O Mundo Secreto De Ágatha. escrita por Koda Kill


Capítulo 14
O passado sombrio de Dante e suas cicatrizes


Notas iniciais do capítulo

O capitulo mais esperado hein? Desculpinhas pela demora geente :(Estou em periodo de provas e tá de lascar! Estou sem tempo e sem computador ai força. Mas vou tentar postar logo. Espero que gostem do capitulo. Eu fiquei muito triste escrevendo mas enfim. Enjoy it!



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Ai meu deus. Eu acho que eu vou vomitar. Ou desmaiar. Ou vomitar e depois desmaiar. Sai da sala com a mão no estomago e encarei com os olhos turvos Jeremias sentado no sofá. Ele se levantou e veio na minha direção.

‒ Ágatha, você está bem? Sua cara está meio verde.

‒ Eu não sei...

‒ Você quer água? ‒ Neguei com a cabeça.

‒ Acho que eu vou vomitar. ‒ Anunciei. Ele me conduziu até a porta.

‒ Jeremias? Seu pai está esperando por você. ‒ Disse a secretaria com um certo tom de autoridade e desprezo.

‒ Ela acabou de dizer pai? ‒ Perguntei confusa e ainda mais nervosa, franzindo a sobrancelha.

‒ Não... Foi só impressão. Mas o que aconteceu? Eles não vão publicar seu livro? ‒ Neguei com a cabeça. ‒ Não se preocupe, você vai encontrar uma editora que te publique. ‒ Continuei acenando negativamente.

‒ Não é isso. Eles vão me publicar.

‒ Então porque você está assim?

‒ Você não me escutou? ‒ Tapei minha boca com uma mão e respirei fundo antes de continuar. ‒ Eles vão me publicar. ‒ Ele me olhou confuso. ‒ Eu nunca mostrei meus textos pra ninguém e de repente... ‒ Tapei a boca novamente. Dante não conta, ele bisbilhotou é diferente.

‒ Mas... ‒ Fiz um sinal para que ele esperasse. ‒ O que?

‒ Acho que não vai dar tempo.

‒ De que?

‒ De vomitar. ‒ Com a visão embaçada e cambaleante pela tontura, tropecei nos meus próprios pés e cai por cima de Jeremias encontrando seus lábios com os meus por alguns segundos. Era difícil distinguir o que estava acontecendo, mas foi fácil perceber Dante parado na entrada do corredor nos encarando atônito. E sua cara não parecia nada boa. Me desvencilhei cambaleante de Jeremias e tentei chegar à Dante, mas cai no chão. Antes de desmaiar, porém, consegui ver Dante dando um soco em Jeremias.

Acordei muito atordoada e sem forças. Alguém passou álcool no meu braço e eu fui despertando lentamente. Estava deitada em uma cama, o ambiente eu reconhecia vagamente e parado ao meu lado com uma cara machucada de poucos amigos estava Dante segurando um pote de álcool.

‒ Dante...

‒ Você acordou... Finalmente. Quando terminar com o álcool sinta-se à vontade para voltar para casa.

‒ Dante espera... ‒ Ele me encarou. ‒ Não é o que você está pensando. ‒ Ele negou com a cabeça.

‒ Você não sabe o que eu estou pensando.

‒ Então diga! ‒ Falei sentando na cama.

‒ Estou pensando que você deveria ir para casa.

‒ Você está me expulsando?

‒ Estou deixando você fazer o que queria. Não era isso que você sempre quis? Ir embora? Fugir? Você não queria que eu parasse de te atormentar? ‒ Ele abriu os braços e olhou ao redor. ‒ Ótimo você conseguiu! Vá para casa. ‒ Ele virou as costas.

‒ Eu sabia! ‒ Levantei com o coração acelerado e os olhos mareados. ‒ Eu sabia que isso ia acontecer! Eu sabia que mais cedo ou mais tarde você iria me magoar e me abandonar! ‒ Ele parou e virou para me encarar.

‒ EU te abandonei?! Não Ágatha! Você fez isso. Eu não aguento mais você me maltratando, me ignorando, me rejeitando... Você pensou que eu não me importava? Que eu nunca iria me cansar disso?

‒ O que você esperava? Eu te avisei Dante. Eu te avisei que eu era diferente. Mas você não me escuta! Você nunca me escuta, só faz o que você quer!

