Bianca era a mais inteligente de todos ali, a mais inteligente de suas irmãs, carregava uma verdadeira biblioteca nas suas bagagens como se roupas não tivessem importância. Bianca pensou muito sobre o que aconteceu na mansão dos lobos e viu que aquele acontecimento tinha muitas semelhanças com alguns acontecimentos antecedidos. Por isso convocou uma reunião.

Caspian, Asafe, Pedro, Edmundo, Zoë, Lúcia, Mimí e Theo se reuniram no sótão do chalé dos flocos. Bianca os convocou porque eles eram tipo os líderes dali, eles eram quem mais faziam “salvar o mundo” e eram os mais velhos e demonstravam ser fortes, e ela não queria causar pânico entre todo mundo. Ela chamaria Alícia, Zay e Nico, mas Zoë não se dá bem com eles e ela não queria mais uma briga, e tem Isabelle, Camilla, Apolo e Carly, mas Isabelle, Apolo e Camilla são muito ingênuos e Carly é muito jovem.

– O.k. eu estou aqui para falar sobre o que aconteceu na caverna dos lobos – disse Bianca. – Aquilo tem alguma ligação com o que aconteceu na Ilha Paco, nos dois houve um ritual!

– E qual a ligação que eles poderiam ter? – perguntou Caspian.

– Licáon o rei dos lobos também era seguidor de Ravenna e também eles se tornam mais fortes para a luta comendo carne humana, e eles estavam num ritual para comer carne humana, e tem Carus, ele também é seguidor de Ravenna, isso não pode ser coincidência – disse Bianca.

– Mas a que ponto você quer chegar Bia? – perguntou Lúcia.

– Eu quero dizer que... Todos quase morremos nesses rituais, isso não pode ser tão coincidência, o que eu quero dizer é que talvez Ravenna saiba de nós... – disse Bianca.

Uma sensação ruim invadiu os estômagos de todos ali.

– Ela está certa, isso não pode ser coincidência – disse Asafe.

– Não, não pode – concordou Zoë pensativa.

– Mas eu ainda não entendi, talvez ela saiba que nós estamos procurando as relíquias? – perguntou Mimí.

– Sim, e vai tentar nos impedir, quer dizer, ela já está fazendo isso – disse Bianca.

– E há alguma coisa que possamos fazer? – perguntou Edmundo.

– Bom, eu vim dar esse aviso para que vocês ficassem sabendo, temos que partir, ainda temos oito relíquias pra procurar – disse Bianca.

Todos arrumaram suas coisas, não demorou muito porque eles passaram pouquíssimo tempo no chalé dos flocos. Afrodite presentou Liliandil com a pulseira dela. A carruagem com os pegasus já estava pronta. Caspian arrumou as coisas de Susana já que ela estava debilitada.

Alícia ficou curiosa para saber o que eles estavam conversando no sótão do chalé e queria descobrir a qualquer custo, chamou Zay e Nico para uma conversa um pouco afastada dos demais.

– Eu quero descobrir o que eles estavam conversando lá – disse Alícia.

– Eu não tenho nada em mente, então bola um plano que a gente segue – disse Zay.

– Você não poderia jogar o seu charme pra cima das garotas Z? – perguntou Nico.

– Seria legal – disse Zay.

– É sobre isso que eu quero falar com você – disse Alícia maliciosa. – Você está gostando da Zoë não está?

– Ah não, a maldita marca de nascença... – disse Zay.

– É, a Jujuba não falha, eu sei que você estava meio que interessado nela em Shamat e agora você gosta mesmo dela – disse Alícia. – Ai, ai, essa eu pago pra ver.

Zay saiu aborrecido.

– Niquito, quanto você aposta que isso vai dar muita briga? – perguntou Alícia.

– Niquito? – disse Nico furioso, ele odiava quando Alícia o chamava assim. – Serio Alicinha?

Alícia odiava quando ele a chamava pelo seu apelido e os dois começaram uma divertida guerra de bolas de neve, Nico sempre fora melhor amigo de Alícia.

Do nada apareceu um filhote de licantropo e pulou encima de Nico derrubando-o. Nico jogou-o pra longe e Alícia deu um grito e foi pegá-lo.

– Ah, que falta eu senti de você... – disse Alícia pegando o filhotinho no colo, ele era do tamanho de um bebê normal.

– O que é essa coisa? – perguntou Nico mal-humorado.

– Coisa é a sua avó, esse aqui é o... é o... o Sammy! – disse Alícia.

– Que droga de nome é Sammy? – perguntou Nico.

– Falou o cara que se chama Nicolaudo... – disse Alícia e deu uma risada. Ela tinha prometido que não iria mais chamar Nico por esse nome porque ele ficava ainda mais irritado do que o Niquito.

– O.k. Nico, ele é meu o.k.? – disse Alícia abraçada a Sammy.

– Seu? Os pais dessa coisa quase nos mataram – disse Nico.

– Sammy é diferente, olha só pra esses olhos verdes... – disse Alícia acariciando Sammy.

Sammy tinha o pelo fortemente amarelado sujo e desgrenhado, olhos verdes, garras de três centímetros e dentes do mesmo tamanho, seus olhos eram verdes como os da loba que tentou comer Caspian, Edmundo, Pedro e Asafe e seu pai devia ter o pelo amarelo, todos os licantropos eram diferentes uns dos outros, a maioria tinha penugem cinza, mas havia alguns loiros como Sammy, alguns até ruivos e negros.

