.

– É, eu notei isso depois que falei.

Os dois riram. Bianca ria mais era de nervoso.

– Desculpa, mas por que está aqui? – Perguntou a garota.

– Oh, claro. Venha comigo. – Disse Peter.

– E por que eu iria?

– Deixe de ser desconfiada e venha.

Bianca deu uma ultima olhada em Luke e seguiu a figura mais esquisita que ela havia visto em toda sua vida.

Peter fez sinal para que Bianca subisse na árvore, e logo a seguiu entre os galhos.

– Precisamos conversar Bianca. – Disse o anjo.

– Isso eu já entendi. Sobre o que você quer falar?

– É um assunto delicado então vamos devagar.

– Minha mãe está bem, certo?!

– Sim. Dona Teresa está muito bem. Congelada, mas bem.

– Por que você congelou tudo afinal? – Perguntou a garota, curiosa.

– Porque seria muito comum um homem de branco, com asas gigantes andando por aí com uma garota em uma arvore.

– Touché.

– Enfim, eu estou aqui para te dar uma notícia não muito agradável...

– Eu vou morrer?

– Posso continuar falando?

– Isso quer dizer que eu vou morrer? Você está mudando de assunto porque eu vou morrer né... – Falou Bianca, desesperada, e isso fez com que o anjo rolasse seus olhos pensando em como bobo os mortais podiam ser.

– Posso falar, senhorita?

– Desculpa. Continue.

– Obrigada. Então, eu estou aqui para te mostrar as suas opções. – Falou o moreno.

– Opções? Eu sabia que eu ia morrer. – Falou a menina, se preparando para descer da arvore e deixar o anjo falando sozinho.

– Aonde você pensa que vai garota?

– Eu vou fazer uma cartinha de despedida, né, Peter...

– Fica quietinha aí e deixe-me explicar suas opções.

– Certo...mas opções pra que?

– Bom é isso que eu vou explicar.

– Ok.

– Sabe que a ultima coisa que você fez antes de tudo congelar foi perguntar para Luke se ele realmente a amava, certo? Pois sim, ele te ama.

– Precisava acabar com a emoção? – Disse ela, o interrompendo.

– Mortais...bom, depois de dizer que sim, ele te ama e blá blá blá vocês iam se declaram e se beijar...

– Sério? – Perguntou ela, com os olhos brilhando como uma criança olhando a vitrine de uma loja de brinquedos.

– Sim, sim. Mas...

– Sempre tem um mas...

– Mas vocês iam ser atropelados por um carro desgovernado, e você sabe quem era a motorista?

– O Elvis Presley? – Perguntou a garota, ironizando.

– Sim, sim, o Justin Bieber estava do lado também, sabia?

– Que triste. Sério, quem estava dirigindo?

– Você não faz ideia mesmo? Pensa um pouco, quem te odeia? – Perguntou Peter, olhando esperançoso para a garota.

– Se não é o Elvis, invejoso pela minha linda voz, não sei. Fale de uma vez Peter, quem é?

– Caroline. – Disse ele, depois em imitar o som de uma bateria usada para fazer suspense.

– Como assim? Ela me odeia tanto assim é?

– Não exatamente. Quer dizer, sim ela te odeia, entretanto não atropelou vocês por isso.

– Por qual razão então?

– Porque ela é loira e burra. Ficou passando brilho labial ou falando no telefone e não olhou pra frente. Pura e natural burrice.

– Era de se esperar. Dezoito anos e nenhum juízo.

– Verdade. Ainda bem que eu não sou o anjo da guarda dela. Mas ser seu anjo da guarda também não é muito fácil não.

– Você é meu anjo da guarda? Desde quando?

– Sou desde que você nasceu.

– Então você estava lá quando eu caí do balanço e bati de cara no chão?

– Sim, rindo bastante.

– Por que, cargas d’água você não me ajudou a não cair?

– Eu não posso interferir na sua vida, mesmo assim, tirei o caco de vidro que tinha perto de você. Poderia ter sido muito pior.

– Oh, obrigada então. – Disse ela, balançando as mãos no ar, como se a parte do “eu estava lá rindo de você” não tivesse sido mencionada.

– De nada.

– Bom, mas se você não pode interferir na minha vida, por que está aparecendo pra mim agora e dizendo que eu vou ser atropelada?

– Porque isso vai mudar sua vida, não só deixar uma cicatriz. Agora posso mostrar suas opções ou não? – Disse o anjo, já impaciente.

– Pode Peter, vá em frente.

– Olha, você tem duas opções basicamente. A primeira é voltar lá e deixar ele te beijar e tentar se salvarem da maluca da Caroline, e a outra opção é você não deixar ele te beijar e ainda sim tirarem vocês dois antes que acontecesse uma tragédia.

– E por que...

– Deixe-me terminar – Ele a interrompeu, tendo em vista que ela já o havia interrompido primeiro. Ela acenou com a cabeça concordando, e passou um zíper imaginário em sua boca, sinalizando seu silêncio. – Como você deve saber, e estar cansada de ouvir de sua mãe, toda reação...

