A Antiga Lenda Ressurge escrita por Lord Iraferre


Capítulo 4
Último Ato: Revelações e promessas




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Ainda é noite.

Brady adentra o quarto real acreditando ter um tempo antes que alguém apareça ali. Ele caminha pelo local, um sorriso triste em seu rosto.

As luzes se acendem, e Boomer sai de trás de uma prancha de surf, furioso.

— Seu sacana! — Boomer se joga sobre Brady tentando esmagá-lo. Ambos saem rolando pelo chão, e ao se levantarem começam uma briga de tapas. — Por que você fugiu?

Eles param de brigar e se encaram. E pela primeira vez Brady argumenta:

— Eu fugi porque, eu... — ele esfrega o ombro. — Cara você está mais forte, têm malhado?

— É sabe como é né, eu tenho ido na... — Boomer para de falar e aponta um dedo acusador em direção a Brady. — Não ouse mudar de assunto.

— Desculpe. Eu não estava pronto...

— E por que voltou então?

— Fiquei com saudades, ok! — diz Brady erguendo os braços para o alto como se estivesse se entregando. — Saudades de você... Da Mikayla, do pequeno Lanny, do Mason e da Mikayla...

— Espera ai, você disse Mikayla duas vezes! — diz Boomer.

— Disse? — diz Brady como se escondesse algo. — Hã, isso é por causa de um exercício de memória que a tia passou para mim.

— Quer saber esquece — diz Boomer. — Por que, você esta se escondendo? Eu já sabia que você estava na ilha a uma semana.

— Sabia, como? — pergunta Brady.

— Pra começar aquela carta da semana passada, chamando o Boz para uma reunião de família — diz Boomer. — Você pode enganar o Boz, mas eu sei que macacos não escrevem cartas! E sem contar a mensagem incompleta que você escreveu na mesa de sinuca, ninguém em sã consciência comete erros tão bizarros de ortografia.

— Não exagere, eu só não consegui escrever a palavra “ver-te já” — Brady faz um sinal afirmativo com a cabeça. — Tudo bem eu devo ter cometido um ou dois errinhos, mas o Sirocco é tipo uma lenda para os habitantes, daí decidi usá-lo como disfarce já que poucos conhecem a minha verdadeira identidade.

— Por que do disfarce? Por que não voltar como Brady? — diz Boomer. — Rapaz, você teria sido recebido com honras, talvez um olho roxo e um braço quebrado, mais ainda assim teria sua dignidade, mas agora o máximo que conseguiu foi cinco mil cartazes espalhados pela cidade com o seu rosto! Sem contar que Mikayla está magoada.

— Eu sei mas não posso dizer quem sou. — diz Brady na defensiva.

— Por que não?

— Escute — diz Brady se sentando na cama que no passado foi sua. — Olhe para você, você é um rei de verdade Boomer, olhe para Mason e Mikayla, ambos desempenham suas funções com êxito e orgulho, e ao que parece até mesmo esse novo irmão o Boz, ele não pensou duas vezes ao ler a carta. Todos os dias eu tentava me convencer de que era um rei também, porém depois que eu ouvi aquela conversa na floresta descobri que só podia voltar a essa ilha até deixar de ser imaturo e crescer.

— Você ainda não respondeu minha pergunta.

— Eu fui para Chicago e durante um tempo eu tentei melhorar, acredite eu tentei. Mas com o tempo eu percebi que minha vida se tornara apanhar todos os dias das mesmas pessoas, e levar o lixo para fora três vezes por semana. Eu não sou um rei, porque durante os últimos meses eu não cresci nem um centímetro e ainda não sei o que significa a palavra; “imaturo”. A promessa que eu fiz a mim mesmo me deu um caminho ao qual seguir... Não sou um poço de genialidade, e talvez nunca seja, eu posso conviver com isso, mas não posso conviver sem meus amigos; você Boomer, Mason, Mikayla, Lanny e Mikayla... Daí eu voltei, posso fugir de uma nação mais não posso fugir de meu irmão.

