Enquanto o Grande Mestre não descobrir escrita por Myu Kamimura, Madame Chanel, Secret Gemini


Capítulo 5
V. Travoltear! (Parte I)


Notas iniciais do capítulo

Finalmente a tão esperada festa...
(inspiração zero para sinopse)




PS: leiam as notas finais



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#Saga’s POV#


Ao sair do Salão do Grande Mestre, fui obrigado a percorrer a trilha das Doze Casas, pois o anormal do meu irmão não conhecia a rota alternativa. Isso acabou me custando tempo, pois Afrodite me chamou para fazer as unhas, Camus me cobrou um livro de Julio Verne emprestado há quase seis meses, Shura e Aiolos estavam jogando truco, mas sabiam da verdade e apenas zombaram de minhas vestimentas, Milo ficou me contando um capítulo de uma rádio novela, Shaka me convidou para tomar Chai*, Máscara da Morte para caçar coelhos, Aldebaran me serviu um pouco de moqueca de peixe, prato típico de sua terra, e Mu me mostrou as fotos de sua última viagem aos Cinco Picos de Rozan, aonde visitou o ancião Dohko de Libra:

–Por Atena! Não me bastasse perder tempo descendo pelo Zodíaco Dourado, ainda tenho que fazer cera, pois meu irmão é mais popular que a Donna Summer em discoteca!

Corria até o Carlo. Fedra havia ficado de me buscar na Cantina às 5 da tarde. Já era quase 4hrs quando a avistei a “Il Palazzio” e ouvi uma música alta vindo de lá:

–Não é possível clientes à uma hora dessas!

Pensei alto, mas quando me aproximei, percebi que apenas se tratava de Carlo fazendo a limpeza do salão e cantando:

Datemi un martello. Che cosa ne vuoi fare? Lo voglio dare in testa a chi non mi va, sì sì sì. A quella smorfiosa con gli occhi dipinti che tutti quanti fan ballare lasciandomi a guardare. Che rabbia mi fa! Che rabbia mi fa! Tchuru Tchuran Tchuru Tchuran... (Me dê um martelo. O que você vai fazer? Quero batê-lo na cabeça de quem não gosto, sim sim sim. Daquela dengosa com os olhos pintados que todos os fãs de dança deixando-me a olhar. Que raiva me dá! Que raiva me dá!) – cantava e dançava, usando o esfregão como parceira.

–Por Athena, Carlo! Olha o escândalo... E twist? Cara... Twist já era!

Per Minerva, Kanon! – exclamou, apoiando o esfregão no canto e limpando as mãos no avental – Não disse que não viria hoje?!

–Carlito, até você me confundindo?! Sou eu, Saga...

Ma io não sou obrigado a saber! Ainda mais com você vestido como aquele stupido! E o senhor não estava comandando o Santuário, hm?

–Carlo... Eu tô apaixonado, cara! Não consigo parar de pensar na Fedra... Meu coração está preso em um dilema do tamanho do Oceano Atlântico... Por um lado quero proteger Athena e o Santuário, mas... Pelo outro, apenas quero estar ao lado de Fedra. Sentir seu cheiro, o sabor de sua boca, o calor do seu corpo...

Che romântico! Ma camminare! (Que romântico! Mas ande!) – disse, batendo palmas, como se estivesse me apressando – Que io saiba la signorina virá buscar as comidas e você para a festa daqui a pouco.

–Tem razão, Carlo! Vou lá me arrumar...

Aspetta un minuto, Saga (espera um pouco, Saga) – disse, retirando uma chave do bolso do avental. – Vai lá no fundo e usa meu quarto. Tem mais espaço que o banheiro da Cantina, sem contar que pode tomar uma ducha, se pentear, perfumar e tutto il resto ( e tudo mais). – deu uma piscada – só não vá usar minha colônia.

