A Lenda Dos Amuletos Dos Sonhos Livro I escrita por Nah


Capítulo 6
Capítulo 6 - Perdidos


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ^^



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[Solana]

Tem alguém vindo e não parece amigável. Não, com certeza não é nada amigável, eu conheço esses passos. – eu disse mais para mim mesma do que para Valentina, prestei mais atenção nos passos do cavalo para me certificar de que era ela mesma. – Droga! Definitivamente é ela! Valentina, não desgrude desse medalhão por nada e diga a seu pai que Lilith nos achou.

         –Quem?! – perguntou Valentina confusa.

         –Faça o que te pedi. Ande!

         Então peguei meu arco e o armei com uma flecha, tentei mirar em direção de onde os passos do cavalo apressado que vinha, antes de atirar senti Valentina atrás de mim sair correndo para casa. Mirei e atirei, mas o cavalo continuou vindo e já estava bem perto agora. Coloquei outra flecha no arco e atirei dando alguns passos para trás tentando acertar o alvo pelo som que fazia o cavalo.

         De repente parou, mas mesmo assim não baixei a guarda. Então uma faca veio em minha direção, depois outra e outra. Me desviava o mais rápido possível para não ser atingida, pois pelo que pude me relembra do último encontro que tivemos com Lilith ela usava adagas de arremesso com veneno. Quando as adagas pararam veio o ataque com sua espada que veio do nada, passando bem rente ao meu rosto. Nesse segundo fui com tudo para trás e pude ver com clareza seu rosto. Ela estava bem na minha frente, com sua cara calma e com um leve sorriso de canto de boca; sua pele era branca, olhos pretos e puxados, e cabelos negros e lisos que estava amarrado em um rabo de cavalo; usava uma túnica preta com a bainha da espada na cintura, calça e botas.

         Encarei-a e disse:

         –Não permitirei que faça nenhum mal a minha família...

         –Preciso do medalhão, então vamos poupar tempo. – me interrompeu ela.

         Então zunindo passou uma flecha indo na direção do seu rosto, mas antes que chegasse mais perto ela cortou-a no ar com sua espada. Ela era absurdamente rápida.

         –Olá, Norick. – disse ela com um sorriso sarcástico que tinha. – Estranhei que você não estivesse aqui também.

         Logo em seguida ele aparece de trás de uma árvore, com sua espada em punho e ficou ao meu lado.

         Lilith encarou mais um pouco e suspirou entediada:

         –Não tenho tempo a perder com vocês dois.

         Em seguida desferiu um golpe de cima para baixo em direção a Norick que bloqueou o golpe. Eu tentei ficar distante para acertá-la com minhas flechas, mas mesmo tendo a ótima mira que tenho ela desviava sem problemas e me atacava com suas adagas envenenadas, mesmo lutando com Norick. Desviei a tempo delas. Norick a atacava sem piedade, enquanto, inutilmente, eu tentava acertá-la com minhas flechas.

         Então quando ela o feriu gravemente, peguei meu punhal que andava comigo e fui para o ataque, mas mesmo assim não conseguíamos acertá-la. Lilith defendia-se e atacava muito rapidamente, foi então que vi Norick caído no chão, e isso foi o meu fim, pois quando me virei para olhá-lo senti um golpe em meu pescoço. Então a escuridão total...

[Ângela]

Valentina corria sem parar, assim como seu irmão.

         –Para onde estamos indo? – perguntei a ela.

         –Eu também não sei, mas precisamos nos afastar ao máximo de casa. – respondeu Valentina.

         –Não tenho um bom pressentimento. – falou Reiko. – Precisamos decidir um lugar para irmos.

         –Eu sei, mas onde? – questionou Valentina.

         –Boa pergunta. Por enquanto vamos ter que ficar correndo. – disse ele.

         Ficamos em silêncio por um tempo, sem parar de correr. De repente Reiko e Valentina, simultaneamente, olharam para trás assustados, quando eu ia me virando para ver o que era o cavalo onde eu e Valentina estávamos soltou um grito e então ele caiu. Ao que parecia o nosso cavalo tinha sido acertado por alguma coisa. Eu e Valentina caímos com tudo e Reiko parou imediatamente descendo do seu cavalo.

         Por cima da minha cabeça eu ouvi zumbidos passando. Mas o que era? Valentina me ajudou a levantar, então uma figura escura e miúda em cima de um cavalo negro apareceu diante de nós. Era sem dúvida uma mulher, ela desceu do cavalo. Ela era uma mulher muito branca, de olhos negros, seus cabelos eram pretos, lisos e estavam amarrados num rabo de cavalo. Também pude reparar que seus traços eram de uma mulher oriental, mais precisamente japonesa.

