Enquanto o Grande Mestre não descobrir escrita por Myu Kamimura, Madame Chanel, Secret Gemini


Capítulo 11
XI. Let’s Just Kiss and Say Goodbye


Notas iniciais do capítulo

Playlist do Capítulo (http://migre.me/r2mz9)
Boa Leitura



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#POV Marie#

Recobrei a consciência. Estava deitada em uma cama de lençóis finos, pareciam de seda ou cetim, nunca fui muito boa em diferenciar tecidos. Quando minha visão clareou, visualizei melhor aquele lugar. Parecia o aposento de uma das Doze Casas do Zodíaco, mas era muito mais amplo e luxuoso. À esquerda, tinha uma janela, que estava aberta. Ainda era de dia e, pela posição do Sol, eu devo ter dormido por alguns minutos. Virei para o outro lado e, para minha surpresa, Shion estava lá, sentado em uma cadeira de madeira, segurando minha mão:

–Onde estou?

–Em meus aposentos – respondeu, após uma expiração de alívio, dando um beijo nas costas de minha mão – Perdão por trazer-te aqui.

–O que... Houve? – Eu ainda estava meio confusa e, com ajuda dele, sentei-me naquela cama tão macia. Graças a isso, pude visualizar seu rosto inchado e levemente avermelhado – Você chorou?

–Você se levantou para ir embora e desmaiou... E sim, eu chorei. Chorei muito... Sabe Marie... Eu vi amigos perderem a vida em batalhas, passei quase 200 anos sozinho nesse Santuário. Tornei-me uma rocha, um velho casca grossa, sem sentimentos. Só que, desde aquele nosso primeiro encontro, aquele que você estava brigando com uma serva porque queria ver Athena, eu me sinto vivo novamente... Sinceramente eu não me importo com os pensamentos alheios, eu me importo com você... E, ao meu lado, você nunca será feliz.

–Como pode dizer se nunca passamos um dia sequer juntos?

–Eu sou... Um velho – murmurou, abaixando a cabeça.

–Que eu amo, mas que não sei se sou correspondida.

–Você ainda não percebeu que é? Acha que, se eu não te amasse, estaria tão preocupado em te fazer feliz?

Eu não sei o que deu em mim, só sei que poderia morrer ali, naquele momento. Fiquei à sua frente e, sem pensar, o beijei suavemente nos lábios. Para meu espanto, surpresa e satisfação eu fui correspondida, entretanto ele me afastou outra vez:

–Você é tudo que eu mais quero... Só que essa situação é insustentável... Desculpe, Marie.

Levantei e saí correndo de qualquer maneira, limpando o choro que voltava com força. Eu não queria perdê-lo, mas na verdade já o tinha perdido. Já estava longe da porta do aposento quando o ouvi chorar e, entre os soluços, questionar:

–Por que isso? Por que eu a tenho tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe?

Cheguei ao terceiro templo, escancarei as portas do armário e arrumei meus pertences. Eu não podia ficar ali por mais tempo. Só tinha que esperar o momento certo. Sim, era loucura. Mas antes fugir do que morrer por querer alguém e não poder ter.

–Oi Marie! Quer chocolate? – tomei um baita susto. Violeta estava sentada em minha cama, balançando os pés e se lambuzando com uma barra de chocolate com avelãs. Ela olhou bem para mim e percebeu as lágrimas – O que aconteceu com você?

–Violeta?! Como... Como você chegou aqui? – sentei na cama, enxugando o rosto e torcendo para que ela não reparasse na bolsa.

–Estava entediada no Templo. Parece que o Shion tinha visita, então eu fiz minha refeição sozinha... Daí eu lembrei quando você e o Saga falaram da Casa de Gêmeos. Pensei em te dar um “oi”. – ela olhou para o chão – Você... Está indo embora?

–Eu... Você pode guardar um segredo, Violeta?

Eu não poderia dizer o nome dele. Iria doer demais.

–Claro, você é minha amiga.... E amigos guardam segredos uns dos outros – sorriu, estendendo-me a barra de chocolate – morde antes de falar. Isso vai te animar.

Sem jeito, mordi o doce. Mastiguei e após uma profunda inspiração, comecei:

–Sabe... Eu estou... Amando alguém

–Dizem que o amor é um sentimento lindo... Por que você está triste? Ele não te ama?

–Pelo contrário. Ele me ama, mas não podemos ficar juntos...

–Por quê? Seu tio não deixa?

Eu a olhei nos olhos e respirei fundo.

–Eles nem sabem...

–E então... Por quê? Pode confiar em mim... Eu não conto pra ninguém... –Ela me olhou, sorriu e falou baixo – Tanto que não contei a ninguém que, um tempo atrás, quem estava comandando o Santuário não era o Saga, só alguém igualzinho a ele.

Suspirei. Ela era a única que saberia:

–Estou... Apaixonada pelo... Shion. – fechei os olhos ao dizer o nome dele pela dor que sentia ao fazê-lo.

–Que... Lindo! Mas ele não é um pouco... Velho?!

– É. Mas eu não ligo pra isso, Violeta. Sabe... Quando vi aquele rosto pela primeira vez, eu fiquei boba... – sorri, levantando devagar e indo até a janela. –... Literalmente boba. E algo foi crescendo bem aqui.