–Poxa, valeu mesmo, Carlo! – agradeci, pegando a chave e partindo para o aposento dos fundos. – e fica tranquilo que eu trouxe o meu perfume!

No quarto, tomei uma ducha rápida e me arrumei sem muita pressa. Sabia que, provavelmente, Fedra chegaria atrasada. Na certa iria ao salão de beleza, levaria as inseparáveis amigas junto e Aiolos já tinha me contado a fama de “noiva” de Sofia:

É... Sem pressa... Com certeza ela vai demorar – pensava, conforme descia o pente em meus cabelos azuis.


#Fedra POV’s#


–Quem teve a brilhante ideia de virmos até esse salão?

Eu reclamava, quase que arrancando aqueles enormes bobs cor-de-rosa da minha cabeça, sem contar aquele gigantesco e quente capacete que ajudava a fazer o formato dos cachos. De fato, eu não suportava a presença da equipe que faz a limpeza e decoração de minha casa sempre que resolvo dar uma festa. Deixo esse cargo para Agnes. Além de ser a mais paciente de nós, formou-se na escola de beleza, portanto sabia se arrumar sozinha. Geralmente, também fazia o meu cabelo e o de Sofia, porém naquela sexta-feira eu queria estar mais do que perfeita:

–A ideia nasceu dessa sua cabecinha mal penteada, Fedra... – rebateu Sofia, também com a cabeça debaixo do secador e bobs mais finos dos que eu usava. Além disso, uma moça de cabelos curtos e negros fazia suas unhas – Você que disse que precisava de equipamentos que a Agui não possuía!

–E porque não me impediu? Combinei de buscar Saga às 5hrs lá na cantina!

–E o Aiolos e o Espanhol?

–Segundo o Quadradão, disseram que iriam de táxi... Acham que 5hrs da tarde é muito cedo.

–Ah claro... Bom, não sei se você vai querer, mas o jeito é buscarmos o Saga agora e terminamos de nos arrumar em casa.

–AH, MAS EU NÃO VOU DEIXAR QUE ELE ME VEJA DE BOBS E SEM MAQUIAGEM NEM A PAU!

–Talvez só quando casar né? – riu.

–É... Pode ser que-... EEEEEEEEEEEEEEEI!

Atirei-lhe uma revista que estava na mesinha ao meu lado direito. Por sorte, ouvi um alarme vindo daquela coisa espacial sobre minha cabeça. Aparentemente, o penteado havia ficado pronto. Uma das cabeleireiras veio me tirar de lá e soltar os bobs, deixando as ondas mais definidas e meu rosto com um ar fatal, quase me fazendo sentir uma das “Charlie’s Angels”. O secador onde a loira de Aiolos estava também apitou e foi no exato momento em que ela havia terminado de pintar as unhas. Estava feliz, pois era a primeira vez que ela não se atrasava. Porém...:

–Ai fofa... Sabe que não gostei desses cachos... – indagou a loira, vendo seu penteado finalizado – Acho que vou querer mesmo o liso com o coque. Dá para fazer?

–Claro, Sofia... – respondeu a cabeleireira, pegando um pente e começando a desfazer os cachos.

–AH NÃO, SOFI!!! EU VOU LÁ BUSCAR O SAGA E VOCÊ VOLTA DE TAXI PARA CASA, FALOU?

–Mas só tenho dinheiro pro salão, Fedrinha... – fez bico.

–Ai, às vezes sinto vontade de apelar para a violência com você – disse, acendendo um cigarro e tirando algumas notas da carteira – Acha que 30 dá?

–E sobra, gatinha! – disse, tomando o cigarro da minha boca, dando um trago e devolvendo-o – Vai lá que seu Garotão de cabelos azuis deve estar louco de tanto esperar.