– Tem uma consequência. – Terminou ela. Com certeza Bianca conhecia aquele ditado, sua mãe o usava todo dia, pelo menos dez vezes.

– A consequência de você beijá-lo é que ele e Caroline vão terminar e... – Peter notou que a garota ia abrir a boca e fez um sinal com a mão para que ela se lembrasse do zíper. Rapidamente ela assentiu a imaginação. – E Luke nunca mais falará com o pai, pois você sabe que o senhor Westerfield está na falência e o futuro dos dois eram “juntos” como marido e mulher salvaria os negócios. Por outro lado, fazendo isso, ele será infeliz, assim como você.

A garota suspirou pensando um pouco, ela não tinha a menor ideia do que escolher.

– Vou te contar um segredo. – Disse Peter.

– Qual? – Perguntou a garota, esquecendo do “zíper”.

– Vocês são o amor verdadeiro um do outro. Almas gêmeas. Aquela baboseira toda que você conhece.

Bianca sorriu e ficou boba por um instante. Peter continuou a proclamar as consequências.

– Mas se não o beijá-lo e fazer com que ele se esqueça de você, eles se casarão. Os negócios assim estariam salvos e Luke usaria um terno todo dia, enquanto Caroline o trairia com metade da cidade e gastaria seu dinheiro com roupas e joias.

– Ele seria feliz assim, anjo?

– Ele nunca iria notaria que estaria infeliz Bianca, afinal ele sentiria falta de seu amor eternamente mas com ele poderia ter certeza que era isso se você o abandonou? Caroline e ele nunca se separariam, pois suas famílias são muito conservadoras. Luke iria morrer sem descobrir as traições, então pelo que ele iria lutar?

– E eu?

– Bem, você não precisa do Luke pra ser feliz, mas sentiria falta de algo também, mesmo sem saber do que.

– Você tem mais alguma advertência anjo?

– Acho que não.

– Certo.

– E então?

– Eu tenho algum tempo pra pensar?

– Tem o tempo que eu deixar as pessoas “congeladas” – Peter fez as aspas para dar entonação na frase.

– Por que ela não vai com ele no casamento no sábado?

– Porque ela traí ele desde agora.

– Não teria como ela ir com ele no casamento?

– Você que vai ter de interferir. Eu não posso fazer nada, você nem vai mais me ver.

– Você parecia ser uma pessoa legal. Indiano. – Bianca disse “indiano” para atazanar com o anjo mesmo.

– Árabe. E sim, eu era legal. Até eu ter um protegido como você.

– Desculpa.

O anjo riu e Bianca voltou a pensar no que era certo.

– Difícil né?!

– Muito.

– Ele seria realmente feliz ao meu lado, Peter?

– Você teria de tentar para descobrir.

– Peter, você falou quase tudo, por que não vai dizer se eu vou ser feliz com ele ou não?

– Eu já falei demais. – Disse o anjo, descendo da arvore.

– Tudo bem então. Me dê mais alguns minutos e eu deixo você “descongelar” as pessoas. – Falou Bianca, bufando e colocando seus pés nos galhos em que ela julgava seguros para retornar ao chão sem uma torção ou qualquer coisa do tipo.

– Aha. – Murmurou Peter.

– Está tudo bem, anjo? – Perguntou a garota, notando um desanimo na voz de Peter.

– Sim, por que não estaria?

– Sei lá, você pareceu meio estranho de repente.

– Imaginação sua Bianca.

– Tudo bem então. – Bianca aterrissou sem se machucar e orgulhosa de seu feito, se sentou no chão. O homem se sentou ao seu lado. – Como era sua vida?

– M-m-i-n-h-a vida? – Perguntou ele, surpreso. Ninguém conversara com ele a muito tempo. Não mortal pelo menos.

– Sim. Digo, antes de você ter que me vigiar.

– Arabiana. – Respondeu ele, rindo da palavra idiota inventada. Bianca o olhou e não segurou a vontade de rir.

– Essa foi ruim hein. – Disse ela.

– Eu sei.

– Mas sério, como era sua vida?

– Era normal. Boa.

– Só isso?

– O que você quer saber Bianca?

– Não sei. Me conte das suas manias, amores, gostos, comidas, países que conheceu, família...

– Bom, eu era um moço muito bonito, que estudava artes cênicas aqui no seu país. O que eu queria fazer mesmo era cantar, e olha, eu era bom, mas um acidente de carro me tirou a vida e levou minha alma para Deus. Hoje, meu espirito foi renovado e enviado para a Terra para cuidar de vocês, mortais.

– Como você morreu? Tipo, doeu?

