Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 61
Capitulo - 61 FASCINAÇÂO


Notas iniciais do capítulo

Elis Regina
Fascinação

“Os sonhos mais lindos sonhei
De quimeras mil um castelo ergui
E o teu olhar, tonto de emoção
Com sofreguidão mil venturas previ
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino cheio de esplendor
Teu sorriso prende, inebria e entontece
És fascinação, amor”



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Dentre de todas as pessoas felizes e sorridentes no casamento de Seth e Sarah, Edmond era uma figura presente sem espírito. Ele observava as pessoas dentro de suas conversas. Via sua irmãzinha reluzente, dançando com um extasiado Seth. Via Jason rodeando Leah de atenção. Via seus tios e avos, seu pais, que mesmo estando longe um do outro em uma conversa, seus olhares se procuravam de tempos em tempos, e era sempre uma comunicação íntima, que só eles entendiam. E isso tudo em outro tempo não causava nada nele. Mas agora, parecia uma provocação de que o mundo continuava exatamente do mesmo jeito que sempre esteve, quando que ele se sentia quebrado ao meio. Ele estava sentado no bar e resolveu pedir uma bebida que pudesse aplacar a acidez de seu estômago. O barmen olhou para ele e serviu uma dose de champanhe.

– Não! Me dê algo mais forte, cara. Isso é bebida de mulher. O que tem escondido aí?

Edmond se inclinou, procurando ele mesmo.

– Jack Daniel´s, Bourbon... Vinho... Não de jeito nenhum... Não tem cicuta?

Edmond perguntou, se sentando de novo, afrouxando o nó da gravata.

– Como, senhor?

O barmen perguntou, erguendo as grossas sobrancelhas.

– Não, nada... Me dê o velho Jack.

O barmen deixou um copo na bancada, e despejou uma dose.

– Deixe a garrafa aqui. Não quero ficar te incomodando toda hora.

Então a cadeira ao seu lado foi ocupada por outra pessoa.

– Um outro copo, amigo.

Makilam pediu.

– Um outro copo, para o segundo cara mais feliz da festa.

Edmundo riu da própria piada, mas Maki, não. Que se serviu de uma dose generosa de whisky.

– Hei, vai com calma! Não preciso de você, para ajudar esvaziar a garrafa. Aliás... Eu pretendia fazer isso sozinho, se não se incomoda...

Edmond disse, tentando espantar Maki.

– Não vou embora. Soube que é aqui, a reunião dos caras que queriam estar em outro lugar.

Maki disse, bebendo todo o whisky do seu copo, de uma única vez.

Edmond não queria sorrir, mas não teve como não se solidarizar com seu amigo.

– É aqui mesmo, meu camarada. Vamos rezar para ter outra garrafa nesse bar. Uma não vai dar conta de embebedar nós dois.

Maki também afrouxou a gravata, enquanto Edmond servia outra dose para eles. Diferente de Ed, Maki usava um terno claro de cor creme. E também diferente de Ed, que olhava para todas as direções e pessoas da festa sem dar atenção especial para ninguém, Maki tinha os olhos fixos em Sarah, que começava a dançar com Jason, uma valsa.

– Não vai dançar com sua irmã?

Maki perguntou sem poder disfarçar o tom amargo de sua voz, chamando atenção de Edmond, que começava a olhar para onde ele olhava.

– Hum... Sei que devo, mas não me sinto muito inclinado a girar com ela na pista. No momento, só quero dançar com minha garrafa aqui.

Ele engole outra dose, enchendo o copo em seguida.

– Deve dançar com ela pelo menos uma música, ou ela não vai perdoar você. Vai fazer você se arrepender disso, com lembranças repetidas em sua cabeça, de que não dançou com ela no seu casamento.

Edmond riu, molhando a boca com whisky.

– Foi com isso que ela ameaçou você?

Maki confirmou com a cabeça.

– Dentre outras coisas, se eu não aparecesse na festa. Falou que eu veria uma noiva em chamas por uma semana, segurando um convite de casamento, que derreteria toda vez que eu não pegasse. Ela me deu até uma provinha da imagem. Foi assustador...

