Acordei em uma uma cama, desconfortável. O quarto era de paredes brancas e não havia muitas cores. Algumas placas, nas paredes, pediam silêncio. No teto, uma luz branca muito forte fazia com que meus olhos ardessem. Tentei me levantar, mas meu corpo estava pesando uns cem quilos agora. Olhei para o meu lado direito e vi Vitor deitado em uma poltrona, que me parecia bem desconfortante. Ele parecia preocupado.

Tentei chama-lo, mas minha boca não se abria. Com muito esforço conseguir sussurrar:

– Vitor?– minha voz falhou.

Ele nem se mexeu. Continuei tentando falar mais alto, mas foi em vão. Fiquei em silêncio, reunindo forças para falar mais alto.

– Vitor?– eu gritei e ele saltou da poltrona.

– Julia!– disse, com um sorriso no rosto.

Veio até mim e pôs a mão em minha testa e acariciou meu rosto.

– Que bom que você acordou! Todos nós já estávamos preocupados! – disse.

– Como assim preocupados? Eu só fiquei desacorda por algumas horas! – disse, fazendo força para minha voz não falhar.

– Julia, você dormiu três dias seguidos!– disse ele com a voz calma.

– Três dias?– disse, espantada e percebi que minha voz estava voltando aos poucos.

– Sim– fez uma pausa - Seus pais estão na sala de espera. Vieram te ver. Tem vários repórteres lá fora.

– São bons atores – disse, com uma certa raiva.

– Não acho que sua mãe estava atuando. Ela parecia realmente preocupada com você, Julia– disse, sério.

– Ela não se preocupa comigo! Só se preocupa com a própria imagem e sua reputação– eu quase gritava agora.

Ele acariciou meu rosto mais uma vez e me disse para ficar calma. Disse também que eu precisava descansar, mas eu não queria dormir de novo. Ficamos em um silêncios constrangedor por alguns minutos.

– Seu amigo esteve aqui – disse ele, quebrando o silêncio.

– Você é meu único amigo, Vitor. – disse séria.

– Então talvez ele seja mais que um amigo...– disse com uma expressão de tristeza.

– De quem você esta falando? – perguntei confusa.

– Luan!– disse ele, esnobe.

– Ele esteve aqui?– eu estava estérica.

– Sim, veio te ver – respirou fundo - E eu não deixei.

Ignorei totalmente oque ele disse e comecei a pensar alto:

– Se eu dormi três dias seguidos...– pensei um pouco - Isso quer dizer que hoje é sexta-feira! Droga, droga, droga! – eu estava com raiva.

– O que têm hoje?– perguntou ele, confuso com meus pensamentos.

– Eu ia ao cinema com Luan, hoje!– disse e ele fechou a cara - Mas eu estou debilitada por que vi meu melhor amigo transando com a garota que eu mais odeio no mundo e fui atropelada por um carro!

Pude jurar que vi um sorriso disfarçado no rosto de Vitor. Ignorei aquilo. Ele me deu um beijo na testa para me tranquilizar e disse:

– Descanse!