We Found Love escrita por Ana Elisa Renault


Capítulo 3
Capítulo 3- Noite de mudanças (metamorfoses)


Notas iniciais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo anterior! Espero que gostem desse! Deixem uma review! Obrigada!



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Me preparei mais uma vez para dormir ao lado do ninho de tartarugas. Só que essa vez recebi uma companhia inesperada. Era Edward. Estava sentada na minha cadeira de praia, lendo o livro “Otelo” de Shakespeare, quando de repente ele aparece:

— Boa noite. – disse ele ajeitando a cadeira de praia ao lado da minha.

Fiquei sem responder. Ele então observou o livro que eu estava lendo e fez uma observação:

— Shakespeare. O famoso Shakespeare... “Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém... Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim... E ter paciência para que a vida faça o resto...”. – ele fez uma famosa citação de Shakespeare.

— Está tentando me impressionar citando Shakespeare? – perguntei.

— Não. Na realidade estava traduzindo. Mas já que me perguntou... – então ele começou a recitar outra frase de Shakespeare, só que traduzida.

Ele deu uma risadinha fofa, depois abriu sua mochila e começou a retirar dela as coisas que havia trazido.

— Vai se mudar para cá? – perguntei.

— Se eu quero dormir, tenho que ter algo que assuste os guaxinins. Eles não gostam de música, nem de luz. – respondeu ele retirando um som portátil e uma lanterna imensa da mochila.

— Está pensando em dormir aqui? – perguntei.

— Não. Estou apenas fazendo meu trabalho. O que faz por aqui? - perguntei. 

— Vim passar o verão aqui na casa do meu pai, junto com meu irmão. Minha mãe nos trouxe. E também vim para cuidar de um ninho de ovos de tartaruga, e para um jogador de vôlei/voluntário de um aquário, dar em cima de mim a cada 5 minutos. – disse ironicamente.

— Não estou te cantando. Sério, sou noivo. – respondeu.

Tenho que admitir que fiquei surpresa e triste ao mesmo tempo quando ouvi aquelas palavras saírem da boca de Edward. Eu gostava daquele cara e o odiava ao mesmo tempo, desde o primeiro dia em que o vi. Acho que apenas não queria admitir que estava completamente apaixonada por ele. Algo me chamou a atenção nele desde a primeira vez em que o vi. Eu não conseguia explicar. Acho que estava realmente apaixonada por alguém pela primeira vez na minha vida. E como pode alguém amar e odiar alguém ao mesmo tempo? Ele me irritava tanto, ao mesmo tempo em que me fazia rir horrores. Eu o amava ao amanhecer e o odiava ao pôr do sol. Fiquei me perguntando por quê, mas não consegui uma resposta. Aquele sentimento era estranho, mas ao mesmo tempo, gostoso, interessante, misterioso e curioso. 

Eu então fiquei uns segundos admirando Edward. Esse rosto que possuí um encaixe perfeito, olhos profundos e sinceros, que carregavam um mistério do qual eu estava louca para descobrir. Cabelo bagunçado e barba mal feita. Ah! Como aquilo me deixava paranóica. Me perdia nas curvas de seu rosto, e de repente nem sabia mais onde estava. Droga! Naquela hora, em que senti que me perdi. Realmente me dei conta de que eu estava completamente apaixonada por ele. Mas não quis me iludir. Ele estava noivo, e não há chances de ficarmos juntos. 

Ficamos ali, sentados um do lado do outro, cada um lendo o seu livro. Ás vezes ele parava de ler o livro para me dar uma olhada, em alguns momentos eu retribuía o olhar, ou então parava de ler para dar uma olhada para ele. Nossos olhares se encontraram em vários momentos. Ele deu um sorriso fofo e meio torto, no canto da boca. Um sorriso sincero, apaixonado e que me deixava perdida. Eu apenas retribui com outro sorriso tímido por cima do ombro, virando o rosto rapidamente para continuar a leitura. Por incrível que pareça, era difícil encará-lo. Eu nunca havia tido problemas em encarar ninguém. Inclusive, sempre fui excelente nisso. Posso até dizer que é uma de minhas especialidades. Mas aquele garoto me deixava tão torta, tão sem graça. Me arrancava as palavras e o suspiro da boca, e eu não sabia porque. E aquilo me deixava extremamente curiosa e enfurecida. Como alguém pode me deixar assim? 

