Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 25
Capítulo 25 - SR.TA. MILLEY


Notas iniciais do capítulo

(garotos - leoni )
Seus olhos e seus olhares
Milhares de tentações
Meninas são tão mulheres
Seus truques e confusões
Se espalham pelos pêlos
Boca e cabelo
Peitos e poses e apelos
Me agarram pelas pernas
Certas mulheres, como você
Me levam sempre onde querem
Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu
Sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos...
Perto de uma mulher
São só garotos
Seus dentes e seus sorrisos
Mastigam meu corpo e juízo
Devoram os meus sentidos
Eu já não me importo comigo
Então são mãos e braços
Beijos e abraços
Pele, barriga e seus laços
São armadilhas e eu não sei o que faço
Aqui de palhaço, seguindo os seus passos



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Cabernet 1971

Milley olhava a lareira apagada, enquanto girava o cabernet 1971 na taça. “Seria tão bom se estivesse acesa.” Milley deu um longo suspiro, cheirando o cabernet na taça. Suas pernas esticadas, de forma descansada sobre a mesa de centro. O barulho da chuva lá fora ressonava de forma tranquila. Era uma noite fria, naquela estranha cidade. Fechou os olhos. Lembranças constrangedoras invadiram sua mente. Tocou a testa, balançando a cabeça desgostosa do seu ato.

– Droga Milley. Que vergonha! Por que teve que fazer essa idiotice?

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(Edmond)










– Eu vou pra casa.



















Maki olhou para o lobo de Ed, que sacudia o excesso da água que acumulava nos pelos.













– Já vamos. Essa chuva parece que vai se estender por toda noite. Seth e tio Quil devem chegar logo.




Nesse instante, eles ouviram as pegadas dos lobos. E suas mentes já foram invadidas, pelos pensamento de Quil e Seth.

Edmond olhou para o lobo de Seth, e se afastou rapidamente para voltar a sua forma humana. As imagens que leu na mente de Seth lhe causaram um desconforto estranho pra ele. Não queria que os outros percebessem, e voltou correndo a sua forma humana, sem esperar por Maki.

– Tenho que ir.

Foi tudo que disse, já em uma correria de volta pra sua casa.

Edmond já em sua forma humana, remoía as imagens que tinha recebido de Seth. Milley tinha convidado Seth para jantarem fora. Ele recusou de forma educada, deixando-a constrangida.

Edmond seguia a passos rápidos. Se vestiu com a bermuda que tinha amarado em sua perna. Seu corpo ainda molhado pela chuva que caia. Entrou na casa, estranhando ela estar tão quieta e vazia. Mas logo se lembrou que seus pais tinham saído para uma noite romântica a sós. Sarah estava na casa de Claire com Soy e dormiria lá. Edmond parou na porta. O cheiro que já estava se tornando familiar invadiu suas narinas. Ele gostava daquele cheiro. Era um perfume suave de lavanda e gérbera.

Sorriu ao vê-la tão relaxada no sofá da sala, com suas lindas pernas descansadas na mesa do centro. Tinha uma taça de vinho na mão. Seus olhos estavam fechados. Ela nem tinha percebido sua presença. Ele apenas continuava quieto a observa-la. Gostava de olhar para ela. Tão bonita, delicada e forte ao mesmo tempo. Já tinha se passado dois dias desde sua inesperada chegada. E a cada dia, Edmond se interessava mais pela humana inteligente, astuta e negociante feroz, segundo seu pai afirmava.

Milley abriu os olhos e os franziu, sem saber se tinha caído em algum cochilo e estaria sonhando.

A imagem do garoto a sua frente, sem camisa e com gotas de chuva que pareciam secar rápido demais. Mas as que restavam, pareciam com pequenos diamantes sobre seu peito forte. “Nossa, que lindo! Esse menino é lindo.” Milley abriu os lábios involuntariamente, como se o ar começasse a lhe faltar de repente. Os olhos de Edmond não se desviavam dela. Ele sempre a observava. Ela já tinha notado isso, desde que chegara. Não incomodava o olhar do menino. Era bom se sentir admirada. Se sentia lisonjeada. Mas o olhar do menino aquela noite para ela era diferente. Era abrasador. Sentiu seu corpo quente, aquecido estranhamente por aqueles olhos de chocolate penetrantes e intensos.

– Oi!

