No outro dia, eu estava melhor. Estava no jardim, enquanto minha mãe estava dando um jeito naquela nossa nova velha casa e o meu pai tinha saído pra procurar emprego. Os vizinhos estavam bem animados. Uma senhora veio até a mim e perguntou se a minha mãe estava. Eu a chamei e depois a senhora nos convidou para uma noite familiar em sua casa. Eu não queria ir, nunca gostei de noites familiares, mas fazer o quê? Fui obrigado.

Mais tarde, meu pai chegou com boas notícias, ele encontrou um bom emprego. Todos nós ficamos felizes e fomos nos arrumar para ir na casa da vizinha...Chegando lá, a senhora foi bem hospitaleira, como já esperado, todos eram naquela cidade. -O que aquelas pessoas tinham de tão especial?-, eu me perguntava. Essa senhora que nos convidou, era bastante bonita, se eu fosse mais velho seria bem capaz de eu me apaixonar por ela. (risos) Ela tinha um neto portador de síndrome de down, eu não sei porque, mas ele gostou muito de mim. Ficava me abraçando, me machucando até. Eu estava me escondendo atrás da minha mãe e todos riam de mim e dele. Foi muito constrangedor!

Até que finalmente minha mãe disse que estava na hora de pra casa. Nossa, melhor coisa que a minha mãe havia dito em toda a nossa vida. Atravessamos o jardim e já estávamos em casa. A minha nova velha casa, era estranha, mas eu já me sentia bem a vontade lá. Eu estava bem. Eu tinha um pouco de medo de ir dormir naquele quarto onde tive pesadelo, então perguntei para os meus pais se eu podia dormir com eles. Eles não negaram, mas eu sabia que eles não queriam que eu fosse. Bem, meu medo era maior, então eu os ignorei e fui dormir com eles mesmo assim.

Quando eu acordei, eu estava sozinho na cama. O medo reinou naquele quarto, logo saí correndo e descendo as escadas mais rápido do que nunca. Sempre gostei de descer as escadas rápido, nunca caí até esse dia. Eu saí rolando escada abaixo, fiquei todo machucado e pensando em quanta sorte eu tive desde que cheguei em Bodie. O estranho foi que eu tive uma leve impressão de que eu havia tropeçado em algo e não foi nos degraus. Eu olhei pra escada e não tinha nada lá, continuava bem limpinha depois que a minha mãe limpou. Tenso.

Eu me levantei e vi que não me machuquei tanto assim. Eu era bem magro, então praticamente voei sob a escada. Fui procurar meu pai na cozinha, ele não estava, na sala também não estava. Procurei na casa toda, mas não tinha ninguém. Eu fiquei triste, pensando em mil e uma coisas, então decidi sair pra fora de casa mesmo de pijama.

Meu bairro era lindo, as casas, as pessoas, os jardins, até o céu, tudo era lindo menos a minha casa.