– Nossa! Não podemos dizer que ela, de um jeito estranho, também não tem o meu dom da persuasão.

Makilam ficou um tempo calado, só observando Sarah.

– Não sei... A noiva em chamas não está me parecendo uma idéia tão ruim agora...

Edmond franziu os olhos, pensando se deveria ou não, dizer o que pensava sobre a relação de Maki e Sarah.

Ele pensou que talvez não fizesse diferença nenhuma agora, mas ele não estava se sentindo melhor só porque tinha outro cara na merda com ele.

– Sabe, eu tenho uma teoria sobre seu caso, meu amigo. Só não sei se você vai querer ouvir agora.

– Desembucha Einstein.

– Antes da minha mãe nascer, meu pai teve uma atração por Bella... Você sabia disso?

Maki olhou para ele sem interesse.

– Onde quer chegar?

– Penso que é a possibilidade, meu amigo. É o que está no DNA da minha irmãzinha que atrai tanto você...

Maki tinha o olhar assombrado agora. E o queixo estava caído algumas polegadas.

– Não fique tão assustado. Isso é mais comum que se pensa... Ainda há esperança para você, meu irmão...

Edmond deu dois tapinhas no ombro de um muito agora calado Maki. Levantou, levando a garrafa de Jack com ele e o copo. Maki voltou a encarar a pista de dança...

Edmond se afasta da festa, tentando se esconder para não ser visto. Tudo que ele quer, é encontrar um lugar sossegado para esvaziar sua garrafa. Caminhou até para fora da festa, indo para o caminho que levava a floresta. Mas mesmo ali, meio distante, ainda dava para ouvir claramente a música que vinha de lá e os burburinhos das conversas. Ele jogou o copo fora na mata depois de esvaziá-lo garganta à dentro. Preocupação com o meio ambiente não está na sua lista de pensamentos agora. Ele começa a esvaziar sua garrafa, bebendo no gargalo mesmo. Achando sua atitude um clichê de filmes ruins.

Ele ri de si mesmo sozinho, se achando muito patético. Mas o sorriso murcha em seus lábios. De onde está, ele pode ver algo que parece o último soco que faltava levar. O chalé dos Cullen despontou a sua frente. Aquela pequena casa nunca pareceu ameaçadora, mas era agora. Era como um castelo de terror repleto de fantasmas... Mas não havia fantasmas ali para ele. Só havia lembranças. Lembranças de Milley. Um fogo corrosivo estava brotando na boca do seu estômago. Ele podia ver aquela cabana queimando. Seria prazeroso ver a porta sendo lambida pelo fogo e depois ver ele se alastrar por cada fenda e coluna, subindo até consumir tudo e então ela cairia arruinada. Destruída como ele.

– Não faria isso, faria?

Edmund abaixou a cabeça. A vergonha veio com força de um tapa na cara, mas sentiu o aperto em seu ombro. Mão fria, mas cálida. Era uma aperto solidário. O consolo que não merecia por ter pensado em destruir algo que significava tanto para sua família. Mas Edward não disse nada. Ele apenas olhou para casa à sua frente.

– É um lugar especial. Sua mãe cresceu aqui, indo e vindo por esse caminho até a mansão. Eu e sua avó moramos aqui durante um tempo, e depois você com Milley. Sei que esta sofrendo, mas isso nuca vai acontecer. Essa imagem em sua cabeça, de fogo, esqueça isso... Isso não faria bem, nem a você, nem a ninguém. As lembranças que estão hoje ai com você. Essas lembranças que tanto machucam você, depois de um tempo elas não serão tão dolorosas. Serão como um lugar especial, que você por vezes vai querer visitar e elas não vão doer.

Edmond desvencilhou o corpo, para que a mão de Edward caísse do seu ombro. Palavras... Ele estava cheio de palavras.

Edward leu isso em sua mente. A dor abraçava Edmond. A dor era tudo que ele acreditava. Era tudo que ele tinha. Ele não queria deixar a dor ir embora. Deixar sua dor ir embora era dar adeus em definitivo a Milley. Era enterrar para sempre ela.

A dor era o seu amor agora. Ele estava apaixonado pelo seu sofrimento. Vivendo nele.

