O Tutor escrita por Ester Liveranni


Capítulo 2
Capítulo 2 - Responsabilidade


Notas iniciais do capítulo

Cap. novo cheio de coisa nova.
Boa leitura.



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– Bater? Não eu não... Se cubra! Eu não pretendo bater em ninguém, de onde tirou isso? – falei desviando o olhar até que ela estivesse totalmente coberta.

– O senhor disse pra me banhar, - falou se enrolando no lençol. - O Lorde sempre mandava que eu me banhasse antes de se deitar comigo. – choramingou. – Então, por favor, só não me bata, eu prometo ser boazinha.

Por um momento eu pensei no problema em que eu havia me metido. Se fosse uma aluna eu certamente a teria encaminhado para McGonagall pelo comportamento antiquado. Mas sendo uma hospede...

– Senhorita Lestrange eu NÃO tenho intenção de tocá-la, então não se preocupe com isso. – disse lhe entregando a bandeja.

– Mas...

– O meu quarto fica no fim do corredor, onde eu espero NÃO ser incomodado.

– Sim senhor.

– Amanhã conversamos sobre sua estadia. – falei me retirando do quarto.

Em meus aposentos me preparei para dormir e deitei na cama esperando conseguir, mas meus pensamentos me impediam. Como eu, que sempre vivi sozinho devo agir com uma completa estranha em minha casa? Essa era a pergunta que fervilhava em minha cabeça, desde que a deixei sozinha. Todos sabem que eu não recebo ninguém em minha casa, que não preparo lanche noturno a convidados, tão pouco aceito resolver os problemas alheios sem uma boa compensação ou argumento.

Então por que diabos me meti neste problema? Perguntariam.

Por curiosidade, ou por receio... Talvez por achar que os argumentos não eram tão absurdos assim, caso ela fosse uma conhecida, ou por acreditar que um indivíduo rejeitado por Hogwarts seja merecedor no mínimo de piedade, ainda que venha de um homem amargo como eu.

A questão é que eu não sabia o porquê de tê-la aceitado. Só sei que quando Sra. Foster parou de tagarelar eu só conseguia pensar o quanto seria triste estar sozinho em um mundo que não lhe aceita. E agora que ela estava aqui como ignora-la? Ela, seu passado, sua linhagem?

Uma coisa era certa, eu não iria consegui dormir, então levantei e enviei uma coruja a Hogwarts adiando minha chegada. Pois já que eu havia me metido nisso deveria ao menos, me certificar que a garota comigo não estaria pior do que sozinha.

PDV Elladora

Fiquei parada olhando para porta durante alguns segundos, para ter certeza de que ele não voltaria. E quando percebi que falava a verdade me sentei na cama aliviada por saber que estava sozinha.

Comi como a muito não fazia e ao terminar fiquei olhando para o teto gasto do quarto.

– Ele não tem intenção de me tocar. – sorri.

Talvez ele não goste dessas coisas, ou talvez se ache velho demais. Nenhuma das possibilidades me interessava, ou tiraria aquele sorriso do meu rosto, o importante é que eu tinha um quarto só pra mim, e que aquele mostro estava morto.

– Ayla?

– Sim menina. – respondeu minha elfa.

– Que saudade! - falei a abraçando. – Sinto não tê-la chamado antes, mas eu não sabia se a bruxa gorda era confiável. Pra falar a verdade ainda não sei se estamos seguras, mas uma coisa é certa eu não vou deixar que ninguém a machuque.

– A menina é a melhor dona que a Ayla poderia ter.

– E como eu poderia ser indiferente a você? – Agora venha, vamos preparar seu banho. – falei segurando Ayla pela mão.

Sim ela toma banho. A sujeira para nós era só uma proteção, assim os amigos do monstro ficavam com nojo o bastante para não nos incomodar. Com exceção do Lorde Valdemort, ele sabia como eu era por debaixo de toda sujeira... Mas eu não quero pensar nisso agora.

– Viu menina, Ayla disse que ele era bom.

– Eu sei Ayla, mas ainda acho que estaríamos bem sozinhas.

– Ayla sabe, mas a menina precisa ficar perto dos que são iguais a ela. Por que Ayla já é velha e menina tem que ficar protegida quando Ayla morrer.

– Também não é assim Ayla...

– É sim menina, mas não se preocupe, Ayla fez ele aceitar menina por que sabe que ele também é sozinho e também sabe que ele é diferente dos outros, e que vai acabar descobrindo o quanto a menina é boa.

– Er... e como fez com que ele me aceitasse?

– Ayla amoleceu o coração dele com pensamentos tristes, mas não muitos... Ele já tem tristeza demais.

– Entendo bom agora que estamos limpas o que acha de darmos uma olhada na casa? – falei amarrando o lençol ao redor do corpo.

– Ayla não acha boa ideia, e se o novo amo acorda?

– Ele não vai acordar, e se acordar você me avisa ok? Eu não estou com sono e prometo não demorar está bem? Agora vai.

Falei e ela logo sumiu.

Andei pela casa de finhinho até ultrapassar o corredor, e depois que cheguei ao andar de baixo passei pela sala, cheia de poeira e livros. Poucos quadros enfeitavam o único espaço de parede livre de prateleiras. Eram fotografias de um casal sério, e de um menininho triste.