De repente meu pai chega:

— Boa noite. – meu pai diz com uma voz grossa.

— Caramba pai! Você me assustou! - reclamei. 

— Hm... - Edward secou a garganta. - Hm...Boa noite, senhor. Como vai?  – respondeu timidamente se levantando da cadeira para cumprimentar meu pai.

— Se importa? – perguntou meu pai, segurando e afastando a cadeira de Edward de perto da minha.

— Não... Não, senhor. Eu entendo. – respondeu ele.

Parecia que meu pai queria que Edward ficasse bem longe de mim. Tinha certeza que estava me espionando. Confesso que detestei ele ter feito isso, mas resolvi ficar calada para evitar qualquer discussão perto de Edward. Eu sabia que aquilo tudo não passava de ciúme bobo de pai.

— E então garoto, qual é o seu nome?  - instigou meu pai. 

— Me chamo Edward Cullen, senhor. É um prazer conhecê-lo. - respondeu Edward educadamente. 

— Igualmente, Edward. Sou Charlie Swan, pai da Bella. 

— Sim, sim. Ela o mencionou. É um imenso prazer conhecê-lo senhor Charlie. 

— E o que faz aqui Edward? - perguntou meu pai. 

— Bom, sua filha disse que queria proteger o ninho de tartarugas, e eu pensei que talvez pudesse ajudá-la. 

— Hm... Entendo. E o que o fez supor isso? 

— Bom, eu sou voluntário no aquário da cidade. Na realidade eu tinha que vir aqui de qualquer jeito checar o ninho. 

— E isso inclui ficar sentado numa cadeira de praia ao lado da minha filha? 

— Pai! - chamei a atenção dele com raiva. - Ele só veio ajudar! Seja mais educado! 

— Senhor Swan, sua filha está em boas mãos. Eu cuidarei dela. - Edward disse carinhosamente. 

— Essa será a primeira e última noite que vocês dormem perto desse ninho. Isso é perigoso. 

— Como quiser senhor Charlie. - concordou Edward. 

— Boa noite para vocês, e tomem cuidado. - disse meu pai enquanto saia. 

— Boa noite pai. - respondi. 

— Boa noite senhor Charlie. - Edward disse enquanto dava um aperto de mão em meu pai. 

Edward e eu trocamos um olhar e eu disparei a rir. Comecei a rir muito, gargalhando alto e não conseguia parar:

— Você está mais vermelho que sei lá o quê! - disse a Edward em meio as gargalhadas. 

— Ah! É assim? Tem certeza? Não irá se arrepender depois hein? - brincou ele abrindo um enorme sorriso. 

— Você tinha que ver sua cara olhando pra ele! Pensei que iria ter um ataque do coração! Você quase gaguejou! Hm-m-m... Se-se-se-nh-ooo-r - eu brinquei com ele em meio às minhas gargalhadas. 

— Ah, é assim? Você se arrependerá disso Isabella Swan! Prepare-se para ficar mais vermelha que um pimentão agora! - ele disse enquanto de repente levantou da cadeira e correu em direção à minha. 

— Ahhhhh! - gritei enquanto saí correndo. 

Edward correu atrás de mim e acabou me alcançando, me derrubando na areia da praia. Ele caiu em cima de mim, ficamos com os rostos na frente do outro, nos encarando, e naquele momento, trocamos um olhar intenso. Pareceu durar a eternidade. Parecia que só éramos nós naquele momento, e mais ninguém. Edward estava com um sorriso imenso no rosto, e por alguma razão, me olhou profundamente. Nossos olhares de encontraram naquele momento, e não necessitou uma palavra para sabermos que estávamos compartilhando do mesmo sentimento. 

— Hm... Desculpe por isso. Não deveria ter feito isso. Desculpe. - ele disse enquanto me ajudava a me levantar do chão. 

— Está tudo bem Edward. - disse. 

Começamos então a caminhar novamente em direção ao ninho. Tirei a areia da minha roupa e então sentamos novamente nas cadeiras. 