Milley se obrigou a dizer. Já que ele não dizia nada e continuava a olha-la.

Ele desviou o olhar, e Milley percebeu que tinha ficado sem respirar, como se seu corpo tivesse ficado estático, enquanto ele a olhava de forma tão penetrante. Ele olhou a lareira apagada.

– Quer que eu acenda sr.ta Milley?

Ele insistia em chama-la assim, com essa formalidade, apesar dela já ter pedido para ele não o fazer.

– Milley, Edmond. Me chame de Milley.

Edmond sorriu, sem olhar para ela.

– E inevitável.

Ele disse de forma simples.

– Quer que eu acenda?

Milley sorriu com o jeito dele. Ele falava de forma divertido. Seu sorriso era provocativo. Ele é um provocador em seu temperamento.

– Sim, por favor Ed. Gostaria muito.

Respondeu a sua pergunta, bebendo mais um gole de seu vinho.

Edmond acendeu a lareira, ficando de costas para Milley. Ela se pegou olhando o corpo dele. Suas costas bem trabalhadas, e as gotas tinham secado completamente. Ele estava só de bermuda. “Não estaria com frio?” Milley não percebeu o suspiro que saiu. Edmond se virou para ela, como se ela tivesse o chamado de alguma forma silenciosa. A lareira acesa, fazia a pele dele reluzir de forma quase inacreditável. Milley olhava para ele, em uma expressão admirativa. Ele parecia com a estátua de deuses olímpicos. Talvez a de Ícaro, sem suas asas. “Nossa, ele é lindo!”

Milley suspirava, admirando aquele menino. Que ainda por cima, insistia em encara-la.

Edmon se sentou na mesa de centro, em frente a Milley, onde ela descansava suas pernas, de forma tão sedutora sem ter noção de quanto isso a deixava sex e relaxada. Edmond lutava contra a vontade de segurar cada uma se suas pernas e lhe tirar os sapatos altos e finos. Puxar suas meias pretas, que desde a chegada da humana, ela vinham invadindo seus sonhos. Sonhos que nunca tinha tido desde então.

– Nossa! Desculpa Edmond.

Milley tirou as pernas de cima da mesa. Mas antes da primeira tocar o chão, Edmond a impediu; segurando seu tornozelo direito. O toque inesperado sobressaltou Milley, que arregalou os olhos assustada. Edmond sorriu em sua forma provocativa, colocando de novo sua perna sobre a mesa, da mesma forma que estava uma sobre a outra, de forma cruzada.

– Não tem problema sr.ta Milley. Sabe que pode ficar a vontade aqui.

Milley soltou um sorriso envergonhado e constrangido. Sentia estranhamente seu tornozelo queimar, onde Edmond tinha tocado, mesmo que brevemente.

– Desculpa... Estou envergonhada. Me sinto em casa aqui. A sua família me recebe tão bem, que às vezes me esqueço que sou uma hóspede. Acho que já estou ficando meio folgada até.

– É bom vê-la assim, à vontade, em nossa casa.

– É, mas não posso começar a me sentir em casa...

Milley abaixou os olhos. O olhar penetrante de Edmond a estava perturbando mais que gostaria de admitir pra si mesma. Achou mais seguro manter seu olhar sobre o fogo da lareira. Já tinha tomado decisões péssimas para um único dia. Não precisava se deixar ser seduzida por um garoto de dezessete anos... Era isso? Quantos anos ele tinha afinal? Isso não importa. Jovem demais Milley. Errado em vários aspectos. Pelo amor de Deus.

– Parece chateada sr.ta Milley.

Milley começava a brincar com suas unhas compridas na taça de vinho, batendo elas de leve na taça. Na verdade, era um gesto para disfarçar o nervoso.

– Não precisa ficar nervosa comigo sr.ta Milley.

Milley tocou a taça nos lábios, para cheirar o cheiro suave do cabernet. Mas a taça já estava vazia. Edmond a pegou de suas mãos, tocando levemente seus dedos. O que a fez olha-lo. Ele se levantou, indo até a mesa onde ela tinha deixado a garrafa de cabernet e encheu a taça. Ela olhava quase de forma hipnótica, o garoto se mover. Ele era tão charmoso. “Mas que droga Milley! O que você tá pensando?” Edmond já estendia a taça para ela pegar, se sentando de novo em frente a ela. Ela pegou, tomando cuidado para não toca-lo de novo. Não tinha convívio com jovens. Não sabia se era muito correto ele lhe servir de bebida alcóolica. Droga! Se os pais dele chegassem, o que achariam desta cena? Esse pensamento fez Milley olhar para a porta da casa que nunca ficava fechada.