Apontei o coração, virando de frente a ela e me assustei. Seus olhos estavam turvos e um calor emanava de seu corpo. Não demorei a ver a aura dourada a sua volta. Ela se aproximou de mim e tocou minha mão direita. Ficou um tempo ali, imóvel, como se estivesse vendo algo que apenas ela podia enxergar. Sendo ela a reencarnação de uma deusa, eu não duvidava que era isso que ela estava fazendo, ainda mais quando soltou minha mão e, sorrindo, indagou:

–Não sei o que foi tudo isso, mas gostei do que vi.

–E o que você viu? – Ela ainda estava estranha, com um olhar distante. Acredito que seu cosmo divino despertou para me acalmar.

–Muita dor, sangue, mas um final feliz... Não vá embora. Não te peço por mim, mas por vocês. Seu lugar é aqui.

– Como quer que eu fique, sabendo que ele me rejeitou? – Aquela dor voltara, me deixando angustiada – Se eu não posso ficar com ele, também não posso ficar aqui.

–Marie... O tempo será o senhor do seu destino. –ela estava séria. Algo espantoso para uma criança de três anos– Ele não te rejeitou, só não se acha digno do seu amor.

Caí ajoelhada no chão. Era impossível.

–Como faço pra que ele entenda o quanto o amo? Deuses... – lágrimas caíram de meus olhos novamente, e desta vez ardiam.

–Fala para ele – ela olhou pela janela e apontou– vou me esconder debaixo da cama. Não quero que ele me veja aqui

–Ah Violeta! Você é chocrível! – a abracei apertado, finalmente criando um pouco de coragem – Olha, é melhor se esconder ali. – apontei para uma porta, ao lado do banheiro – É meu esconderijo. Tem alguns brinquedos lá.

–Opa, já estou indo. E, pode ficar tranquila que não vou ouvir sua conversa.

Ela correu, abriu a pequena porta e ficou quieta, segurando uma boneca de pano com cabelos de lã preta, uma versão minha que minha mãe havia costurado. No exato momento que eu fechei a porta, Shion surgiu com o elmo e a máscara nas mãos:

–Por todos os deuses do Olimpo, Marie... Me escute!

–Estou ouvindo... – cruzei os braços no peito, com um dos pés sobre a bolsa.

–Eu não deveria abrir a minha boca... Não posso te contar tudo, pois isso seria interferência demais. Há alguns meses eu fui consultar as estrelas sobre o destino, o nosso destino. – Respirou fundo – Há um grande mal assolando o Santuário... Em, mais ou menos, 10 anos, uma guerra interna irá ocorrer. Você está ligada a esse evento e terá uma participação fundamental em algo que acontecerá daqui a alguns dias... Eu quero você mais que tudo, mais do que a mim mesmo. E é justamente esse amor que te fará sofrer.

–Que se dane o destino, Shion... Eu quero você! Eu te amo! Não percebe isso...?

É óbvio que fiquei assustada, mas meu amor por ele era maior que tudo. Ele não falou nada. Apenas me abraçou novamente e ficou acarinhando meus cabelos. Como era bom estar nos braços dele:

–Como eu queria ser jovem... Como eu queria ter te conhecido há 233 anos... Como eu queria te amar por completo, mas já que não posso, deixe-me cuidar de você.

–Seu toque me acalma tanto... – sussurrei de olhos fechados, me entregando ao momento. Era tudo que eu poderia fazer.

–Enquanto não pudermos nos unir de verdade... Esse será o nosso segredo, fa-lou?

Sorri, com o jeito dele de tentar me imitar. Fiquei na ponta dos pés e o abracei. Forte. Essa era a única forma que poderia tocá-lo.

–E essa mala? –olhou-me serio – Não estava pensando em desertar o Santuário, estava?

Xiii... Era agora que o meu, talvez, namorado escondido iria me chamar no apito:

–Era uma possibilidade.

–Você sabe que há vários soldados e Cavaleiros de Bronze espalhados pelos limites... E que estes estão autorizados a EXECUTAR qualquer um que tente fugir, não sabe?

–Ninguém pegaria a aspirante mais rápida desse Santuário.

–Hm, se você diz – ele me fez um carinho no rosto – Agora preciso subir. Tenho que ir ao Templo ver como a pequena Athena está.

–Fique, por favor. Quero carinho. – pedi manhosa, para que desse tempo de Violeta voltar ao templo.

–Linda.

Ele me abraçou ternamente, com os olhos fechados. Olhei para o lado e vi Violeta espiando por uma fresta. Fiz um sinal para que ela corresse e, quando tive certeza que ela já estava longe, aninhei-me ao ombro de Shion, que me soltou devagar, após dar um beijo em minha testa:

–Eu realmente tenho que ir.

Eu sorri, o olhando nos olhos.

–Posso... Fazer algo antes de te libertar? – sorri, corada.

–Pode – respondeu, enquanto me olhava ternamente.

Fiquei na ponta dos pés e timidamente roubei um selinho, me encolhendo em seguida provavelmente mais vermelha que meus olhos.

