Cartas De Um Fantasma: Alma Perdida escrita por Jaíne Bedin


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

(finalmente estou aqui :p me perdoem a demora)

Tudo esta tão diferente, e parece me perturbar isso. Mas gosto dessa perturbação. O passado que não existe me atormenta, mas com Brad do meu lado... agradeço ter esquecido o passado, quero ter um futuro escrito com ele ao meu lado. Machuca ao pensar, doi duvidar, arranha as paredes do meu cérebro tentar intender... mas eu quero tanto descobri meu passado... que cheguei a deixar a imaginação fluir nessa época!

para quem quer ler com música, recomendo ler a letra também, tem haver com a fic, talvez o ritmo não se encaixe com o cap, porque cuidei mais a letra do que o ritmo, mas depende de quem ler vai acha o jeitnho de ler deixando como trilha sonora a música, fica bem bonito. bjs boa leitura
http://www.youtube.com/watch?v=QKstfgGFKqE
So Far Away = Avenged Sevenfold



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“Meu quarto”, estava diferente. Na verdade, a casa toda estava diferente. Nas semanas que a casa se encheu de gente para ser reformada, eu aparecia algumas vezes, nem sempre estava lá dentro. Mas agora eu a via pronta, meu quarto não tinha mais aquela cor enjoativa, mas sim um preto ofuscante, os moveis todos de madeira pintada de azul escuro com desenhos tribais de branco na frente. Uma cama de casal entre as duas janelas da frente. Uma cômoda de cada lado, um abajur pendurado no teto, quase encostando às cômodas de três gavetas. O armário na parede oposta com uma TV grande embutida no meio, um compartimento em baixo se encontrava alguns aparelhos eletrônicos para a Tv. Uma estante, do lado, toda de vidro, com dvd’s, livros e mais algumas coisas que eu não sabia o que era.

Uma escrivaninha na outra parede tinha um notebook, uma impressora, um potinho personalizado com canetas. O chão e o teto eram os únicos totalmente brancos. As cortinas nas janelas, estavam ali por que Nina insistira, eram cinza meio transparentes.

Não havia reivindicado o quarto, pois ficava estranho um dos melhores quartos não ser reformado nem habitado por alguém vivo. Brad ficara receoso quanto a ficar no meu quarto, ele levara as cartas e sabia que eu tinha alguma ligação ali.

Em uma das conversas com ele, achamos que por ele ter escolhido meu quarto ele ganhara algum tipo de ligação comigo, pois ninguém me ouvia além dele. Este pensamento persistia.

Enquanto os dias passavam, eu e Brad nos tornamos amigos, ele era um garoto sozinho, viciado em tecnologia. Em um dos quartos de hospede ele montara seu cantinho de operações, onde era cheio de caixas ainda fechadas. As noites eu ia andar pelas ruas até ser puxada para o quarto, mas eu saia e ficava sentada atrás da porta do quarto. Era estranho ter alguém no meu antigo refugio.

Uma semana depois, a casa já estava toda mobiliada, Brad ainda adiava a montagem de seu cantinho. E agora se encontrava esparramado em um sofá bege de três lugares na frente da grande janela da sala. Eu estava sentada no chão encostada no mesmo sofá que ele. Nina estava sentada em uma poltrona bege, mais atrás olhando um filme bobo na Tv. O ventilador de teto ligado.

A tarde estava preguiçosa pelo jeito dos dois. Era um fim de semana tranquilo, o sol resplandecia lá fora. Já havia me acostumado um pouco com a presença dos dois. Nina durante a semana ficava quase o dia todo fora, arrumava sua nova loja e fazia encomendas de Nova York para alguns materiais exclusivos. Brad ficava em casa conversando comigo ou dormindo quase o dia todo e se estivesse disposto ia arrumar alguma coisa na casa – menos suas coisas.

Não sei dizer se Brad estava dormindo ou não. Mas abril os olhos rápido quando a campainha tocou. Nina se levanto e atravessou a sala em silêncio, depois de ter desligado a TV, se dirigiu para o corredor curto até o hall e a ouvi abrir a porta.

-Oi!- Falou Nina, na porta.

-Oi, me desculpe pela falta de hospitalidade, mas estava atolado em serviço, só hoje pude vim para dar boas vindas a vizinhança. Sou Allan Rudolf, seu vizinho.

Parei de ouvi quando Brad me chama:

- Kim?

- Oi?

-Onde você esta?- ultimamente ele vinha me perguntando isso frequentemente.

- Estou sentada no chão, com as costas encostadas nas pernas do segundo lugar de seu sofá – falei com um sorriso torto nos lábios.

