Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 50
Capítulo 50 - O SILÊNCIO DOS LOBOS


Notas iniciais do capítulo

O que temer? Nada.
A quem temer? Ninguém.
Por que? Porque aqueles que se unem a Deus obtém três grandes previlégios: onipotência sem poder; embriaguez, sem vinho e vida sem morte.
São Francisco de Assis



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Naquela manhã fria de dezembro, as lojas não foram abertas aos turistas. A escola da reserva teve as aulas suspensas. O pequeno posto médico só atendeu as consultas mais urgentes. Não havia crianças brincando na varanda das casas. Não havia pessoas passeando pela reserva. A praia estava vazia, com seu mar agitado. Uma triste calma pairava sobre a pequena reserva. Um silêncio de sepulcro dominava cada morador de La Push.

Os anciões se reuniram em volta de uma grande fogueira na praia, ecoavam seus cantos antigos. Suas mãos abertas, como se quisessem abraçar o fogo. Mulheres vestidas com trajes cerimoniais esfregaram balsamos e limparam os corpos de Claire e Quil. Elas pentearam o longo cabelo de Claire, enfeitando- o com flores da floresta. Lindas madressilvas brancas. Emily trançava o cabelo da prima. Seus olhos segurando as lágrimas, que ainda não queria derramar. Um canto de lamento era sussurrado enquanto as mulheres trabalhavam com os mortos. Seus corpos foram pintados com figuras tribais, com tinta branca. Cada uma com um significado. Era o rito de passagem. Era o adeus das almas que partiam do mundo dos humanos, para entregar seus espíritos imortais, e caminhar com os espíritos pela floresta, pelos céus e montanhas, livres de seus corpos terrestres. De suas dores. Partiam para o mar infinito juntos, como almas amantes. Como almas gêmeas que eram, e seriam por todo o fim dos tempos...

No mar, pequenas jangadas eram construídas, com madeiras talhadas, com figuras de lobo e flores. Era trabalho dos homens da tribo, essa parte da cerimônia. A construção de jangadas, para levar os corpos para ilha de Akalat. Jacob, Edmond e Jason ajudaram na construção das jangadas mortuárias. Jacob trabalhava em silêncio, como todos os outros. Nenhuma palavra era dita. Somente o canto dos antigos que rodeavam a fogueira, rompia o silêncio do trabalho dos homens.

Sarah se encaminhava para o deck da praia , de onde os barcos sairiam. Ela vestia as roupas brancas de cerimônia. Seus cabelos soltos tinham penas coloridas ornamentando. Sua pele estava pintada de carmim. Ela tinha que pintar o rosto e os corpos dos lobos. Tinta branca e negra, significando que eles tinham perdido um de seus irmãos. Seria o trabalho da esposa do Alpha, mas Sarah, tinha se encarregado disso. Era a única forma que tinha encontrado de ser útil na cerimônia dos índios. Os Cullen não puderam aparecer na cerimônia. As cerimônias fúnebres dos Quileutes é um rito secreto, carregado de significados antigos. Sarah pintava Embry, falando na língua Quileute. Um lamento pela sua perda e palavras de conforto. Um a um, os lobos foram recebendo a pintura. Todos receberam as palavras de lamento e conforto. Sarah tinha os olhos fechados, quase em um transe. As pontas de seus dedos faziam os desenhos quase automaticamente a certa hora. Mesmo assim, ela podia distinguir cada um dos lobos a sua frente. Seus irmãos, Makilam... Somente quando Seth veio para receber sua pintura, ela se permitiu abrir os olhos. E pequenas lágrimas saíram dos olhos de seu lobo, das quais ela não resistiu e secou com dois beijos cálidos, um em cada lado de seu rosto... Seu pai foi o último a receber a pintura. Suas mãos tremeram levemente, falhando em algumas partes. Ela nunca tinha visto seu pai assim... Seus olhos eram duas bolas de um piche escuro. Seu brilho tão vivo, não estava ali. Havia uma tormenta em cada um deles... Os músculos de seu corpo estavam tão tensos, que pareciam nos entrecortados...

– Vamos encontra-la, pai.

Ela disse, depois de falar as palavras cerimoniais em Quileutes, enquanto terminava a última pintura, anda com seus dedos tremendo.

Jacob a olhou firme, segurando em sua mão, para que ela parasse de tremer. Ele estava coberto da mesma tinta carmim que ela. Ele não disse nada, a total falta de palavras dele , era perturbador ...