‒ Olha quem fala! Tudo o que eu fiz foi pra ficar perto de vocês! E tudo o que você queria era me afastar! Eu fiz de tudo pra conseguir um beijo seu... Um beijo que fosse e você... ‒ Ele falava ofegante. ‒ Me rejeitou todas as vezes e quando eu menos espero lá está você beijando aquele cara. É por causa dele que você não queria me beijar? Você pelo menos conhecia ele?

‒ Foi um acidente! Eu nem conheço o cara direito! Eu estava passando mal, caso não tenha percebido eu desmaiei. Você é cego?

‒ Devo ser! Pra achar que nós poderíamos dar certo.

‒ Por que você se interessou por mim pra começo de conversa? Foi tudo uma grande brincadeira? Onde estão as câmeras? ‒ Falei olhando ao redor. Bati minha mão em uma estante e um retrato caiu no chão e quebrou. Dante ofegante se agachou e tentou juntar os cacos balbuciando “não” repetidas vezes. Apenas olhei calada. Eu queria pedir desculpas, mas não conseguia. Era a foto de uma mulher muito parecida com Dante. O mesmo sorriso... Dante andou até mim e agarrou meu braço com brutalidade.

‒ Você acha que eu estou brincando Ágatha?! Por um instante eu pensei que você lembrava minha mãe, tímida e graciosa... Mas a saudade desde a sua morte deve ter me cegado.

Eu estava tão possessa de raiva e magoada que eu quase não conseguia fazer nada além de respirar ofegante, e tentar conter a dor que ameaçava romper em lágrimas.

‒ Então é isso?! Eu não sou sua mãe morta! Nem nunca vou ser! Eu pensei que você tinha se interessado por quem eu sou e não por que eu pareço com sua mãezinha! ‒ Ele me olhou ofendido, soltando minha mão e me arrependi de ter dito isso, mas já era tarde.

‒ Você está certa. Você NUNCA vai ser como ela! Você é só uma esquisita arrogante e mimada que se acha muita coisa só porque escreve algumas linhas! Você se acha melhor que os outros só porque sofre com sua auto piedade, com seu ego e com essas sardas ridículas. ‒ Cai sentada na cama por que isso me machucou tanto que parecia que eu ia explodir de dor a qualquer momento. Respirei ofegante tentando segurar as lagrimas.

‒ Eu te odeio! Eu te odeio! Você é ridículo! ‒ Falei andando até ele e batendo em seu peito enquanto lutava contra ele.

‒ Esquisita! Arrogante! Você só pensa em si mesma!

Bati com todas as minhas forças, ou o que restou delas, já sem conseguir conter as lagrimas. Até que os braços que me afastavam passaram a me puxar e seus lábios que gritavam ofensas se calaram. Agarrei seus cabelos finalmente puxando-o em minha direção enquanto suas mãos puxavam a minha cintura e arranhavam minhas costas. Nossos lábios finalmente se encontraram em um beijo fulminante a agressivo. Ele mordia meu lábio inferior enquanto quase devorávamos um ao outro. Ambos completamente entregues às lágrimas.  Ele me empurrou para cima da cama exigindo meus lábios enquanto suas mãos me apertavam e quase rasgavam minha blusa. Puxei sua camisa para cima e ele terminou de tira-la. O que eu estava fazendo?

Minhas mãos passavam pelas suas costas sentindo mais uma vez as cicatrizes e sua pele arrepiada enquanto ele mordia meu pescoço, voraz. Com muito esforço consegui afasta-lo. Ele me encarou longamente. Seus olhos claros mostravam magoa, dor e desejo. Meu corpo ansiava pelo contato com sua pele, mas consegui me conter.

‒ É melhor eu ir. ‒ Falei limpando as lágrimas do meu rosto. ‒ Me desculpe, eu não devia ter dito aquilo da sua mãe.

‒ Eu também não devia ter dito o que disse. ‒ Eu mal conseguia olhar em seus olhos. Levantei da cama.

‒ Vamos apenas deixar as coisas como estão. Só não me procure mais, que eu farei o mesmo.

