- Pelo papai. – Duas palavras que derreteram o coração de Megan.

Vamos começar descentemente: Meu nome é Eleanor Katherine Goodwin, tenho 17 anos. Nasci em Glasgow, na Escócia, mas com dois anos de idade me mudei para Londres, onde meu pai fez sua nada pequena fortuna. Graham foi um ótimo pai e uma ótima pessoa, todo seu império foi construído com muito suor e atraiu muitos olhares de inveja e cobiça.

Hoje fazem exatos três meses que meu pai foi assassinado. A polícia tinha uma lista imensa de suspeitos; eu tinha apenas um. Norman Boyd.

Algumas semanas antes do assassinato, meu pai se queixava muito das armações de Boyd para tirá-lo da presidência. Nenhuma delas funcionou. No dia anterior ao assassinato meu pai estava extremamente nervoso, disse diversas vezes que Boyd havia ido longe demais dessa vez e disse que reuniria o conselho no dia seguinte e expulsaria aquele “verme” da diretoria de sua empresa. Naquela mesma noite meu pai foi assassinado.

Eu havia tentando conversar com alguns polícias, mas nenhum deles acredita no envolvimento de Norman “Bom samaritano” Boyd. Agora aqui estou eu, pronta para provar para o mundo inteiro o monstro que Boyd é.

Como farei isso? Simples. Boyd é dono de um colégio interno em Sheffield. Irei entrar para essa escola e o resto é consequência. O problema? É um colégio interno apenas para garotos.

Bem, isso já não é mais um problema. Convenci meu irmão gêmeo a emprestar sua identidade para mim, acabei de convencer minha mãe de que é a coisa certa a se fazer e agora só falta a parte mais complicada: A mudança do visual.

Sim, caro leitor, Mulan sempre foi um dos meus filmes favoritos.

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Um mês depois...

-Mãe, dá pra parar de chorar? – Senti um tapa em minha nuca e olhei para o lado. Meu irmão olhava para mim com a cara fechada e eu entendi o que ele quis dizer. “Seja mais sensível”.

- Tudo bem, Travis. Eu sei que sua irmã é uma sem coração. – Megan me soltou e eu agradeci aos Deuses olímpicos por isso. – Prometa para mim que vai se cuidar, Lea. Já perdi seu pai, não quero perder você também.  – Senti um nó se formar em minha garganta e eu segurei o rosto delicado - porém marcado pela idade - de minha mãe.

- Eu prometo. – “Promessas são feitas para serem quebradas”, dizia meu pai. – Agora se a senhora puder nos dar licença... – Indiquei Travis com a cabeça e ela concordou, deixando meu quarto.

- Lea... Tem certeza que é isso que quer fazer, pequena? Logo a polícia vai descobrir quem foi o culpado e se for Norman ele irá ser preso. Você não precisa se arriscar tanto assim. – Puxei meu irmão pelos ombros e o abracei.

Abracei-o como eu não abraçava ninguém desde a morte de meu pai. Abracei-o e permiti que toda aquela angustia guardada por tanto tempo deixasse meu corpo em forma de lágrimas.

- Escute-me, garoto. Você já sabe as regras, certo? Nada do que você faça enquanto eu estiver na Dover pode denunciar que você esteja aqui, do lado de fora. – Segurava o rosto do meu irmão da mesma forma que havia feito com minha mãe. Olhava no fundo daqueles lindos olhos verdes e tentava lhe passar o máximo de confiança.

- Eu já entendi. – Rolou os olhos e tentei rir, o que não deu muito certo.

- Muito bom. Até mais, grandão. – Dei um beijo em sua testa e sai do meu quarto rapidamente. Quanto mais rápido eu deixasse minha vida para trás, melhor.

Cheguei ao andar de baixo e minha mãe já estava colocando minha mala dentro do táxi que me levaria até a estação de trem. Eu levaria apenas uma mala e uma mochila. As outras coisas já haviam sido levadas antes para facilitar minha viagem.

Entrei no táxi, joguei minha mochila ao meu lado e olhei pela janela. Minha mãe e meu irmão se abraçavam e acenavam para mim, uma última despedida.

- Para onde vamos, senhor? – Olhei para o taxista e sorri, controlando a risada. Já estava começando a dar certo.