– Eles provavelmente não vão voltar hoje. Eles estão na sua noite de folga. Não o veremos até amanhã de manhã.

Um “ah” mudo saiu da garganta de Milley. Ele sabia o que tinha passado na mente dela. Droga! Será que estava sendo tão óbvia assim, para aquele garoto estranho e lindo?...

Outro suspiro e um gole grande de vinho. Milley jogou a cabeça pra trás. E isso deixava seu pescoço tão exposto. Edmond engoliu a saliva, que se acumulou em sua boca. Seus olhos dilataram por alguns segundos, vendo aquele pescoço tão exposto. O cheiro era tentador. Ele fechou os olhos sacudindo a cabeça. Queria estar ali. Queria cheira-la ali, em seu pescoço perfeito. Teve que conter um rugido que começava a querer sair de sua garganta. Droga! Tenho que pensar em outra coisa. Seus olhos se desviaram do pescoço de Milley, mas não foram muito longe, parando em suas pernas, que estavam tão perto dele, que ele teve que fechar as mãos em punho. Pois a vontade de toca-las invadia seu corpo.

– Posso tirar seus sapatos sr.ta Milley?

Milley levantou a cabeça. Será que tinha ouvido direito?

– O quê?

– Quero tirar seus sapatos...

Edmond disse, olhando a expressão de surpresa no rosto de Milley.

– Por que quer tirar meu sapatos?

``Quero fazer isso, desde que chegou aqui...``Edmond pensou .

– Para que fique mais à vontade. Devem apertar...

Edmond não esperou uma resposta. Porque sabia que ela estaria cogitando a possibilidade de sair dali rapidamente. Pegou delicadamente seu tornozelo e tirou o sapato, segurando seus pés. Milley sentia o toque quente de Edmond em seus pés. Sabia que isso era estranho. Em uma noite tão fria, como aquele menino podia estar tão quente? Mas se sentia estranhamente presa por seus toques suaves, mesmo através das meias finas, sentia o toque dele, que estava sendo extremamente gentil em tirar seus sapatos, os deixando arrumados sobre a mesa. Queria puxar os pés. Se encolher e proteger suas pernas daquele toque perturbadoramente quente. Mas seu corpo não parecia da mesma opinião. Ele parecia agradecido pelo contato.

Ela não teve mais vontade de falar nada. Apenas observava Edmond colocar suas pernas em seu colo e suas mãos que deslizavam sobre seus pés. Ele estava começando a fazer uma massagem em seus pés, que a deixou tão mole. Desistiu de lutar contra o toque dele. Jogou sua cabeça pra trás de novo, e ouviu um rosnado de Edmond. Saiu abafado, como se ele tentasse se conter. Mas ela não teve medo. Estranhamente sentiu vontade de sorrir. Não era a única afetada, pelo jeito.

– Nossa, Edmond! Isso é muito bom... Obrigada.

Tinha que falar alguma coisa, para manter o ato em um nível amigável e não sensual, como estava sendo.

– De nada, sr.ta Milley.

Milley sorriu, olhando pra ele.

– Não vai mesmo parar de me chamar de sr.ta Milley?

Edmond apenas negou com a cabeça, a olhando ainda, continuando com sua massagem nos pés de Milley.

– O que quer Ed? Que eu me sinta mais velha do que realmente sou?

– Não é velha...

– Quantos anos acha que tenho?

– Vinte três... cinco... Não sei. Não me importo...

– Quantos anos tem Edmond?

Ele parecia pensar sobre isso. Não mentiria. Eu poderia confirmar com seus pais sua idade. Por que ele parecia pensar?

– Dezoito.

– Está mentindo...

– Por que acha que eu estou mentindo? Não pareço ter dezoito?

– Parece. Mas por que demorou a responder, então?

–Não importa a idade que eu dissesse que tenho. Iria me achar novo demais.

Milley procurou uma resposta para isso. Chegou até mesmo a formular algumas em sua mente, mas não disse nada.

– É melhor eu ir dormir. Acho que já bebi muito vinho, e essa massagem está maravilhosa demais. Estou me sentindo renovada.

