Deitada em sua cama, ela não conseguia dormir.

Ainda era cedo, apenas 20h15min.

Mas ela não queria sair do quarto, se sentia triste, fora de orbita.

Não queria se importar, não queria pensar nele. Entretanto não conseguia. Estava inquieta e com um mau pressentimento.

Eles sabiam o que ia acontecer.

21: 07 ela recebeu uma mensagem no celular.

Era apenas um endereço, e mesmo não tendo o numero armazenado ela sabia de quem era.

Sem pensar duas vezes, jogou o celular no chão fazendo este se abrir e a bateria ir parar do outro lado do quarto pequeno.

Ela não iria. Ainda estava com raiva, e deitou se em sua cama mais uma vez.

Ela tinha que parar com isso, é claro que tinha, apenas não conseguia. Estava viciada nele...

As 22: 30 ouviu alguém lhe chamar no andar de baixo, decidiu fingir que dormia.

Alguns minutos depois alguém abriu a porta do seu quarto.

- O que você esta fazendo aqui? Ela perguntou sentando na cama e fitando aquele que ela estava tentando esquecer.

 Ele olhou para o celular despedaçado no chão e fechou a porta deixando os dois serem engolidos pelo escuro.

Um, dois, três passos.

Ele estava muito perto dela.

E ela já respirava com dificuldade.

Sentiu os lábios frios dele nos seus, soltou a respiração que nem notara que segurava e lá estavam eles, matando o vicio. Um do outro.

Os beijos eram fortes, firmes, exigentes. As mãos passeavam e buscavam pelo contato com a pele.

Ele a puxou para se, a fazendo subir em seu colo uma perna em cada lado de seu corpo.

Ela gemeu com o ardor que prevalecia entre eles.

Suas mãos passearam pelos ombros dele, tão conhecidos, e quando ela passou as mãos por seu abdômen ele gemeu, de dor.

Imediatamente ela parou.

Afastou-se dele e acendeu a luz do quarto, fazendo com que seus olhos doessem.

Ela o fitou.

Havia mais um machucado em seu rosto pálido.

Ela se aproximou lentamente e se abaixou de forma a ficar de joelhos na frente dele, que ainda permanecia sentado na cama.

- Não... Ele pediu quando ela levou as mãos até a camisa dele e tentou levantá-la.

-Por favor... ela sussurrou e ele atendeu.

Ela levantou a camiseta púrpura devagar, até vislumbrar outro machucado em uma das costelas, passou os dedos por ali lentamente, sentindo-o estremecer com o toque.

- Pode estar quebrada...

Ela disse baixinho olhando para o rosto dele que estava com os olhos fechados e lábios contraídos. Ela se levantou, pousou os lábios nos deles apenas mais uma vez, apenas uma caricia. E saiu do quarto.

Ele a ouviu chamar pela mãe e logo as duas estavam paradas na frente dele.

- Realmente não é preciso.

Ele disse ficando em pé.

- Claro que é esse idiota entrou em uma briga hoje e não deixou ser examinado, sua costela pode estar quebrada! Ela disse firmemente olhando para a mãe que de pronto o examinou e constatou que algo estava errado na costela.

Depois de alguns minutos de discussão baixa ela o convenceu a deixar sua mãe lhe levar ao hospital, onde uma luxação foi detectada.

Eles não falaram praticamente nada no caminho e quando ele chamou um taxi para ir para casa, ela o acompanhou cabisbaixa.

Ele entrou no taxi, e com um olhar diferente dos que ele costumava dar, sem aquele ar frio e indiferente ele partiu.

Ela não dormiu aquela noite.