Edward meneou a cabeça, tentando esvaziá-la. A mente de Edmond era um lugar triste, onde ninguém era bem vindo ou queria estar. Ele estava sozinho. Só cabia ele mesmo ali.

Edward não podia alcançá-lo. Ele não era alcançável.

– Está avisado, garoto... Posso chegar aqui antes de você riscar a cabeça de um fósforo, ou uma fagulha de um isqueiro... Isso arrasaria sua mãe e acabaria com o casamento de sua irmã. Não se torne alguém que não conhecemos Ed.

Edward deu mais uma boa olhada em seu neto, se certificando que a idéia incêndio estivesse encerrada e se foi, voltando para a festa.

Edmond não tinha dito nada a Edward. Seus pensamentos eram lidos claramente por seu avô. Ele não ia se defender mentindo sobre o incêndio. Ele é inteligente demais para isso.

Edmond deixou-se cair ali, fatigado com sentimentos transbordantes. Em frente ao chalé não incendiado, sentado no chão, encostado em uma árvore, sujando seu terno de terra e folhas do chão. Ele novamente estava amando sua dor.

Bebeu mais um gole de seu whisky. E viu quando Soy veio correndo pela floresta, rindo. Do outro lado podia ouvir Aurora em uma contagem com olhos fechados, em frente a uma árvore.

– 1... 2... 3... Posso ir?

– Não! Tem que contar até vinte!

Respondeu uma Soy bufando, correndo e soltando risinhos animados.

Edmond estava se levantando para escapar dali, mas já era tarde demais. Na euforia de Soy, ela tropeçou nas pernas esticadas de Edmond.

Ela ia cair de cara no chão de folhas. Mas ele a pegou, como se ela fosse uma das folhas caídas da árvore e a colocou de pé ao seu lado.

Ela se assustou, arregalando os olhos e ia falar algo, mas Edmond colocou o indicador nos lábios e apontou para Aurora, que estava nos números finais de sua contagem. Ele estendeu o braço, oferecendo sua mão à garota, que sorriu timidamente, aceitando. Ele a levou para trás do chalé, onde havia brinquedos de um parquinho entalhados de madeira. No meio do parque, tinha uma pequena réplica da casa do Chalé. Era a casa de bonecas de Sarah. Emmett tinha feito para ela. Era seu próprio chalé, ela dizia. Havia nele um alçapão, que era um esconderijo perfeito. E de lá, se podia ouvir tudo sem ser notado, pois havia treliças que davam para ver o lado de fora sem ser visto. Ed não sabia se Aurora poderia seguir o cheiro de Soy. Mas mesmo que fosse capaz, ia ficar rodando pelo parquinho sem conseguir achá-la, a não ser que Soy quisesse ser encontrada.

– É o esconderijo perfeito.

Soy disse, se enfiando no buraco no chão da casinha.

– Sim, é. Mas eu vou ficar por perto, caso se sinta sufocada. É bem apartado aí. Mas e só me chamar, que eu venho rápido.

Ele falou bem baixo e Soy riu pelo tom conspirativo que aquilo parecia. Ela se encolheu no espaço e Ed fechou a porta e correu para fora, tendo o cuidado para não ser visto por Aurora. Ele escalou os muros do chalé e ficou no teto, observando a brincadeira das meninas. Aurora corria entre as árvores bem rápido, e ele se colocou em uma posição em que podia observar sem ser visto por ela.

– Soy?

Aurora chamou quando chegou no parquinho. Passou entre os balanços, o escorregador, os troncos que eram as gangorras. Até mesmo a caixa de areia foi devidamente verificada... Mas ela já ficava desanimada, quando percebeu que estava falhando.

– Soy cadê você? Falei que dentro da casa não valia...

Aurora falou, ficando na ponta dos pés, para olhar dentro do chalé, pela janela que estava aberta. E quando Aurora estava em sua inspeção, Soy saiu de seu esconderijo sorrateiramente . Edmond ficou surpreso com a agilidade da criança de oito anos, que disparou pela floresta, passando por Aurora, que deu um pulo de susto e parecia ter ficado meio desnorteada.