Ele sorriu por uma ultima vez antes de colocar a máscara e o elmo:

–E acho bom a senhorita desfazer essas malas, pegar um chocolate e ficar curtindo a casa, já que seus tios não estão aqui. Talvez mais tarde eu te convoque, para que levemos Athena para dar uma volta.

–Pensei que fosse para ficarmos sozinhos... – o olhei, com um sorriso nada casto. Sabia que ele me olharia sério, mas era irresistível provocar.

–Isso não significa que não teremos um momento para conversar.

–Shion... Realmente não sente vontade de ficar sozinho comigo? – perguntei, vendo claramente que ele não tinha sacado minha ideia.

–É claro que sinto, mas... – a voz dele estava meio travada e, mais uma vez, sua mão foi parar atrás da cabeça. Tenho certeza que ele estava vermelho igual tomate fresco por baixo da máscara – Eu sou um homem a moda antiga, sabe?

–Sério isso? É virgem? Pelo menos não sou a única... – comentei. Apenas segundos depois me manquei da informação que acabava de soltar.

–Sim... Em mil setecentos e alguma coisa não éramos tão ávidos como os jovens de hoje... Inclusive, a senhorita é meu primeiro amor –Pelo tom da voz dele, os níveis de vergonha estavam no ápice.

–Não sabe o quão bom é ouvir isso... – o abracei forte, sentindo o perfume que me fazia estar nos Elíseos.

–Então – sussurrou – Mais tarde eu te chamo, ok?

–Sim, Grande Mestre. – sorri, indo em direção à mala. – Vou arrumar essa baderna aqui. Quando devo ficar pronta?

–Em três horas, tudo bem? – me abraçou.

–Sim. Estarei pronta. Com máscara?

–Sim, de máscara... Sou tradicionalista e ciumento. – me fez um cafuné.

–Isso eu percebi. É MEU ciumento. – sorri, sentando na cama. – Então vá, ou não te deixarei ver a Violeta e te agarrarei aqui mesmo...

–Já estou indo... Até mais tarde.

Ele acenou antes de sair de Gêmeos. Eu estava feliz. Mesmo que não pudesse ter uma relação completa com ele, ter seu amor bastava. Eu só tinha que me controlar para não dar com a língua nos dentes e estragar tudo, afinal... Acho que meus tios não ficariam muito contentes em saber que a sobrinha querida estava namorando um cara 238 anos mais velho.

#POV Saga#

Por volta das 10hrs da noite voltamos ao Santuário. Ainda ríamos bastante pela tarde que passamos. Kanon estava mais pirado que o normal, falando e cantando sem parar. Quando chegamos a Gêmeos, fomos direto a cozinha. Eu estava com fome e o panaca do meu irmão queria continuar bebendo. No local, tomamos um susto:

–I have to spend all my years in believing you. But I just can't get no relief Lord. Somebody (somebody) ooh somebody (somebody). Can anybody find me somebody to love? (Eu tenho passado todos os meus anos acreditando em Você, mas eu simplesmente não encontro alívio, Senhor. Alguém, alguém, alguém, alguém. Alguém pode me achar alguém para amar?).

Marie estava lá, cantando e fazendo bolos, tortas e alguns doces. Estava tão distraída em sua cantoria, que mal percebeu quando chegamos:

–Tu ainda duvida que essa garota tá vidrada em alguém? – Kanon falou.

–Ah, Qualé, irmãozinho? Ela pode apenas curtir cantar Queen enquanto faz bolos.

–Fazendo um bolo eu entenderia... Mas bolos suficientes para alimentar toda a confraria? – observou, apontando para os doces em cima da mesa. – Ainda por cima, ta acabando com nossas provisões!!

–Relaxa, K... Vai tomar umas e deixa-a.

–Deixe-a, é? Volta uns 15 anos aí no tempo... Lembra como a Salomé voltou daquela batalha?

Meus olhos se arregalaram. Nossa irmã, na época com seus 16 anos, regressou a nossa cabana completamente devastada. Havia travado uma dura batalha contra alguns Cavaleiros Negros, porém, apesar de todos os ferimentos, estava sorrindo e cantarolando. Dias depois, descobrimos a lógica da cantoria, quando ela interrompeu nosso treinamento para conversar com Heron de Lince, outro Cavaleiro de Prata, que viria a se tornar seu namorado, esposo e pai de Marie:

–Marie Georgiopoulos! – gritei, tirando-a do transe.

–Ah, oi tios. Nem vi que vocês tinham voltado.

Desembucha, garota. – intimou, Kanon – Quem é o cara?

–Que cara, tio K? – desconversou – Eu sou a aspirante mais velha, lembra? Não converso com outras pessoas.

–Nem ninguém na sala do Grande Mestre?

–Tios... Eu não dou bola para marmanjo nenhum, ok? O único cara que eu converso é o Grande Mestre... E eu não curto coroas!

–Então por que essa cantoria e esse cacetão de bolos?

–Deu vontade de cozinhar... E sobre cantar, o Tio Kanon tá mais do que ligado que eu curto Queen.

–Bom, isso é verdade – confirmou o goiaba – de qualquer forma, está tarde. Tire esse ultimo bolo do forno e vá para seu quarto.

