Quione sumira na noite anterior, pois recebera uma mensagem de Iris de sua amiga, Despina, deusa do inverno. Despina e Quione sempre foram muito amigas, simplesmente porque tem algo em comum, o frio, Quione é neve e Despina inverno e as duas combinam por causa disso. Há um tempo elas foram espiãs secretas de Ravenna na Primeira Guerra, e por sorte não foram pegas.

Despina parecia feliz em algo que trouxe para Quione, as duas se encontraram no armazém do Grand Hotel. Despina trouxe um caixão enorme repletos de potes com fogo grego. Quione pareceu muito satisfeita, mas porque elas precisariam daquilo? Será que estavam tramando mais um plano maligno que nem da outra vez na Segunda Guerra dos deuses contra os Titãs?

O spa do Gran Hotel era simplesmente o lugar preferido para as garotas. Tinha banho de sais, mascaras de lama, sauna, tratamento de beleza e tudo mais. Enquanto isso os garotos se divertiam nos salões de jogos. Aquele hotel era uma beleza para umas férias, alguns deles até pensaram em voltar ali depois.

Lúcia, Zoë e Mimí voltavam do spa e pegaram o caminho pelo armazém, até Zoë gostara do spa, ela não queria um super tratamento de beleza, até porque sua pele estava linda, tudo que a deixava menos atraente eram os cabelos ou como diz Isabelle “Os fiapos”, mas enfim ela adorou relaxar num programa “só para garotas”. As três estavam prestes a subir na escada quando viram uma forte luz verde e fantasmagórica vindo da porta do armazém. Duas garotas de quinze anos conversavam, uma era Quione e a outra loira era Despina.

– Precisamos achar alguém pra derramar todo esse fogo grego – disse Despina.

– Isso é fato, mas quem? – perguntou Quione.

– Você é mais quente com homens lembra? – disse Despina, como se quente fosse uma piada antiga com a deusa da neve.

– Chegaram alguns heróis aqui no hotel, eles vão ficar por mais seis dias, acho que poderão ser úteis – disse Quione.

– O.k. mas seja rápida e certifique-se de que eles farão o trabalho direitinho porque não queremos decepcionar Milady Ravenna – disse Despina.

Zoë, Lúcia e Mimí estavam escutando a conversa atrás da porta do armazém, as luzes do fogo grego havia as atraído, e elas ficaram boquiabertas a ouvir o nome “Ravenna”, elas nem conheciam tal e já era a sua pior inimiga e a causa deles estarem naquela missão, só o poder de doze poderosas relíquias podia derrota-la. E agora, Quione e Despina estavam trabalhando para Ravenna, mas o que elas queriam?

– Você disse que seu ex-namorado estava aqui não foi? Apolo podia fazer um bom trabalho incendiando toda Quebec – disse Despina, a deusa do inverno, era tão bela quanto sua amiga.

– Deixe-me ver, incendiar Quebec e derrubar o trono de Bóreas? Não sei se Apolo seria a pessoa correta, claro, eu adoraria prejudica-lo, mas eu não estou com vontade de seduzi-lo, acho que um mortal é mais adequado – disse Quione.

– O.k. Mas os ventos selvagens, os espíritos da tempestade, tudo deve estar solto e espalhando o caos, até quinta-feira, preciso recrutá-los para a rainha Ravenna, a cada minuto ela tira mais poder do Leão e se descongela, em alguns meses ela vai estar quentinha e em folha, Aleffy conseguiu todo o fogo grego com a ajuda de Carus, e ele quer recrutar logo os ventos, nossa próxima etapa é convencer Éolo a se juntar a causa, tenho certeza de que ele o fará – disse Despina.

A cada minuto daquela conversa esclarecia-se milhares de coisas, onde Aslam estava, porque ele mandara a mensagem á Mimí, Ravenna e seus seguidores estavam recrutando armas para a batalha, tudo se encaixava, e o primeiro passo era derrubar o reino do vento norte e libertar espíritos da tempestade, ventos selvagens, ventos do caos e diversas outras coisas para se aliar a Ravenna, e quem sabe isso não é só o primeiro ato da volta da irmã de Aslam.

A conversa de Despina e Quione terminou e elas acharam melhor ir embora, Lúcia estava incrédula, Ravenna estava voltando e tirando a força de Aslam, ela mal podia pensar naquilo, seu maior herói, o próprio Aslam morrendo aos poucos, e algo terrível a fez pensar que destruir Quebec e recrutar ventos e espíritos do mal só era o começo de uma batalha violenta.

– Gente, isso é muito sério, nós temos que avisar a alguém, e fazer alguma coisa – disse Zoë.

– Concordo, mas a quem podemos dizer isso? Talvez Bóreas? – disse Mimí.

– Ele acreditaria que a sua filhinha iria destruir o reino do próprio pai? – disse Lúcia.

– Isso pode libertar a fúria e Bóreas, e ele é um deus poderoso – advertiu Zoë.

– Gente, acho que o melhor a se fazer é impedir o plano de Quione – disse Mimí.

– Concordo – disse Zoë.

– E o que faremos? – perguntou Lúcia. – Temos que agir rápido.

– Rápido e com cautela – lembrou Mimí.

– Quione disse que precisava de um herói, pode ser Apolo ou qualquer um dos garotos, então temos que mantê-los afastados de Quione ou de Despina – disse Zoë.

– Quem? – perguntou Lúcia.

– A amiga de Quione, a loira, deusa do inverno, filha de Deméter – respondeu Zoë. – Acho que ela é amargurada por que é a ovelha negra da família e tem inveja de sua irmã, Perséfone.