Os corpos foram trazidos e colocados nas jangadas. Os moradores da reserva entraram em outros barcos, enquanto as duas jangadas iam à frente, sendo remadas pelos lobos de La Push até a ilha Akalat. Na beira da praia da ilha, tochas e pequenas velas iluminavam o caminho até a grande pira de madeiras. A pira estava toda ornamentada de flores e incenso, trazidos por todos os moradores da aldeia. Oferenda aos mortos. Presentes de partida... Os corpos foram levados para a pira. Um ao lado do outro, para que fossem queimados juntos. Suas mãos foram unidas, enquanto mais flores eram colocadas. Um transparente pano dourado foi colocado em cima dos corpos. Uma última oferta aos amigos que partiam. Orações em língua Quileute eram ouvidas. Lamentos de adeus, em despedidas chorosas... Sam abraçava Emily, que finalmente permitia que suas lágrimas caíssem... Makilam ao lado dos pais, consolava-os também, passando a mão nas costas do seu pai, que o abraçou no mesmo abraço que estava Emily. Embry era consolado por Ana, que o amparava quase como se fosse uma muleta. Ele chorava em soluços graves... Jared tinha o semblante cansado e olheiras fundas, também consumido em sua dor, abraçado por Kim-. Sue segurava a mão Seth e Leah. Os dois irmãos não tinham falado nada desde que os corpos de Claire e Quil tinham sido trazidos. Pareciam em choque. Se permitiam apenas chorar lágrimas silenciosas e quietas. Os irmãos Black formavam quase um semicírculo em volta de seu pai, que era só uma presença sem espirito na cerimônia. Nada parecia real para Jacob Black. Ele estava prestes a queimar os corpos de seus irmãos. Uma tocha foi colocada em sua mão por um dos anciões. Era sua função de líder, acender o fogo da pira. Consumindo em sua desgraça. Em sua falha. A culpa era um fardo pesado. E ter sua alma arrancada de si, era muito além de suas forças. Renesmee estava desaparecida com Soy. A briga na floresta foi cessada assim que o uivo de Jacob foi ouvido. Assim que o alerta do alpha foi dado, deu aos visitantes, a chance de fuga... O que um lobo sente, é sentido por todos da matilha. Mesmo Jason foi acometido daquele sentimento na hora. A morte de um lobo é sentida mil vezes por seus irmãos. A perda de um imprinting tem igual peso...

Jacob apertou em sua mão, a tocha de madeira. Deu passos decisivos à frente e fez uma promessa silenciosa para os mortos ali...

“Não haverá tempo suficiente. Nem lugar longe o bastante. Nem inimigo mais forte ou perigoso, meus irmãos. A morte virá para seu assassino.”

E feito sua promessa, ele acendeu a pira. Mas não foi o fogo consumindo os corpos que ele via. Ele via os cabelos de Renesmee nas chamas. Seu rosto, seus olhos e boca desenhavam o fogo, como um sinal de que ela esperava por ele...

O céu se tornou escuro nessa hora. Um trovão transpassou o céu, seguido por outro. Um silêncio seguiu por todos, só interrompido pelo estalar do fogo da pira...

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(Floresta Amazônica, Brasil)

– Vamos, Renesmee! Tem que comer. O quê pretende provar com isso?

Hulei tentava mais uma vez, enfiar uma colher com sopa na boca de Renesmee. Mas Nessie desviou o rosto. A vampira abaixou o prato, colocando na mesa de cabeceira, do lado da cama onde Renesmee era mantida. Havia algo errado com Renesmee. Ela se sentia fatigada, como nunca tinha se sentido em toda a sua vida. Tinha quase certeza que Nahuel a tinha drogado de alguma maneira. Não ia comer nada naquela casa...

– O que fizeram comigo?

Renesmee pergunta, meio torpe.

– É um calmante especial, feito por Joham. Não queremos que fique muito agitada, Renesmee. Não é nada de mais. Não vai fazer mal a você. Só deixará um pouco mais fraca e lenta. Quase humana...

Renesmee grunhiu em resposta.

– Onde esta Soyala?

Hulei a olha, curiosa.

– Ela está bem. Não se preocupe com a criança. Ficaria mais preocupada com você mesma, querida...

Hulei tampou a boca de Renesmee com guardanapo. Um vestígio de sopa que ela tentou dar mais uma vez, e foi recusada, esbarando na bochecha de Nessie.

– Tudo bem! Não vou mais insistir. Quer bancar a criança? Que banque. Talvez prefira que Nahu venha lhe trazer as refeições agora.

Os olhos de Renesmee se arregalarem em pavor. E ela abriu a boca, deixando a colher cheia de sopa entrar, enfim.

– Boa menina! Muito boa!

Renesmee tomou toda a sopa, vendo a cara satisfeita de Hulei.

– Como pode fazer isso, Hulei? Como pode ajuda-lo com isso?

A pergunta fez os olhos de Hulei se desviarem de Renesmee, e ela fitava a janela gradeada do quarto. Levantou-se, indo até ela, fitando a mata fechada, ao redor da grande fazenda.

– Sei que tem filhos, Renesmee... Não faria tudo por eles? Não daria a sua própria felicidade por eles?

