Julia entrou desesperada no hospital. Aquelas palavras de Gabriel ecoavam em sua cabeça.

"Vinicius levou um tiro." "Vinicius levou um tiro". Não! Não pode ser! ele precisa de alguém, ele não pode morrer assim! Vin sofreu tanto na vida, não pode acabar assim!!

Julia encontrou Rafael no corredor, dava pra ver a cara dele de preocupação, ainda mais por que ele tinha tirado os óculos.

– Rafa!

– Julia?!

– Como Vin tá?! O que aconteceu?!

– É uma história meio longa...

– Fala logo!

– S-sabe aquele cara lá da escola, o Cristian, que era do 3ºA? Ele uns meses atrás deixou escapar pro Vinicius que traficava drogas aí Vin denunciou ele para a polícia e ele foi preso, mas não ficou nem dois dias. Vinicius não me disse nada, mas acho que Cristian descobriu que ele era o delator e tem dado uma surrar nele, pelo menos é o que parece, Vin já apareceu com costelas quebradas do nada. Bom, Cris morreu recentemente depois de ter sido preso mais uma vez e foi descoberto de que o pai dele é o chefão do tráfico, aí ele foi atrás do Vin achando que foi ele que denunciou Cris de novo. Eu dei um pulo na casa do Vinicius pra devolver um DVD aí, atrás da porta do apartamento, eu ouvi o pai do Crisdizendo coisas como "Por sua causa o meu filho está morto, por sua causa a polícia tá atrás de mim, mas antes de eu ser preso, antes de Kira me matar, eu vou matar você". Fiquei lá escondido ouvindo tudo. Vinícius retrucou dizendo que não importava se ele morresse não faria diferença, pois aquele traficante iria pagar pelos crimes que fez aí, derepente, ouvi um tiro. Nessa hora não pensei e entrei no apartamento aí vi Vinícius caído no chão e derrepente o pai do Cris parecia que tava tendo um ataque cardíaco, só sei que ele caiu duro depois. Liguei pra anbulância e bom, estamos aqui. Não sei como ele tá agora, mas acho que é seu pai que vai tirar a bala dele.

– Papai?!

– Ele é cardiologista, né? A bala.. - Julia se vira e corre pelo corredor - Ju?

Julia conhecia bem o hospital, não demorou muito para achar o seu pai.

– Pai!!

– Julia?

– Como ele tá? O Vin, que levou um tiro, eu preciso ver ele!

– Calma filha (como ela ficou sabendo tão rápido assim?), a bala está num local crítico, vou ter que ir pra sala de cirúrgia remove-la.

– É perto do coração, não é?! Por isso que mandaram você pra cuidar dele?!

– Hum... Não vou mentir... A bala está alojada exatamente entre o pulmão esquerdo e o coração.

Julia ficou chocada, era realmente um estado muito crítico. Qualquer erro Vinícius pode morrer...

– Por favor - disse o pai dela colocando a mão em seu ombro - vá pra casa.

– Não! Eu quero ficar aqui!

– Vá pra casa, prometo que te aviso se ocorrer tudo bem. Tenho que ir.

Ele a afastou e seguiu pelo corredor. Julia ficou onde estava, de cabeça baixa.

"Foi minha culpa. Se eu tivesse matado o Cristian antes, se eu tivesse colocado a sentença do pai dele um segundo mais cedo, Vin não estaria aqui. Que droga! Ele não pode morrer assim! Não pode!"

– Você está chorando - disse Shadow.

Julia secou uma lágrima que escorria do seu rosto e disse:

– Vamos pra casa... Eu vou pegar um taxi...

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Leonardo estava andando pela rua, tinha comprado algumas coisas, besteira mesmo. Derepente, seu celular tocou.

– Fala.

– E aí Leo! Beleza?

– De boa. Como é que vai aí, Rafa?

– Cara, vou matar Gabriel.

– Por que? Qual é a revolta?

– Vinicius levou um tiro e ele contou isso pra Julia e você sabe como ela é, né? Só faltou ela me engolir!

– Aff! Se quiser eu te ajudo. Ele não tinha nada pra contar esse tipo de coisa pra ela.

– Eu sei, né? Ela exagera de mais e adimito que tou até preocupado de como ela vai ficar se Vinicius morrer.

– É tão grave assim?

– Se levar um tiro quase no coração não é grave eu não sei o que é.

– Sei... Onde Julia tá?

– Sei lá... Acho que você deve ligar pra ela.

– É o que vou fazer. Até.

Leonardo desligou o telefone. A Julia se sensibiliza muito quando algo de ruim acontece com um amigo ou um parente dela, ela os valoriza muito. Leo até lembra quandoi eles eram crianças e a mãe dela tinha morrido. Era uma tristeza muito grande pra uma pessoa só. Leo era o único que poderia ficar perto dela numa hora dessas.

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Julia, sentada no taxi, estava olhando as ruas pessando. Ela estava extremamente preocupada e triste por não poder ter ficado no hospital.

O celular dela tocou, viu que ela Leo, então ela atendeu.

– Oi.

– Oi Julia. Eu soube o que aconteceu, você tá bem?

– Estou... Só tou um pouco preocupada, só isso.

– Onde você tá?

– Num taxi, indo pra casa.

– Você quer que eu passe lá?

– Não, não precisa, eu supero isso. Nesse mundo coisas ruins acontecem e ninguém pode fazer nada pra evitar, certo?

– ERRADO! Quando o mundo vira as costas pra você, você vira as costas para o mundo!

– Hu, hu.

– Não resisti, hahaha! Mas ao menos você riu.

– Hu, só você mesmo pra me fazer rir numa hora dessas.

– Eu nunca deixaria...

De repente Leonardo avistou um carro se chocando com um taxi e este capotando devido a inclinação da rua e ficando de cabeça pra baixo. No mesmo instante Leo ouviu vindo do celular uns sons barulhentos.

Aquele táxi... Não podia ser!

– Ju? Julia?! JULIAAAAAAAA!!!!