Ele assentiu com um sorriso, quase acertando os olhos em mim.

- Sabe quem é?- ele perguntou, entendi o que ele queria dizer.

- O Sr. Rudolf, o jardineiro aqui do lado.

- Ah!!! O que ele quer? – perguntou desconfiado.

- Só veio dar boas vindas.

Ele relaxou no sofá e começou a cantar baixo:

- “Deixe-me abraçá-la(Let me hold you)

Pela última vez”( For the last time)...- escutei atenta, a voz melodiosa e afinada- “É a última chance de sentir de novo”( It's the last chance to feel again)- ele parou de cantar ao ouvir a risada da mãe.

Como eu não queria escutar o que a mãe dele e o vizinho estavam conversando os ignorei.

- Você tem uma voz bonita – falei me distraindo da risada.

- A sua voz também é bonita- disse ele de repente, franzi a testa sem entender.

- Eu não estava cantando.

- Eu sei.

Virei-me de frente para ele, o encarei sem entender, dei de ombros ao sorriso dele e resmunguei sem querer.

- Que foi?

- Nada, só não entendi direito o que você quis dizer - admite envergonhada.

Ele pareceu pensar por um tempo.

- É frustrante não vê-la. - Murmurou os olhos negros tentando me achar.

- Por quê?

- Você pode fazer qualquer coisa e eu não poderei ver. Tipo o que você fez antes: deu de ombros ou levantou uma sobrancelha, quando entendeu o que falei, ou até as duas coisas.

Dei risada, por ele ter acertado em cheio.

-Quê?

- Você acertou em cheio, fiz as duas coisas.

Brad sorriu um sorriso encantador.

- Nas suas cartas você disse que já tinha aparecido para alguém...- ele parou uns segundos- Não poderia aparecer?

- Não sei como apareci. – me desculpei.

- Eu posso ajuda-la. - falou empolgado.

-Como?

-Pesquisando. Esqueceu que sou bom com pesquisas? – Brincou.

- É. Sua mãe esta vindo - informei ao ouvir ela se despedir.

- Como sabe?

-Simplesmente sei. Meus sentidos são melhores do que qualquer um. Por assim dizer: tenho poderes - disse com a voz mais grossa ”tenho poderes”, ri de mim mesma.

- Legal!

- É mesmo, não é? - falou Nina antes que eu falasse algo - são bem legais essas flores, o arranjo é esplendido.

-O quê? - Brad se ergueu do sofá e olhou a mãe.

-O Sr. Rudolf me trouxe essas flores, um pressente de boas vindas - ela riu - Ele disse que logo a Sra. Betty, uma velinha viúva que mora do lado, vai trazer um bolo de cenoura, sempre é no fim do dia que ela trás. Só não trouxe ainda por que esta na casa de um dos filhos de visita, mas chegara nesta semana ou na outra. – ela riu mais um pouco.

- O que foi, por que esta rindo?- perguntou sem entender.

- É que o Sr. Rudolf avisou que ela, a Sra. Betty sempre da boas vindas a algum morador e mais um bolo de cenoura, no fim do dia. Independentemente de que horas o morador se mude. Ele disse que o antigo morador daqui, é uma das últimas visita da Sra. Betty, quase a expulsara aos tiros, o homem era um policial aposentado com uma filha que ninguém viu – eu e Brad prestamos mais atenção – o homem pareceu ficar assustado quando a Sra. Betty quis forçar entrada na casa e dar oi para a filha dele. Ele ficará furioso com ela, a mandando sair, empurará coitada para fora. O Sr. Rudolf veio ajuda-la pois ela havia se desequilibrado e caído na estradinha de pedra. O cara era misterioso – ela largou as flores com o vaso de vidro em cima da mesinha de centro – não saia de casa nem a filha, que na verdade só a viram entrar na casa no dia da mudança, toda encasacada e com o capuz cobrindo toda a cabeça, era um inverno rigoroso. E ela nunca saiu ou pelo menos ele não viu ela sair o dia que o homem se mudou, dois meses depois.

Nina estava sentada na poltrona distraída enquanto falava, eu e Brad encarando ela, pelo rosto dele eu via que ele pensava a mesma coisa, talvez eu sou a filha misteriosa.

-Sabe o nome do antigo morador daqui? – pergunto Brad, arrancando Nina de seu devaneio.

- Não. O Sr. Rudolf não falou - disse – por quê?

- Nada, não.

Fiquei pensativa, minha mente repetindo cada palavra de Nina, tentando lembrar se eu não passara por aquilo. Mas nada vinha em minha mente, de recordação.