–Tá, né... – falou, com certo escárnio, tirando o último bolo, pelo cheiro, de laranja, do forno. – Boa noite.

Após ouvirmos ela bater a porta do quarto, Kanon cortou uma fatia do recém-pronto doce e questionou:

–Você acreditou nessa conversa fiada?

–Claro que não. Ela está gamada em alguém sim...

–Hahaha... Viu? Eu sempre tenho razão, chapa. Você é muito desligado. Com as oportunidades que você tem, qualquer um já teria dominado... O mundo.

De repente, Kanon parou de comer e ficou com um olhar estranho. Assustado, o cutuquei:

Qualé o grilo, Kanon? Tá se sentindo mal?

Bicho! Como não nos mancamos disso? – gargalhou enfadonhamente, depois prosseguiu – Você tem a confiança do Coroa, agrada a criança Athena, é poderoso pacaralho... Tu pode começar conquistando o Santuário e, depois, a aldeia global!

–D-Do... Do que você está falando, Kanon?!

–Tô falando de poder, irmãozinho! De domínio, cara. Você é considerado o mais poderoso dos Cavaleiros Dourados. Pode facilmente liquidar um deus.

–Kanon... Bicho... Eu vou acreditar que você tá de pileque, falou? Seguinte, toma um banho, cai na cama... Se tu quiser, até chamo um dos teus xavecos pra passar a noite contigo. Te dou essa colher de chá hoje.

–Ixi, fica numa Nice, irmãozinho... O tremendão aqui tá mais do que borocoxô. Tô zarpando, falou.

E se fechou em seu quarto. Confesso que fiquei assustado. Kanon sempre falou asneira quando bêbado, mas nunca a tal ponto. Domínio mundial? Assassinar deuses? Era algo que não poderia aceitar:

–Espero que, pela manhã ele esteja melhor... Senão serei obrigado a tomar sérias atitudes.

No dia seguinte, o clima tenso ainda persistia entre nós. De ressaca, ele acordou para treinar Marie, mas saiu sem desjejum e sem falar comigo. Decidi esperar. Cumpri minhas obrigações na Casa de Gêmeos e, depois, migrei para a Il Palazzo. Apenas Shura foi comigo, pois Aiolos também sofria com sequelas da noite anterior. Como estava aflito, optei conversar com ele, sem dar tantos detalhes:

–Realmente, esse papo foi assustador. – o espanhol falou, enquanto pegávamos os pedidos de uma mesa – E o que você pretende fazer?

–Terei mais uma conversa com ele... Se o assunto persistir, serei obrigado a agir como Cavaleiro de Athena... Contra meu próprio sangue.

É dose, chapa, mas a nossa vida é essa.

–Tô ligado.

Para uma segunda-feira, trabalhamos igual condenados. E, como eu estava desligado, vez ou outra era xingado por Carlo:

Io non vou pegar leve com você só porque é o queridinho do Poderoso Chefão, capisci (entendeu), Quadradão?

Inteso, Carlo... (Compreendi, Carlo)

Quando Shura e eu já tínhamos terminado de limpar o salão, Fedra apareceu por lá, acompanhada apenas por Anúbis. Estranhei:

–Aconteceu alguma coisa? – perguntei, após abraçá-la e dar-lhe um beijo rápido – Você nunca apareceu por dois dias seguidos.

–Eu precisava te ver com urgência! – ela parecia impressionada e empolgada ao mesmo tempo. Usava um vestido cinza, sandálias gregas e os óculos de grau. Nas mãos, trazia um livro de capa preta, mas com um padrão diferente do que passamos meses estudando – Meu pai chegou da Itália hoje e me trouxe isso – apontou para o livro – Parece que se misturou com os dele.

–Fedra... Calma. Sente-se e me fale direito o que aconteceu.

–Claro.

Puxei uma cadeira para ela, que se sentou e acendeu um cigarro. Estava trêmula. Fui até a cozinha e peguei um café. Aproveitei para perguntar a Carlo se tinha algum problema ficarmos conversando ali. Obviamente, a resposta foi não, já que o cantineiro tinha um apreço especial por minha morena. Retornando a mesa, ela me relatou:

–Como você sabe, meu pai é um diplomata. Hoje, pela manhã, ele regressou de mais uma viagem a Itália e me acordou logo cedo. O motivo, além da saudade, foi que um dos diários do meu avô se misturou com os documentos dele. – ela abriu o livro – Pelas anotações, esse foi um dos últimos a serem escritos. Eu tomei a liberdade de lê-lo por cima antes de mostrar a você... Corri até aqui quando vi isso.

Ela me virou o livro e passei a ver as anotações. Eram datadas de Setembro de 1973, dois meses antes da morte do avô de Fedra. Os relatos incluíam agito de constelações e uma grande estrela cruzando o céu. Entretanto, o que causou a real agitação da ítalo-grega foi uma sobre a Península no sul da Ática, local das ruínas do antigo templo de Poseidon e da prisão secreta do Cabo Sunion. Era justamente essa a informação que lá estava contida:

–Uma prisão designada aos piores criminosos, os acusados de injúria divina. – li em voz alta – Um local sem nenhuma comodidade, aonde o condenado esperava ser afogado pela mudança da maré ou ser liberto pela compaixão divina. – respirei fundo, e uma gota de suor escorreu por minha testa – Será que isso consiste com a realidade?