Paguei a conta do salão e saí. Amarrei um lenço branco para que o cabelo não bagunçasse com o vento – apesar de que isso não seria feito tão facilmente graças à quantidade de laquê usada – coloquei meus óculos escuros e entrei no carro. Anúbis havia ficado nele, como segurança e também porque animais não podiam entrar no comércio. Ajustei o retrovisor, saquei meu batom vermelho da bolsa e finalmente dei a partida. A cantina não era longe, mas eu já estava mais do que atrasada. Dirigi feito louca até as colinas e, quando estacionei na porta da Il Palazzo, Saga já me esperava divino dentro de um smoking.Achava que era impossível dele ficar mais bonito:

–Querido, esconda-se! – disse, sorrindo ao sair do carro.

–Por quê?

–Porque sua beleza é uma afronta aos deuses.

–Mas eu tenho proteção divina, chuchu! – sorriu e jogou os cabelos, vindo me abraçar

–Não dá uma de bacana, coração!

–Ma ele está falando sério, Fedra. – intrometeu-se Carlo, o dono da cantina.


#Saga’s POV#


Às vezes o Carlo não mede as palavras. Ameacei-o cosmicamente e depois continuei sorrindo:

–Ele diz isso porque meus pais eram aqueles gregos fanáticos que veneravam Athena e tudo mais...

Ahm entendo... Eu também tinha um avô assim.

Bene! – furou a conversa novamente o italiano – Não me levem a mal, ma io tenho que abrir a cantina e vocês tem uma festa, giusto?

Giusto, Carlo... – respondeu a morena – Mas aonde estão Aiolos, Shura e o Chinfra?

–Aiolos e Shura estão descansando nos fundos... – respondi – Trabalhamos duro na hora do almoço para o Carlo nos dar essa folga. E meu irmão está em nossa... Casa. Logo mais chega aqui.

–Ah claro! Bom, mas vamos logo, eu ainda tenho que terminar de me arrumar.

Com a ajuda de Carlo, coloquei os comes para a festa no bagageiro e no banco de trás do carro. O italiano ficou meio apreensivo com Anúbis, com medo de que o cão acabasse com os quitutes que ele produziu com tanto esmero, mas Fedra logo o tranqüilizou, afirmando que seu amigo peludo era muito educado:

–Além do mais, ele não come nada além de ração e biscoitos caninos. – disse ela, levando a mão direita até os óculos escuros, mas desistiu de tirá-los e apenas sorriu, direcionando a mão até a bolsa e pegando outro cigarro – Vamos logo, Saga! Ainda tenho que me maquiar...

–Ah! Então esses óculos são para esconder seu rosto sem maquiagem... – ri, indo para o lado dela – Sabe que eu poderia tirá-lo, né?

–Mas não se atreverá a isso... Eu posso ser bem mais fraca que você, mas estou com um cigarro aceso nas mãos e sei muito bem como usá-lo.

–Ixi! Relax, chuchu! Relax! – ri, dando a volta e abrindo a porta do carro para ela – Vamos logo que daqui a pouco o Carlo vai abrir para o jantar.

Seguimos o caminho até a casa de Fedra, aonde ela prontamente me obrigou a por toda a comida na cozinha para que tudo fosse organizado. Percebi que, fora os empregados, não havia mais ninguém na casa. Instantaneamente pensei em aproveitar melhor aquele momento com ela. Rapidamente tirei tudo do carro... Tá... Usei um pouco da velocidade da luz sob os olhos confusos de Anúbis, e logo subi as escadas indo até o quarto dela. Bati duas vezes na porta:
–ESPERA! – Gritou Fedra de dentro do quarto.
Ouvi uns barulhos lá dentro e fiquei rindo, mas parei assim que ela abriu a porta e a vi usando um robe de seda verde musgo, lingerie preta por baixo, chinelos e nada mais. Fiquei boquiaberto por alguns segundos vendo-a deixar a porta aberta e sair andando:
–O que foi, Quadradão? – Perguntou a morena rindo, enquanto sentava em sua penteadeira e continuava a se maquiar. – Vai ficar ai parado o resto da vida? HAHAHAH