– Não acredito, que algum dos meus filhos exigisse tal coisa de mim, Hulei. Não está fazendo nenhum bem a Nahuel, mantendo a mim e Soy aqui. Só esta alimentando sua loucura...

Hulei deu um sorriso fraco a Nessie.

– Teria feito bem a ele, Renesmee... Se pudesse ama-lo, ele não se tornaria esse ser estranho. Ele ama você. O que você chama de loucura, ele chama de amor. Ele nunca acreditou que estivesse morta, Renemee. Ele nunca desistiu de encontrar você. Acha que ele precisa estar naquele castelo na Itália? Ele está lá por você. Ele a ama, querida. Com obstinação, e não há nada, nem ninguém, que faça ele desistir disso. O chama de louco? Sim, talvez ele seja. Está louco em sua paixão. Em seu amor por você. Eu não posso convencê-la disso. Eu sei que não. Mas também, você não pode me convencer que deixa-la partir, faria algum bem para meu filho. Seria tão mais fácil se o amasse. São iguais. Ambos da mesma espécie.

Renesmee fechou os olhos em desalento. Seria inútil tentar convencer aquela mulher.

– Por favor, deixe-me ver Soy. Ela deve estar assustada. Ela não conhece esse lugar. É só uma criança...

– Não se preocupe com a criança. Nahu está com ela. A menina adquiriu um fascínio por ele. Diferente de você, ela parece gostar de estar com ele.

Renesmee sentiu asco da vampira nessa hora. Como pode isso?

– ELA, COM TODA A CERTEZA, MUDARIA DE OPINIÃO, SE SOUBESSE O QUE NAHUEL FEZ COM SEUS PAIS.

Hulei ignorou o comentário, recolhendo a bandeja da mesa, com o prato de sopa.

– Durma, Renesmee. E não tente ser racional, quando vivemos em um mundo, que seres racionais. Não passam de comida, para criaturas como nós.

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Hulei descia a escada em estilo colonial, que dava para a enorme sala da fazenda. Ela ouviu a voz de Nahuel, mansa e macia, que lia um livro de poemas de Tennysson, em uma voz hipnotizante. Soyala estava embrulhada em mantas de veludo, encolhida na poltrona na frente dele, com olhos semicerrados, de um sono que parecia querer domina-la, mas que ela brigava para que não vencesse. Ela queria ouvir a voz do homem estranho. Era tranquila e doce. Afastava os pesadelos.

– Tennysson para uma criança, Nahu?

O comentário foi sussurrado na orelha de Nahuel, para não atrapalhar a hipnose da criança na poltrona.

– Não importa o que eu leia para ela, desde que mantenha o mesmo tom de voz calmo. Agora não nos interrompa, Hulei... A não ser, que Renesmee me chame.

– Isso não vai acontecer, filho... Ela não vai chamar por você.

– Há! Ela vai, sim. Ela vai, quando a preocupação pela pequena Soy a atormentar. Quando ela se sentir tão sedenta de sangue e precisar caçar algo. Ela vai implorar para falar comigo.

– Ela pode ficar dias sem sangue. Sabe disso.

– Mas a cada dia, ela vai estar mais fraca. Mais sedenta. Mais selvagem. E o meu sangue, é tudo que ela vai poder beber.

Nahuel fechou o livro com cuidado, indo até Soy a cobrindo melhor com o cobertor no sofá. Ela já dormitava tranquila.

– Por que vai dar seu sangue a uma mulher que despreza você, meu filho?

Nahuel não se alterou com o comentário. Olhava o rostinho angelical de Soy dormindo.

– Para que eu seja tudo que ela tem. Assim, como ela é tudo que eu tenho e preciso. Se não pode me amar, que sinta fome de mim. Que implore por meu sangue. E quando ela estiver louca em sua sede, eu darei a ela pequenas gotas. E ela beberá . Em seu ódio, eu alimentarei sua sede. A viciarei em meu sangue. Ela será minha, Hulei. Como sempre esteve destinada a ser. O meu sangue nos unirá. Será o casamento mais indissolúvel. O casamento de sangue.

Hulen o olhava assustada , mas Nahuel , não estava prestando atenção nela.

– Beberá dela?

– Sim! Eu a quero Hulei. Quero cada essência dela, desde que a vi pela primeira vez. Ela teria sentido o mesmo, se ele não estivesse lá. Se ele não tivesse cravado aquela maldição de lobo nela!

–Não será fácil, filho. Temo que ela prefira morrer, a beber de você...

Hulei disse isso baixo, e quase com medo de que Nahuel perdesse o controle com suas palavras. Mas a sombra que viu nos olhos de Nahu foi algo sinistro de se ver.

– Então eu a enterrarei aqui e me deitarei ao lado do seu corpo, esperando minha morte chegar...


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