–Daqui a dez dias o meu pai voltará para a Itália... – ela falou, serelepe – Que tal um bordejo na Ática?

–Hm... Vou adorar viajar com você, mas terei que negociar com os meninos aqui, né?

Chiaro, amoré mio. (Claro, meu amor). – sorriu – Bom, como papai está na cidade, nos veremos pouco... Isso se nos vermos. Agnes e Sofia também estão nas suas respectivas casas. É bom, de vez em quando. – levantou da mesa e me abraçou – Daqui a 10 dias, por volta das 3hrs da tarde virei te buscar.

–Eu estarei te esperando.

Nos beijamos. Um beijo intenso, que foi interrompido por um grito de Carlo. Aquele não era o lugar. Ela entrou no carro, acenou e foi embora. Eu sorri, mas fui acometido por uma forte sensação ruim, como se algo desagradável fosse acontecer.

Como já havia terminado tudo na cantina, retornei com Shura ao Santuário. Encontrei a casa de Gêmeos vazia, o que era estranho, pois Marie e Kanon costumavam encerrar as sessões de treinamento antes das 4hrs da tarde. Certo que minha sobrinha sempre ia ao Templo de Athena fazer companhia a pequena deusa, mas o palerma do meu irmão dificilmente saia de casa. Ainda na busca por ele, entrei na cozinha e me deparei com uma serviçal:

–Deseja algo, senhor Saga?

–Como conseguiu me diferenciar? – perguntei um tanto quanto incrédulo. Ninguém no Santuário, salvo o Grande Mestre, o Senhor Arles e nossa sobrinha sabiam quem era quem.

–É porque o Senhor Kanon pediu para lhe dar um recado. Ele lhe aguarda nas colinas no limite sul do Santuário. Quer falar com o senhor.

–O Kanon querendo conversar comigo fora de casa? O que será que...?

–Perdoe-me a indiscrição, senhor Saga, mas seu irmão está mais estranho que o normal hoje.

–Como assim?

–Ele não fez nenhuma gracinha. Está com um ar de mistério e, principalmente, com uma aura maligna... Sei que não passo de uma reles serviçal, mas eu treinei para ser Amazona. O senhor sabe...

–Claro... – respirei fundo – Bem, vou me encontrar com ele.

Antes de deixar a terceira morada, senti o chamado de minha armadura. Mais um sinal estranho. Sem que eu tivesse a oportunidade de vestir o uniforme do Santuário, ela revestiu meu corpo. Não contrariei sua vontade e fui encontrar K.

Quando o avistei, ele realmente parecia diferente:

Qualé, irmão? – questionei – Por que pediu para conversarmos aqui?

–Temos que estar longe das servas para planejarmos nosso domínio, cara.

–O que você...? – Não pude me conter. Acertei um soco com toda minha força na cara dele – Você insiste nisso de domínio?

–Claro... Aproveite que nossa sobrinha é amiguinha da Deusa e acabe com ela. Depois você acaba com o coroa e toma o lugar dele.

–Isso é um absurdo – lhe dei um novo golpe – Você quer que eu assassine a pequena deusa e o Grande Mestre?

–Claro! Pense bem, Saga. – indagou, limpando o filete de sangue que escorria do lábio cortado graças a meu golpe – Ninguém no Santuário consegue nos diferenciar. Eu poderia simplesmente sumir, que ninguém daria falta. Você agiria como se fosse o velho e eu, bem... Seria o Cavaleiro de Gêmeos, Saga.

–Idiota! – bradei – Somos Cavaleiros de Athena. Temos que defender a deusa! Você deveria estar preocupado em treinar nossa sobrinha e em se manter caso aconteça algo comigo, mas ao invés disso...

–Que tal ser honesto consigo, Saga?

–Hã?

–Você cresceu com um coração puro... Considerado por muitos quase um deus, desde que nasceu. Eu, pelo contrário, sempre fui a sombra, o gêmeo mau... Tudo que fazíamos de errado quando criança, Salomé botava a culpa em mim. Somos tão diferentes quanto um Anjo e um Demônio, Saga. – inspirou e depois, disparou – Porém, eu sei que há um mal tão grande quanto o meu dentro de você.

–O quê? – enfezei-me de vez e, após uma luta, conclui – Você ultrapassou todos os limites. Vou prender-lhe agora mesmo no cabo Sunion.

#POV Fedra#

Eu não iria aguentar 10 dias. Precisava ir até a Ática hoje mesmo:

–O Saga não precisa ficar sabendo – murmurava, enquanto fazia uma pequena mala – Ao meu pai digo que vou dormir na Sofia. Como ela não tem telefone no apeteó dela, ele jamais vai saber que estou fora. Amanhã eu retorno para casa. – virei para Anúbis, que se encolhia embaixo da cama – Meu amor me desculpe. Não sei se conseguirei uma hospedaria que permita animais. Pra desencargo de consciência, você fica e cuida do velho Enrico Bataglia, giusto? (certo?).