A cozinha era velha e mal cuidada, com uma tinta amarelada descascando nos cantos. Uma despensa grande tomava a metade de uma parede, mesmo estando praticamente vazia. Ao lado dela havia uma porta, mas essa estava trancada. Peguei um copo d’água e voltei para o quarto, pois pensei ter ouvido algo então resolvi deixar a excursão para outro dia.

Ayla notou que eu estava novamente no quarto e não tardou em voltar. Preparou minha cama e começou a arrumar uns papéis no chão onde ela provavelmente pretendia se deitar.

– Nem pensa nisso.

– Ayla dorme melhor no chão.

– Nossa você é a elfa mais teimosa que eu já vi na vida sabia?

– A menina já disse isso a Ayla uma vez.

– Engraçadinha, anda deita aqui. – falei abrindo espaço na cama.

– Menina...

– Isso não é um pedido. – falei tentando parecer brava.

Ela resmungou um pouco, mas logo se deitou ao meu lado, e depois de muito falar dormimos.

Acordei com algumas batidas na porta e ao me virar notei que Ayla já havia sumido.

– Se vista e desça, agora! – ouvi a voz seca do outro lado da porta.

Então ouvi os passos se distanciarem. Pulei da cama me arrumei e desci o mais rápido que pude, pois a experiência me ensinou que alguns bruxos não gostam de esperar.

Ele usava as mesmas vestes escuras do dia anterior, mas estava com os cabelos molhados dessa vez. Um cheiro quente e almiscarado tomava conta do ambiente que agora com a luz do dia eu podia mapear com maior clareza.

– Sente-se!

Eu obedeci.

– Sei que a nossa convivência será breve, entretanto acredito que podemos nos entender bem se cada um respeitar o espaço do outro.

– Sim senhor.

– Eu leciono em Hogwarts, e vou vir aqui aos domingos pra saber se precisa de alguma coisa. A Sra. Foster disse que você não faz magia então vou deixar a dispensa cheia e algum dinheiro caso surja uma emergência.

Ele falou e eu me encolhi, não esperava que ele soubesse, não que eu me importasse, até por que eu tinha Ayla, mesmo assim suas palavras me deixaram em desconforto.

– Está bem.

– Alguma pergunta?

– Sim, que dia é hoje?

– Terça... Por que a pergunta?

– Por nada, só curiosidade. - menti, queria saber quando ele ia voltar.

– Pois bem, no quarto ao lado do meu há um guarda-roupa com alguns vestidos, veja se algo lhe serve. Eu vou sair agora então não saia ou abra a porta a ninguém. Eu não me demoro.

Ele se levantou e saiu.

Eu não conseguia ter medo dele, também não conseguia deixar de encará-lo. Ele era firme, mas sem parecer violento o que me fez sentir um pouco mais a vontade na presença dele.

Caminhei até o tal quarto que ele havia falado e o mesmo era sem dúvida, o cômodo mais empoeirado da casa. Parecia um quarto de casal, provavelmente decorado por uma senhora que a muito não morava lá, pois a meu ver, o quarto estava muito abandonado. Abri o armário velho que rangeu ao meu toque descuidado e tirei de lá um vestido claro, com pequenas flores bordadas nas mangas e na barra. Ele ficou um pouco largo, e apesar do cheiro de guardado, ele estava bem mais conservado que os meus trapos. Só não troquei os sapatos, pois gostava dos meus.

Caminhei até a cômoda do tal quarto e procurei por algo para prender meu cabelo. Por fim, encontrei dentro da gaveta uma presilha metálica muito bonita em formato de borboleta. Meu cabelo cacheado estava na altura do ombro, e apesar do tamanho eu consegui prendê-lo, mesmo com um cacho que insistia em cair sobre meu rosto. Depois de me arrumar, não havia mais o que fazer então voltei ao andar de baixo e o aguardei.

Ele demorou um pouco e quando chegou fui correndo aguardá-lo na porta, pois queria lhe mostrar a roupa e por que estava curiosa quanto às compras que ele disse que faria, mas quando chegou, não o vi carregar nada mais que uma sacola de pano.

– Quer ajuda? – perguntei animada.

Ele por sua vez olhou pra mim e sem falar nada caminhou até a cozinha com a tal bolsa de onde começou a tirar um monte de coisas, como leite, pão, nozes e algumas frutas.

Eu não sabia o que fazer, então me virei e comecei a arrumar tudo na despensa da melhor maneira possível, até que eu o ouvi me chamar.

– Senhorita Lestrange!

– Sim?

– A presilha...

Droga será que ele ficou bravo? Talvez seja melhor me desculpar antes que ele a arranque junto com a minha cabeça.


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Notas finais do capítulo

Então gostaram?
Espero que sim, na verdade desde o ultimo cap. eu fiquei muito apreensiva, pois fiquei com medo de ter deixado o Snape meio gay... Mas agora me sinto melhor de volta a escrita, por que consegui explicar umas pontas que ficaram soltas.
Bom, espero que tenham gostado, até o próximo.
Bjox