Seven o Calendário Oculto escrita por Insane


Capítulo 3
Capítulo 2




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O arcebispo andou apressado pelos corredores da igreja, mas parecia que quanto mais andava mais longe ficava de seu destino. A pequena Haniel havia corrido na sua frente e já devia estar em frente ao quarto das crianças, mesmo porque ele ouviu um grito dela chamando-o, mandando que ele fosse o mais rápido possível. Ao chegar ao cômodo não acreditou no que viu e quase desmaiou com a terrível cena que mostrava-se mais real do que qualquer coisa.

 

   No meio do cômodo três crianças que deveriam estar dormindo gemiam de dor em cima de uma poça do próprio sangue, seus braços e pernas cortados e com milhares de pedaços de vidro encravados na pele fina e frágil. O lustre de cristal e vidro tinha caído e se espatifado bem acima delas. No teto surgiu uma abertura onde caia algumas gotas de chuva e o vento frio começava a se apoderar do local. Mas o que menos se podia entender era como aquilo tinha acontecido, já que o arcebispo tinha certeza que o lustre estava preso no teto a mais de vinte anos e o teto era bastante resistente.

 

   Haniel observava horrorizada todo aquele momento, mas por alguma razão seus olhos foram subindo pela parede e chegado até o teto, especificamente no buraco do teto, onde ela podia ver a silhueta de um corvo negro como carvão, os olhos vermelho-sangue como os dela encaravam-na intensamente. Ela deu um passo para trás e chamou pelo arcebispo e apontando para o teto, mas quando ele olhou para cima a ave tinha desaparecido.

 

   - Um corvo...

 

   - Não há corvo nenhum, Haniel! – A voz do arcebispo saia aflita, não sabia o que faria com as crianças mortas. As enterraria sob o jardim ao fundos da igreja? Ou as jogaria no lago que ficava a poucos metros dali? Como avisaria aos pais sobre a morte dos pequenos? As duvidas assomavam a mente do velho arcebispo que era colocado sobre fogo cruzado pelo momento. – Haniel, vá chamar o padre Cathain, agora mesmo!

 

   - Mas arcebispo... – Haniel olhava para as outras crianças que estavam assustadas com o acontecido, estavam paralisadas em volta dos três corpos como se estivessem em um ritual de passagem para as  inocentes almas.

   

       - Vá Haniel!...

 

      Não tinha como discutir as ordens do arcebispo, tanto porque ele estava certo em mandar chamar o padre que dormia pesadamente no quarto ao lado, afinal ele era adulto e talvez soubesse lidar com o momento e também porque em horas difíceis o arcebispo ganhava um ar imponente e inquestionável de líder religioso. Então Haniel passou por trás do Arcebispo e entrou cautelosamente no quarto, trancando a porta em seguida.

 

   O padre Cathain estava dormindo tão pesado que talvez não tivesse ouvido o barulho estrondoso do lustre caindo bem ao quarto ao lado. Ela foi até ele e o chamou bem baixinho, o remexeu de variadas formas, mas nada aconteceu. O padre tinha os olhos, de orbes castanho avermelhadas, pesadamente fechados, estava deitado na cama de uma forma desleixada assim como seus cabelos negros que outrora estavam impecavelmente penteados para trás e agora pareciam revoltados conforme ele se remexia na cama.

 

    Haniel olhou em volta do quarto, uma única lâmpada estava acessa em cima da estante de metal mais alta, onde deveriam ficar os livros importantes para o arcebispo e que não deveriam ser lidos por ninguém. Ao lado da cama haviam os pertences do padre, uma bíblia pequena, um catalogo, o relógio de marca, um anel com alguma coisa gravada no fundo e os óculos. A única coisa que chamou atenção da menina foi o anel, era ouro puro e as letras gravadas eram indecifráveis de onde Haniel estava.

 

   - Padre...Acorde logo, estamos com dificuldades... – A menina sacudia o padre de lá para cá, até dava tapinhas leves no rosto dele. Mais nada acontecia.

 

     Haniel se afastou aos poucos do padre, ele virava mais não abria os olhos, ele não acordava nem por nada. Haniel se aproximou da mesinha de cabeceira, ela ia ‘desvendar o mistério’ do anel do padre Cathain, suas pequenina mão ia de encontro com o anel brilhante, mas de um momento para outro algo segurou sua mão firmemente e ela se virou assustada para o padre, ele parecia uma assombração, os cabelos estavam tampando os olhos e os lábios finos estavam formando uma linha reta no rosto. A mão dele soltou a dela, Haniel recolheu a mão rapidamente e deu alguns passos para trás.

 

    - O que esta fazendo aqui, garota? – Agora já se podia ver os olhos do padre eles estavam fuzilando a menina, a voz do padre era saia de uma forma fria e calculista, quase como a de um robô.

 

 

    - O arcebispo me mandou vir...

 

    - Para quê?

 

    - O lustre... Despencou.


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