Brad cantarolou outra música, distraindo, também perdido em devaneios.

- “Pain, without love

Pain, I can't get enough

Pain, I like it rough

'Cause I'd rather feel pain than nothing at all

You're sick of feeling numb

You're not the only one

I'll take you by the hand

And I'll show you a world that you can understand

This life is filled with hurt

When happiness doesn't work

Trust me and take my hand

When the lights go out you will understand”

(Dor, sem o amor

Dor, eu não tenho suficiente

Dor, áspera, é como eu gosto

Porque eu prefiro sentir dor ao invés de mais nada

Você está cansada de se sentir magoada

Você não é a única

Eu a tomarei pela mão

E vou te mostrar um mundo que você pode compreender

Essa vida é preenchida com feridas

Quando a felicidade não funciona

Confie em mim e pegue a minha mão

Quando as luzes apagarem você irá entender.)

Ele cantarolou e cantarolou a música, mal prestei atenção depois de um tempo. Mesmo a voz em um ritmo cadenciado, fazendo som de solo de algum instrumento uma vez ou outra, não consegui me prender ao presente. Fiquei tentando imaginar-me num frio cortante, atravessando toda encolhida e encasacada o capuz caindo sobre meu rosto, enquanto eu caminhava na estradinha de pedras até a escada, subia e entrava na casa vazia, meu pai logo atrás. Um homem corpulento, com cabelos ralos brancos, o rosto com marcas de expressam e rugas profundas, os olhos... Já mais pude me ver no espelho e não me lembro da cor dos meus olhos, mas desse homem, meu pai coloquei um verde profundo e sério. Talvez ele tivesse falando para eu subir e me trancar no quarto, jamais sair. Não. Mudei de ideia.

Ele pediu que eu fosse arrumando as coisas enquanto ele trazia as caixas da mudança. Durante aquele dia ajudei-o a arrumar. Tentei imaginar as possíveis conversas:

- Espaçosa a casa, não é filha.- a voz gutural de meu pai disse.

-Claro pai.

- Já escolheu seu quarto?

-Sim, é o dá esquerda. – o cujo quarto passaria meus dias em vida e em morte.

- Então fico com o quarto ao lado. – falou animado.

Onde estava minha mãe? Me perguntei.

Será que ela morrera quando eu era criança ou um tempo atrás por isso nos mudamos?

Sentamos, eu e ele em um sofá, olhando a grande lareira acesa na sala, o fogo que crepitando e nós dois com pratos de sopa fumegantes no colo e cobertor em nossas pernas. O vento lá fora uivando como lobos famintos tentando entrar.

Depois da janta a Sra. Betty bate na porta. Imaginei a velhinha, eu já tinha visto ela. Os cabelos brancos presos em um coque bem feito no alto da cabeça, um roupão, estilo casaco, nos ombros encolhidos, talvez com uma touca tapando seus cabelos em uma das mãos um pote com o bolo.Imaginei-a oferecendo e dizendo boas vindas ao homem.

Meu pai pega o bolo. Mas não deixa ela entrar, agradece e já vai dizendo tchau, pois quer ficar sozinho comigo, talvez para curtir uma noite em família ou talvez se lamentar pela morte da mãe, sua querida esposa. Mas a Sra. Betty quer entrar e me conhecer, meu pai nega bruscamente. A senhora insistente e tenta passar por ele, sem querer ele acaba empurrando ela forte de mais, pois ele não havia percebido o quanto ela era magra e leve, ela tropeça no último degrau e acaba caindo nas pedrinhas o Sr. Rudolf aparece para ajuda-la.

Na sala eu ouço o mal entendido, mas não saio. Por quê?

Será que meu pai havia me ameaçado antes para eu ficar na sala ou eu não ouvi nada de discussão. Por que não sai para ajudar à senhora, se eu ouvi a conversa? Eu estava com medo? Doente? Ou outra coisa?

Milhares de perguntas pipocaram em minha mente. Mas nada pareceu familiar. Na verdade nem senti nada, apenas estava formando uma história qualquer.

- Vou subir para me aprontar para o jantar – avisou Brad, me arrancando da história.

Janta? Mas é de tarde, ainda? Olhei para fora estava tudo escuro. Nina estava passando de um lado a outro, tentando achar algo, o vaso de flores não estava mais na mesinha de centro. Nina já havia tomado banho pelo que percebi, os cabelos molhados estavam bagunçados. Vestia uma bermuda de algodão e uma camiseta. Brad saiu com cuidado do sofá, sem tocar em mim e subiu.

