P.O.V. Katniss

Hoje é o pior dia da minha vida! Meus pais resolveram me mandar para um acampamento nesse verão. Mas não é um acampamento qualquer, é um acampamento de boas maneiras! Vê se pode! Eu ainda não consigo acreditar nisso. Infelizmente, como não tem nada que eu possa fazer, vou ver qual é o meu chalé. Além de ter que enfrentar uma fila enorme, a tiazinha que me atendeu para me falar onde eu vou me alojar é uma grossa. Como já me despedi dos meus pais, vou direto ao meu chalé que é o de número 12, o qual eu terei de dividir com mais cinco garotas. Isso se tiver alguém, porque esse lugar é vazio. Tipo, temos um lago, uma floresta, várias salas para as aulas de etiqueta, mas só 12 chalés: seis para as meninas e seis para os meninos. Ao todo cabem 72 adolescentes, mas duvido que passem de 60.

Quando chego ao número 12 vejo que já tem cinco garotas lá dentro, cada uma em uma cama. A única que resta é a minha. São três beliches, um em cada parede, tirando a da porta. Os dois beliches da ponta já estão ocupados, sobrando apenas a cama de baixo de frente para a entrada. Vou direto lá sem dar um piu, até que a menina que estava lendo na cama de cima me olha e diz:

– Oi! Eu sou Madge Undersee. Quem é você? – a garota loira e bem magra tem um sobrenome que eu já ouvi em algum lugar.

– Oi. Eu sou Katniss Everdeen. Seu sobrenome não me é estranho.

– Meu pai é deputado, deve ter reconhecido daí - o pai dela foi eleito esse ano, agora me lembrei. – Bem, essas são as outras garotas que dividirão o quarto conosco – diz, apontando para as outras meninas.

– Oi. Eu sou Clove Fuhrman, muito prazer. Espero que também consiga sobreviver a esse lugar - fala uma garota na cama de cima do beliche da esquerda. Ela é magra, de pele bem clara e olhos e cabelos bem escuros.

– Oi.

– E eu sou Glimmer... Glimmer Rambin – diz uma loira de olhos verdes na cama de baixo, sem parar de mexer em sua mochila.

– Rambin? Igual à estilista? - pergunto.

– Sim! Ela é minha mãe - ela responde.

– Que incrível! As roupas dela são o máximo! – tipo, ela é só a estilista mais famosa do país.

– É, mas ela acha que pode controlar tudo o que eu visto. Olha, ela praticamente tirou tudo o que eu trouxe!

Na cama de cima dá para ver a Clove revirando os olhos, como se dissesse: “eu mereço isso?”

Glimmer volta a mexer em sua bolsa e eu me viro para o outro beliche para cumprimentar as outras duas meninas. A garota na cama de cima tem cabelos castanhos nos ombros, olhos igualmente escuros e pele bronzeada. Ela tira um fone do ouvido e vira-se para mim:

– E aí? Johanna Mason - diz ela, voltando a pôr o fone. Que garota antipática.

Olho para a menina da cama de baixo, de cabelos castanhos desgrenhados e pele clara. Seus olhos verdes como o mar estão fixos em uma das tábuas da cama de cima, atravessando dimensões que só ela pode ver.

– Annie! - Madge a chama, jogando um travesseiro nela e fazendo-a sair de seus devaneios.

– Ah! Ai! Por que você fez isso? - ela olha para mim e aí parece entender o que está acontecendo. – Me desculpe, eu não te vi. Eu sou um pouco distraída. Meu nome é Annie Cresta.

– Eu sou Katniss Everdeen.

P.O.V Finnick

Eu já estou indo para o meu chalé. Quase não me despedi dos meus pais, afinal não estou nada feliz com essa decisão deles. Estou quase entrando no número 2, quando a porta emperra. Um pouco de força e já resolvo o problema. Só tem uma cama desocupada, com a qual eu vou ficar. Claro que é essa a minha, é a única que tem.

– Oi - já chego cumprimentando para não parecer que eu sou antipático.

– Oi - os outros cinco garotos responderam ao mesmo tempo.

Vou para a cama que está sobrando, que é a de baixo do beliche da direita. Quando estou colocando as minhas coisas em cima da cama, sinto algo bater em minha cabeça. Me abaixo para ver o que é e noto que é um anel do garoto de cima. Pego do chão e devolvo para ele.

– Obrigado – o garoto é loiro de olhos verdes. – Eu sou o Gloss.

– Finnick Odair. Espera aí, Gloss?

– Longa historia. Não pergunte.

– Tá legal.

– Pelo visto ele nunca vai contar - diz um garoto também loiro só que de olhos azuis, que está no beliche ao lado. - Eu sou Peeta.

– Pelo menos aqui não me sinto estranho pelo meu nome. Marvel, muito prazer.

– Já que está todo mundo se apresentando, eu sou o Gale - fala o garoto da cama de baixo, de pele bronzeada, olhos cinzentos e cabelos escuros. - O que você fez para estar aqui nesse fim de mundo?

– Meu pai acha que eu tenho que melhorar minha conduta para poder seguir com os negócios da família. Mas eu preferia estar dormindo. - respondo e ele ri.

– Todos nós queríamos - fala um garoto loiro, jogando umas coisas de dentro da mala em cima de sua cama. - Eu sou o Cato.

– Nosso chalé devia ganhar um prêmio pela originalidade dos nomes - digo por fim.

– Tá mais pra prêmio de esquisitice - diz Marvel.

Antes que alguém pudesse falar mais alguma coisa, ouvimos uma voz, provavelmente vinda dos alto-falantes espalhados pelo campo:

“Aqui quem fala é Sêneca Crane. Estou convocando todos os campistas a irem até o píer imediatamente.”