‒ Ágatha, espera... ‒ Ele segurou meu braço. Seu toque fez minha pele se arrepiar. Encarei-o em dúvida. Alguma coisa ardia em meu peito com sede de Dante, apesar de toda a dor. Eu quero voltar, mas ao mesmo tempo... Eu havia me machucado tanto e machucado a ele, que seria melhor que eu apenas fosse embora. Mas acima de tudo o que eu realmente precisava agora, era de um abraço.

Como se ele estivesse lendo meus pensamentos Dante se levantou da cama e me abraçou. Desabei. Chorando convulsivamente até que comecei a ficar sem ar. Não é força de expressão, eu não estava conseguindo respirar. Eu puxava o ar com toda a força e ele não chegava ao meus pulmões. Dante m fez sentar e colocou minha cabeça entre meus joelhos.

‒ Calma, respira devagar. ‒ Após longos segundos de agonia, consegui normalizar minha respiração. ‒ Não sabia que você tinha asma.

‒ Não tenho. ‒ Respondi. Ele me encarou preocupado.

‒ É melhor você descansar. Talvez tenha sido apenas nervosismo.

‒ Talvez... ‒ Passei a mão pelos seus cabelos macios. Ele a segurou e beijou-a.

‒ Passe o dia comigo. ‒ Pediu ele.

‒ Não sei Dante... Tenho que voltar para casa. ‒ Ele se levantou e andou até a porta trancando-a e colocando a chave fora do meu alcance. ‒ Dante! Abra essa porta agora!

‒ Não... ‒ Respondeu fazendo as chaves sambarem na minha frente. Tentei toma-las dele, mas Dante segurou minhas mãos, colocou as chaves calmamente em cima da bancada e me prendeu contra a parede, com um olhar malicioso. ‒ Agora você é minha.

‒ Dante! Abra essa porta seu vagabundo! ‒ Dante e eu nos sobressaltamos.  Puxei o ar para gritar, mas Dante tapou minha boca e em seguida colocou o dedo indicador na frente dos lábios pedindo silêncio. ‒ Abra seu desgraçado! Não adianta fingir que não está ai! Eu sei que você está! ‒ A voz horrenda invadia a casa e causavam um eco arrepiante e de gelar a espinha. Eu mal conseguia distinguir a expressão de Dante. ‒ Ou você abre essa porta, ou eu vou arromba-la seu moleque insolente.

‒ Vá embora! ‒ Gritou Dante se levantando da cama e me puxando junto.

‒ O que você está fazendo? ‒ Perguntei. Meu coração estava disparado.

‒ Ganhando tempo. ‒ Sussurrou ele. Dante abriu o guarda-roupa e começou a jogar as coisas em cima da cama, quase me acertando por duas vezes.

‒ Seu imbecil atrevido! Idiota! Abra essa porta se você for homem! Seu viado! ‒ O homem começou a bater violentamente na porta. Dante me puxou e me empurrou para dentro do guarda-roupa. Ele me beijou e ainda com a testa colada na minha murmurou:

‒ Por favor, finja que está em outro lugar, feche os olhos e tape os ouvidos e não importa o que aconteça, não saia daqui. ‒ Ele fechou lentamente a porta deixando apenas uma pequena brecha.

‒ Dante...

‒ Shhhh... ‒ Disse ele lentamente com os olhos fechados. ‒ Feche os olhos. ‒ Disse e desapareceu do quarto. ‒ O que você quer?! ‒ Gritou ele da sala. Escutei a porta sendo aberta e alguém entrando bruscamente na casa. ‒ O que você quer Vitor? Você está drogado de novo? ‒ Ouvi um baque surdo contra a parede.

‒ Sai do meu caminho! Cadê ela? Cadê a Marta? Onde você está escondendo ela?! ‒ Os gritos horrendos se aproximavam do quarto.

‒ Ela não está aqui! ‒ Gritou Dante também se aproximando. Houve outro baque dessa de carne contra carne e alguém bateu na parede do quarto e caiu no chão. Torci para que fosse o homem.

‒ Eu sei que ela está aqui! Onde ela está?! ‒ Urrou o homem entrando no quarto. Me encolhi apavorada.

‒ Ela não está aqui imbecil! Você é cego ou surdo?! ‒ Perguntou Dante se colocando entre o guarda-roupa e ele. Pela fresta eu podia ver apenas o corpo de Dante.

