Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 20
Capítulo 20 - TERRA E FOGO


Notas iniciais do capítulo

Algumas vezes o melhor jeito de convencer alguém que está errado é deixá-lo seguir seu caminho.
(Mestre dos Magos)



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Alec voltara da malfadada missão com Jane e Nerida, trazendo com ele, dois dos vampiros que fora buscar. Caomom e Josean. Dois vampiros que tinham dons muito peculiares e perigosos.

Caomom era um ilusionista, fazia ilusões muito realistas. Tirando a pessoa da realidade. Ele e Josean são irmãos. Josean é um sombra. Pode se esconder, em qualquer lugar escuro, sem ser achado. Oculta seu rastro e cheiro. Pode fazer até mesmo várias pessoas se esconderem, estando com ele quando lança seu poder. Eles tinham uma irmã, Naracal. Mas ela morreu na caçada. Nerida tinha a matado, quando ela se recusou a revelar onde estavam seus irmãos. Nerida estava irritada com aquela missão. Tinha percorrido toda a Rússia atrás dos três fugitivos, só conseguindo agarrar Naracal. Pois era a única dos três, sem poder. Mas ela não tinha o menor talento para interrogatórios. Quando Jane e Alec chegaram até ela, Naracal já estava morta. Alec se sentia mal por estar mais uma vez, em meio àquelas missões despropositadas dos Volturi, onde o único objetivo era agregar mais vampiros poderosos ao clã deles. Mas isso ia ficar muito mais complicado agora. Uma vez, que Nerida tinha matado a irmã deles, a qual poderia ser usada de isca para atrair os dois irmãos até eles. Isso tinha gerado uma calorosa discussão entre ela e Jane, onde insultos e rosnados foram trocados de formas ameaçadoras, mas sem chegarem às vias de fato. Graças à interferência diplomática de Alec, que afirmara sabiamente, que isso de nada ajudaria , para que eles voltassem brevemente para casa. Com a missão cumprida obviamente, já que falhas não eram admitidas em Volterra. Alec planejou, que os irmãos de Naracal, não deveriam saber da morte da irmã. Atrairiam eles até uma emboscada, com o pretexto de entrega-lhe a irmã, e os pegariam assim. E assim foi feito. Jane sorria satisfeita para Alec.


– Uma vez Volturi, sempre Volturi, meu irmão. Seja bem vindo, finalmente.




Alec respirou fundo. Abaixou os olhos, preocupado com as palavras de Jane. Elas tinham o peso da verdade embutida nelas. Ele nunca deixara de ser um Volturi. Por mais que isso o incomode, estava enraizado nele, por toda a sua eternidade.




Os cinco entravam agora, na sala dos tronos. Alec logo procurou por Lucian com o olhar, mas ele não estava lá. Tinha ficado fora por três meses. Deixando ele aos cuidados de Chelsea. Mas sabia o quanto o garoto estava indócil e impaciente, depois da transformação. Estava quase impossível detê-lo. Viu Chelsea em sua posição de guarda, e logo, ela desviou de seu olhar. Isso só confirmava, o que instintivamente, Alec já sabia. Lucian estava incontrolável, como previra. E seu já conhecido frio na espinha, já começava a se instalar nele.


– Finalmente!

Aro disse, esfregando suas mãos, uma na outra, em expectativa para ver suas novas aquisições, que estavam presas em correntes especiais e sem os seus sentidos primários, devido ao dom de Alec, que estava os mantendo presos.

– Solte-os, Alec.

Aro ordena.

– Josean e Caomom, finalmente. Os irmãos das sombras. Não tenho palavras para expressar o quanto estou feliz, por tê-los conosco.

Aro fala, como se recebesse visitas muito esperadas em sua sala de estar.

– É uma lástima, não poder compartilhar com você, Aro, de sua … Felicidade, em nos ver!

Caomom disse no mesmo tom debochado de Aro, que se aproximou mais dele. Ficando à sua frente. Caomom é um Vampiro antigo, que tinha sido transformado por seu pai, junto com seus irmãos, nos anos das batalhas templárias de 1119. Ele mesmo, tinha sido um cavalheiro templário, com seu irmão Josean. Ele era alto, com seus cabelos negros até a cintura, presos e um rabo de cavalo jogado nas costas largas. Não tinha um físico definido, mas sua corpulência impressionava. Josean era igualmente alto, com seu cabelo raspado, em um corte militar. Era mais magro. Não era tão impressionante como Caomom, mas era mais assustador. Seus olhos eram de um cinza profundo e sem brilho algum. Seu dom especial o deixava diferente, parecendo realmente, uma sombra escura envolto à névoas. Aro o fitou com curiosidade. Eles estavam sujos, e suas roupas rasgadas, denunciando a fuga incessante em que estavam para não se juntar a guarda de Volterra. Mas a perda da irmã, tinha sido um golpe duro para os dois irmãos. É! Eles se descuidaram, em meio ao desespero de resgata-la e foram capturados. Mas Caomom tinha em seu íntimo, uma certeza absoluta. Ele se vingaria de Nerida. Ele a mataria, com requintes de crueldade, por ter tirado deles sua irmã muito amada. Era isso que Caomom tinha dentro dele, naquele momento. A sua sede da vingança. Por isso, nem sequer tentava se soltar. Mas essa atitude complacente não passou despercebida por Aro, que foi até Caomom.

