Veneno De Rosas escrita por Annabel Lee


Capítulo 4
Consigo Companhia


Notas iniciais do capítulo

A partir de agora a história vai conter muitos SPOILERS de A Esperança.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/318606/chapter/4

 

Ando por um tempo e consigo adentrar na floresta do Distrito 13. De todas que eu passei, aquela era a mais danificada... Talvez por conta da radiação que o 13 foi exposto durante o bombardeio. Ou quem sabe a falta de chuvas.

Não havia ninguém na floresta. Consigo espiar um pouco o Distrito, mas também não havia ninguém. Só cinzas e esqueletos.

Sento perto de uma árvore e encosto nela. O 13 ficava no subsolo obviamente. Mas a questão é: como vou entrar. Com certeza haveria guardas na entrada... Quem sabe um sistema de segurança impenetrável.

O que eu precisava agora era que alguém me encontrasse na floresta. Vou ter que ficar um tempo sem me alimentar, para não levantar suspeitas de minha habilidade na caça e em matar.

Como se o Universo me ouvisse... Começo a ouvir vozes. Se não fosse por elas, os passos seriam imperceptíveis.

Antes de gritar por ajuda como uma desesperada, ouço a conversa:

– Por que você se preocupa tanto com sua equipe de preparação? – pergunta uma voz jovem e masculina.

– Por que não deveria? – diz outra, dessa vez feminina. E muito comum.

– Será por que eles te deixaram toda arrumadinha para sua chacina?

Me aproximo um pouco mais e arranho meu braço numa árvore. Então reconheço a voz da garota. Era ela. O Tordo.

Piso numa folha seca e faço mais barulho do que deveria.

Eles ficam em silêncio. Merda. Devem ter escutado. Podem ir embora ou descobrirem que eu espionava.

Uma mão toca meu ombro.

Grito. E começa a atuação!

O garoto foi quem encostou no meu ombro. Tinha cabelos negros e olhos cinzentos. Era muito bonito. Dou uma olhada no Tordo, os dois se pareciam. Podiam ser irmãos.

– Quem é você? – ele pergunta. Começo a chorar. Chorar nunca é difícil. Bastava eu lembrar do meu pai. Chorar era a prova de que eu ainda tinha um pouco de humanidade sobrando. Mas no momento, minhas intenções não eram amigáveis.

– Meu nome é Camilla – digo engasgando.

O Tordo coloca a mão no meu ombro.

– Está tudo bem, Camilla – ela diz – meu nome é Katniss Everdeen. De onde você é?

– Katniss? O Tordo?

Ela sorri, mas não parecia muito feliz. Acho que ser o símbolo da rebelião não é tão fácil... Mas pouco me importava.

– Sim. – ela responde.

– Sou do Distrito 7.

– Que legal. Eu tenho uma amiga do Distrito 7...

– É? – digo choramingando. Uau, era minha melhor atuação em todos os tempos. Estou orgulhosa!

– Sim. O nome dela é Johanna.

Conheço o nome. Johanna morava do lado da minha casa. Johanna Mason. Uma vitoriosa. Lembro que ela foi convocada a voltar para a arena um pouco depois de meu pai ser Avox. Lembro que eu temia que minha mãe voltasse para a arena mais do que tudo.

Parece que foi há anos. Mas é mais recente do que se imagina.

– Eu a conheço – digo calma.

– O que está fazendo aqui no 13? – pergunta o garoto, sem ser tão gentil.

– Eu fugi – respondo muito baixo.

– O quê?

– Eu fugi! Ok?

Vejo os dois trocarem olhares.

– Gale, precisamos ajuda-la.

Gale. Conheço esse nome perfeitamente bem. Porque veio da boca do homem que matei faz pouco tempo. Porque foi por culpa desse garoto que meu pai se tornou Avox. Foi culpa dele que meu pai não é mais considerado humano. Foi tudo culpa dele.

Quem sabe eu consiga adicionar ele a minha lista depois de exterminar o Presidente Snow.

– Vou trazer você com a gente – ele diz – mas vai ter que se desapegar a sua faca.

Olho máquina mortífera.

– Ela é tudo o que tenho nesta vida.

– Assim como nossos arcos – ele diz mostrando o arco e flecha – mas eles confiscaram.

– Tudo bem – digo. Não vão ver minha navalha, não vou deixar. A navalha e a carta permaneceram comigo.

– Quando você fugiu? – Katniss pergunta.

– Faz quase um ano.

– Demora tanto assim do Distrito 7 para cá?

– Eu tive algumas paradas necessárias.

Ela não diz nada.

– Por que fugiu? – Gale pergunta enquanto caminhávamos. Me recuso a responder.

Descemos por uma espécie de tubo de esgoto, por uma escada de ferro. Quando desço percebo o quão grande era o Distrito, só de ver o me enorme corredor na minha frente. E me deparo com um homem gigantesco.

– Quem é essa? – pergunta.

– Pode deixar Boggs – diz Katniss – é nossa amiga. Estava perdida e a encontramos na floresta.

– Vai ter que dizer nome, sobrenome e idade para passar. E tem que me dar sua faca! – ele diz para mim.

Eu uso o sobrenome da minha mãe apenas. Para não levantar suspeitas... Nem lembranças.

– Camilla Clearwater – digo – 17 anos e exatamente 15 minutos.

Entrego a faca. Ele sorri e diz:

– Feliz aniversário. Vai participar da rebelião, srta. Clarwater?

Dou um sorriso contra a vontade.

– Obrigada. Sim. Acho que vou sim!

– Soldado Hawthorne – chama Boggs.

– Que foi? – responde Gale.

– Acha que ela pode ficar em seus aposentos. Não sei se Coin pode concordar e...

– Nós entendemos – diz Katniss – Gale não vai se importar. Já que tem um quarto só para ele, não é?

Ela olha Gale como se dissesse: “nem ouse negar”. Gale revirou os olhos e disse:

– Tudo bem.

Antes de eu seguir com eles, Boggs puxa meu braço e coloca um aparelho encima. O aparelho pisca uma luz roxa no meu braço e quando ele tira, tem escrituras em roxo nele. Fiquei assustada.

– São as suas tarefas – ele explica.

– Uau!

– Ótimo. O treinamento para rebelião já está incluído.

Ele solta meu braço e sigo Katniss e Gale dentro do corredor


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem! Por favooor