–Não esperava você seminua na porta, só isso – Disse após encostar a porta, sentando logo na cama da morena.
Fedra me olhou de relance e sorriu, conhecia aquela cara de mal intencionada, pisquei e fiquei observando o seu quarto, desorganizado, mas tudo parecia com ela; a mobília antiga, as fotos, os pôsteres... Tudo parecia se conectar de alguma forma. Alguns minutos depois ela terminou de se maquiar, já tinha colocado um par de brincos compridos e caminhava até uma cômoda que tinha um enorme porta-jóias. Parecia procurar alguma coisa, estava tão distraída que não percebeu que o seu robe estava aberto, fiquei olhando como um babaca hipnotizado pra ela, até que ela me acordou do transe:
–Saga?! SAGAAAA!! – Gritou ela, me dando um susto – O que foi? Vem aqui prender minha pulseira.
–Tá, to indo – Disse ainda meio desnorteado caminhando até ela e fechando a tal pulseira.
–Valeu, gato! – Respondeu, se sentando em uma mesinha de estudos que tinha ao lado da cômoda – Você vai destruir todos os corações dessa festa com toda essa beleza!
Não respondi. Apenas sorri, a puxei pelos cabelos e a beijei, abrindo suas pernas com os joelhos.


#Fedra’s POV#


Estava provocando Saga desde que ele entrou no meu quarto. Sabia que, sendo ele um quadrado, iria resistir o máximo que pudesse, porém não esperava que, na primeira oportunidade, já estivesse ali: me agarrando, me tocando, me enlouquecendo! Tirei seu blazer, atirei-o longe e comecei a abrir sua camisa. Estávamos nos pegando loucamente, quando ouvi vozes no corredor. Amaldiçoei psicologicamente as meninas por terem chegado tão rápido, mas pensei que fossem enrolar um pouco conversando sobre a festa, até que a porta foi aberta com tanta violência que uma brisa invadiu o quarto:
–AMIGA! CHEGAMOS! VOCÊ TEM QUE VER O CABELO DA AGUI! TÁ SENSACIONAAAL!!!

Soltei-me do Saga juntando todas as minhas forças, mas já era tarde demais:

–Por Zeus... – murmurou Sofia, com os olhos arregalados e as bochechas coradas – Ai Fedra... Me desc-...

–POR ZEUS?! DENDECA, POR AFRODITE, EROS OU BACO ISSO SIM! – interrompeu Agnes, escandalosa e espalhafatosa como sempre – Eu saio para comprar cigarros e buscar meu vestido na tinturaria, deixo as crianças sozinhas por 5 minutos e elas já resolvem brincar de fazer neném? Se bem que a Fedrinha tá precisando mesm-... AIIIII! POR QUE FEZ ISSO?!

Obvio que não ia deixar que ela terminasse a frase. Atirei-lhe um de meus chinelos e fiquei rindo, mas isso não foi o suficiente. Ela continuou a matraquear:

–Não sei por que tanto pudor! Se bem que o Quadradão demorou também, né? Aposto que, invés de mandar brasa logo, ficou foi de xameguinho bobo!

–AAH SAIAM LOGO DAQUI! – me irritei finalmente – ANDA! AZULEM! Preciso terminar de me arrumar e vocês estão atrapalhando!

–Ai! Calma, coração... – disse Sofia. – Eu também vou sair, quero me vestir...

–E lá vamos nós para mais 3 horas de arrumação... – brincou Agnes, seguindo a garota de Aiolos.

–Hey, antes de vocês saírem... – chamei – Agui, já que você demora menos para se arrumar, pode emprestar seu quarto pro Saga se ajeitar?

–Claro, chapa... Vem comigo, Quadradão, vamos ajeitar o estrago que a dona Fedra te fez.