Edward e eu nos olhamos novamente. Eu estava me sentindo super envergonhada. E para piorar tudo, Edward não disse uma palavra sequer. Então apenas ficamos ali, lendo cada um seu livro até alguém ele cair no sono. Em seguida eu adormeci. 

Amanheceu. Edward levantou primeiro, e logo em seguida eu. Decidi então que iria recomeçar tudo. Iria ser mais legal com Edward e inclusive com meu pai. Aquela noite passada me fez refletir muito. Acho que eu estava mudando. Assim como uma borboleta que entra em metamorfose, cresce, deixa o casco e depois voa. Vai viver a vida. Eu me sentia diferente. Eu não tinha entendido até então porque tinha sido tão rude com Edward. Porque havia tratado ele daquela maneira no dia em que nos conhecemos. Acho que eu tinha medo. Medo de me abrir, de mostrar minhas fraquezas, de errar, de assumir que errei. Mas errar faz parte do crescimento humano, do amadurecimento. Eu precisava crescer. Precisava encarar tudo aquilo e parar de me esconder no meu mundo intocável. Eu estava sendo egoísta e estúpida demais, e só agora tinha me dado conta disso. 

— Vamos recomeçar. Olha Edward, eu fui extremamente estúpida com você no dia em que cheguei aqui e eu queria te pedir desculpas. Olá! Meu nome é Bella Swan, prazer em conhecê-lo! – disse estendendo a mão para cumprimentá-lo.

Edward abriu um enorme sorriso e estendeu a mão para encontrar a minha:

— Prazer conhecê-la Isabella Swan. Me chamo Edward e esse foi meu melhor encontro. - respondeu ele. 

— Não foi um encontro. – retruquei.

— Poderia ser, se você me acompanhasse até o trabalho. – disse ele.

Entendi aquilo como se fosse um convite romântico. Acho que Edward estava apaixonado por mim. Mas como, se ele estava noivo?

Resolvi ir com ele ao trabalho. Ele me levou ao aquário lindo aonde ele trabalhava. Era um aquário enorme, parecia uma piscina gigantesca, cheio de vida marinha. Era envolto por um vidro temperado e forte, e o acesso para o pessoal que trabalha nele, é por cima, pelo tanque de abastecimento de água. E era ele quem cuidava de tudo. Limpava, cuidava dos animais, da manutenção, de absolutamente tudo. E devo confessar: estava tudo impecável e aquilo me fascinou. 

Ele então mergulhou no aquário e me convidou para ir junto:

— Quer conhecer lá embaixo? - perguntou. 

— Não estou me sentindo muito bem. Ficarei por aqui, mas obrigada pelo convite. - disse. 

— Tem certeza? Você não sabe o que está perdendo! 

— Tenho sim. 

— Ah! Mas você só se esqueceu de uma coisa... 

— O quê?

— Eu não aceito "não" como resposta! Essa palavra não existe em meu vocabulário! - ele disse enquanto de repente me jogou dentro do aquário.

— Ahhhh! - gritei enquanto caia dentro da água. 

— Como você teve coragem? - perguntei aflita. 

— Agora você terá que mergulhar comigo Isabella Swan! Vou buscar uma roupa de mergulho para você! 

— Você é impossível Edward Cullen! - brinquei. 

Eu me calei enquanto observava seus olhos iluminados me observando. Edward foi buscar a roupa de mergulho e nós fomos mergulhar. Nos divertimos muito naquele aquário e eu confesso que jamais poderia imaginar que um aquário me deixaria tão feliz. Edward tinha conseguido me fazer sentir coisas que eu não tinha sentido até então. Eu me senti segura e extremamente feliz com ele ao meu lado, e por alguns minutos, esqueci quem eu era, ou o que estava fazendo ali. Mergulhei em seus pensamentos e sentimentos. 

Mas havia um problema. Edward era popular, bonito - muito bonito - e a cidade era pequena, então a maioria das garotas dava em cima dele, ou já tinham namorado com ele. Aquilo tomou meus pensamentos por alguns instantes. Como um cara como aquele, estava dando bola para uma garota como eu? 

Saímos do aquário e seguimos em direção à praia. 

