Pedido às Estrelas escrita por Cristina Abreu


Capítulo 1
Capítulo Único: Pedido às estrelas


Notas iniciais do capítulo

Hey, everybody!
Como eu estava entediada e esperando um episódio de anime carregar... Eu fiz essa one-shot. É bem no meu estilo romântico-dramático e eu espero que gostem.
Enquanto escrevia, ouvia essa música: Rokutousei no Yoru, do Aimer. É linda e sempre me faz chorar *O*
Agora... Boa leitura. Nos vemos lá embaixo.



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Pedido às estrelas



Logo o amanhecer se faria presente. Isso era bom, não era? Pelo menos, era o que eu tentava me assegurar enquanto caminhava pelas ruas desertas da cidade.

Não sabia onde me encontrava, mas sabia que tinha medo. Podia senti-lo dentro de mim com a mesma intensidade que já senti outro estranho sentimento... Algo que nunca mais apareceu. Não depois que nos separamos.

Como que para me relembrar dele, meus braços queimaram de frio. Eles desejavam que outros os esquentassem, como já fizeram milhares de vezes. Não braços quaisquer... Mas sim os dele.

A única pessoa que já amara na vida.

Será que meus pensamentos chegam aos dele? Que eu lhe atravesso a mente em momentos em que não deveria o fazer? Igual ao que acontece comigo? Sinceramente, esperava que sim.

“Oh, estou com medo... Onde você está?”, eu me perguntei, como se estivesse gritando para o céu de madrugada. E mesmo se o fizesse... Ele nunca me escutaria. Nunca mais. Era impossível devido às muitas coisas que nos aconteceu. Senti algo quente escorrer por meu rosto. Lágrimas. Quando fora a última vez que eu chorara?

Rapidamente, as sequei. Odiava-me. Odiava-me! Por que eu era tão fraca? Por que era derrubada tão facilmente, como uma peça de manequim? Será que era porque eu sempre tinha alguém para levantar-me?

“Por que eu preciso da sua coragem? Por que eu preciso de você? Não é justo!”

Funguei e me abracei, querendo me fundir na fumaça dos poucos carros que se aventuravam nesta cidade perigosa a esta hora da noite.

“Não devia já ter amanhecido? O sol já não deveria ter me atingido? Seus raios quentes podem me esquentar...”, minha linha de pensamento estava desenfreada, como se tivesse bebido.

E eu não tinha, afinal? Tinha bebido amor. A pior bebida possível. Acho que, na verdade, deveria chamar-se veneno. Dá uma estranha sensação de felicidade e bem estar no começo... Depois é que seu corpo inteiro acaba pegando fogo. Queimando e queimando. Dói.

Gemi de angústia, retorcendo-me. O que diabos acontecia? Nestes tempos, o efeito do veneno já deveria ter passado. Mas parecia que ficava cada vez maior, que me matava pouco a pouco, numa morte lenta e excruciante. Nem o direito de morrer rapidamente eu conquistara?

Encostei-me a um poste e escorreguei por ele. Meu casaco branco certamente ficaria sujo. Mas o que isso importava? Para quem eu poderia querer ficar limpa e bela? Para quem, se ele havia partido?

Em súplica, olhei para cima. O manto negro era iluminado por pequenos pontos brilhantes. A esta distância, pareciam que estavam todos amontoados. Uma ilusão. Na verdade, as estrelas se encontravam distantes uma das outras. Elas eram independentes. Fortes.

“Mas somem um dia... Consomem tudo o que veem.”, concluí em voz alta.

Solucei alto. Só então descobri que ainda chorava. O fluxo daquele líquido quente e salgado não tinha mais fim. Cobri meu rosto com minhas mãos geladas. Elas também sentiam falta de outras, que as seguravam com força. Com amor.

O passado nunca retornaria. Isso não era uma pergunta, era uma certeza. Do que adiantava, então, ficar chorando sozinha numa noite fria? De certo, só conseguiria ficar doente. Pior do que já estou. Doente e sozinha...

Porém, eu tinha memórias. Meu passado tão feliz estava gravado nelas. Talvez para minha condenação. Talvez para minha salvação.

Por entre meus dedos, abri meus olhos e voltei a ver o céu. As estrelas. Fiquei procurando aquela pequena constelação que era a nossa. As Três Marias, ele havia denominado.

Um dia elas também iriam desaparecer no manto escuro do Universo, certo? Mesmo que daqui milhares e milhares de anos... Aconteceria.

“Era isso o que acontecia agora? Nosso amor virara um buraco negro?”

Neste momento, a neve voltou a cair. Inverno. O mais frio da minha vida.

“Onde você está? Mas que droga, onde?”, balancei minha cabeça. Como eu poderia saber? Como eu ainda poderia querer saber?

“Sinto-me tão só sem você. Oh, droga. Por quê? Por que você roubou a única coisa que eu sabia que me pertencia? Como pode ser tão ruim mesmo quando não está aqui?”

E como eu podia ser tão imbecil? Uma mulher feita chorando de madrugada, levada pelo desespero. Tão... Tão... Infeliz. Era nisso que eu havia me transformado, afinal de contas? Nesse pedaço de carne humana que faz as coisas automaticamente?

A morte seria mais proveitosa do que meu espectro sem vida própria. Tão dependente... Tão patética. Eu sempre fui assim?

“Você é sensível, baby. E você é minha. Para eu cuidar. Não é ótimo?”, a voz dele retornou com força total a minha mente. Foi tão real que, como se isso fosse possível, partiu meu coração novamente. Em quantos outros pedaços meu coração poderia ser estraçalhado?

Ouvi seu riso no mesmo instante em que meu choro rasgou o silêncio da noite. Onde estaria o Sol? Eu precisava dele! Precisava de seu calor, de sua luz. A noite era por demasiada fria e má. Trazia-me lembranças, esperanças. Eu não poderia mais lidar com a esperança.

“Nem com o amor...”, meus pensamentos nunca se calavam.

“Vamos fazer um acordo, Sarah? Caso aconteça de nos separarmos, pediremos às estrelas que nos unam de novo, certo? Um único pedido. Uma única chance a mais. Mas é uma chance. Que tal?”, seu sorriso... Oh, seu sorriso atravessou meus pensamentos.

Pedido? Estrelas? Chance?

— Um único pedido... – sussurrei – Quero vê-lo. Quero-o de volta para mim. Prometo que não deixarei mais ir embora... Por favor.

Olhei fixamente para a nossa constelação, esperando um brilho mais forte, algum sinal de que meu pedido tenha sido escutado. Não houve nada.

Meu grito escapou. Não conseguia mais aguentar. Levantei-me e fugi a toda velocidade, querendo deixar tudo para trás. A neve poderia limpar-me, não?

Só parei quando me choquei com outra coisa, que também se movia rapidamente. Braços me seguraram, me abraçaram. Senti-me desfalecer em lágrimas. Felicidade? Alívio?

— Sarah? Ah, minha doce Sarah!

Seria uma alucinação? Ou era ele mesmo?

— Sarah, você pediu às estrelas? - chorei em seu ombro.

Sim, era real.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Comentem!
Beijos, amores :*