Milley tentou puxar sua perna, mas Edmond segurou seus pés, a impedindo de sair dali.

– Ainda está tensa e me parece meio chateada.

O toque era firme, mas gentil ao mesmo tempo. Na verdade, Milley não queria sair dali nunca. Mas aquilo parecia tão perigoso de várias maneira diferentes...

– Não tive um dia muito fácil. Mas já estou me sentindo melhor, graças a você e suas mãos poderosas.

Ao dizer isso, se arrependeu imediatamente. Que comentário mais inapropriado.

– O que aconteceu no seu dia para deixa-la chateada sr.ta Milley?

Estou agindo de forma estranha desde que chequei nesta cidade maluca. Essa era a verdade.

– Fiz algo meio vergonhoso hoje.

Milley estranhou ter dito isso. Não era de falar de sua vida. Ainda mais para garotos adolescentes. Aquele garoto estava deixando ela tão à vontade, que sentia vontade de falar sobre tudo com ele, como se estivesse em um confessionário.

– O quê fez?

Aqueles profundos olhos de chocolate eram hipnóticos. Milley bebeu mais um gole de seu vinho, buscando a lembrança do dia mais cedo, quando cometeu um ato impensado de convidar Seth para um jantar. Tinha recebido um educado “não”. Se sentia constrangida. Nunca tinha tido esse tipo de atitude. Convidar um homem para sair, não era algo que ela costumasse fazer. Mas depois de meses em contado com Seth, se sentia atraída por ele. Esperava calmamente ele tomar a iniciativa, mas não aconteceu assim. Pensou que fosse timidez. Ela é uma mulher bonita, no auge dos seus vinte três anos. Os homens a caçam, como se ela fosse um prêmio, ou um troféu de conquista. Mas Seth se mostrava gentil amigável e desinteressado pelo que constatou.

– Seth tem namorada, Edmond?

A pergunta fez a massagem terminar. Mas Edmond manteve as pernas de Milley em seu colo e ela não fez menção de tira-las dali.

– Não exatamente, mas ele é comprometido.

Outro gole de vinho e uma expressão de desentendimento.

– Comprometido? Como assim?

– Ele espera por alguém.

– Quem? Ela viajou? Está fora do país?

– Não! Está indisponível no momento.

– Em um relacionamento. Meu Deus! Ela é casada?

Os olhos de Milley se arregalaram, e Edmond riu das conjecturas que ela chegava , ela poderia fazer suposições a noite inteira nunca descobriria a verdade.

– É complicado sr.ta Milley. É melhor não tentar imaginar, acredite. É assunto dele. Mas por que o interesse?

– Fiz a besteira de convida-lo para jantar. Estou me sentindo uma estúpida por isso. Foi constrangedor ver a cara que ele fez.

– Não tinha como saber. Não deve se culpar por isso, ou sentir-se envergonhada. É uma mulher decidida, que tomou uma atitude de buscar o que queria, mas não deu certo. Tudo bem! Parta para outra.

– Ouvi-lo falar assim, me sinto uma boba por estar assim, toda preocupada com o que fiz.

– Não se culpe mais com isso.

– Obrigada Ed, pelo conselho e pela massagem.

– Não por isso, sr.ta Milley.

Eles se olhavam, ambos perdidos em seus pensamentos e desejos silenciosos. Mas a barriga de Ed se manifestou, em um ronco de fome. Ambos riram.

– Está com fome Edmond? Posso fazer minha especialidade pra você. Macarrão com queijo.

Edmond apenas sorriu concordando.

– Mas não precisa cozinhar. Minha mãe sempre tem comida congelada.

– Permita-me, pelo menos, colocar para aquecer. Preciso pagar pela massagem de alguma forma. Meu pés estão caminhando em nuvens.

Milley disse isso, se encaminhando para a cozinha. Edmond apenas acompanhava ela com o olhar. Observa-la estava se tornando viciante. Sacudiu levemente a cabeça para se concentrar e foi até a cozinha onde ela estava com duas caixas de lasanha na mãos.

– Presunto e queijo ou bolonhesa?

– Tanto faz. Eu gosto dos dois sabores.

– Tá bem. A de presunto com queijo fica pra mim então.