Nina foi fazer o jantar, quando ele desceu sentou no chão encostado no sofá onde minutos antes ele estava deitado. Eu nem havia saído do lugar e demorei a perceber que ele estava falando comigo, pois eu havia voltado a pensar na historia.

- ...amanha nós vamos, certo? – ele terminou e esperou.

Olhei para ele sem entender e assim que caiu a ficha, falei.

- Como? Estava detraída, não ouvi o que disse.

- Falei que amanha nós vamos ir até a casa do jardineiro para saber mais do antigo morador, quem sabe você tem alguma ligação com ele. Amanha nós vamos, certo?- ele repetiu, pareceu não se importar por eu não ter prestado atenção.

- Esta bem.

- No que estava pensando?

Devia ter adivinhado que ele perguntaria.

- Nada em particular – dei de ombros.

Não sei por que me presto para gesticular, ele nem está me vendo.

- Não vai mesmo me contar? – observei seu cabelo preto molhado grudado no rosto, os olhos negros varrendo o lugar tentando me achar, o que me fez sorrir sem pensar.

Brad era realmente bonito. Observando algumas garotas uma vez as ouvi comentarem de um garoto perfeito, ele tinha que ter vários músculos, ser grandalhão com ombros largos para protegê-las. Fiz careta. Brad não tinha ombros largos, mas eu me sentia segura com ele.

Sorri sentindo o lugar esquenta ao meu redor de repente. Posso estar morta, mas ainda sou garota, logo descartei o pensamento, afinal eu estava morta, só uma alma perdida. Sacudi a cabeça e olhei para frente.

- Esta bem – ele suspirou resignado com meu silêncio.

Ele foi jantar, mas antes pediu para eu espera-lo no quarto, depois de ter perguntado se eu não queria jantar. Mas para isso recusei sem comentar que eu não comia. Era obvio. Não sei por que da pergunta dele. Talvez por educação. Fiz careta e subi.

Sentada no quarto me perdi na história de novo, reformulando-a. deixando o homem mais agressivo, na verdade eu não era sua filha, ele devia ter me sequestrado e me matou no quarto, escondendo o corpo e foi embora.

Algum tempo depois Brad apareceu. Sentou na cama e fico em silêncio, pensativo. Franzi atesta e o observei, apoiei o queixo nos joelhos e continuei em silêncio.

Não sei quanto tempo ficamos assim, até Brad finalmente reagir. Um suspiro pesado e mais silêncio. De repente ele fez uma careta parecendo descartar uma ideia e voltou a ficar parado.

Sinceramente comecei a ficar sem paciência, fiquei tamborilando o pé no chão, não queria interromper os pensamentos dele, mas era estranho ficar em silêncio daquele jeito.

- No que esta pensando? – perguntei.

- Que nós fomos interrompidos no meio de um assunto importante esta tarde – falou.

- O quê?

- E ai, posso ajuda-la a controlar sua imagem? – ele fez uma careta fofa, o que não entendi. – Aproposito onde esta?

Revirei os olhos divertida.

-Sentada no chão, encostada na parede da sua frente – mordi o lado de dentro de minha bochecha esquerda, para não rir.

-Ah. E então? – ele parecia esperançoso.

-Sei que está bem animado para me ajuda, mas ainda não sei como ira fazer isso. Mesmo pesquisando – acrescentei rápido a última frase quando vi ele abrir a boca para falar – você não é um fantasma. Não saberá me explicar as coisas, isso se achar alguma coisa. Duvido muito.

Sabia que estava sendo dura com ele, mas eu tinha que ser realista. Para mim já estava muito bom saber que ele me escutava.

-Posso fazer o possível para te ajudar. – Os olhos tristes me procuravam na parede.

Era uma coisa só minha, apenas eu intendia. Ou tentava entender pelo menos. Era complicado dizer aquilo, era triste para mim fica repetindo que era morta e não tinha mais jeito para mudar isso.

-Simplesmente não pode. – disse bruscamente.

Os olhos negros endureceram de tal forma que me deram medo. Parecia que Brad havia perdido os olhos e em seus lugares eram apenas buracos que mostravam a parede atrás dele, tão escura quanto à noite. Ele me procurou novamente com o olhar na parede. Levantei-me e fui até ele, cheguei perto e ele tremeu de repente.

–Você está perto. – ele sussurrou – posso sentir.

Engoli em seco.

-Estou na sua frente pode para de me procurar.

Brad realmente pareceu me ver. Ele me encarava fundo nos olhos.

–Me deixe tenta – pediu.

Fiz careta de choro e continuei em silêncio.

