Cartas De Um Fantasma: Alma Perdida escrita por Jaíne Bedin


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

oiii voltei. espero que gostem. :)
um bj especial pra Karine que está me acompanhando :)
um bj pra vocês e boa leitura.)

Da pra acreditar no que tenho que ouvir?
Essa pequena me ajudou tanto desde que eu a conheci, uma das coisas mais linda do mundo, meu anjinho. que hoje é uma mulher que nem fala comigo, quem diria.


recadinho de música: pra quem quer ler ouvindo uma música que combine, nem que seja um pouco com o cap :p
http://www.youtube.com/watch?v=7GiyhVHIiWo
Chris Cornell - Scream



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Logo que o dia amanheceu ouvi Nina acordar e ir se lavar, depois descer e fazer o café da manha. Brad resmungou e se virou na cama, o que achei engraçado. Ele resmungou de novo e lentamente abril os olhos, bocejou, passando o dorso da mão pelos olhos.

Aproximei-me dele e sussurrei perto de sua orelha.

– Bom dia dorminhoco - brinquei.

– Que foi mãe?

Dessa fez eu tive que apertar os lábios para não gargalhar.

–Sou eu, Kim - me contive precariamente.

– Kim!- pareceu ficar aliviado. – Você não foi só um sonho – ele sorri.

– Você sonhou comigo?

Me afastei da cama para deixar ele se levantar. Brad se espreguiçou e bocejou, os olhos injetados e os cabelos desgrenhados. Mesmo assim ele me encantava, ele era normal e humano, sorri.

–É. Você havia su...- ele começou mas de repente parou – depois eu conto, devo estar com um bafo horrível - deu risada.

–Não, quer dizer, eu não sinto. Apenas sei que você esta quente.

–Quer dizer que você não sente meu cheiro e sim minha temperatura?

–É quase isso. – dei de ombros.

Ele ergueu as sobrancelhas e sorriu.

– Vai saber então, quando estiver com febre.- Brad sorriu, de repente fico sério – Vou no banheiro.

–Quer que eu espere aqui?

–Se está interessada em me ver sem roupa? - disse bruscamente - Você já deve ter visto outros, não é? Não tem mais o que faze?

Franzi a testa de duvida e um certo medo me atingiu, por que ele falava comigo da quele jeito? Senti aos poucos meu rosto fazer careta de choro enquanto ele continuava a falar bruscamente comigo.

– Deve ser legal as pessoas não a verem, imagina o que da pra fazer. Não ter que falar com ninguém e muito menos tocar em algo. Você não sente nada, está morta mesmo. Um dia vai ir para luz e vai me abandona, não sei por que ainda me importo com tudo isso.

Funguei sem querer e me tele-transportei para rua, o sol da manha passava por mim, eu realmente não sentia nada, não senti o vento que soprava lentamente, o calor do sol era inexistente para mim. Lembrei do meu velho sentimento de esperança que apareceu quando Brad converso comigo pela primeira vez. Já sentia o dia chega em que Brad se irritaria e ia parar de falar comigo, e tudo iria voltar a ser como era antes de conhece-lo. Era triste sim, toda uma esperança falsa eu criara e agora não me restara nada de uma antiga perseverança de que tudo iria dar certo. Agora eu teria que achar um lugar para mim fica enquanto pude-se, já que ali não daria mais, não me importava com a dor insuportável de ser puxada de noite até aquele quarto, eu iria entrar em silêncio e sairia do mesmo modo, sem que ele soube-se de minha presença. Ele não ira mais lembrar de mim, logo serei esquecida por que afinal de contas eu to morta, é fácil esquecer um morto, ninguém se importa.

Apertei os lábios para parar de fazer careta de choro, comecei a odiar tudo aquilo, por que fiquei tão triste ao ouvir a pura e simples verdade? Ele tava certo, eu estava morta ponto. Não importava nada. Fechei os olhos com força e quis sumir dali, não queria mais estar ali, eu ainda sentia ele furioso no quarto. Sinceramente não sei o que fiz para ele ficar daquele jeito.

Olhei a casa, a cor havia mudado de creme sujo para um vermelho escuro com algumas partes brancas. O jardim estava mais bonita, com a grama verde reluzente, as pedrinhas brancas da estradinha brilhavam com o sol, era meio cegante. Olhei para a janela do quarto dele e fechei os olhos novamente.