Eles conversaram amenidades. Milley contou sobre sua vida em Nova York. Sobre seu apartamento na quinta avenida. Seus pais tinham uma boa condição financeira, mas ela se orgulhava de conseguir seu emprego sozinha. Eles pareciam meio controladores sobre a vida dela. Edmond descobriu que ela tinha vinte três anos e tinha se formado rápido. Porque como ele, imaginara. Ela é brilhante, inteligente, engraçada e linda. Ed gostava de ouvir a voz dela. O som da risada.

– E isso é tudo. Nossa! Tem certeza que só tem dezoito anos?

Edmond sorriu.

– Sim!

– Incrível! Tão maduro e...

Milley queria dizer tantas coisas, mas achou melhor se calar. Tentar definir Edmond seria verdadeiramente impossível. Ele é inteligente, brilhante, engraçado e lindo. Mas não podia dizer isso a um garoto.

Edmond percebeu que ela não ia concluir sua frase e se levantou. Recolheu os pratos e talheres da mesa.

– Eu lavo, Ed!

– Não! Deixa comigo. Mas pode secar, se quiser.

– Sim, claro! Só vou pegar meu vinho, enquanto você lava.

Milley saiu da cozinha. Edmond não conseguia parar de sorrir.

– Devo tá parecendo um otário.

Um barulho de pés escorregando no assoalho e vidro se partindo, e depois o cheiro de ferrugem e sal. Era sangue... O cheiro invadiu o ar. Os olhos de Edmond escureceram. A sede queimou sua garganta... O cheiro era tentador...

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– Droga!

Milley estava agachada, recolhendo os cacos do vidro da taça. Ela tinha escorregado de sua mão, quando escorregou no chão. Se cortou quando tentou recolher os cacos do chão.

Olhou para porta da cozinha. Edmond estava a olhando um uma expressão indecifrável no rosto. Mas parecia zangado. Por algum motivo, seu corpo estava rígido e os olhos dilatados. Milley não teve certeza, mas pareciam estar também mais escurecidos. Seria a luz?

– O quê esta fazendo Milley?

A pergunta saiu quase como um rosnado, e ela se encolheu levemente com o susto. Edmond percebeu, e tentou relaxar a postura. Mas não confiava em si mesmo para se aproximar de Milley agora.

– Eu... Eu... Escorre...guei. Desculpe! Quebrei a taça da sua mãe... Lamento.

Milley estava gaguejando. A postura de Ed era assustadora, e o fato dele ter falado tão friamente com ela, estava a incomodando muito. Sentiu uma estranha vontade de chorar. Mas ela não é de fazer isso. Chorar com isso, com um homem fazendo grosseria... Não seria a primeira vez. Milley o que está acontecendo com você?

Milley tentou estancar o sangue, colocando a mão com o corte na boca e sugar o ferimento. Mas isso pareceu enfurecer ainda mais Edmond.

– Vá para o banheiro. Lave isso com água. Tem uma maleta de curativos dentro do armário.

Ela parou, tirando a mão da boca. Não estava entendendo essa reação dele. Seria pela taça? Mas que coisa estranha! Ele estava dando ordens? Milley teve quase certeza que sim, mas resolveu ignora-lo, e começou a catar os cacos de vidro do chão de novo. Precisava ignorá-lo por alguns instantes.

– Deixe isso ai. Vá lavar este corte Milley!

É! Ele estava me dando ordens. Definitivamente. É isso mesmo? Milley queria manda-lo para um lugar bem desagradável. Mas quando encarou de novo Ed, ele parecia se segurar na parede. Seus olhos estavam realmente escurecidos. Se levantou rapidamente, indo até o banheiro. Lavou a ferida em água corrente. Deixou sua mão ali na água por alguns segundos. Achou tudo que precisava. Mas era destra e o corte tinha sido na sua mão direita. Estava falhando miseravelmente na tentativa de fazer um curativo descente.

Ouviu leves batidas na porta, que resolveu ignorar.

– Senhorita Milley?

Sr.ta? O quê ouve com o tom enfurecido do garoto ao chama-la de Milley? Pelo menos na hora da raiva súbita, o sr.ta tinha desaparecido.

– Sr.ita Milley, deixe-me ajuda-la.

Milley tirou o curativo torto que tinha com dificuldade, arrumado mais ou menos. Jogou no lixo e saiu do banheiro, entregando a malinha de curativo para Edmond. Mas não disse nada. Sua expressão aborrecida falava por si mesmo.