E saiu correndo, antes que eu pudesse atirar qualquer coisa nela. Soltei todos os nomes feios que conhecia e me levantei para fechar a porta, mas antes que o fizesse, Anúbis entrou correndo e pulou em minha cama:

–Me perdoa, bebê. Quase te esqueci para fora... Mas você sabe que eu adoro um embalo né?

Ele deu um duplo latido. Eu sorri e me dirigi ao closet. Havia encomendado um vestido preto alguns meses atrás. Apenas aguardava a oportunidade de usá-lo e parece que ela finalmente havia chego. Deslizei-o sobre meu corpo, calcei um sapato de salto alto, destranquei a porta e fiquei sentada em frente à penteadeira. Sabia que Sofia ia demorar a se arrumar, mas logo Agnes e Saga bateriam em minha porta. Como imaginado, 30 minutos depois:

–Fedra? – indagou Saga, batendo na porta – Podemos entrar?

–Sim...

Entraram. Agnes já havia colocado o vestido que comprou para a festa. Apesar de vermelho, era até que discreto vindo dela:

–Bom Fedra, o pessoal que contratamos para organizar a festa já deixou tudo pronto. Daqui a pouco os convidados chegam... Acho melhor ficarmos lá embaixo.

–O DJ já está aí?

–Já e como as pick-ups no ponto...

–Então vamos travoltear, chapas!

Descemos as escadas, rumo ao salão da piscina, que estava todo decorado com luzes coloridas, faixas de tecido prata e preto, alguns discos de vinil falsos e estrelas prateadas penduradas. A área da churrasqueira foi transformada em uma pista de dança com chão quadriculado e um enorme globo de espelho pendurado no teto. Havia algumas poucas mesas espalhadas pelos cantos do jardim, forradas com toalhas pretas cravejadas de pedras brilhantes:

–Ficou um luxo, Agui! – elogiei, acendendo um cigarro – Arrasou como sempre. Agora vamos aguardar os convidados chegarem e a Sofia finalmente decidir que roupa vestir.


#POV’s Shura#


Ridin' down the highway, goin' to a show. Stop in all the byways playin' rock 'n' roll (Dirigindo rodovia a baixo, indo para um show. Paro no acostamento para tocar rock ‘n’ roll).

Eu descia as escadarias rumo a Sagitário cantando. Os deuses estavam sorrindo para nós, já que tiraram o Grande Mestre e seu subcomandante, o senhor Ares, do Santuário, deixando-o no comando de ninguém menos que Saga, porém apenas Aiolos e eu sabíamos que quem estava sentando no trono era Kanon. Provavelmente o cavaleiro de Gêmeos já estava na casa da Fedra:

–É... Como nós sempre suspeitávamos, o que faltava para entreter o Saga era uma bela tetéia!

Cheguei a Sagitário e gritei por Aiolos. Alguns segundos de silêncio pairaram até que escutei sua voz:

–Chega aqui no quarto, Shura... Só estou terminando de me pentear.

–Ta bem!

Respondi e fui andando super animado, o embalo seria de matar. Usava calças boca de sino preta e uma camisa vermelha sobreposta com um colete da mesma cor, um look total “Saturday Night Fever”. Quando entro no quarto, vejo Aiolos com roupa berrante: calça boca de sino lilás, camisa de cetim roxa, blazer branco, correntes, um cinto da cor do blazer com uma fivela dourada enorme e a tradicional faixa vermelha nos cabelos:

BICHO! Cê não tá pensando em ir assim né? – perguntei, abismado com tamanha breguice.

Qualé o pó? Já sei... A faixa vermelha... Devia por uma roxa, né?

–NÃO CARA! Nada combina com nada! Por Atena, tá muito cafona! Não dá pra você usar uma coisa tipo, branco e preto? Discreta, sabe...

–Bom, tem um terno branco que comprei outro dia... Vou vestir ele então.