Ele latiu em resposta e veio para meu lado. Peguei a mala e saí do meu quarto. Meu pai estava na sala tomando café, comendo um brioche e lendo o jornal. Por cima da folha, olhou-me com seus olhos verdes e falou:

–Vai dormir fora, Bambina?

–Vou, papà. A Sofia me chamou para ajudá-la em uma pesquisa sobre a evolução da moda.

–Na Sofia? E perché (porque) não vai levar seu cachorro?

–Porque ela mora em um apartamento muito pequeno, no qual a sindica detesta animais. Além do que, ele te faz companhia, capisce?

Capivo, figlia. (Entendi, filha). Bom, tome cuidado.

–Claro papai.

Dei-lhe um abraço, entrei no carro e saí. Dei uma passada rápida na casa de Sofia, pedindo que não atendesse meu pai caso ele desse as caras por lá.

Dirigi os 65 km necessários até o local e, quando cheguei, o cenário não poderia ser melhor. O sol estava se pondo, contrastando com o mar e as ruínas do Templo. Tirei algumas fotos, fiz algumas anotações e desci para a praia, a fim de procurar a tal prisão. Foi nesse momento que percebi um vento forte, vindo da direção oposta da brisa marítima. Virei e, a principio, acreditei ser uma ilusão, mas quando cheguei mais perto, tive certeza: dois homens estavam lutando. Um trajava uma armadura negra e, o outro, uma vistosa e brilhante armadura dourada: era um duelo de cavaleiros.

#POV Saga#

–Me solta! Me tira daqui, Saga! – Kanon berrava, segurando as barras de ferro da cela – Você quer mesmo matar seu próprio irmão?

–Você só sairá dessa prisão se for vontade dos deuses, Kanon... Ficará aí até que seu mal seja purificado e Athena lhe perdoe.

–Você não passa de um hipócrita, Saga! Que mal há em querer conquistar tudo que deseja? Que mal há em utilizar a força que os deuses nos deram?! – Já me afastava quando o ouvi falar – Eu sempre irei lembrá-lo de seu fascínio pelo mal. Eu sei que sua verdadeira natureza é maligna, meu irmão.

A verdade é que me partia o coração deixá-lo ali para morrer. Quando estava prestes a partir, uma energia maligna chamou minha atenção:

–Ora, ora... O que temos por aqui? – falei, assumindo a posição de luta – Mais um ratinho desgarrado da Ilha da Rainha da Morte.

–Bearchan de Escudo Negro. Eu não planejava travar uma batalha contra um Cavaleiro de Athena hoje, mas já que está aqui... Essa praia será seu túmulo!

–Faço dessas minhas palavras, seu lixo de subcategoria!

Era fato que não queria batalhar, mas estava estarrecido e me sentindo péssimo por trancar meu próprio irmão na prisão do Cabo Sunion. Apesar da versão original da armadura dele ser de patete Prata, ele tinha um poder superior a tal, o que tornou a batalha interessante, mas algo me preocupava:

Há alguém escondido entre os rochedos – pensei, enquanto me esquivava das investidas do inimigo – eu queria me divertir mais, porém isso vai ficar pra outra ocasião. Foi um prazer lutar contigo, Cavaleiro Negro: GALAXIAN EXPLOSION.

Obviamente, seu corpo virou poeira junto à areia da praia. Respirei fundo e, sem me virar, indaguei:

–Pode sair daí. Estamos seguros agora, porém você se arriscou muito ao ficar escondido.

–Eu posso lhe fazer uma pergunta, senhor Cavaleiro?

–Essa... Voz?!

No momento que me virei nossos olhares se encontraram como da primeira vez que nos vimos. Fedra vestia um longo vestido branco, a mesma sandália grega da hora que a encontrei e, dessa vez, estava sem os óculos. Eu poderia mentir, dizer que era o Kanon, mas estava cansado dessa teia de balelas:

–Pelo amor dos deuses, me diga que você é um terceiro gêmeo...

–Não... – falei serio – Essa é minha verdadeira face. Eu sou... Saga de Gêmeos, guardião da terceira Casa do Zodíaco Dourado. Um... Cavaleiro de ouro.

–Esse tempo todo... Por que não me disse? – seus olhos de Bette Davis estavam arregalados, encarando-me fixamente.

–Pense nos diários do vovô... Os Cavaleiros de Athena são uma espécie de "ordem secreta"... Eu decidi te auxiliar com sua pesquisa. Ajudando-lhe a deixar o mais fiel possível...

–Então... Tudo que você me disse nesses seis meses foi mentira?

–Quase tudo... Eu não sou um aprendiz de Mestre Cuca. Mal sei fritar um ovo... Aprendi e comecei a trabalhar no Carlo por você.

–Carlo... Ele...?

–Não, ele não é um Cavaleiro... É uma espécie de espião.

–E quanto a Shura e Aiolos?

–Eles sim... Mas peço que não revele nada a Agnes e Sofia. Eles gostam muito daquelas dendecas...

–E você? Não gosta de mim?

–Fedra... Se tem uma grande verdade nessa quizumba toda é o meu amor por você!

–Então porque mentiu?

–Eu... – respirei fundo – Vou te contar tudo, ok?