– Venha, vamos para a cozinha.

Edmond disse, se desviando daquele olhar de raiva que o incomodou. Como se alguém estivesse espetando agulhas em seus olhos.

Na cozinha, Milley estendeu a mão e Edmond a pegou. O corte não sangrava mais, mas precisava de um curativo para proteger que a carne se abrisse mais com o atrito.

– Acha que vai precisar de pontos?

Milley não resistiu a perguntar. Odiava hospitais. Edmond não respondeu. Parecia concentrado demais. Focado. Milley começou achar que ele nem mesmo estava respirando.

Se calou, observando ele trabalhar habilmente. Sua cabeça baixa. Seus cabelos ficaram perto de seu rosto. Ele tinha um cheiro tão bom. Parecia com menta e hortelã? Não! Era mais picante. Cânfora. Isso! Ele tinha o cheiro exótico de cânfora e mato molhado. Que perfume é esse gente? Engarrafe agora. Quero trinta caixas de essência de Edmond. Milley estava tão embebecida com o cheiro dele, que se sobressaltou quando ele levantou o rosto para fita-la nos olhos. Eram os olhos de chocolate de novo. Ele parecia preso, e a prendia também naquele olhar penetrante e intenso.

– Terminei ...

Milley puxou sua mão levemente, abandonando as mão quentes de Edmond.

– Obrigada sr. Edmond. É muito talentoso. Fez um curativo ótimo!

– Não acho que vai precisar de pontos. Mas posso levar você amanhã até meu avô. Ele é médico. Pode dar uma olhada nisso.

– Não precisa. ..Foi ele que ensinou você a fazer belos curativos?

– Sim! Mas eu não quero fazer isso de novo. Então, fique longe de vidros sr.ta Milley. Não cate vidros do chão. Isso não é muito seguro.

– Isso foi um conselho sr. Edmond, ou está me dando ordens de novo?

Edmond sorriu da expressão que ela fazia. Começou a guardar as gazes e os esparadrapos na pequena maleta. Iria limpar tudo melhor quando ela fosse dormir. Não podia deixar nenhum vestígio de sangue dela ali.

– É um pedido sr.ta Milley. Desculpe. Eu só queria ajuda-la.

Milley franziu o centro dos olhos, tentando entender aquele estranho garoto e sua reação exagerada a um cortezinho. Mas desistiu. Não tinha como entender isso, a não ser que começasse a ler mentes.

– Tá! Esquece. Obrigado pelo curativo ficou muito bom Sr. Edmond.

Edmond sorriu no canto dos lábios. Ela estava provocando ele.

– Pare com isso sr.ta Milley. Isso é infantil, sabia?

– Inversão de papéis é um técnica psicológica , aplicada em terapia. Se chama terapia reversa. Dar ao outro, o mesmo tratamento que ele dá a outras pessoas, sr. Edmond.

Ela agora brincava. Edmond queria experimentar o gosto de sua boca. Na verdade começava a olhar muito para ela agora. “Que gosto teria?” Ela quase me matou quando sugou de seu próprio sangue. Droga! Essa mulher vai me enlouquecer...

– Sr. Edmond?

– O quê?

– Me responda. Vai continuar me chamando de sr.ta Milley?

Ela tinha perguntado isso quando? Edmond nunca tinha experimentado a sensação de estar perdido em uma conversação antes.

– Não, não vou. Se isso aborrece tanto você, como vejo que aborrece. Não chamo mais. Pronto!

– Amigos se tratam pelo nome, Edmond. Somos amigos agora, não somos?

Edmond a encarou, e Milley se sentiu queimar estranhamente. Ele parecia não concordar muito com isso. Parecia verificar se era isso realmente que ela queria dele. Uma amizade? Caramba não posso ser amiga desse garoto. Ele me desestabiliza demais.

Em um gesto de autopreservação, quase e talvez uma busca desesperada por sanidade e autocontrole. Milley estendeu a mão para Edmond, oferecendo um comprimento formal.

– Amigos, então.

Edmond olhou por alguns segundos a mão que ela lhe oferecia. Se desviou para os olhos de Milley e percebeu ela tremer levemente. Podia ouvir claramente as batidas irregulares do coração dela. O sutil tremor de seu lábios e o cheiro que vinha dela parecia mais acentuado e latente, quase como se chamasse por ele. Ele pegou a mão que ela estendia, mas não a apertou. A levou aos lábios. Era a mesma mão de seu corte. A tocou. Beijou primeiro a palma de sua mão e depois o curativo.