Entrou atrás do biombo e tirou um terno coberto com uma capa preta do guarda-roupa. Não olhei a roupa com atenção, apenas quando ele saiu de trás do biombo usando camisa preta e um terno branco... Cravejado de brilhantes:

–Você realmente não sabe o que significa discrição, né? Vai... Vamos logo ou vamos nos atrasar!

–Beleza... Só deixa passar um perfume e... – correu até a mesinha, passou um pouco de colônia e amarrou a bendita faixa vermelha na testa – Pronto. A gente vai de táxi, né?

–PFT... Para quê gastarmos o pouco que temos com um táxi se nos movemos à velocidade da luz?! Use a cuca, seu goiaba.

–Ah é...

Saímos os dois correndo pelo Santuário. Teríamos passado despercebidos até pelas ruas se não fosse o terno brilhante do sagitariano, que o fazia parecer um cometa correndo pela Avenida. Por sorte, ninguém soube ao certo o que era. Paramos de correr próximo a casa de Fedra, aonde demos uma ultima ajeitada em nossas roupas e cabelos e tocamos a campanhinha. Um rapaz usando uniforme com o brasão da família de Fedra abriu o portão:

–Sejam bem-vindos. – saudou-nos o rapaz. – Querem que eu guarde...

Corta essa, bicho! – indagou o sagitariano, empurrando sutilmente o recepcionista e entrando na casa – A gente é VIP, irmãozinho... AÊ FEDRINHA! OS TREMENDÕES ESTÃO NA ÁREA!!


#Saga’s POV#


Alguns gatos pingados iam chegando à festa. Logo, os garçons começaram a servir bebidas e alguns canapés. Fedra, animadíssima e já com um copo de cerveja nas mãos, me puxava de um lado para o outro, me apresentando a todos seus amigos. De repente, um grito chamou nossa atenção:

– AÊ FEDRINHA! OS TREMENDÕES ESTÃO NA ÁREA!!

Era Aiolos, que chegava acompanhado de Shura. O espanhol estava discreto, tão discreto que, a velocidade da luz, roubou uma rosa do jardim de Fedra e a deu para Agnes, que foi serelepe recepcionar seu xaveco. Agora Aiolos... Se este tivesse um cabelo Afro poderia facilmente ser um integrante dos The Jackson’s:

–Por Hera, Aiolos – recepcionou-o Fedra, com um tapa na cara – Não podia ser menos cafona?

–Ah, Fedrinha... Estou extremamente elegante. – sorriu, sacando um copo de Whisky da bandeja de um garçom que passava despreocupado por nós. Com o susto, quase que o rapaz cai na piscina, mas foi apartado por Shura antes – Mas está faltando tetéias aqui... Cadê minha Sofia?

–Como se você não soubesse, chapa! – interrompeu Agnes, grudada no braço de Shura – Se arrumando! Aquela lá nunca fica pronta na hora. Mas, enquanto ela não vem, te alugo um braço...

O sagitariano grudou no braço da loira e encontrou a cara de reprovação de Shura, que logo foi mudada quando a morena continuou as apresentações. Elas estavam tediosas, até que um trio de garotas se aproximou de Fedra:

–Por todos os deuses do Olimpo! Meus olhos não creem no que estão vendo... – uma das garotas, um pouco mais alta que minha morena, longos cabelos negros cacheados presos no alto da cabeça, um bronzeado impecável, curvas voluptuosas, olhos cor de avelã e boca carnuda, trajando um longo vestido laranja e braceletes prateados indagou – A irredutível Fedra Bataglia, a figura difícil da classe de História da Faculdade de Athenas finalmente foi fisgada?

Está redondamente enganada, Silene... – respondeu Fedra, grudando em meu braço – Eu que fisguei esse peixe.