         –Finalmente encontrei vocês. – disse ela e com isso lançou varias adagas de sua mão.

         Valentina me empurrou para o lado, quase me fazendo tropeçar e cair. Reiko empunhou sua espada e foi para o ataque contra aquela misteriosa mulher, ela defendeu seus golpes muito facilmente e era rápida demais. Então ela desarmou Reiko e o fez de refém segurando suas mãos nas costas e apontando sua espada negra contra o pescoço dele.

         –Agora diga, garoto. – disse ela com muita calma. – Eu sei que vocês estão com uma espécie de medalhão. Onde ele está?

         –Eu não sei do que esta falando... AI! – gritou ele quando ela fez um pequeno corte em sua garganta. Valentina estava paralisada ao meu lado, de nada podíamos fazer para ajudá-lo e ficar vendo aquela situação era horrível.

         –Sabe sim e vocês duas também. – disse ela agora se dirigindo para nós duas. – Onde está o medalhão? Eu sei que estão com vocês, se não me contarem eu corto a cabeça do garotinho aqui.

         Valentina ficou ainda mais em choque.

         –Por favor, não faça isso! – proferiu Valentina em um ato de suplica.

         –Então vamos logo garota, não tenho todo o tempo do mundo. Entregue-me o medalhão e eu o deixo vivo.

         Eu tinha que fazer alguma coisa, Valentina estava sem reação nenhuma ao meu lado e Reiko tinha sido capturado. Eu tinha milésimos de segundo para pensar em alguma coisa para podermos sair dessa situação, mas não via uma solução boa.

         Essa mulher parecia ser muito forte e talvez não conseguiríamos vencê-la. Então tomei a medida mais desesperada, eu tinha um arco nas minhas costas que Solana havia me dado, sem pensar duas vezes peguei uma flecha e atirei contra a mulher. Infelizmente ela desviou a tempo, nesse instante Reiko tentou empurrá-la para poder escapar e Valentina, vendo que seu irmão tinha uma chance de fugir, gritou palavras totalmente estranhas aos meus ouvidos. De repente vi uma explosão de fogo que me fez cair para trás, vi Reiko caído não muito longe, olhei Valentina para ver onde ela estava, se ela havia caído ou não. Quando olhei para cima pude ver que o fogo que tinha surgido do nada estava saindo das mãos de Valentina.

         –Pegue Reiko! Rápido! – gritou ela no meio daquela confusão. Olhei para os lados para ver se eu via a mulher oriental, mas ela havia sumido atrás de uma parede de fogo.

         Corri para pegar Reiko que estava caído no chão.

         –Consegue andar? – perguntei a ele.

         –Sim... – respondeu com um pouco de esforço, ele tinha machucado o pé.

         –Vamos sair daqui! – gritou Valentina pegando a bolsa que continha os livros e pergaminhos no chão e botando nas costas.

         Valentina correu, eu e Reiko fomos seguindo-a.

         –E os cavalos? – perguntou Reiko a sua irmã.

         –Esqueça! Temos que sair daqui...

         Antes dela completar a frase uma adaga passou zumbindo perto de nós, uma não, várias.

         –Corram! – gritou Valentina.

         O fogo que ela havia feito começava a se espalhar pela floresta rapidamente, mas mesmo assim a mulher ainda estava atrás de nós. Eu estava ainda mais confusa com tudo aquilo que estava acontecendo e com medo daquela misteriosa mulher que estava atrás do medalhão. Mas o que será o mistério desse medalhão? Será o valor? Ou ele tem algum poder?

         Senti mais de suas adagas passando, parece que ela não queria arriscar passar pelo fogo. Continuamos fugindo quando de repente ela apareceu desferindo um golpe de espada em Valentina. Esta caiu, fazendo a bolsa que estava em suas costas voar um pouco para longe, ela queria proteger os livros.

         –Peguem a bolsa rápido! E vão! – gritou Valentina.

         –Não vamos deixá-la! – respondemos, mas antes que pendêssemos falar qualquer coisa a mulher falou:

         –Onde está o medalhão, pirralha!?

         Novamente Valentina proferiu aquelas palavras estranhas de antes e muito mais fogo surgiu de suas mãos. A mulher saiu do meu campo de visão e Valentina veio correndo, e mancando, em direção a bolsa. Assim que colocou a bolsa nas costas se voltou ao incêndio e ateou ainda mais fogo.