– Perséfone não é a mulher de Hades? Me julguem, mas nunca aprendi muito sobre mitologia grega – disse Mimí.

– Muito menos eu – observou Lúcia.

– Isso não é importante, mas Perséfone foi sequestrada por Hades e eu aposto que Despina tem algo a ver com isso – disse Zoë.

– Poderíamos avisar aos garotos? – sugeriu Lúcia.

– Elas são deusas, não muito poderosas, mas são, e além de tudo são bonitas, poderiam seduzi-los de qualquer jeito, então, quero dizer, vamos fazer alguma coisa sem os garotos! O que acham? – disse Zoë.

– Acho prudente avisar a eles, pra que eles fiquem ao menos a espreita – disse Mimí.

– Ela tem razão Zoë – apoiou Lúcia.

– O.k. – rendeu-se Zoë. – Vocês fazem isso, acho que Despina e Quione não vão perder tempo conquistando alguém, eu as sigo e vocês avisam aos garotos.

Mimí e Lúcia avisaram a todos os garotos sobre Despina e Quione. Mimí sentiu vontade de enforcar Asafe, porque ele disse que isso era só uma coisa que as garotas inventaram por ciúmes de Quione, eles alegaram que Quione é doce demais para fazer aquilo, pensaram que era só uma brincadeira das meninas. Elas ficaram realmente revoltadas.

Zoë estava no plano de seguir Quione e Despina, elas eram deusas menores, o que significa que seria difícil para uma simples mortal impedi-las, elas não tinham forma olimpiana nem divina, só imortalidade e poder ligado á neve e gelo, e se irritavam fácil, mas o ótimo era que não podiam amaldiçoar, isso era o melhor de tudo.

Elas se espalharam pelo hotel e ficaram de conversinha barata com os garotos, o restante das garotas estava no spa, exceto Camilla que passou o dia deprimida em seu quarto. Despina foi jogar conversa com Asafe e Quione com Theo. Elas iriam atacar o Theo, o pobre e solteiro Theo, o único ali, ele tinha uma amizade colorida com Mimí, mas nunca passou disso.

As deusas frias estavam conversando com Asafe e Theo no bar dos sucos. Zoë estava espiando atrás de uma palmeira, mas não dava pra escutar muito bem.

– Deus, se eu pudesse escutar... – sussurrou para si mesma.

– Escutar o que? – perguntou uma voz bem atrás dela.

Zoë congelou de pânico, e quando se virou bateu a sua testa na de Alícia. – Ai!

– Shiu! Cala a boca! Você vai estragar meu plano – sussurrou Zoë com raiva.

– Tá bom, tá! Desculpe rainha dos cabelos lindos, só deixo você em paz se você me disser esse seu plano – disse Alícia.

– Desculpe, mas é secreto – disse Zoë em tom de relevância voltando a espiar os casais no bar.

– Quione e Despina iriam adorar saber que estão sendo vigiadas – disse Alícia em tom de ameaça.

– Vai fundo – desafiou Zoë tentando aguçar a audição.

– Senhorita Quione! – chamou Alícia alto, se levantando, na mesma hora Zoë a puxou para baixo de novo com violência. As duas discutiram e Zoë teve que se render. Zoë contou a ela sobre Despina e Quione e onde estava Aslam e que as duas pretendem destruir o Vilarejo de Bóreas e toda Quebec.

– Nós temos que fazer alguma coisa agora! – disse Alícia.

– Eu estava fazendo até você me interromper – disse Zoë aborrecida e os garotos foram embora junto com as deusas frias. – Parabéns senhorita intrometida.

– Nós não podemos sair daqui e só seguir eles, temos que... – disse Alícia olhando ao redor, as pessoas estavam começando a perceber duas garotas agachadas conversando atrás de uma palmeira.

– Precisamos conversar em outro lugar – disse Zoë.

As duas se reuniram num café no hotel com Mimí e Lúcia. Já era quarta feira e Quione anunciou que seu plano iria cair na quinta, elas precisavam urgentemente bolar um plano.

– Eu tive uma ideia, que tal se a gente roubasse o fogo grego? – sugeriu Zoë.

– Supondo que você tenha um armazém e tirando o fato de ver quatro garotas carregando caixas de fogo grego, esse plano é legal – discordou Alícia.

– Eu tenho um pergunta: como elas pretendem destruir a cidade com fogo grego? – disse Lúcia.

– Eu acredito que elas vão jogar os potes por toda Quebec, fogo grego causa uma destruição incrível, acho que elas vão jogar do céu – disse Zoë.

– Elas vão precisar de algum transporte voador para voar por toda Quebec, isso é fato, mas o que vai ser? – disse Alícia.

– Alguma biga grega mágica, pegasus, e outras coisas – apostou Mimí.

– Eu tenho um plano, não temos como saber exatamente o que Quione fará, então eu sugiro acampar no armazém, nos escondermos, até elas pegarem o fogo, aí nós a seguimos e usaremos nossos arcos, facas e outras armas – disse Zoë.

– Parece melhor do que roubar fogo grego – concordou Alícia.

– O.k. arranjem mochilas com comida e provisões – ordenou Zoë.

Todas obedeceram e pegaram algumas mochilas com cobertores, comida, lanterna, pilhas, parafina e etc. Desceram os níveis do hotel, passaram pelo spa e entraram no armazém, o fogo grego ainda estava lá, elas acamparam atrás de uma fortaleza de caixotes de madeira.