Dedos surgiram em seus cabelos puxando-o para baixo. Dante gritou de dor e o homem deu uma joelhada em sua barriga fazendo-o perder o folego e cair no chão tossindo. Eu queria sair do guarda-roupa, mas ele me implorou que eu não saísse, e já bastava que eu estava vendo e ouvindo tudo. Ou será que eu deveria sair? Chamar a polícia? Dante ficou caído no chão respirando com dificuldade. ‒ Pai... Ela não está aqui e você sabe disso... Ela morreu esqueceu? ‒ Pai? Pai! Ele acabou de dizer pai?!

‒ Mentiroso! Seu vagabundo mentiroso! ‒ Vitor começou a chutar Dante nas costas, na barriga e na cabeça, até ficar ofegante enquanto o garoto indefeso contra o próprio pais se encolhia em uma pequeno bola no chão. ‒ Você está escondendo ela de mim! Eu vou encontrá-la! ‒ Dante puxou o pé do seu pai e ele caiu no chão. Pude ver de relance seus olhos idênticos aos de Dante e sua pele levemente morena e manchada. Dante se levantou cambaleante segurando as costelas.

‒ Vá embora! Ou eu chamo a polícia seu drogado! Eu mando te prender! ‒ Gritou Dante mal conseguindo se manter em pé. Seu pai apenas se levantou e chutou Dante seguidas vezes.

‒ Chama desgraçado! Chama! Você vai ter que dizer onde ela está!

‒ Espera! Eu vou dizer onde ela está!

               Vitor parou de chuta-lo e Dante tentou andar dignamente até a estante. Ele começou a vasculhar na gaveta, tirou dali um revolver e o apontou para seu pai.

               ‒ Ela está morta! No cemitério... É lá que ela está. Agora dê o fora da minha casa ou eu vou atirar! Eu juro que atiro! ‒ Fez- se silencio por alguns instantes até que Vitor começou a chorar.

               ‒ Eu só quero vê-la por favor.

               ‒ Vá embora! Agora! ‒ Dante engatilhou a arma. Meu coração estava tão disparado que eu achei que iria desmaiar ou ter um infarto. O homem saiu firme e bateu porta da casa. Dante caiu ofegante no chão. Empurrei a porta com força e sai nervosa e tremula.

               ‒ Dante...

               ‒ Vá embora... ‒ Engatinhei até ele e passei a mão nos seus cabelos.

               ‒ Vem cá, me dá essa arma.

               ‒ Eu disse pra ir embora! ‒ Disse ele enxotando minhas mãos e apontando a arma na minha direção. Ele nem ao menos olhava para mim.

               ‒ Dante você atiraria em mim? ‒ Ele começou a chorar e baixou a arma.

               ‒ Vá embora! Vá embora! ‒ Gritou ele ainda sem me encarar. Dante encostou o cano da arma na própria têmpora. Por sorte, empurrei sua mão e a bala atingiu a porta.

               ‒ Você está louco? O que pensa que está fazendo?

               ‒ Me deixa em paz! Me deixa morrer!

               ‒ Não! ‒ Gritei de volta. ‒ Por favor Dante, para com isso! ‒ Implorei chorando. ‒ Eu não posso te perder...

               ‒ Por quer não? Você nunca me quis! ‒ Dessa vez ele me encarou, porem com desprezo e raiva.

               ‒ Eu... Eu... Eu sei, mas... ‒ Gaguejei. ‒ Por favor Dante. Eu preciso de você. Por favor não faça isso. ‒ O que eu estava falando eu não sei, eu só não podia deixa-lo se matar. ‒ Você está de cabeça quente...

               ‒ Vá embora. ‒ Murmurou.

               ‒ Não posso ir. Não vou enquanto você estiver pensando em fazer isso. ‒ Ele não disse nada. ‒ Me dá essa arma.

               ‒ Foi bom? ‒ Perguntou inexpressivo.

               ‒ Do que você está falando?

               ‒ Seu beijo com aquele cara, foi bom? ‒ Perguntou cínico.

               ‒ Não... Não foi. ‒ Puxei seu rosto e o beijei. Ele não me empurrou, mas também não me correspondeu. ‒ Esse foi bom. O seu...

               ‒ Por favor, me deixa só. Vá embora. ‒ Puxei a arma de sua mão e dessa vez ele cedeu.