Edmond se levantou do seu ponto de observação, para ver se Soy ia conseguir chegar ao ponto de contagem. Pois as regras eram essas. Se ela chegasse ao ponto de contagem antes de ser pega, ela estaria salva e seria a vitoriosa.

– Vai Soy!

Edmond se viu torcendo pela garota. Quando Aurora lhe lançava um apontar de dedo indignada. Mas ela se colocou em corrida para alcançar Soy. Só que ela já tinha conseguindo uma boa vantagem e havia se salvado na árvore.

– Soy salva!

Edmond gritou, pulando do teto do Chalé.

Soy se jogou na grama, com o coração acelerado e Aurora vinha resmungando logo atrás, falando em trapaças e ajuda de terceiros.

– Mas que péssima perdedora.

Edmond a provocou, e ela fez bico resmungando e revirando os olhos.

– Você é uma quase vampira. Precisava de alguma vantagem.

Soy começa a se defender.

– Traidores! Vou voltar para festa. Não sei se vou voltar a brincar disso com você, Soy.

Aurora saiu meio carrancuda, e Edmond a achou muito parecida com Rose nessa hora.

Soy olhava curiosa para ele.

– Ela não vai ficar brava por muito tempo.

Edmond disse para tranquilizar Soy, que agora sorria para ele.

– É... Eu sei. Mas e você?

A pergunta pegou Edmond desprevenido, e ele olhou confuso para uma Soy, que agora sentava na grama. Ele se sentiu mal por ainda estar segurando a garrafa de whisky, e tentou escondê-la, colocando os braços para trás, na esperança de ela ainda não ter visto. O que não era o caso. Soy tinha visto. E apesar de não saber o que é whisky era, ela sabia que era uma bebida de adultos e não era refrigerante ou suco. O cheiro era forte como álcool e ardia um pouco seu nariz.

– Vou o quê, Soy?

Soy parecia pensar no que dizer, ou se iria dizer... Mas depois de segundos hesitantes o olhou decidida para ele e disse...

– Ficar assim para sempre... Sabe, eu, às vezes fico triste quando penso nos meus pais... Sei que faz muito tempo, mas ainda fico triste e tento me lembrar de como éramos juntos. Sinto que essas lembranças estão me escapando aos poucos...

A voz de Soy foi baixando o tom, e ela massageia o coração, como se pudesse fazer a dor passar. E Edmond gostaria que realmente isso adiantasse de alguma forma. Mas então ela para, e sua pequena mão se transforma em um punho sobre o peito.

– Eu tento não permitir que minha dor seja permanente. Eu não quero ficar sozinha...

Edmond se abaixa para ficar da mesma altura que Soy, e ele encara seus olhos tristes de avelã.

– Não esta sozinha, Soy... Tem a nós. Tem a todos nós. Você sabe disso.

Edmond tenta falar com toda a sinceridade do seu coração, entendendo de como as palavras eram importantes naquele momento, para que Soy não se sentisse desamparada.

– Eu sei. Mas o que seria de mim, se eu fosse só uma chorona... E ficasse pelos cantos lamentando por não ter pais... Eu me tornaria um fardo para todos...

– Não!

Edmond disse tão enfaticamente, que fez Soy sorrir.

– Não tem problema, Ed... Pessoas tristes são solitárias. Elas acabam afastando as pessoas. Minha mãe me disse isso.

Edmond enrugou a testa.

– Quando ela disse? Achei que não se lembrasse muito deles...

Soy se encolheu como um bichinho pego em uma armadilha.

– Me lembro de algumas coisas...

Edmond sabia que ela estava mentindo quando disse isso sem encará-lo. Desviando o rosto para uma flor, que brotava rasteira na grama ao seu lado.

– Está mentindo... Por quê?

Soy toca a boca de leve, com finos dedinhos. Insegurança estampa seu rosto...

– Soy?

Ele chama buscando sua atenção e ela o encara de novo.

– Eu... Vejo ela fala comigo quase todas as noites...

– Quem?

– Minha mãe... Eu sei você agora acha que sou louca. Mas não sou. Ela vem, e às vezes meu pai está com ela... Ela me disse para ser uma boa menina e para obedecer tia Nessie, para que ela me ame...