O gesto era tão cavalheiresco e doce. O corpo de Milley se aqueceu como em resposta àqueles lábios frios, que eram um contraste a todo calor que emanava dele. Puxou sua mão levemente para si de novo. Sem perceber, a manteve fechada de encontro ao peito.

– Amigos Milley.

Edmond disse. Sua voz saiu levemente rouca e acalorada. Milley se sentiu nua. Seu nome dito assim por ele. Sem sr.ta na frente, era quase uma chicotada quente que percorria seu corpo inteiro. O sr.ta era um escudo que a protegia do encanto daquele garoto. Por que fez isso Milley? E agora? Se ele falar de novo seu nome, vai desmaiar. Começava a discutir fervorosamente com seu subconsciente.

–Então, boa noite Edmond!

Milley quase correu da cozinha, indo para seu quarto. Não confiava mais em si, para ficar perto daquele garoto.

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( ESPANHA ILHAS CANÁRIAS )

– Vamos! Acabe logo com isso Jane.

– Fique quieto Lucian, ou eu arranco seu braço fora!

Lucian bebeu mais um gole da garrafa de whisky, que tinha na outra mão.

– Sei que gosta de bancar minha enfermeira, Jane. Só pra ter a chance de pegar no meu corpo. Acho que até gosta quando me machuco. Pena que dessa vez foi só no braço.

Ele falava com um sorriso nos lábios, molhando eles levemente, se aproximando do rosto da vampira. Seus olhos profundos e provocantes a queimavam, como o próprio fogo do inferno.

Jane sentia todo seu corpo tremer e queimar. Ela o olhava com olhar de fúria contida, mas com indisfarçável admiração. Não tinha como não admirar o homem à sua frente. A pele morena, lábios carnudos, o abdômen bem definido, os olhos negros como uma noite de tormentas. E seu cheiro selvagem de almíscar, misturado com seu sangue, fazia a vampira sentir sentimentos que há muitos séculos estavam adormecidos nela. Ela soltou bruscamente o braço do homem e levantou se afastando dele.

Ele bebeu mais um gole do whisky. Ficou olhando a vampira, que tentava desviar de seu olhos. Ele não a achava bonita, nem tão pouco se sentia atraído por Jane. Mas se divertia com o fato dela lutar para não sucumbir a ele. Era divertido ver sua fúria por não conseguir disfarçar o seu desejo. Eram poucas as vampiras em Volterra que resistiam a Lucian. E Jane lutava ardentemente para não se render.

– Isso foi tudo culpa sua! Você não me ouve. Eu avisei que os recém-criados eram perigosos e você se joga na frente deles como se fosse indestrutível. Um estúpido irritante. Eu nunca mais vou bancar a enfermeira!

Ele soltou uma risada, abafada pela garrafa de whisky, que estava em sua boca.

– Eu não preciso de uma enfermeira, Jane. Sabe que me curo rápido.

Lucian foi se aproximando de Jane, enquanto ela ia desviando de sua proximidade, quando finalmente ele a imprensou na parede. Pôde sentir seu pequeno corpo estremecer ao contato com o seu. Ela fechou os olhos, esperando por algo que não veio. Lucian se divertia com a expectativa da vampira. Estendeu o braço e vestiu sua camisa, que estava pendurada do lado da vampira, que ainda estava encostada na parede, de olhos fechados e ofegante.

– Abra os olhos Jane. Não vou beija-la. Embora esteja precisando, e muito de uns beijos quentes. Mas vai ter que pedir, ou talvez... implorar.

Ele disse isso com os lábios bem próximos do ouvido de Jane. As palavras de Lucian despertaram Jane, que estava encurralada na parede, de olhos fechados. A fúria dominou seu corpo e amaldiçoou o homem por seu poder não funcionar com ele. Ela queria fazer ele sentir tamanha dor, que implorasse para que ela o matasse no fim. Ela saiu do acampamento de batalha e Lucian ria mais alto...


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Notas finais do capítulo

"Garotos são exatamente como chocolate: uns doces, enjoativos, amargos, grudentos, falsificados e alguns são viciantes e apaixonantes."



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