               ‒ Prometa que me liga se pensar em qualquer coisa desse tipo. ‒ Ele assentiu.

               ‒ Prometo.

               ‒ Até mais Dante, qualquer coisa me liga. ‒ Coloquei a arma dentro da minha bolsa, beijei-lhe a testa e fui embora com o coração apertado. Eu estava simplesmente aterrorizada por deixa-lo só naquelas circunstancias. Mas eu tinha que ir. Ele precisava ficar sozinho. Enquanto eu esperava pelo elevador uma senhora saiu do apartamento ao lado. Limpei as lágrimas rapidamente.

               ‒ Está tudo bem? Tive a impressão de ouvir tiros. ‒ Apertei a bolsa contra meu corpo.

               ‒ Não foi nada. A situação já está sob controle. ‒ Tentei tranquiliza-la.

               ‒ Pobre garoto... É esse escândalo toda vez que o pai dele vem aqui. Já já vai começar.

               ‒ Começar o que? ‒ Perguntei apertando a bolsa contra meu corpo mais uma vez.

               ‒ Os gritos. ‒ Disse ela como se fosse algo obvio. O elevador se abriu, mas deixei que se fechasse novamente. Esperei alguns segundos em silencio e realmente, gritos horríveis fugiam do apartamento. Me adiantei para a porta e me apoiei contra ela. A mulher tentou me tirar dali, mas não conseguiu.

               ‒ Eu preciso escutar tudo.

               ‒ São só gritos querida.

               ‒ Não são só gritos, são os sentimentos dele. ‒ Respondi encarando-a. Ela sentou em uma das poltronas da pequena sala. Fechei os olhos sentindo a textura da porta enquanto tentava absorver todos os sons. Não sei quanto tempo fiquei naquele transe, porém de repente o barulho cessou. Me afastei assustada e fiz menção de entrar no apartamento.

               ‒ Você não pode entrar agora! ‒ Exclamou a mulher se levantando da poltrona. Olhei-a desconfiada.

               ‒ Porque não?

               ‒ Ele está pintando agora. Uma vez eu entrei para ver se ele estava bem e foi o inferno! ‒ Contou enquanto me conduzia para dentro do seu apartamento. Ela me fez sentar. ‒ Vou pegar um chá.

               ‒ Como assim pintando?

               ‒ É ele pinta. ‒ Falou rindo timidamente. ‒ E muito bem por sinal. Quer dizer, eu só vi suas pinturas uma vez. Desde então eu tenho insistido para visitar seu ateliê mais uma vez e para que ele me venda algumas de suas obras. São incríveis, mas ele as acha horríveis e sempre as queima ou joga fora. Um crime na minha opinião. ‒ Disse ela me entregando uma xicara de chá e sentando em uma poltrona na minha frente.

               ‒ Você é parente dele?

               ‒ Não, mas desde que a mãe dele morreu, que Deus a tenha, e que seu pai ficou assim eu venho tentando cuidar dele, mas Jesus que cabeça dura. ‒ Disse ela rindo. Eu teria rido, mas estava preocupada demais com o que estava acontecendo do outro lado da parede.

               ‒ E você docinho? Como entrou nessa história?

               ‒ É complicado. Eu não sei muito bem. ‒ Confessei.

               ‒ Você deve ser da escola nova dele, estou certa?

               ‒ Sim... Como é seu nome?

               ‒ Pode me chamar de Marieta.

          ‒ Me chamo Ágatha. ‒ Minha garganta ardia irritada, então tomei um gole do chá e o alivio foi imediato.

               ‒ Muito prazer Ágatha. ‒ Assenti como se dissesse o mesmo. ‒ É melhor você ir pra casa.

               ‒ Não posso. Não posso deixa-lo assim.

               ‒ Não se preocupe, eu cuido dele. ‒ Peri indecisa. Eu realmente tinha que voltar para casa, mas deixa-lo... Eu sei que ela iria cuidar dele, mas mesmo assim... Deixa-lo...

               ‒ Tudo bem eu tenho mesmo que ir. ‒ Falei me levantando rígida.

               ‒ Vá em paz. ‒ Disse docemente. Chamei o elevador mais uma vez e andei pensativa até o meu apartamento.


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam? Comentaarioooooos! Não me xinguem please! ;D