As palavras de Soy saiam atropeladas e balbuciantes, mesmo sem ela dizer nada, Edmond sabia que ela nunca tinha contado isso para ninguém. Aquela criança vinha guardando esse segredo, como um precioso tesouro que abrandava a dor no seu peito... Sentiu inveja de Soy, por poder ser assombrada assim...

– Minha mãe já ama você, querida...

Soy dá um esboço de sorriso para ele, quando ele levanta seu queixo.

– Eu sei que sim... Ela me salvou...

Soy fala, enxugando suas lágrimas com o braço...

– Tem mais uma coisa, Ed... Uma vez eu perguntei de você para minha mãe... Ela disse que eu não devo fazer perguntas para os espíritos. São eles que escolhem o que dizer. Mas como ela sabia que eu perguntava apenas para o bem, ela me disse...

– O que você perguntou?

– Perguntei porquê Milley não aparecia para você, e não mandava você voltar para casa...

O semblante de Edmond endureceu. Seu corpo ficou rijo e tenso. Ele não tinha noção, mas sua face parecia ameaçadora... Soy se encolhe assustada...

– Desculpe. Eu só queria ajudar tia Nessie e tio Jake. Eles estavam tristes por você ter escolhido morar longe deles, na ilha Akalat...

O Olhar aterrorizado de Soy fez Edmond se envergonhar. E ele tentou acalmar a avalanche de emoções que brotava nele.

– Tudo bem Soy. Sei que não fez por mal...

A calma com que ele disse isso, incentivou Soy a continuar...

– Ela me disse que Milley não estava mais no mundo dos espíritos. Sua alma já tinha partido e retornado a vida... Sabe o que isso significa, Ed?

Soy se aproxima de Edmond, para ter certeza que ele a escutava. Porque ele parecia ter se perdido em algum pensamento...

– Significa que ela já voltou... Você só tem que achá-la de novo...

Edmond a olha. Seu olhar escurecido. Ele, por instantes tinha esquecido que estava falando com uma garotinha. Ele sorri, piscando um dos olhos.

– Espíritos? Então estou falando com a mais nova guardiã dos espíritos de La Push, do pedaço hem?

Soy abre a boca mas não fala nada... Há uma consternação no rosto dela, que o faz recuar. Ele não podia levar o assunto para o lado divertido. Seja o que for que a garota tenha visto, ela realmente acreditava ver sua mãe morta... E se isso a consolava. Ele não ia ser o monstro a destruir a ilusão de uma criança.

– Ok! Estou só brincando. Mande lembranças minhas a tia Claire e a tio Quil...

Soy não sorriu. Apenas olhou desolada para os próprios pés...

– Ei... Sei o que está tentando fazer. Mas eu realmente não preciso disso agora, Soy. Eu estou bem, por enquanto. Eu só preciso de mais um tempo... Vem... Vou levar você de volta para a festa. Vamos tentar achar Aurora e implorar por nosso perdão...

Edmond estendeu a mão para que Soy a pegasse. A menina vacilou, mas se rendeu ao olhar de Edmond, pegando sua mão...

– Muito bem... Vamos então. Ainda tenho que encarar uma dança com a noiva, que deve estar me caçando pela festa... O que acha que devo dizer a ela?

– Diga a verdade...

– Que estava estragando a brincadeira de pique esconde de duas garotinhas?

Soy sorriu.

– Não... Diga que está perdido...

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Edmond ajudou Soy a achar Aurora e serviu de mediador na restauração da amizade, se culpando totalmente de ter interferido na brincadeira e prometendo solenemente não interferir de novo nas brincadeiras futuras. A não ser que seja devidamente convidado. Quando ele terminou de fazer sua promessa, piscou para Soy, que sorriu secretamente para ele, compartilhando uma cumplicidade de camaradagem.

Depois ele foi procurar sua irmã, que estava na mesma pista de dança que ele a vira. E ela sorri para seu par, que a olhava com uma fascinação não disfarçada.

