A Última Filha escrita por Ariane Rosa


Capítulo 7
Capítulo Sete




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Eu e Evelyn havíamos caído no chão, eu a examinei para ver se ela estava bem, e parecia que estava, mas estava em choque. Ela me olhou com os olhos azuis indecifráveis, enquanto eu me olhava para ver se não tinha sido atingida.

– Mas que droga foi essa? – Noah perguntou atrás de mim.

Eu o olhei e perguntei rudemente:

– Será que dá pra calar a boca e me ajudar aqui?

Assim que a colocamos de pé, todos nós olhamos para a mesa. Todas as cinco facas havia atingindo ela, e estavam bem cravadas ali.

– Vovó, como você está? – Noah a perguntou depois de me dar uma bela encarada.

Eu me desliguei do mundo por um momento tentando entender o que havia acontecido.

Eu e meus irmãos temos um controle específico de cada poder. Uns poderes dominamos melhor que outros. Como Ross, por exemplo. Nós todos andamos e dominamos as sombras, mas ele tem mais controle sobre elas do que nós. Gareth domina a linguagem dos mortos. Nero a influencia do medo. E Jean a conjuração, que pode trazer esqueletos e zumbis. Mas Nero também tem uma habilidade de controlar metais de todos os tipos. E ele é o único que tem esse poder dominado.

– Escutei um barulho. O que houve aqui? – Derek perguntou entrando na cozinha e indo em direção Evelyn. Derek olhou para a mesa e perguntou novamente:

– O que aconteceu?

Ele me olhou desconfiado e engoli a seco. Mas, então, Noah disse:

– Um acidente.

– Como um acidente? – Derek perguntou ainda olhando para mim.

– Não foi culpa dela, Derek. Ela me salvou. – Evelyn o assegurou. Ele continuou a me encarar, mas depois de alguns segundos a olhou e disse:

– Melhor você se sentar.

Ela balançou a cabeça positivamente e Derek a conduziu para a sala, me deixando sozinha com Noah, que foi uma má ideia.

– Precisamos conversar. – Ele disse sério.

– Noah, por favor, não...

– Vamos. – Ele interrompeu me puxando para fora de lá.

Noah não sabe o que realmente aconteceu, ele estava de costas. Ele não viu as facas flutuarem e por isso perguntou-me como elas foram parar na mesa, eu simplesmente dei de ombros e disse que não sabia.

Depois que ele ficou em silêncio olhando para parede me levantei e fui até sua escrivaninha. Abri a gaveta e vi algumas fotos. Peguei uma em que ele estava sorrindo e estava com os pais ao seu lado; peguei outra em que ele estava engraçado. Eu ri e ele apareceu atrás de mim rapidamente.

– Ah, não. – Ele suplicou.

Nessa foto ele estava sorrindo, mas usava um aparelho e um óculos maior que seu rosto.

Eu ri novamente e disse:

– Belo óculos.

Ele me fez uma careta e tentou pegar a foto de minha mão, mas quem disse que conseguiu.

Eu me virei para ele, coloquei a mão que segurava a foto para trás e sorri. Ele me olhou sem acreditar e disse:

– Me dá isso.

– Não. – Retruquei como uma menina mimada.

Ele me olhou sério e disse:

– É sério, Haide. Me dá essa foto.

– Não. – E enquanto eu dizia isso, um sorriso maléfico brotou em meu rosto.

Ele tentou novamente pegar a foto em minha mão, mas eu a afastava. Dei um passo pra trás, mas ele me puxou, e foi quando eu tropecei em meus próprios pés e caí em cima dele. Ficamos no chão rindo por um bom tempo, e ele aproveitou do momento e tirou a foto de minha mão. Dobrou-a e colocou no bolso de sua calça. Eu continuei rindo em cima dele e quando parei percebi que ele me olhava, e naquele momento seus olhos me fizeram sentir tudo. Senti suas mãos em meu quadril, senti sua respiração em meu rosto, mesmo ele estando um pouco longe de mim. Talvez aquilo fosse só um sonho, talvez tudo o que tinha acontecido, desde conhecido ele a isso, fosse só um sonho. Mas quando ele tirou suas mãos de meu quadril e colocou meu cabelo atrás de minha orelha, pareceu mais real do que nunca. E, então, ele começou a se aproximar lentamente.

Vamos beije-o, beije-o, beije-o...

A vozinha me encorajou, mas isso não podia acontecer, e então no último segundo recuei. Noah me encarou surpreso. Eu o olhei triste e disse:

– Não posso fazer isso.

Ele abriu a boca para dizer algo, mas nada saiu.

– Sinto muito. Não posso. – Eu continuei. E então saí de cima dele, peguei minha mochila rapidamente e saí. Ele estava sentado quando saí pela porta.

Quando passei pela sala Evelyn e Derek não estavam lá, eu agradeci por isso, não precisaria dar explicações do por que estou indo embora.

Eu abri a porta e um ar frio passou pelo meu rosto que me fez tremer. Eu não acreditei que tremi, nunca senti frio em toda minha vida. Mas, então, eu ignorei esse pensamento e comecei a descer a pequena escada da entrada. Alguns metros a diante escutei Noah me chamar. Eu ignorei, mas ele me puxou pelo ombro e me fez o olhar. Olhei-o séria e disse:

– Me deixa em paz.

– Por quê? – Ele perguntou indignado.

Eu suspirei frustrada e disse:

– Porque está estragando tudo.

Ele me olhou confuso.

– Como assim tudo?

– Nossa amizade.

Ele me olhou triste e disse:

– Você só me vê como um amigo.

– Pra falar a verdade, eu só te via como uma pessoa qualquer. – Eu disse séria.

Ele balançou a cabeça tentando entender minhas palavras.

– Noah, eu disse que iria se arrepender de ser meu amigo. Você sabia no que estava se metendo quando me conheceu. E, ainda mais, eu não estou sendo sincera o suficiente com você.

– Eu menti. – Ele disse soltando um suspirou furioso.

Eu o olhei confusa.

– O que?

– Meus pais não morreram há muito tempo atrás, eles morreram a três semanas.

Eu o olhei séria e ele continuou:

– Eu acho que sou eu que não está sendo sincero o suficiente com você. Então, por favor, não vá.

Eu o olhei arrependida, mas eu não pude evitar, eu não podia continuar com isso.

– Não, Noah. Eu não posso ficar aqui, eu não posso ser sua amiga.

– O que? - Ele arfou – Não. Espera aí. Haide, não...

– Noah, não podemos continuar com esse fingimento. – Eu disse friamente.

Ele balançou a cabeça e disse:

– Não era fingimento pra mim.

Suspirei, me virei e comecei a caminhar.

– Eu sinto perto de você. – Ele disse em voz alta. E isso me fez parar. Eu me virei para encará-lo e ele continuou:

– Desde que meus pais morreram nada mais me importava, mas agora tudo faz sentido quando estou com você.

Não pode deixá-lo agora.

Eu ignorei a vozinha da minha cabeça e fui o mais fria possível.

– Adeus, Noah.

Aquelas palavras o machucaram seu rosto demonstrou isso, mas não machucaram tanto quanto em mim. Eu me virei e caminhei para longe dele.


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