– Não, eu estava em coma e depois de dois anos, só respirava por aparelhos e minha mãe decidiu desligar os aparelhos assim que minha noiva em deixou. Foi isso que eu soube, e até acho que assim foi melhor, ela sofria demais me visitando e tendo esperanças de que meus olhos castanhos estariam lá, abertos novamente, a sua espera quando ela chegasse. Ela nunca pode vê-los de novo.

– Sinto muito. – A garota até estava esquecendo de seu problema, da escolha tão importante de um beijo ou não. Para sua sorte, era seu confidente e protetor que possuía seu passaporte com o tempo disponível.

– Sabe do que eu mais me arrependo? De não ter dito para minha mãe o quanto a amava.

– Eu tenho certeza que ela sabia do quanto era o seu amor por ela, viu Peter.

– Obrigada. Mas vamos deixar minha vida de lado. Ela não importa mais. Você já tem sua decisão, bi?

– Sim. – Respondeu ela, sem nenhuma ideia em mente, ela iria fazer o que achasse melhor na hora, quando tudo estivesse para acontecer. Quem sabe ela não acordasse no meio da noite, com vontade de ir no banheiro ou com a garganta seca e notasse que tudo aquilo não passara de um sonho maluco?

– Bom, espero que seja a decisão certa. E boa sorte Bianca. – Disse Peter.

Bianca, entrando em desespero por ter a possibilidade de tomar a decisão errada abraçou o confidente vulgo anjo e agradeceu.

– Por que está me agradecendo?

– Porque eu não sei. Pareceu certo agradecer por me mostrar minhas opções e querer o meu bem estar.

– Nós sempre vamos desejar o bem de nossos protegidos.

– De todo jeito, fique com os meus agradecimentos.

O anjo fechou suas asas sobre si e Bianca fechou os olhos e sentiu o vento passar por seu cabelo. Quando abriu os olhos novamente estava na frente de Luke observando seus olhos azuis e as covinhas que ele tinha no rosto causado por seu sorriso.

– É sério, eu te amo mesmo. De verdade. – Disse Luke. Novamente Bianca ouvia aquelas palavras que deixavam suas pernas moles, as batidas do coração mais rápidas, as mãos suando, os pensamentos sem controle.

Era hora.

Ela devia tomar uma decisão imediatamente, antes que Caroline chegasse para acabar com o momento fofo dos dois.

– Eu sei Luke. Seremos pra sempre amigos. – Bianca respondeu, com um sorriso amarelo nos lábios. De repente, ela ouviu o barulho do motor do tal carro e empurrou o melhor amigo para longe antes que ele saísse machucado assim como ela estaria quando acordasse, se é que ela iria acordar. A última coisa que Bianca conseguiu ver antes que o carro a atingisse foi Luke. E só.

Na hora, aquilo pareceu o mais adequado para Bianca, mas com a dor que ela sentia em todo o corpo após a batida ela estava quase se arrependendo. Quase. Mas não teve chance de se arrepender por muito tempo. Ela colocou a mão toda cortada e esfolada na cabeça e sentiu o sangue. Vermelho e quentinho, então sem demora a garota apagou, sem ao menos ouvir o som da voz do seu verdadeiro amor, que naquele momento estava quase que catatônico. Estava preocupado, com medo, sem saber o que fazer, enquanto Caroline chorava desesperada e só fazia Luke se apavorar mais ainda. O garoto se controlou para não mandá-la à um lugar onde sempre a mandava quando ela começava com a história de que ele não podia vestir as camisetas nerds que Bianca havia dado a ele e que ele tanto adorava. Quando ela se sujava na casa dele e tinha preguiça de ir até em casa buscar outra, eram aquelas que ela vestia, e por isso às vezes Luke podia sentir o perfume dela.

– Chame a ambulância. Rápido, Caroline.

Luke colocou a mão no pulso de Bianca para saber se ele já podia chorar e entrar em desespero ou se ele poderia lutar pela vida dela e esperar a ambulância sem já imaginar como seria ir ao funeral de alguém que ele amava tanto. Para sua alegria ainda havia vida naquele corpo quase que inanimado que estava estendido na frente dele. O garoto passou a mão sobre os cabelos cacheados e castanhos de Bianca e suspirou, pensando que ela havia o poupado de estar ali também, todo cortado, com possibilidade de alguns ossos quebrados ou com fraturas.

– Meu amor... – Falou Luke baixinho, mesmo sem esperar que ela respondesse.- Você poderia ter se salvo, mas não... Eu realmente te amo Bianca. Amo como nunca amei ninguém antes.

Caroline nem ligou para as palavras de Luke, o que mostrava cada vez mais que ela não se importava com sentimentos. Aliás, a patricinha só estava chorando porque na colisão havia quebrado uma unha e porque, talvez, seu pai a deixaria sem telefone por alguns dias por ter atropelado alguém.


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Notas finais do capítulo

O Peter é totalmente inspirado no Malik, tá? E a ideia inicial era ele em si, só que segundo as regras, eu não pude colocar ele. Por isso a história de indiano e blá blá blá... mas tá valendo igual.



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