O treino havia acabado há alguns minutos, ele estava apoiado dentro de um boxe do banheiro masculino, com apenas uma toalha enrolada no corpo molhado, ele estava pensando.

Ela não sabia ao certo o que estava fazendo, ou de onde viera àquela coragem para fazer, mas ali estava ela.

Abrindo a porta do boxe onde ele estava e trancando a porta atrás de si.

Ele se virou e não pareceu nem um pouco surpreso por vê-la lá.

Mas ela não olhava para o rosto dele, e sim para as partes do corpo dele que estavam à mostra.

Não havia malicia, ou nada do tipo.

Ela apenas fitava com um aperto no coração as varias manchas, roxas esverdeadas que se espalhavam pelo tórax dele. No dia anterior elas ainda não eram visíveis.

Ela havia usado a desculpa da briga no dia passado para justificar a costela quebrada para a mãe, quando ambos sabiam que naquela briga ele havia recebido apenas um murro.

Ela ainda usava o ridículo collant da aula de balé e uma calça jeans e sem se importar se aproximou dele, levou uma mão até o pescoço dele agarrando-lhe os cabelos molhados e encostando a testa na dele.

Não havia palavras para descrever aquele momento.

Ela beijou-lhe o pescoço, o maxilar, a clavícula.

Foi descendo os beijos lentamente até encontrar cada um dos machucados e beijá-los.

- Não... Ele murmurou fechando os olhos e colocando uma mão nos cabelos dela, mas ela não parou, recobriu cada mancha com um beijo, recobriu as evidencias do abuso que ele sofria em casa, e que ninguém a não ser ela notara, com amor.

Era meio ridículo, entretanto ela achava aquilo necessário.

Para cada soco, murro, pontapé, um beijo.

Ele não protestou mais, e quando ela fitou lhe o rosto não podia distinguir as lagrimas das gotas de água do banho, mas podia ver os olhos e lábios contraídos, o peito arfante tentando conter gemidos e soluços.

Com todo cuidado necessário ela o abraçou, ele retribuiu o abraço.

E logo os lábios deles estavam grudados, beijos sedentos, viciantes, tão, tão deles.

Logo as mãos buscavam por algo, buscavam por ela.

A toalha branca estava caída no piso molhado, e ela o tocava.

Gemidos de dor foram esquecidos, os lábios contraídos agora tentavam calar os gemidos de prazer que ela lhe proporcionava.

Não importava se aquilo era errado, eles já haviam feito tantas vezes, eles apenas sentiam e aproveitavam um ao outro.

Ela se ajoelhou lentamente, e tomou-lhe o membro nos lábios.

Ele soltou o ar de seus pulmões.

Aquilo era tão bom.

Ele estremeceu.

E a puxou para cima.

Eles não se beijariam mais, não faziam isso depois de terem feito com a boca, era nojento.

Mas desceu os lábios até o pescoço dela e a puxou para se.

-Urgh...

Ele gemeu de dor.

Eles se separaram um pouco.

O ultimo sinal tocou.

- Tenho que ir... Ela disse beijando-lhe atrás da orelha.

 E se foi.

Às vezes ela pensava que deveria se sentir mal, se sentir suja, por fazer aquilo, mas não.

Ele era o seu escape, ela o dele.

Não parecia ser tão errado assim.