–Adeus - sussurrei para a janela ainda fechada.

Abri os olhos lentamente e caminhei para a casa do outro lado da rua, fui até o quarto de Karen do segundo andar. Karen brincava com os ursinhos. Quando ergueu a cabeça de cabelos louros ondulados e compridos, os olhinhos azuis reluziram para mim.

– Kim, Kim, Kim.- chamou com gritinhos estridentes.

– Oi pequena.

Sentei ao seu lado no tapete que parecia pele de ovelha, como ela dizia.

Ela me via, isso tinha que ser o suficiente para mim. As bochechas rosadas, os lábios pequenos quase no formato de coração, o nariz pequeno arrendondado na ponta, o rostinho pequeno e redondo meio bronzeado. O vestido verde musgo rodado, estava com a saia estendida pelo tapete, parecia uma flor desabrochada. Sorri para ela e ganhei outro de retribuição, me oferecendo um ursinho branco com olhos de botão e com bochechas grandes. Estendi a mão, mas quando ela largou o ursinho ele passou por minha mão e caiu no tapete, ainda sorridente o ursinho me encaro com seus olhos de botão preto. Fiz cara de choro e Karen parou de sorrir e também pareceu triste. Recolhi minhas mãos e as cruzei no colo, sentindo uma dor interna, diferente das dores que eu sentia quando era puxada de madrugada.

Perguntei-me se algum dia eu iria me acostumar a tudo aquilo, quando tempo eu ainda ficaria na terra. Senti um calor no braço e minha imagem tremeluziu, olhei para o braço e vi a mão pequena de Karen parando a poucos centímetros da minha imagem, ela tentava encostar em mim.

– Por que não sente medo de mim?

– Você parece um anjo. Você é meu anjo. Por que eu deveria ter medo? Sempre estará comigo me protegendo, mamãe disse.

Funguei e sorri para aquele rostinho tão inocente. Os lábios pequenos se esticando mostrando dentinhos de leite branquinhos e pequenos.

– Como é meu rosto?

–Você é linda- disse de pronto.

–Você sabe se meu rosto ta faltando algo, ou esta com uma cor diferente da dos outros?

– Ah, - ela me encarou e pensou por uns segundos – Você tem olhos azuis... você é bem branquinha... –ela ia dizendo de vagar. – você é um anjo.

Me comovi, ela era a única, além do Brad... doeu pensar nele... que me escutava, mas ela me via o que era um bônus para mim. Quando tava passeando nos primeiros dias que acordei la na outra casa, parei aqui. Karen tava dormindo e quando acordo me olhou nos olhos e dissera que eu era um anjinho igual das histórias que a mãe dela contava. Desde aquele dia eu vinha seguido aqui, ela nunca se assustara com nada sobre mm, quando eu ficava repetindo a pergunta “você não tem medo de mim?” ela só dizia que jamais teria medo de um anjinho da guarda.

– Você tem boca rosada parecidos com a boca da mamãe...- ela continuou empenhada em me descrever – você usa um monte de colar com bolinhas – ela abaixou os olhos para meu pescoço e braços, eu sabia que o colar dava voltas por meus braços e pelo vestido, mas deixei ela descrever mais.

– São perolas, já tentei tirar mas não deu certo.- mesmo eu sabendo como era meu corpo, meu cabelo, minha roupa e o calçado, deixei ela terminar de me descrever.

–Você usa um vestido branco com rendinhas de flores – ela deu um sorrisinho – é de princesa seu vestido, mas eu sei que você é um anjo – os olhinhos dela brilharam com o sorriso infantil – você é bem alta também.

Com essa tive que rir.

– Sou alta só pra você. – ela riu e deu de ombro – você não vê nada faltando em mim?

–As assas de anjo. – disse de pronto. Eu abaixei a cabeça suspirei e olhei ela, ela era meu anjinho sem assas. – não falta nada, eu acho.

Ela se levantou e foi para trás de mim. Não demoro muito e ela gritou, um grito de terror, medo, uma mistura de tudo. Virei-me pra ela e ela estava com os olhinhos arregalados e olhavam fixamente um ponto em mim, e assim q me mexi ela foi junto, aos poucos as lágrimas brotaram e ela começo a chorar e gritar pela mãe. Me assustei e me levantei rápido. A Sra. Ana Chegou correndo socorrer a pequena.

