Hesthia, Ainda Há Esperança escrita por Luiza Rabelo


Capítulo 2
A proposta




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/319479/chapter/2

Acordei, o Sol já estava brilhando, creio que dormi demais. Eu estava meio tonta, sem rumo, e agora, com pernas. Não fazia ideia de como me levantar e andar. Pensava: “Em que enrascada eu fui me meter?”. Já estava escurecendo, ainda na areia tentando aprender como controlar os meus novos membros, eu decidi que se eu pedi por pernas, eu teria de me virar para conseguir controlá-las; com força de vontade, arrumei meu cabelo que estava caído sobre meu rosto, respirei fundo, e disse para mim mesma: "Eu vou ficar de pé!". Com esforço, e algumas quedas, lá estava eu, de pé, tentando me equilibrar; fui caminhando com dificuldade para dentro de uma floresta com longas árvores cheias de folhas, pedras espalhadas por todos os cantos de tamanhos diversos, gramas, flores das mais diversas cores; fiquei encantada com tudo, afinal, era a minha primeira vez na terra, aquilo era um sonho que eu estava vivendo.

Ao longo do caminho, fui notando que já não estava claro, e sim, a noite já havia chegado, ainda com tropeços desengonçados, fui andando mais rápido, o desespero havia chegado; ouvi barulhos nunca ouvidos antes, o meu medo já estava tomando conta de mim. Comecei a correr, ameaçava tropeçar e cair, mas conseguia me equilibrar, apesar do medo e desespero, eu estava conseguindo controlar as minhas pernas; comecei a ouvir um barulho de água, não como a do mar, que eu sempre escutava, mas tendo água, eu já me sentia segura, afinal, é o meu ponto de força. Fui sendo guiada pelo meu instinto não tão confiável, mas era a única coisa que eu tinha que eu poderia confiar, e por mais que seja difícil de acreditar, ele me guiou certo. Era uma espécie de riacho, pouca água, não era o que eu esperava, mas era o que tinha, havia água o bastante para me proteger de qualquer coisa que tentasse me machucar; fiquei sentada nas pequenas pedras que rodeavam o riacho e esperei que o pior acontecesse, afinal, era uma floresta, havia criaturas jamais vistas ou ouvidas por mim, era tudo novo e perigoso para mim.

Já haviam se passado algumas horas, eu pensava como meu pai reagiria com a notícia, todas as minha hipóteses não eram nada boas. Nada acontecia, estranhei. Até que comecei a escutar passos corridos, quebrando pequenos galhos que se encontravam no chão da floresta, fiquei atenta, qualquer coisa poderia aparecer daquela escuridão que a floresta guardava. Quando eu menos esperava ouvi uma voz de criança gritando com determinação e sem medo, o que era ao contrário do que eu estava sentindo.

–Quem é você e o que está fazendo aqui? -A criança gritou.

–Meu nome é Selene, e estou perdida! -Respondi gritando sem saber para quem.

–Eu vou me aproximar, e se você tentar me atacar, eu acabo com você! -Ela gritou. O que me fez desesperar; fiquei calma e criei coragem para dizer.

–Eu não irei te atacar, eu juro.

Neste momento, a dona da voz surgiu na minha frente, era uma menininha adorável, mas que não parecia tão simpática quanto a sua aparência.

–Permaneça paradinha ai no chão, e me diga, você tem poderes? -A menininha perguntou se aproximando de mim com cautela, segurando firme um relógio na mão.

–T-tenho. Mas por que quer saber isso? -Perguntei gaguejando tentando sorrir para parecer simpática, mas não funcionou muito bem.

–Quem faz as perguntas aqui sou eu. Mostre-me do que você é capaz, senão... -A menininha disse em um tom sério, e mostrava cada vez mais que aquilo não era uma brincadeira.

Achei melhor mostrar, me levantei sem dizer nenhuma palavra sequer, e permaneci com o olhar no riacho. Olhei muito rápido nos olhos da garotinha, ela estava me olhando, ainda segurando aquele relógio, não fiquei muito tempo a encarando e comecei a mostrar. Olhei para a água do riacho, respirei fundo, e ergui meus dois braços lentamente, e a água se levantou junto com o movimento deles, decidi não mostrar os meus poderes de verdade, apenas um dom que eu tenho. Comecei a controlar a água movimentando meus braços lentamente, retornei o olhar na menininha e o olhar dela era outro, apenas o olhar, porque ela não sorria, não fazia nada que mudasse sua expressão, apenas seus olhos começaram a brilhar e disse.

–Você é perfeita.

–Perfeita? Do que você está falando? –Tentei ser o mais calma possível apesar do meu medo.

–Ande, venha! Estou atrasada, não me faça perder mais tempo! –A garotinha disse esticando sua mão até mim. Eu pensei em não corresponder o gesto, mas eu estava perdida, e acho que se ela disse que eu sou perfeita, não me levará para algum lugar que alguém tente me machucar, então eu dei minha mão para ela, e a menininha me puxou tão forte que me fez levantar cambaleando. E para minha surpresa ela começou a correr e me puxar com mais força e gritava.

–Ande sua tartaruga, um minuto para chegarmos a tempo! Corra!

–Mas, onde você está me levando? Vamos chegar a tempo de quê? –Perguntei ofegante, ainda correndo.