         –Vamos. – disse ela e então a seguimos

         As únicas fontes de luz naquela floresta eram as luas e o incêndio que Valentina havia provocado, mas mesmo assim enquanto corríamos não vimos a ribanceira que estava bem na nossa frente. Caímos com tudo na ladeira íngreme, parecia uma eternidade ficar rolando daquele jeito. O solo firme demorou a chegar e quando chegamos não conseguíamos se mexer direito.

         –Vocês estão bem? – perguntou Valentina vindo na minha direção. Olhei para o lado e vi Reiko caído, mas consciente.

         Levantei-me com dificuldade.

         –Sim... estou bem. – respondi.

         –Onde estamos? – perguntou Reiko olhando para os lados.

         –Não sei, mas é melhor continuar andando, mesmo sem saber onde estamos – respondeu ela – Aquela mulher não vai parar de nos perseguir.

         Continuamos andando pela aquela floresta escura e sem rumo nenhum, não havia nenhum sinal da perseguidora. Andamos a noite inteira, mas uma hora não aguentamos a exaustão e paramos para descansar. Valentina cuidou do seu machucado e o de seu irmão, eu estava bem apenas com alguns arranhões.

         –Como fez aquilo? – perguntei a Valentina assim que Reiko desmaiou no sono.

         –Aquilo o quê?

         –De soltar fogo com as mãos. Foi incrível!

         –Ah, isso. – disse ela sorrindo. – É uma magia que aprendi com a minha mãe, mas saiu melhor que o esperado.

         –Você nos salvou. Obrigada. – agradeci.

         –Ora Ângela, não precisa agradecer vocês fariam a mesma coisa.

         Fiquei realmente impressionada com a magia que Valentina fez, eu queria aprender magia também, aquele mundo era extraordinário. Fui dormir logo depois, mas sem conseguir relaxar direito, pois não conseguia parar de pensar que a qualquer momento poderíamos ser atacados.

         A noite foi se tornando cada vez mais fria, senti algo gelado tocar meu rosto durante o sono, quando abri os olhos vi uma massa densa e branca dos lados. Neve! Estava nevando e ficava cada vez mais forte.

         Fomos forçados a procurar um abrigo no meio da noite, caminhamos por algum tempo até que encontramos uma pequena gruta e ali passamos a noite.

         Quando acordei só via o branco da neve. Era incrível a linda paisagem que a neve havia criado, eu nunca tinha visto neve na vida, mas o frio me incomodava já que eu não estava com roupa de inverno, só estava com um vestido leve.

         Valentina decidiu que precisávamos prosseguir até o vilarejo mais próximo, lá poderíamos descansar melhor. Começamos então a procurar, Valentina liderava na frente, tínhamos dificuldade em andar na neve e a nevasca ficava pior a cada momento. Não tínhamos nenhuma comida e a fome começava a aparecer, junto com o frio intenso, mas não havia outra opção tínhamos que procurar um lugar para comer e dormir.

         –Mesmo que achemos um vilarejo por aqui será inútil... – pensou alto Valentina enquanto andávamos. Estava ficando escuro e nós preocupados, mais ainda estavam eles, pois conheciam os perigos que habitavam as florestas daquele mundo e estávamos completamente vulneráveis.

         –Como assim, Valentina? – perguntou seu irmão. – Por que seria inútil?

         –Precisamos comer e um lugar para dormir e não temos nenhum dinheiro. – respondeu ela.

         –Tem razão. – concordou Reiko. – Precisamos achar outro lugar para passar a noite, já está escurecendo e será perigoso se continuarmos hoje. A nevasca está pior e não conseguimos ver para onde estamos indo.

         –Isso. Vamos procurar um lugar.

         No dia seguinte a neve havia dado uma trégua e Reiko saiu da pequena caverna que estávamos e resolveu caçar, eu e Valentina tentávamos achar frutas em bom estado e água, mas o rio que tinha ali perto estava congelado. Quebramos o gelo e pegamos a água do rio, estava extremamente fria.

         Reiko fez o fogo com algum tipo de perdra e casca de tronco de árvore e comemos.

         Continuamos seguindo viajem sem rumo, decidimos que mesmo sem dinheiro iríamos achar uma vila para ficarmos. Via na expressão de Reiko e Valentina a preocupação com seus pais, eu não podia fazer nada para acalmá-los porque não queria tocar no assunto e deixá-los ainda mais tristes. A única coisa que podia fazer no momento era rezar para eles ainda estivessem vivos.

         Andamos por longos dias a pé, estávamos exaustos, a neve começava a incomodar muito porque era muito difícil de se enxergar. E assim continuamos...


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler.
Mereço review? ^^
Bjss