— Você fez aquilo de novo — diz Boomer perdendo a compostura, uma lágrima brilhando em seu rosto. — Acho que caiu um cisco no meu olho...

— Nem adianta porque essa desculpa já é velha — diz Brady choroso.

— Não, eu estou falando sério, o clima tá seco e você deixou a janela aberta — diz Boomer coçando os olhos. — Me da um abraço, mano!

Os dois se abraçam. Brady começa a ouvir um choro ficando cada vez mais alto.

— Há, cara, vai dizer que não está chorando agora, hein?

— Mais eu não estou chorando. — diz Boomer terminando o abraço.

Neste momento a segunda prancha de surf cai revelando um Mason chorando como um bebê. Ele sai da onde está e abraça os reis, que gritam de dor.

— Vai dizer que também suspeitou do meu plano? — diz Brady.

— Cá entre nós rei Brady, uma carta enviada dos macacos não foi uma ideia muito inteligente.

— Hum, sei. Mas você não foi o primeiro a perceber isso — diz Brady dando o um soco no colchão.

— Sempre soube que não abandonaria Kinkow. — diz Mason emocionado.

— Ah é? Mais e aquele papo de que estava enganado sobre os reis da lenda? — Mason olha espantado para Brady. — Que foi? Você ia se espantar com o quanto se descobre lendo jornal...

Uma lembrança se inicia; “Brady paga uma quantia a Mahuma, que cochicha as últimas fofocas em seu ouvido”.

— Bem, não devia acreditar em tudo o que lê, essas fontes não são muito confiáveis, não é mesmo Boomer? — diz Mason tentando disfarçar.

— Mas falando sério agora — diz Brady. — Puxa eu nunca pensei que diria isso, bem, espero que não se importem mais até que realmente seja necessário eu pretendo manter a promesa de não ser visto na ilha como Brady, espero que vocês me ajudem com essa minha nova fase.

— O que me for possível eu farei. — diz Mason com orgulho.

— É mano pode confiar na gente — diz Boomer contente.

— E poderiam arranjar um esconderijo melhor? Eu não quero ser mesquinho mais as noites tem sido muito desagradáveis na caverna — diz Brady lembranças desagradáveis lhe vindo à mente.

— Pode deixar, vamos arranjar um esconderijo para você, e quem sabe até uns disfarces melhores...

Neste momento as luzes de frente para o quarto se ascendem e alguém vem correndo pelo corredor.

— Alguém deve ter escutado a briga de vocês! — diz Mason. — Rápido Brady, tem que partir!

Ao se virar ele não vê mais Brady, e sim Sirocco.

— Boomer, Mason... — diz Sirocco se despedindo com um aceno.

Lanny surge na frente do quarto. Seus olhos se arregalam.

— Sirocco, escapou! Guardas!

Sirocco se vira e corre e salta o pequeno muro da sacada. Boomer e Mason se aproximam da bancada e chegam a tempo de ver Sirocco atingir o chão.

— Uh, lá se vai algumas costelas. — dizem em uníssono.

As portas do castelo se abrem e Lanny e os guardas aparecem correndo atrás de Sirocco. Meio cambaleante Sirocco corre em direção ao portão do outro lado do pátio.

— Por que ele tem que fugir? — Boomer pergunta.

— No momento, Kinkow não precisa de um terceiro rei, e Brady é mais do que isso — Sirocco acerta a cara no portão. — Ele é mais do que um herói — Sirocco abre uma fresta no portão, se entala e começa a gritar “Mamãe!”, os guardas prestes a alcançá-lo. — Ele é um cavaleiro — finalmente Sirocco consegue passar pela fresta e desaparece de vista. — Nem sempre irão querê-lo por perto, mais ele vai suportar a dor, porque ele não é mais Brady, ele é Sirocco o cavaleiro negro de Kinkow.

O episodio termina com Sirocco fugindo por entre a selva. Ele pisa em algo afiado e desaparece nas sombras da floresta pulando com uma perna só.


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Notas finais do capítulo

Essa história faz parte de uma trilogia... O próximo episodio já está a caminho...



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