–Fique quieta, e corra mais! –A menina gritou mais alto ainda. Eu ainda não tinha todo o controle das minhas pernas, e além de eu estar ofegante e cansada, eu tomava altos tropeços ao longo da corrida, e, detalhe, além disso tudo, eu estava descalço, e aquelas pedrinhas não estavam ajudando nada.

Tudo passava tão rápido enquanto corríamos que não tinha tempo de ver onde estávamos indo, só via vultos ao meu lado, e a menininha me puxando e correndo cada vez mais rápido.

–Eu... Preciso... –Disse com dificuldade com o nível do meu cansaço. –Parar. –Finalizei mais ofegante do que eu já estava.

–Não desmaie! Eu preciso de você acordada! –Ela disse tentando diminuir a corrida, para que eu não desmaiasse.

–Então não me force a correr mais! –Eu disse indignada e com a respiração rápida.

–Estamos chegando... –Ela disse.

Eu estava suada, não suportava mais correr, eu não estava acostumada com isso, meu corpo foi ficando cada vez mais pesado, não conseguia pensar direito, parecia que eu não tinha mais o controle das pernas, elas estavam correndo involuntariamente, minha respiração só aumentava a velocidade; além de eu estar cansada, estava com fome, não havia comido nada, foi o tempo de dizer uma única coisa.

–Menina... –Eu disse pausadamente devido ao cansaço. –Eu acho que eu vou... Vou... –A frase foi cortada por uma escuridão que apareceu em meus olhos. Um desmaio, mas já era de se esperar, eu estava fraca.

Acordei zonza, sem rumo, havia pessoas falando até que uma mulher disse.

–Gente! Ela está acordando!

Abri os olhos, ainda deitada, e perguntei.

–Onde eu estou?

–Eu te trouxe para nosso esconderijo, agora ande! Levante. –A menininha que havia me encontrado dizia ainda sendo a mesma, séria e mandona, nem meu pai é assim.

Não respondi, apenas fiz o que ela mandou, e a mulher voltou a dizer, sendo o mais amigável possível.

–Hey, vai com calma garota, você está tonta, se precisar de ajuda para levantar é só pedir tudo bem? –A mulher “se revelou” mostrando seu rosto, e sorrindo para ser simpática. Ela era linda, loira, parecia que ela foi planejada para ser perfeita, mas não fiquei reparando em seus detalhes; eu precisava levantar.

–Eu acho que eu consigo sozinha. –Respondi apenas levantando o canto da minha boca, tentando fazer um sorriso.

Apoiei minha mão no chão, tentei fazer força, mas não consegui. Eu não precisei falar com a mulher, pois ela notou que eu estava fraca de mais para me esforçar. Ela estendeu suas mãos, eu dei as minhas mãos à ela, e me puxou.

–Obrigada. –Agradeci.

–Não precisa agradecer. –Ela disse sorrindo e tirando uma folha que estava no meu cabelo após a queda.

–Então essa é a famosa menina de cabelos vermelhos que a Adella estava falando? -A voz máscula surgiu atrás de mim, o que me vez virar para ver quem era. Um homem forte, bonito, estava sem camisa, e com os seus braços cruzados olhando para mim, logo que ele viu meu rosto ele disse. –Nossa! Meu Deus! Que o Deus dos Lobos me perdoe, mas vou ter que dar uma mordidinha. –Eu fiquei sem ação, só fiquei olhando para ele sorrindo.

–Sebastian! Modos, por favor! –A mulher o alertou.

–Antonella, você, mais do que ninguém sabe que eu gosto de fazer brincadeiras. –O tal homem chamado Sebastian se aproximou de mim, e disse. –Fica tranquila, eu não mordo. A não ser que você queira. –Finalizando com uma piscada.

–Eu deveria me sentir ameaçada? –Perguntei confusa.

–Calma. Ele não fará mal nenhum a você. –Antonella disse. –Agora venha, vou te levar para seus aposentos, não é de luxo... –Ela foi interrompida pela garotinha.

–Pode acreditar, não é mesmo.

–Então... Como eu ia dizendo, não é de grande conforto, mas dá para sobreviver. –Continuou.

Ela me levou para dentro de uma espécie de casinha, que ela chamou de cabana, e lá havia uma cama que ela disse que era um colchão simples.

–Sente-se ai. –Antonella sugeriu, e foi o que eu fiz; logo depois ela sentou-se ao meu lado. –Qual o seu nome querida?

–Selene. –Eu respondi.

–O meu, como você ouviu o Sebastian falando, é Antonella, e a pirralhinha que te trouxe para cá se chama Adella. –Ela disse.

–Eu escutei! –Adella gritou do lado de fora da cabana com um tom de raiva.

Antonella sussurrou um “Ops!”, e riu o que me fez rir também.

–Eu só tenho uma pergunta. –Eu disse.

–Pode fazer.

–Por que a Adelle me trouxe até aqui? –Perguntei.

–É Adella, sua besta! É com “A”! –Adella gritou novamente.

–Adella, não enche o saco e vai caçar o que fazer! –Antonella gritou como resposta. –Então, voltando ao nosso assunto, Adella te trouxe aqui para nós fazermos uma proposta para você.

–E a proposta seria... –Eu disse querendo saber mais sobre o assunto.

–Que você entre no nosso grupo, Hesthia. Topa?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostou? Comente (:



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hesthia, Ainda Há Esperança" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.