-Onde você fica de noite? – ele mudou de assunto o que achei estranho.

–Passeando por ai. – respondi simplesmente.

-Onde? Você fica caminhando o tempo todo, até ser puxada para cá?

Brad sorria sonolento, ri internamente. Aquilo era engraçado, os olhos quase se fechando, mas ele resistia o suficiente para falar comigo, a boca se mexia lentamente formando as palavras e constantemente a fala era interrompida por longos bocejos.

-Pera ai, às vezes sento no Park. Você devia ir dormir, amanha terá que acordar cedo para desempacotar o resto das coisas.

Brad revirou os olhos sonolentos e suspirou meio perdido no sono.

–Você vai precisa de toda ajuda possível na sua pesquisa.

–Sabia que ia deixar. – ele se animou um pouco.

-É isso ai. Agora vá dormir.

-Só mais uma pergunta. Você sente algo muito forte quando é puxada? Na carta disse que era desconfortável, a dor... - ele parou ali e ficou quieto esperando eu responder.

-Sinto sim. Sei que é estranho vindo de alguém morto. Mas eu sinto muita dor, é desagradável.

Brad mordeu o lábio inferior, pensativo.

-Por que não fica aqui?

-Você não conseguiria dormir com um fantasma dentro de casa.

Brad deu um sorrisinho e pigarreou para disfarça, ele tirou os chinelos e deitou na cama, se tapou com os lençóis.

-Fica, por favor. – murmurou sonolento. – Quando eu acordar fale comigo, quero saber que você não é só um sonho.

Brad se aconchegou e em seguida dormiu. Olhei-o por um instante, pensando em ficar afinal de contas ele já estava dormindo não iria ficar com medo de mim. E além do mais não queria sentir aquela dor estranha quando eu era puxada de volta e também nem queria mesmo sair dali. Mas o problema é que não tinha nada pra fazer. Aquela noite eu estava mais agitada que o normal, e nem sabia o por que. Olhei pra Brad dormindo, com a boca aberta, quase babando. Dei um sorrisinho. Caminhei pelo quarto, fui até a janela da frente e sentei, olhei para a noite lá fora.

As luzes dos postes foram trocadas no dia seguinte a minha chegada a esta casa. Era intrigante lembrar aquela noite, o barulho dos postes era muito longe nem parecia ali perto. No quarteirão inteiro as luzes dos postes explodiram. De repente me deu uma dor aguda nas costas e me atirei pra traz, caindo no chão do quarto. Logo a dor sumiu e fiquei deitada no chão. Não intendi do por que da dor se eu estava dentro da casa. Continuei ali deitada olhando o teto.

Lembrei-me de quando eu estava entediada no quarto... Está bem, eu estava desesperada sem saber o que fazer e desejei ter algo que eu pudesse me expressar, dizer tudo o que eu sentia. Bota tudo pra fora a dor, a tristeza, a angustia, o medo e a fraqueza de espirito. Aquela vez aparecera do nada uma caneta, uma folha e um envelope. Com medo eu pegara a caneta e a folha, e tudo saiu como numa onda no mar, rapidamente eu enchera a folha com minhas reclamações da vida, morte, que eu estava tendo. Do modo que eu estava tão perdida e sozinha, como era ruim ser apenas um espirito sem um lugar na terra. Assim que terminei a carta dobrei e coloquei no envelope. Ainda me pergunto do por que viera junto um envelope. Pensei que fosse para por na caixa de correio de alguém, mas não dera muito certo já que a carta desapareceu assim que tirei a mão dela dentro da caixa de correio, fiz outras e resolvi por elas naquela frestinha do chão. Onde ficou até Brad as achar e sumir com elas, por que nunca mais as vi de novo e nem ia pergunta onde ele colocara. Elas já não me importavam mais, aquelas eram cartas de alguém sozinha e magoada. Agora eu não era mais sozinha.

Nessa hora tive uma ideia, me levantei num pulo e desejei ter uma caneta, uma folha e o costumeiro envelope. Assim que apareceram no chão, os peguei e os coloquei em cima na escrivaninha, olhei a folha em branco. Pensei no que poderia escrever  eu tinha certeza aquela seria minha ultima carta, já que eu tinha Brad para me escuta não precisava me desabafar com uma folha. Dei uma risadinha baixa. Peguei a caneta e me comecei a escrever.


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Notas finais do capítulo

(espero que gostem desse novo cap. :) )

no próximo cap: verdade doi muito. Eu que o diga, depois das palavras proferidas é muito difícil concertar o que já veio quebrado. ele nunca me maguo, mas doeu ouvir. Para que tanto treino?



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