– O que ouve meu amor?

– Arrancaram as assas do meu anjo da guarda - chorava desesperada.

Não intendi aquilo, tentei fala com ela.

– Como assim Karen?

–Mamãe ela ta machucada, cura aquilo mamãe, arrancaram as assas dela. Kim você sabe quem fez essa maldade com você? – chorava e fungava no colo da mãe.

– Não sei pequena – respondi aterrorizada com aquilo. Eu tinha alguma coisa nas costas, talvez grades rasgos para ela ficar assim, tão apavorada, achando que alguém havia arrancado minhas assas.

–Meu amor, se acalma, sua anjinha da guarda vai se currar e logo vai voltar a ter assas, ta meu bebe, agora se acalma – balançou Karen no colo, aos poucos Karen foi pegando num sono de choro, a mãe dela juntou o ursinho branco de olhos de botão e deu para Karen segurar enquanto dormia. Aqueles olhos de botão sempre me encarando.

Sai da casa de Karen, estava aterrorizada com aquilo, me arrependi de ter pedido a ela para me descrever. Agora ela vira, talvez o motivo da minha morte e quase matara ela de susto. Eu sabia que tinha algo de errado em mim, uma parte de mim talvez realmente estava faltando, não assas mas sim carne nas costas. Eu fora assassinada ou me cravei em algo ou talvez num acidente que eu bati as costas em algo e me rasgo tudo atras. Mas uma coisa eu não intendi, por que os colares de perolas continuavam intactos? Deveriam ter se partido tudo durante o acidente. Não quis pensar na parte que poderia ter sido assassinada por facadas nas costas.

Para minha frustração maior, voltei a lembrar de Brad. Ele querendo me ver, agora sim que eu nunca iria deixar ele me ver... pera ai, eu não vou voltar para aquela casa nunca mais mesmo, então ele nunca iria me ver daquele jeito. Ele não se importa, eu não sou importante pra ele. Isso realmente me machucava, depois de tanto alimentar uma amizade, eu me apeguei a ele, os modos despreocupados, a falta de responsabilidade, dei risada, o modo bobo e preocupado que ele ficava quando eu ficava tempo sem falar, quase desesperado. Sera que ele mentira pra mim? Mas por que, não havia sentindo mentir pra mim, fingir ser alguém pra mim. Fiquei mais confusa e com medo.

Mesmo sem querer, assim que cheguei na rua senti a agitação de Brad dentro da casa. Discuti comigo mesma e perdi para mim, eu queria ver o que ele tava fazendo. Na verdade eu nem podia ficar brava com ele, ele só me mandara a real. E talvez, também o sonho pode ter deixado ele meio louco, sei la.

Apareci no quarto dele, mas não tinha sinal dele ali. Olhei o primeiro andar inteiro, mas nada. Ele tava muito agitado para identificar uma parte da casa que ele estive-se. Fui até o segundo andar e tentei identificar as ondas mais fortes de agitação. O que me levaram direto a sala que só tinha as caixas dele.

Brad se encontrava sentado no chão de madeira polida, com as paredes brancas o cercando juntamente com um monte de caixas fechadas e abertas, com fios espalhados para todo lado. Uma mesa de carvalho se encontrava uma bagunça também com folhas e caixas menores e alguns só com plástico bolha envolvendo. Um notebook carregando algo. Brad estava com uma camiseta preta toda suada, com as mãos enroladas nos fios coloridos e de varias grossuras e tamanhos. Os ombros tensos, ele parecia hostil daquele jeito até selvagem brigando com os cabos enrolados. Sorri divertida com a cena. Ele fez careta para o emaranhado de fios que puxou de outra caixa ali perto. Chutou um controle para o lado e puxou um aparelho que tinha luzinhas piscando, conectou um cabo meio transparente.

A cada minuto que passava ele parecia mais tenso, o cabelo desgrenhado a testa franzida e suada. O rosto de traços fortes era mais duro que o normal, e muito concentrado nos fios, pelo que percebi. Me perguntei por que ele não chamava alguém para fazer a montagem das coisas? Sorri bobamente para ele. Brad se retorceu de repente e respirou fundo. Percebi que era minha deixa.

– Belo trabalho que está fazendo – debochei.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado... bjs
próximo cap: finalmente juntos, um olhar que senti em mim, mas logo tudo se perdera, achei ter finalmente achado a luz.



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