Fui dar uma volta pelo lugar. Era muito arborizado. As árvores eram altas demais, a grama estava baixa, mas verde. Comecei a andar sem rumo por aquele lugar onde eu poderia considerar o pior lugar do mundo.

Depois me adentrei na “mata” e me dirigi até a árvore onde me escondi na noite em que fugi do sequestrador. Já estava ficando tarde e estava começando a chover. Nos primeiros minutos, a chuva estava calma, depois as gotas foram engrossando, até começar a cair muita água.

Apenas ignorei a chuva. Fiquei pensando em algumas coisas. Principalmente na minha última “conversa” com a minha mãe e no que ela havia me dito.

Flashback On~~

- Helena chega! Eu já estou cansada dessas suas cenas, desse seu teatrinho de moça que está sofrendo por amor. Poxa, quantas vezes eu te falei que se você está sentindo algo, não guarde para você, demonstre. Mais não, você prefere ignorar tudo o que eu falo e se trancar no quarto. Helena, a vida não é assim, ignorar quem quer seu bem não resolve. Mais você não entende, e talvez nunca entenda. Você me afastou de você...

Flashback Off ~~

- É exatamente isso que eu faço, afasto as pessoas de mim. Primeiro o Rene, de pois a Clara e agora minha mãe.

Fechei os olhos e deixei as lágrimas tomarem conta do meu rosto, junto com os pingos de chuva.

Depois de dois dias longe de casa, resolvi voltar. Eu estava com fome, e com dor de garganta, devido a chuva de dois dias atrás.

Respirei fundo antes de abrir a porta da sala, fechei os olhos e criei coragem para abri-la. Minha mãe estava sentada no sofá da sala, agarrada a um terço. Provavelmente estava rezando para que Deus me colocasse nos “eixos” novamente.

- Mãe. – sussurrei baixinho, sem ter a intenção de interrompe-la.

- Helena! – ela sorriu ao me ver e veio me abraçar – filha desculpa por ter te falado tudo aquilo, eu só queria que...

- Não precisa falar nada mãe, eu já sei o que eu quero, e já sei o que eu vou fazer.

Ela ainda sorria olha do para mim.

- Porque você está rouca?

- Depois te explico. Eu só preciso de um banho antes de tudo.

Subi para o meu quarto e tomei um banho quente. Depois coloquei uma roupa simples. Fui checar a caixa de mensagens do meu celular e havia uma. Era o Rene.

Ele: “Helena você foi tudo em minha vida, mais eu fui apenas mais um capítulo na sua. E agora, esse capítulo chegou ao fim, eu estou voltando para Los Angeles. Você começou uma vida nova sem mim, e eu preciso tentar fazer o mesmo.”

Liguei para Patrícia.

- Alô? – ela disse.

- Patrícia é a Helena, onde o Rene está? Não faça perguntas, só me diga onde ele está.. por favor! – pedi quase chorando.

- Ela acabou de ir para o aeroporto.

- Obrigado!

Desliguei o celular e joguei-o dentro da bolsa.

- Mãe eu volto logo. Só não se preocupe, apenas reze e peça para que dê tudo certo.

Ela me deu um beijo na testa e disse “boa sorte”. Entrei no carro ainda com medo do que eu iria fazer, mais confiante de que eu não poderia perde-lo de novo.

Fui até o aeroporto. Corri para a recepção e perguntei para a moça que não entendeu quase nada do que eu disse por estar rouca. Repeti novamente e ela entendeu. Me disse que os passageiros para o voo de Los Angeles já estavam embarcando. Desci até a plataforma onde os passageiros estavam mais os seguranças não me deixaram passar, a não ser que eu tivesse a passagem de embarque. Tentei gritar o nome do Rene, para que ele me visse e não entrasse naquele avião, mais não deu, minha voz não saia.

Subi até uma passarela de vidro onde tinha entrada para o avião, mais novamente um segurança me barrou na entrada.

“Droga”

Eu comecei a entrar em desespero. O homem da minha vida estava indo embora, e dessa vez era para sempre.

Chacoalhei a cabeça como sempre fazia para me livrar dos pensamentos e corri até a recepção.

- Com licença, pode me dizer onde fica a sala onde controlam o som aqui do aeroporto?

- No segundo corredor, é só virar a esquerda e entrar na primeira porta, mais porque?

Não respondi, só sai correndo.

Comecei a pensar: “Isso é perigo demais, mas porque ela me deixou passar?”

Deixei de lado o que estava pensando e me foquei na sala. Tinham vários botões, mais eu precisava achar o que dava na sala de embarque. Demorei muito até encontrá-lo, o que só me deixou mais nervosa. Fiquei com medo de que o Rene já tivesse entrado no avião.

Depois de muito procurar, encontrei o botão que procurava. Peguei o microfone na mão e corri até a plataforma de embarque, onde o Rene estava, fechei os olhos, respirei fundo e deixei as palavras que estavam presas dentro de mim, saírem.

Continua...