– Você pretende ficar com ele? – perguntou Nico.

– É claro que eu vou ficar com ele, o bando dele foi embora, e agora ele é meu de estimação... – disse Alícia balançando Sammy como se ele fosse um bebê.

– Alícia você não pode criar isso, essa coisa é perigosa – disse Nico.

– Eu já falei pra você chamar ele de Sammy, e ele é diferente, ele só me tentou morder uma vez, e agora ele é meu – disse Alícia.

Sammy olhava para Nico como se estivesse prestes a devorá-lo, mas olhava com amor para Alícia.

– E você acha que o pessoal vai aceitar esse cachorro com a gente? – perguntou Nico.

– Ele não morde, a não ser que o provoque, e eu posso cuidar dele, ele me obedece – disse Alícia.

Logo depois Alícia se viu numa discussão entre Asafe, Zoë, Liliandil e Isabelle que não queriam de jeito nenhum que Alícia ficasse com Sammy. Liliandil e Isabelle jogaram argumentos como “Eu e Rilian temos alergia a cachorros” e Zoë e Asafe argumentos tipo “Os pais deles tentaram nos matar”.

– Só porque os pais deles tentaram nos matar não significa que ele tenha que nos matar também – disse Alícia aborrecida.

Lúcia entrou na discussão.

– Pessoas modem mudar, até animais, meu primo era uma peste e virou um dragão, ele fica melhor como dragão, e esse cachorrinho parece manso – disse Lúcia.

– Até que enfim alguém que me entende – disse Alícia.

Lúcia coçou a orelha de Sammy.

– O.k. Mas se esse cachorro morder alguém essa pessoa vai ter a decisão dele ir embora ou não – disse Asafe.

– Eu sempre detestei cachorros – disse Zoë fuzilando Sammy e Alícia, e depois saiu.

Liliandil e Isabelle foram embora. Asafe murmurou “Está avisada” para Alícia e ela estirou língua para ele.

– Obrigado Lúcia – agradeceu á Lúcia. Lúcia também foi embora, todos estava verificando suas bagagens na carruagem, menos Caspian que tentava convencer Susana a se levantar.

Todos estavam do lado de fora esperando Susana e Caspian, mas todos sentiram falta de Bianca. Zoë decidiu ir procurar, não foi difícil acha-la, o chalé era pequeno, ela estava chorando no sótão. Zoë nem queria saber o que era, na verdade ela queria sim, pra saber quem ela devia matar.

– O que foi Bianca? – perguntou Zoë quase chorando.

– Eros me abandonou... – disse Bianca.

Zoë desanimou, um deus menor seria um pouco difícil de matar.

– Você sabia que isso ia acontecer, foi sorte o Apolo ter ficado com a Camilla, mas como dizem... Você não tem sorte – disse Zoë.

– Eu não digo por isso Zoë – disse Bianca.

– Então qual o problema? Se você já esperava que ele fosse embora, se já estava preparada? – perguntou Zoë.

– O problema... O problema foi o-oque ele... Disse pra mim – disse Bianca soluçando. – Ele me agradeceu por... quê... eu fui o rito de passagem dele.

– O quê? – perguntou Zoë sem entender nada.

– Os filhos de Afrodite precisam quebrar algum coração para passarem pelo rito, o coração quebrado foi o meu, ele sabia que... eu... que eu.... que tinha um coração frágil por isso ele me escolheu, e depois... depois veio o pior de tudo – disse Bianca, estava chorando e soluçando muito mesmo.

– O que foi que aquele beijinho estragado disse pra você? – perguntou Zoë, “beijinho” era o apelido que Alícia tinha dado a Eros e Zoë só incrementou o “estragado”.

– Ele disse que era casado com Psiquê – disse Bianca.

Zoë a abraçou fortemente. Zoë não sabia o que dizer a Bianca, normalmente há um tempo ela saberia, ela diria para Bianca se afastar dos garotos, mas isso não deu certo com Zoë e agora ela estava querendo mudar de pensamento e atitude, provavelmente se Bianca fizesse o mesmo que ela ia acabar se machucando de novo.

– Vou fazer o que você fez, vou me afastar dos garotos, isso dói demais – disse Bianca.

– Você deve fazer o oposto disso – disse Zoë. – Se você gosta mesmo dos garotos não dá certo Bianca, vê? Eu me envolvi novamente com um garoto, e tudo que você tem que fazer é viver experiências, Eros só foi a primeira delas, você tem sempre que estar preparada, porque essa é a primeira vez que você se machuca e pode não ser a última, a vida é feita disso, de altos e baixos...

– Quando você fez curso de filosofia? – perguntou Bianca sorrindo.

– Vê? Já está melhor! Eu acho que aprendi muito com Zay, caramba, nem acredito que disse isso, nem acredito que disse isso tudo pra você e disso isso de Zay – disse Zoë.

– Enfim, vamos embora – disse Bianca enxugando o rosto.

Tudo o que Bianca estava sentindo há um minuto passou, Lúcia disse a ela que não valia sofrer por aquele cara, e as palavras de Zoë também a confortaram.