Comecei meu relato do princípio. Da tarde que recebi a missão do Grande Mestre, as felicitações por ser considerado um dos mais fiéis a confraria, de como a paixão por ela me fez virar a cabeça. Enquanto eu falava, ela passava a mão em minha armadura e rabiscava o caderno. Agora, eu era um objeto de seu estudo:

–Então... Foi isso. – conclui – Eu te peço que não me odeie por ter mentido.

–Te odiar? – ela sorriu ternamente – Nunca. Você, além de lindo, sexy, bom de cama e carinhoso é um Cavaleiro de Athena. É tipo, todos os sonhos que eu poderia ter condensado em apenas um cara.

–Só que... Não poderemos ficar juntos. Você viu esse cara? São de uma ordem inimiga... Se eles souberem que eu namoro uma, desculpe-me pelo termo, garota normal, virão atrás de você para me atingir.

–Então... Me leve a esse tal Santuário! – gritou, me deixando surpreso e sem ação – Isso! Eu aceito servir a deusa Athena.

–Infelizmente... Não é bem assim.

–C-como?

–Eu até poderia te levar para lá, mas... Você já tem uma idade muito avançada para treinar. Acabaria como uma reles serviçal, mesmo que eu a tomasse por minha esposa... Fora abrir mão de várias coisas.

–Q-que coisas?

–Sua família, amigos, os bordejos, embalos, seu cachorro... Sua feminilidade...

–Ahm... – ela suspirou e fechou os olhos. Por um instante, vi um brilho brotando em seus cílios, mas desapareceram como que por magia. Percebi que ela se segurava para não chorar – Então... – ela abriu os olhos e, sorrindo, se aproximou. Em um gesto que partiu meu coração, se pendurou em meu pescoço e sussurrou – Vamos apenas nos beijar... E dizer adeus.

Nossos lábios se uniram em um beijo triste, com gosto de chocolate e tabaco, como o primeiro que trocamos naquela aconchegante lanchonete em Athenas. Permanecemos assim por um tempo, apenas com o som de nossas respirações e das ondas do mar acertando as rochas, porém, quando nos separamos, Fedra virou de costas e disparou:

–Então é isso... Foi muito bom te conhecer, Saga de Gêmeos. – expirou – Pode ficar tranquilo, eu não citarei seu nome em minhas pesquisas... Acho que não citarei nem esse encontro. – Ela deu dois passos, parou novamente e disparou – Ah, se aquele outro Cavaleiro dourado que me salvou ainda estiver vivo... Diga a ele que sou eternamente grata.

Antes que eu pudesse dizer algo, ela se afastou. Eu poderia segui-la. Poderia abrir mão de tudo, mas não podia fazê-lo. Eu tinha um dever como Cavaleiro e, já que fora a única coisa que me restou, decidi regressar ao Santuário e contar tudo a Grande Mestre.

***

Quase uma hora depois, regressei ao Santuário e solicitei uma audiência com o Grande Mestre. Foram alguns minutos, até minha entrada ser autorizada:

–O que lhe traz aqui, Saga? – ele perguntou, fazendo menção com a mão para que eu saísse do período de reverência.

–Perdoe-me por vir sem avisar, senhor – disse, ainda ajoelhado – Eu precisava conversar com o senhor urgente, ou melhor, lhe confessar algo.

–Confessar?

–Sim... Eu sou... Uma afronta aos Cavaleiros, Grande Mestre. Abusei de sua confiança para benefício próprio.

–Como assim, Saga de Gêmeos?

–Bem...

Contei a ele tudo, ou melhor, quase tudo. Afinal, por mais que Kanon tenha revelado intenções malignas, não poderia prejudicar ainda mais meu irmão, dizendo que ele havia cuidado do Santuário quando o velho confiou essa tarefa a mim, fora que isso também prejudicaria Marie:

–Então foi isso, Grande Mestre. Durante seis meses, eu abusei de sua confiança, além de ser um irresponsável! Aceitarei qualquer punição que o senhor decidir me dar.

–Não Saga... O fato de você decidir me contar tudo isso mostra o quão boas são suas intenções.

–O que disse? Então...

–Sim, eu não lhe punirei...

–Quer dizer que eu ainda sou o principal candidato a lhe substituir?

–Quanto a isso... – ele respirou fundo – Me desculpe... Você realmente era o candidato ideal, mas... Infelizmente, certas coisas mudaram.

–Como assim, Grande Mestre? – me levantei – O senhor mesmo disse que não ia me punir por ter abusado dos direitos que me foram concedidos.

–E realmente não vou... – hesitou por alguns instantes, porém prosseguiu – Como você foi honesto comigo, eu devo ser com você. Há alguns dias, eu fui a Star Hill consultar o destino do Santuário e, bem... Há um grande mal vindo de você. Desculpe-me por ser tão direto, mas...

–Não, eu lhe compreendo, Grande Mestre. – curvei o corpo – com sua permissão, me retiro.

Desci até a Casa de Gêmeos. Marie estava na cozinha, conversando com as servas. Aproveitei que estavam todas lá e dei o recado:

–Meninas... Desculpe atrapalhar a conversa de vocês. – falei, apoiando minhas mãos na mesa de madeira – Só queria informar que o Kanon traiu o Santuário e, por isso, foi condenado a prisão do Cabo Sunion.

