Capítulo onze

Mudança repentina

"Uma vez me disseram que o lugar em que alguém está pensando em você, é o lugar para onde você deve voltar."

(Naruto)

Hiashi acordou estranho hoje.

Deixou-me sair de casa em um domingo, sendo que havia me colocado no castigo. Eu resolvi aproveitar e fui no mercado comprar o que faltava para a casa. Não tenho o costume de comprar a mais, mesmo tentada a pegar uns chocolates e doces do caixa.

Na volta um funcionário se ofereceu para me ajudar. É o mesmo de sempre, parecia ter uns 21 anos e que gostava de mim.

_O seu namorado não quis vir contigo no mercado? _nervoso.

Viu? Acho que realmente estava afim de mim, mesmo sendo bonito não sentia tanta atração por ele.

_Não tenho namorado. _respondi depois de um tempo, um pouco corada pela pergunta.

Ele apenas deu um sorriso, dos tipos que são fofos. Fiquei rodando e notei algo...

Um gatinho com a pata ferida!

Era pretinho, olhos azuis e mancava. Apaixonei-me no mesmo instante e fui correndo em sua direção. Parecia assustado e miava direto. O homem que estava comigo pareceu curioso e também se aproximou. O filhote então mostrou as garras e tentou nos arranhar.

Peguei-o rapidamente e não me importei quando ele grudou na roupa, até chorei um pouco por ver o estado dele. Quando era criança pegava animais abandonados e machucados para cuidar por um tempo. Depois da sexta série nunca mais o fiz, primeiro porque as do grupo tinham nojo e depois de sair dele fiquei trancada em casa a maior parte do tempo.

_Lindo não? _questionei quando o peguei em minhas mãos e o esfreguei em minha bochecha.

_Linda, você quer dizer. _rebateu de forma humorada.

_É fêmea?

_Sim. _explicou ao apontar para baixo dela.

E realmente era.

_Obrigada por me avisar. _envergonhada.

_De nada.

_Hinata, quer sair comigo? _foi tão de repente que me assustou.

Ele sabe meu nome!

_Não sei Sai. Posso pensar? _fui sincera.

Tinha conhecimento do dele por causa do crachá.

_Claro, dê-me a resposta na próxima vez que ir ao mercado.

Nesse momento estávamos perto da residência, então despedi-me dele com um aceno quando ele colocou as sacolas na mesa e fechei a porta. A gatinha estava miando em meu ombro e tentando subir na cabeça. Então a peguei com delicadeza e coloquei em uma caixa de sapato após fazer uns furos nela.

Meu pai e irmã não estavam em casa, então aproveitei para ir na farmácia comprar um esparadrapo e pomada para passar na pata. Quando voltei a fêmea estava tentando sair da caixa e quando cheguei perto e abri ela pulou e tentou novamente me arranhar.

Era arisca a filhotinha.

_Fica quietinha que irei passar o remedinho para sarar o seu machucado, tá? _conversei com ela.

Pareceu que entendeu ao virar a cara de lado. Coloquei o produto com muito esforço e depois de uns arranhões no braço e tentativas de fuga o curativo estava pronto. Novamente derramei lágrimas por causa da bichana.

Olhei para a sala e tinha alguns objetos no chão, o tapete estava levantado. Resumindo: muito desarrumado. Aproveitei para limpar a casa com o animal em meu encalço, e as vezes ficava se esfregando em mim. Parecia estar agradecida pelo que tinha feito. Dei leite para ela e estava preparando um brigadeiro e beijinho para ver um filme com pipoca. Daqui a pouco Lee e Hanabi viriam para assistir comigo.

_Hinata. _chamou meu pai da porta.

Logo apareceu e olhou assustado para a gata que estava na cozinha ao meu lado.

_Filha, foi você que trouxe? _declarou, a boca escancarada.

_Sim. _respondi apenas.

_Quanto tempo não fazia isso que até me surpreendi. Estou feliz que esteja voltando a ter alguns costumes de antigamente. _declarou.

Ele falou de felicidade ou foi uma ilusão? Realmente estava muito esquisito.

_Obrigada. _sorri abertamente.

_De nada. _deu um meneio de cabeça e foi em direção ao escritório.

Não culpo Hiashi por dar pouca atenção para a gente, até porque quando pode conversa conosco e trabalha para nos sustentar. Ah! Segunda vez que agradeço alguém e tenho uma conversa sociável hoje, algo do qual pensei que raramente teria depois da Tenten não querer mais ser minha amiga. Quando terminei de fazer uma panela de pipoca o celular apitou.

“Oneesan, minha amiga e o namorado vão ver o filme conosco também. Prepare mais um pouco para eles. Aliás, com o bolo de ontem e por preparar hoje para ficarmos ai pode tirar três riscos dos favores que deve” – Hanabi

Agora só falta UM favor! E não acredito que estou nervosa por conhecer pessoas novas ao tremer enquanto digitava um “okay” para ela.

Tenho que me lembrar de comprar mais umas velas. E pensando no quanto terei de aguentar os casais que resolvi fazer mais duas bacias de pipoca e gastei mais uma lata de leite condensado para os doces. Ainda bem que tinha umas jujubas no armário.

Enquanto deixo a pipoca pulando na panela fui até o computador. E o ruim é cair a ficha de que estou viciada nas redes sociais. Entrei no facebook e percebi uma nova solicitação de amizade e mensagem.