Chegando lá uma das “amigas” dele, me viu de mãos dadas com Edward. 

— Olha só! Nova namorada Edward? - perguntou ironicamente a garota. 

— Caramba, Rosalie! Ela é só uma amiga. E eu estou em um noivado. - Edward disse. 

— Somos só amigos. - interrompi. 

— Cara! Quanto tempo! Por onde você esteve? - um amigo de Edward disse enquanto se aproximava dele. 

Os dois começaram a conversar, enquanto a garota irônica se aproximou de mim:

— Estava dando uma voltinha no aquário? É... Ele faz isso com todas! Te leva para ver o aquário, diz que te ama, faz você se sentir única, transa com você e depois cai fora. Típico... - a garota disse. 

— Eu não estava em aquário nenhum e não acredito em você. - disse enquanto me retirava.

Ouvir aquilo me deixou extremamente chateada. Confesso que pensava que Edward era diferente. E foi extremamente duro ouvir tudo aquilo. Eu só queria ir embora naquele momento. 

Percebendo que eu estava saindo, Edward disparou: 

— Bella, aonde você está indo? 

— Estou indo pra casa Edward. 

— Bom, eu te levo então. 

— Não precisa. - disse enquanto saía. 

Sem entender nada, Edward permaneceu quieto, enquanto Rosalie se aproximou dele para conversar. Eu segui meu caminho para casa. 

Cheguei em casa, entrei no quarto e desabei. Disparei a chorar e lá fiquei até o anoitecer. De repente então, escuto o som da campainha. Meu pai foi então atender a porta. Era Edward:

— Boa noite senhor Swan, a Bella está? - perguntou aflito. 

— Saia daqui Edward. Eu não tenho nada para falar contigo. - interrompi.

— Você ouviu rapaz, ela não quer falar com você. Sinto muito, boa noite. - meu pai disse enquanto fechava a porta.  

Voltei para o meu quarto e deitei na cama. De repente ouvi um sussurro vindo da janela de meu quarto. Era a voz de Edward:

— Diga-me o que está acontecendo. Por favor, Bella! Foi a Rosalie, não foi? O que ela te disse? – perguntou ele.

Eu então abri a janela:

— Olhe. Eu não vim para cá para viver um romance estúpido de verão com um garoto bonito, sensual e popular que faz isso um um milhão de outras garotas! É melhor você ir embora. Não há nada a ser dito. 

— O quê?

— Rosalie me contou sobre as garotas com quem você ficou. Eu apenas não quero ser a próxima da sua lista. Indo nos mesmos lugares e fazendo as mesmas coisas. Não. Eu não quero isso. Por favor, não insista. - disse enquanto me afastava da janela. 

— Terminar? Terminar o quê? O que nunca aconteceu? Sim, eu sai com outras garotas antes de conhecer você. Mas isso foi antes de você. Como pode ficar irritada? – perguntou.

— Não se faça de bobo Edward. Você sabe do que eu estou falan... – ele então entrou rapidamente pela janela e interrompeu minha fala com um beijo.

Naquela hora eu tive a certeza de que ele era único. Ele me abraçou e me envolveu com aqueles braços fortes, mas delicados. E eu senti que não estava mais ali. 

— Eu não sei o que foi que te disseram, mas não é verdade. Você não é como as outras garotas. Você é única, Isabella Swan. E eu estou completamente e irrevogavelmente apaixonado por você. – disse me dando outro beijo.

Naquele momento eu estava sentindo tudo ao mesmo tempo. Estava confusa, e sem saber o que fazer. Estava com raiva, apaixonada, preocupada e confusa. Eu sabia que queria a companhia dele, mas também não queria. Caramba! Ele é noivo de outra garota, e tinha acabado de me beijar! Que diabos estava acontecendo? Por quê ele havia feito isso? 

Mas eu não conseguia negar o fato de que também estava apaixonada por ele. E naquele exato momento, com aquele beijo, eu tive certeza de que nossos sentimentos correspondiam. E tudo que eu queria agora, era sua companhia. Eu não queria mais pensar em nada. Em como seria depois disso. Eu só queria aquele instante, aquele momento, para sempre. 


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Notas finais do capítulo

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