Maki tinha finalmente tirado ela para dançar. O que Edmond internamente agradeceu. Porque isso deve ter mantido Sarah bem ocupada, e ela não devia ter percebido sua pequena fuga da festa. Mas era chegada a hora de cumprir com seu papel de bom irmão, e reivindicar sua dança com a noiva e salvar Maki de uma possível decapitação, porque Seth estava começando a mudar de cor, de tanto olhar para eles rodopiando felizes pela pista de dança. Edmond tocou no ombro de Maki assim que a música acabou. Maki fez uma cara de poucos amigos para ele, provavelmente aborrecido pelo que Edmond tinha dito no bar... Edmond ignorou isso, porque se sentia o herói do momento...

– Não mudo uma palavra, amigo. Mas só o futuro me fará justiça... Volte para o bar. Tem uma garrafa de whisky lá, esperando por nós. Não acabe com tudo sozinho. Assim que terminar a dança com minha irmãzinha, me junto a você...

Ele e Sarah ouviram Maki se afastar, murmurando alguns palavrões.

– Ingrato! Salvei o rabo de lobo dele. Seth estava prestes a vir aqui e arrancá-lo da pista, e ele nem me agradece...

Sarah olha desconfiada para seu irmão antes de eles começarem a valsa.

– O que quis dizer com aquilo?

– Com o quê? Com o rabo?

– Não se faça de engraçadinho. O Futuro me fará justiça? Que droga é essa?

Edmond fingiu não entender, e Sarah pisa com força em seu pé.

Ele gemeu baixinho. Realmente tinha sentido a ponta do salto fino de Sarah. Ela tinha feito a pressão exata.

– Quando ficou tão forte, garota?

Ele perguntou, rodopiando com Sarah em um giro, sentindo ainda a pressão do pisão em seu pé. Ela não respondeu, e ele viu Maki pelo canto dos olhos aceitando seu conselho e indo para o bar.

– Não quero que fiquem bêbados no meu casamento... Isso é muita grosseria e um clichê total...

– Deixe os homens de coração destroçados afogarem suas almas e lágrimas.

– Fracos!

– Insensível.

Edmond rebateu.

– Não sou!

– Claro que é... Está despedaçando o coração de Maki.

Edmond disse para provocá-la. Mas os olhos de Sarah ficaram logo marejados, e ele se arrependeu imediatamente.

– Não se preocupe com isso... Eu vou ficar com ele... Vamos ficar em forma de lobo, um lambendo as feridas do outro. Vai ser patético e meio nojento, mas vamos ficar bem...

– Não sei o que dizer. Eu nunca devia ter beijado Maki. Acabei dando a ele, esperanças que nunca deviam existir...

– É uma conquistadora sem coração. Eu sempre soube.

– Ed... Acho melhor se calar. Está me fazendo me sentir péssima, quando deveria me consolar...

– Perfeito! O meu maior talento é te irritar... Fico feliz que eu não tenha perdido esse útil dom...

– Monstro...

– Que dança muito bem...

Sarah riu, quando ele acelerou os passos, a levando com ele sem ela fazer nenhum esforço.

– Vamos, Sarah! Vamos sorrir para todos e mostrar que somos os melhores dançarinos da família.

– Não somos os melhores...

Sarah disse, com as bochechas já um pouco coradas pelos esforços de acompanhá-lo.

Ele piscou para ela de forma quase diabólica.

– Quem sabe sou eu! Posso fazer todos aqui afirmar que dançamos como profissionais... O que me diz?

– Não faça isso . Esta sendo arrogante ...

Sarah riu, mas ainda provocando ele a não fazer...

E por duas músicas, eles ficaram assim, se provocando e duelando com palavras e dançando. Ao final da segunda música, eles pararam com as testas coladas.

– Nunca vamos perder isso, está bem?

Sarah disse, com os olhos apertados.

Edmond não fala, mas concorda com a cabeça.

– Eu amo você Einstein... Senti sua falta. Não se afaste mais assim...

Edmond morde o lábio.

– Ainda não estou pronto para voltar... Pra mim ainda não acabou Sarah ...

– Mas vai...

Edmond beija a testa de sua irmã e vê a luz intensa que brilha nos olhos dela. Ele sabe que ela está feliz, e isso é como passar gelo em suas feridas. Refrescante e verdadeiro. E ele se sentiu feliz por ela estar feliz.

– Também amo você, magrela.


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