O funcionário do mercado queria ser meu amigo. Ou diria mais? Aceitei. E escreveu para mim um recado, há 47 minutos, que dizia:

“Boa noite, não sei se foi incomodo ter te adicionado, mas é que fiquei pensando em você a tarde inteira e resolvi lhe procurar. Queria o seu número para podermos nos comunicar mais.” – Sai

Além de fofo por dizer que ficou mentalizando sobre nós, ainda mandou uma imagem. Um desenho que ele mesmo tinha feito e era eu nele. Será que em pouco tempo mudarei meu status para relacionamento sério? Não sei, mas o garoto era interessante.

“Boa noite, claro que não. Agradeço por sempre me ajudar com as compras e adorei o desenho que me mandou, guardarei com carinho. Meu número é xxxxxxxxxx” – Hinata

Sai logo visualizou e mandou uma SMS. Ficamos conversando enquanto eu terminava de cozinha e ele perguntou que roupa eu usaria para o filme, pois look era importante. Parecia animado e sempre mandava os recados com emoticons. Quando apertaram a campainha avisei que iria ver o filme.

Quando vi a menina quase cai para trás. Era muito linda e seu companheiro também. Tinha a visto pela escola e parecia ser simpática. Logo entraram e me cumprimentaram. A voz dela era fina e pareciam ser um casal muito fofo. O que significava que eu ia me sentir uma tia solteirona com 30 gatos para cuidar. Pelo menos uma eu já tinha.

_Que filme iremos ver Hanabi-chan? Quero um de romance. _comentou enquanto fazia uma careta fofa e dava um selinho no “homem” ao lado.

_Pode ser “high school debut*”? _questionou.

_Desde que seja daquele gênero. _concordou.

Sentamos e demos muitas gargalhadas, o filme era fantástico. Cada casal estava com uma bacia de pipoca, e eu também, e os doces eram divididos. Acabamos com tudo e ainda devoramos as jujubas. Yūgao Uzuki avisou que ia dormir conosco e se despediu do seu namorado, Hayate Gekkō, com um beijo de tirar o folego.

E com isso me decidi: ia aceitar a proposta do Sai e ter um encontro com ele. Estava morrendo de inveja delas e isso definitivamente não era saudável. Já Hanabi deu apenas um selinho no Lee, porque nosso pai estava vigiando, e os dois partiram.

Demos boa noite para Hiashi e fomos nos arrumar. Hanabi estava na cama de casal com a amiga, ambas apenas sentadas, e me convidaram para se juntas a elas.

_Desculpe-nos se te deixamos de vela, Hina-chan. _começou a de cabelo roxo.

_Não se preocupe, já estou acostumada, mas acho que isso logo irá acabar. _confessei.

Como tive coragem?

_Conte essa história direito, oneesan! _exclamou Hanabi.

_É que o Sai, funcionário do mercado próximo daqui, perguntou se eu queria sair com ele e estou pensando em aceitar.

_Minha irmã vai começar a namorar? Que notícia boa. _berrou.

_Fale baixo, o pai pode ouvir, porém isso não quer dizer que vamos ter um relacionamento sério. _censurei.

Ficamos em silêncio e elas me encararam com uma expressão de que queriam saber de algo.

_É... Hinata, como é o Sasuke Uchiha? Quero dizer, qual a sensação de estudar com o cara mais gato da escola? _ declarou depois de um tempo Yūgao Uzuki.

_Na verdade não nos damos bem, somos de grupos diferentes. _respondi simplesmente.

Não queria falar dele, nunca. Chega a me dar calafrios.

_ Yūgao, é que o último ano tem regras diferentes. Como posso te explicar... populares não se misturam com o resto. _disse minha irmã.

_Que péssimo, olhar para aquele pão e não poder nem dar um beijo.

Mirei-a e percebi que ficou chateada de repente. Fiquei horrorizada.

_Mas pelo menos você tem um namorado que parece ser maravilhoso. _consolei.

_Sim, nunca reclamaria dele, mas não tem como ficar sem olhar para o bonitão do Sasuke.

Não acho nada demais! O que essas meninas tem para gostar dele? Fiquei até enjoada por ouvir isso.

Então o resto da noite intercalamos entre falar do emo, maquiagens, atores, roupas e momentos. Foi algo que há tempo não fazia e me senti animada por isso. Quando vimos era 5h da manhã e tínhamos de dormir para ir à escola no outro dia. Eu fiquei com o colchão.

Não só aquele espaço duro que me deixava com insônia, mas também a resposta que daria para o Sai, então por fim resolvi mandar uma mensagem para ele.

“Bom dia, estou mandando mensagem para avisar que aceito tomar um sorvete contigo ás 2h da tarde. Então... topa? Beijos e bom trabalho” – Hinata.

Ele apenas concordou e quando notei já eram mais que seis horas. Acordamos com o sono do século, a de cabelos roxos fez uma make em mim que disfarçou a orelha e me ajudou na roupa.

_Hinata-chan, não quer ir conosco no carro? Irei de carona com o Lee e a sua irmã e ficar de isolada seria horrível para mim. _perguntou com um careta de cachorro abandonado quando estávamos tomando café.

Meu pai não se encontrava na mesa.

_Está bem.

Abandonei minha bicicleta e sabia que ia me arrepender depois por ter de ir embora com o casal melação de vela, porém não consegui negar seu pedido. Mais uma vez eu ia para o colégio com a Temari e nosso plano de sedução na mente e o que ia conversar com a minha ex-amiga. Felizmente as piadas que Lee soltava me distraiam de ficar nervosa. Ah! E Neji me desejou sorte, pois precisaria.