–E, diga-se de passagem, que a pescaria foi boa, minha querida... – disse outra integrante do trio, medindo-me de cima a baixo. Uma loira de longos cabelos lisos com franja reta, trajando um vestido longo branco com uma enorme fenda lateral, exibindo uma liga, brincos de brilhantes, tinha penetrantes olhos azuis, magérrima e com ar de esnobe. Bebericava uma taça de champanhe e, por muitas vezes, tentava usá-la como espelho – Um garotão desses não se acha em qualquer esquina.

–E eu lá sou mulher de arrastar asa para homem na esquina, ow Satanás de franja? Eu tenho classe, Tais...

Senti que Fedra estava ficando nervosa, mas apenas quando ela acendeu um cigarro e ficou tragando-o seguidamente tive certeza. Quando eu ia tentar acalmá-la a ultima garota se pronunciou. Diga-se de passagem que eu apenas descobri que era uma garota por conta de seus volumosos seios, pois os cabelos rosados e curtos, o rosto quase sem maquiagem, a calça xadrez, a camisa branca, o colete preto e a boina vermelha levavam qualquer um a crer que junto com aquelas garotas que pareciam ter sido esculpidas no barro, havia um homem. Apesar do visual andrógino, era muito bonita:

–Ah meninas... Eu sempre disse vocês que a Fedra só ia arrumar um xaveco quando achasse um homem digno... E que suportasse ela HAHAHA...

É dose! Achei que pelo menos a Leandra ia me dar uma moral... Enfim, garotas, este é o Saga...

Err... Oi. – as cumprimentei, totalmente sem jeito. Conhecendo essas garotas, passei a achar a Agnes normal.

–Acho que a gente deve ter te fundido a cuca, né garotão? – perguntou Silene, vindo para o lado de Fedra e lhe tomando o cigarro. Vi minha garota a fuzilar com os olhos nessa hora – Nós éramos inseparáveis na faculdade. Diziam que éramos o “quarteto fantástico”, mas a senhorita Bataglia aí só queria saber de estudar, para seguir o sonho dela...

–Que sonho? – perguntei curioso.

–Nossa, Fedrinha... – ironizou Tais, sacando um leque preso a liga em sua perna – Você não contou ao seu querido Saga sobre sua maior ambição? HAHAHA... Falará agora, ou eu farei as honras, queridinha?

–Eu lhe poupo deste trabalho, Satanás... Bom Saga, isso aconteceu logo após a morte da minha mãe, quando tinha somente cinco anos. Eu estava inconformada e tentei me matar no mar... Mas fui salva por um homem...

–O que isso tem de estranho, Fedra? – interrompeu Aiolos, que surgiu atrás de mim, oferecendo-me um copo de cerveja. Provavelmente, percebeu por minhas alterações cósmicas que aquilo era necessário – Desculpe minha interrupção, mas fiquei curioso.

–Sem problemas, Aiolos... – respondeu, acendendo outro cigarro e retornando ao assunto em questão – O caso é que não era um homem comum. Ele tinha longos cabelos esverdeados, duas marcas na testa e já era de bastante idade, pois tinha muitas rugas... E trajava uma armadura dourada.

–COF! COF! COF! – obvio que engasguei... Shura e Aiolos sabiam que se tratava de um cavaleiro de ouro, mas, considerando a idade de Fedra, suspeitavam de um antecessor. Porém eu sabia quem era esse homem: o Grande Mestre Shion de Áries. – Ah, desculpe interromper... Me engasguei com a cerveja.

–Se não aguenta, bebe leite, Saguita! – descontraiu Shura, com único objetivo de quebrar minha tensão – Vai, continua Fedrinha, que ninguém mais vai te interromper.

–Assim espero! – exclamou Tais, ainda se abanando – Eu quero ver quão abismado ele vai ficar quando ela terminar.

–Bom, achei que tudo não tinha passado de um sonho. Passado alguns dias, eu comentei sobre o sonho com meu avô, que era historiador e arqueólogo... Na hora ele puxou diversos livros e me contou animado histórias sobre o Mito dos Bravos Cavaleiros de Atena... Homens e mulheres que passam por um duro treinamento, tornando-se capazes de abrir o chão os pés e despedaçar montanhas com as mãos. Quando são considerados capazes, recebem uma armadura e combatem o mal ao lado da deusa Athena, que desce a Terra a cada 200 ou 300 anos para combater o mal...

