Acordo toda suada e melada. Eu percebo que devo ter chorado a noite inteira, porque quando me olho no espelho, vejo meus olhos inchados. Lavo o rosto e fico me olhando e pensando. Penso nos meus pais, que eu não tenho notícia, a uns 5 anos. Penso em Draco que se passou por carinhoso e me feriu depois. Penso em Harry que é o menino que eu tenho que proteger e evitar que ele se machuque ou até mesmo morra. Penso que eu não tenho ninguém. Isso mesmo. Ninguém. Não desabafo, nem converso e nem confio em ninguém.

Eu sempre fui doce, educada, meiga, carinhosa e gentil. Mas depois de tanto apanhar da vida, virei isso aqui. Uma menina desconfiada, triste, fria e sozinha.

Tem a Hermione, claro. A menina que eu daria a minha vida. Mas nós estamos tão distantes. Não estamos como antigamente. Não damos as mesmas rizadas e nem compartilhamos os mesmos segredos. Não sei. Está tudo tão... diferente.

Tem o Harry também. Meu melhor amigo que eu tenho que proteger. Não posso deixá-lo em perigo e nasci predestinada a morrer para salvá-lo, e isso é um fato. Mas eu não posso conversar e nem desabafar com ele, por causa desse segredo estúpido. Harry é meu e eu sou dele. 

Tem o Rony. Não é tão próximo de mim, e diria que ele é meio desconfiado em relação a mim. Mas continua sendo o ruivo mais idiota, bobo, e engraçado do mundo. Mas não me sinto totalmente segura com, por saber que tudo que eu contar a ele , ele vai correndo contar para o Harry, e eu não posso correr esse risco. Eu realmente não posso.

Tem o Draco. Meu namorado, ou até mesmo ex-namorado. Eu não sei como está a nossa situação. Nunca fui diretamente a ele, para conversarmos, depois do feitiço que ele jogou contra mim. Eu amo Draco com todas as minhas forças, mas sinto ele tão estranho. Tão complicado. A nossa situação piorou ainda mais, quando eu descobri que ele é um comensal da morte. Meu mundo desabou quando eu descobri.

Paro de pensar nisso, quando percebo que estou sentada no chão, com as pernas encolhidas e chorando feito uma criança. Me levanto e pego uma roupa qualquer.

Era sábado, portanto era o primeiro dia do treino oficial do time de quadribol. Grifinória vai jogar com a Sonserina, para treinarem suas estrategias. 

Percebo que estou atrasada e que o treino já deve ter começado.

-Dormiu demais, Casey. -penso comigo mesma

Pego meu  casaco e corro em direção ao campo. Na arquibancada vejo Hermione e Rony sentados dividindo um saco de feijõezinhos mágicos. Fico observando de longe e vejo os dois e abraçando. Começo a rir meio boba e vou em direção aos dois para acabar com o clima.

-Perdi alguma coisa? -pergunto.

-O placar está 20 a 10 pra Grifinória. -responde Hermione

-Eu não estava me referindo ao jogo. -digo com um sorriso de canto.

-O que quer dizer então? - pergunta Rony, se fazendo de bobo.

-Não se façam de bobos, os dois. O que ta rolando entre vocês?

-C...C..Como assim? -Hermione gagueja.

Rony pega a mão de Hermione, a levanta e diz:

-Nós estamos namorando. É isso que está acontecendo.

Eu olho para os dois e dou uma rizada.

-Awn, que coisa mais... mais nojenta...

-Idiota. -os dois dizem ao mesmo tempo para mim.

O jogo vai passando e o placar continua o mesmo. Começo a ficar desatenta e presto atenção em um saco de doces que tinha na minha mão. Só volto a prestar atenção no jogo novamente quando vejo que o Draco não está em campo. Por que ele não está jogando, se ele foi escalado para a equipe?

Começo a sentir umas bicadas no meu pé. Quando olho para baixo vejo uma coruja, me bicando desesperadamente. Ela segurava uma carta no bico. Pego a carta e a coruja voa para longe.

Abro a carta e começo a lê-la:

Casey,

Eu preciso falar com você urgentemente. Você é muito especial para mim e eu não posso te perder desse jeito. 

Quero falar com você. Tenho uma surpresa preparada na sala precisa... Me encontre aqui o mais rápido possível, meu amor.

Draco.

Denovo esse jeito carinhoso. Isso nunca foi típico de Draco Malfoy. Me levanto e quando estou saindo, sou parada pela voz doce da Hermione.

-Onde vai Casey?

-Eu... Eu vou... Eu já volto Mione. Bem rapidinho eu estou de volta.

Se eu deveria ir atrás de Draco? Com certeza não. Mas por alguma razão, saio correndo no meio da multidão e saio da arquibancada. Começo a vagar pelos corredores de Hogwarts.

Desejo a sala precisa, para ela aparecer. Em um segundo, diante dos meus olhos aparece uma porta e eu a abro com delicadeza. Olho pra dentro da sala e não vejo nada, por estar tudo apagado. Vou entrando e sinto uma força maior que a minha, me empurrar direto para o chão. Sou amarrada em uma cadeira no meio da sala. 

As luzes se acendem e a primeira coisa que eu vejo, são meus pais encostados em uma parede, me olhando com ódio. Começo a pensar em tudo o que passamos juntos. Eram os pais que eu não via a mais ou menos cinco anos. Eles estavam na minha frente e não era um sonho, ou uma miragem. Eram realmente meus pais. 

Sou interrompida dos meus pensamentos, quando ouço uma voz  do outro lado da sala. Essa voz me arrepia e pela primeira vez na vida e posso dizer que realmente senti medo.

-Ora, ora, ora. O que temos aqui? Será mesmo Casey Thompson? Ou melhor deveria te chamar de... Traidora?

Me viro para reconhecer a voz, e me deparo com a pessoa mais temida de todo o mundo mágico. Sim, eu estava diante de Voldemort.