Obviamente, houve um espanto geral, sobretudo por parte de Marie, afinal ela era discípula dele:

–E o que vai acontecer comigo? – minha sobrinha perguntou.

–A partir de amanhã, eu ficarei encarregado do seu treinamento... Por hora, vou sair.

Em meus aposentos, me livrei da armadura. Meu corpo estava dolorido, mas a pequena batalha travada com o Cavaleiro Negro nada tinha a ver com esse fato. Eram as dores do trabalho. Do trabalho que só arrumei por ela:

–No fim das contas, o verdadeiro Chinfra era eu.

Peguei o dinheiro que tinha e saí do Santuário, primeiramente sem rumo. Caminhei muito e, quando dei por mim, já estava próximo ao Centro de Athenas. Já era noite e, com isso, bares abriam as portas, apesar de ser segunda-feira. Um deles me pareceu bem convidativo. Entrei e escolhi uma mesa perto da janela. Um jovem de cabelos vermelhos veio me atender:

–O que deseja, senhor?

–Whisky... É isso que eu preciso.

–Duplo, com gelo, Cowboy...?

–Uma garrafa. – enfiei a mão no bolso e lhe dei 100 euros – Traga a que isso puder pagar.

–Cla-claro.

O jovem não demorou a retornar. Antes que ele pudesse sair, lhe dei mais 20 Euros para a gorjeta. Em um só dia perdi meu irmão mais novo, a namorada e o cargo de Grande Mestre. Já que eu era “tão mau”, não havia problema em encher o caco:

–Um brinde ao Quadradão! – ironizei, batendo o copo levemente na garrafa.

Dei o primeiro gole e acendi um cigarro. Aos poucos, pessoas foram chegando ao bar e, como forma de entretenimento, um dos garçons colocou músicas para tocar... E essa foi a pior merda que ele podia ter feito:

I had to meet you here today (Eu tinha de encontrar você aqui hoje)

There's just so many things to say (Existem tantas coisas a dizer)

Please don't stop me 'til I'm through (Por favor, não me interrompa até que eu termine)

This is something I hate to do (Isso é algo que eu odeio fazer)

We've been meeting here so long (Nós temos nos encontrado aqui durante tanto tempo)

I guess what we've done, oh was wrong (Eu creio que aquilo que fizemos estava errado)

Please darlin', don't you cry (Por favor, querida, não chore)

Let's just kiss and say goodbye (Vamos apenas nos beijar e dizer adeus).

Sim, eu chorei. Chorei como nunca havia chorado na vida. De que adiantava ser tão poderoso, se eu não podia ter nada?

Mais um copo de Whisky e, de repente, eu senti algo estranho. Não era efeito do álcool, nem nada do tipo. Corri até o banheiro do bar e, no local, molhei o rosto. Ao me encarar no espelho, percebi que estava mudando. Meus cabelos brilhavam, oscilando entre azul e cinza, enquanto meus olhos estavam avermelhados, porém não era efeito do choro:

–O que diabos...?

Um grande vazio preencheu minha mente naquele momento e, quando voltei a mim, estava usando as vestes sagradas do Santuário, encarando o corpo do senhor Arles morto em Star Hill.


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Notas finais do capítulo

Primeiro... Nosso querido dicionário
Chocrível (chocante e incrível)
Chamar no Apito (Bronca)
manquei (perceber)
panaca (otário)
(A música que Marie canta é Somebody to Love, Queen)
Vidrada (apaixonada)
(O tom que o Kanon usa chamando o Saga de "irmãozinho" é pura camaradagem. Irmãozinho, nos anos 70, era uma gíria para definir amigo)
Desembucha (abre o jogo)
Marmanjo (homem)
cacetão (grande quantidade)
Goiaba (bobo)
Conversa Fiada (conversa que não leva a nada)
Gamada (apaixonada)
Chapa (amigo)
Bicho (amigo)
Pacaralho (muito)
Aldeia Gobal (mundo)
Pileque (bêbado)
Colher de Chá (facilidade)
Tremendão (homem bonito)
Borocoxô (sem Energia)
Zarpar (ir embora)
É dose (complicado)
serelepe (empolgada)
apeteó (apartamento)
(Bearchan é um nome de origem aborígena australiana que significa parecido a uma lança)
Balelas (mentiras)
Dendeca (moça bonita)
Quizumba (bagunça)
bordejos (passeios)
Embalos (festas)
Chinfra (pessoa que finge ser o que/quem não é)
encher o caco (beber muito)
Quadradão (pessoa certinha)
(A música que Saga ouve no bar é Kiss and Say Good Bye - The Manhattans; Também foi usada no título do Capítulo [Ah Vá])
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Bom gente, ainda não é o fim!!! Creio que vá ter mais um ou dois capítulos.
A boa notícia é que vou fazer um Spin-off Marie x Shion, já que a galera esqueceu Saga x Fedra e passaram a shippar os dois. Enfim...
A playlist tá bem sofrida, espero que gostem!
São 03:08 da manhã... Passei quase duas horas apenas revisando, então espero que vocês nos deixem Reviews!!!!!

Dulces Besos de Chocolate



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