–Ah... Mas como seu avô sabe que você foi salva por um cavaleiro? – perguntou Aiolos – Poderia ser apenas um ator tiozão voltando de alguma apresentação de teatro na Acrópole...

–Ele teve plena certeza quando falei das marcas que aquele homem tinha na testa. Ele poderia ser um sobrevivente de Lemúria, uma terra antiga na qual seus habitantes foram abençoados por Athena com a longevidade. Foi aí que decidi que seria historiadora como meu avô... E realizar meu sonho de agradecer a esse homem que me salvou do mar e a todos os bravos Cavaleiros de Athena por defender-nos de todo o mal...

As garotas caíram na risada, enquanto Shura, Aiolos e eu demos profundos goles em nossos copos de cerveja, que desceu amarga e quadrada goela abaixo. A ambição de Fedra, de certa forma, colocava nossas cabeças em risco, mas aquilo não tinha a menor importância naquele momento... A única coisa que importava era fazer minha Fedra sair por cima, de salto alto e coroa de miss universo:

–É por isso que você é tão perfeita! Eu também sou fissurado no Mito dos Cavaleiros... Meu pai contava histórias sobre eles... E eu sempre quis ser um cavaleiro.

–Bem que dizem que a laranja sempre encontra sua metade... – riu Leandra – Melhor irmos beber e dançar, chuchus...

–É... Falou e disse, Leandra...

O trio saiu, mas percebi que cochichavam entre si enquanto se afastavam. Achei melhor ignorar e abracei Fedra, que me deu um beijo ardente e depois sorriu:

–Muito obrigada de verdade, Saga... Você não precisava ter soltado uma mentira como essa só para me proteger... Pode rir agora, sei que é ridículo isso que correr atrás de um mito.

–Pois eu não acho... Inclusive, quero te ajudar com essa busca.

–BICHO! NÃO INVENTA!!! o espanhol se manifestou cosmicamente

SAI DO MEU COSMO, SEU FEDAPÊ! Eu sei o que estou fazendo... Relax, irmãozinho!

Tá bem, mas não diga que eu não avisei.

–AH JÁ CHEGA! EU CANSEI! – gritou Aiolos, assustando a todos

–Que foi, Bicho Grilo?? – perguntou Agnes – Acabou sua cerveja?

–NÃO BICHO! É A SOFIA QUE NÃO DESCE! VOU LÁ BUSCAR ELA... – e saiu pisando duro, enquanto chamava – SOFIA, MEU AMOR... SOFIA... OH “SOFIA DA PUTA” DESCE LOGO, QUE QUERO DANÇAR CONTIGO, MULHER!


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Notas finais do capítulo

+++Notas explicativas+++
Chai = Chá indiano feito com leite, gengibre, açúcar, cravo e chá preto.
A música que Carlo canta é "Datemi un Martello" da cantora italiana Rita Pavone
Charlies Angels = nome original da série "As Panteras"
xameguinho = carinho
Azulem = sumam
Travoltear = "Verbo" criado quando o filme "Saturday Night Fever" foi lançado. A definição é dançar e agir como Tony Manero, personagem de John Travolta no longa.
A música cantada por Shura é "It's A Long Way To The Top (If You Wanna Rock 'n' Roll)" do AC/DC.
Qualé o pó = Qual é o problema?
Corta essa, bicho = Não conta história, cara
Arrastar asa = Flertar
É dose = É demais para aguentar

++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
Bom, o capítulo foi dividido em duas partes para não ficar exageradamente grande, capito?
Mas sem reviews, nada de parte II. *RISADA DO SAGA*

Dulces Besos de Chocolate




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