– Permita-me?

Aro fez seu gesto conhecido, estendendo a mão para que Caomom a tocasse . O vampiro concedeu. Não tinha por que esconder as suas reais intenções. Aro leu a mente do vampiro, soltando sua mão lentamente.

– Eu compreendo seus sentimentos, meu amigo. Mas Nerida é uma aliada. Não poderei permitir essa atitude.

– Não preciso de sua permissão, Aro. Aquela mulher está morta, só que ainda não sabe.

Caomom apontou para Nerida, e lançou a ela, seu olhar de morte. A híbrida não temeu. O encarou com a mesma intensidade.

– É uma pena que pense assim Caomom. Josean, imagino que compartilhe dos mesmos sentimentos que seu irmão.

Aro se dirigiu ao outro vampiro, com olhar especulativo.

– Imaginou corretamente, Aro.

A expressão de desgosto do olhar de Aro, não passou despercebido por ninguém. Mas ele não tentava esconde-la.

– Bem, é uma pena. Leve-os, Nahuel. Eles devem refletir melhor nos calabouços de Volterra. Alec, os acompanhe também. Faça com que nossos amigos, fiquem isolados um do outro. Seus dons especiais não podem ser usados nos calabouços, meus amigos. Não há nada lá, que permita isso.

Alec prendeu novamente eles no seu dom. E eles foram levados para as celas, que ficavam no subterrâneo do castelo, onde tudo é escuridão e tormenta .Vampiros sedentos, ficavam a enlouquecer por décadas. Somente os vampiros com dons, eram poupados para viver sua eternidade de prisão. De tempos em tempos, eram questionados a se juntarem aos Volturi e assim, servirem aos reis sobre influência do dom de Chelsea. Os vampiros sem dons especiais, ou se juntavam a guarda, ou eram mortos de imediato. Pois os reis não faziam cativos, aqueles que não eram de grande interesse especial. Por vezes, alguns mais resistentes, não se dobravam aos reis e estavam lá há muitas décadas. Caomom e Josean estavam cegos surdos e mudos momentaneamente pelo dom de Alec, e foram colocados em celas separadas. Alec sentia todo o peso que aquilo tudo tinha. desde que voltara, não tinha estado nos calabouços. Era como andar num limbo de almas condenadas. Um lugar de profundas amarguras, ao qual, ele já tinha colocado muitos vampiros lá. Podia ouvi-los em seu lamento sofrido. Alguns implorando a própria morte. Outros, se rendendo aos reis. Alguns, já tão senis pela sede, que não se pareciam mais criaturas imortais.

Alec saiu dali. Aquele lugar o atormentava e o oprimia. Era o símbolo mais duro e cruel de tudo, que era, o que ser um Volturi representava. Ele sabia que Aro tinha planos mas audaciosos para os irmãos das sombras. Nerida tinha revelado a ele, os planos loucos de Aro e Caius, em procurar por todo o mundo vampiros talentosos, e de como seu pai Josean estava interligado com isso tudo. Experiências genéticas, com imortais estavam misturando DNA. Aro estava tentando criar uma raça nova de vampiros. Mais letais e perigosos. E isso, era muito perigoso. Assustadoramente perigoso. E mesmo Nerida não sabendo dos detalhes do plano de Aro e Caius, Alec pressentia que Lucian estava de alguma forma, sendo incluído nisso de forma involuntária. Alec tentou esvaziar a mente de todo aquele plano sórdido e doente, e se concentrou em achar Lucian pelo castelo. Demorou um pouco para encontra-lo. O achou no único lugar, que julgava impossível ele estar. No prédio da guarda, com Felix. Eles lutavam, e no momento que Alec chegou, Lucian mantinha Felix preso em seu braço, com uma gravata. Felix se debatia, mas não conseguia se soltar. Lucian ria, se divertindo de suas tentativas, sem parecer colocar muita força no que fazia. Mas quando notou a presença de Alec, soltou Felix. Alec se assustou ao vê-lo. Ele parecia ainda maior e mais forte. Seus olhos não tinham mais nenhuma centelha do garoto que tinha deixado há três meses atrás. Era um homem completo. Mas seu olhar, era frio e indiferente. Algo estava errado ali, e Alec olhou para Felix, que só esfregava o pescoço, tentando consertar seu uniforme. Lucian se aproximou de Alec, saudando ele com um abraço firme, mas sem carinho algum, quase automático.

– Fico feliz que tenha retornado, Alec. Como foi a missão? Tiveram sucesso?

Alec não respondeu de imediato. Ainda perdido, encarando aquele estranho à sua frente, que tinha sido o menino risonho de poucos anos atrás.

– Vamos até o quarto, Lucian. Precisamos conversar.

Alec precisava saber o que tinha acontecido com Lucian. O que o fez ele estar assim? Frio e distante dele. Mas Lucian deu singelos tapinhas em seus ombros, e seus lábios eram uma linha dura e seca, sem expressão alguma.

– Agora não posso, Alec. Felix e eu vamos sair. Temos uma missão em Napoli. Voltaremos só amanhã. Podemos conversar quando eu retornar.

Lucian tocou o ombro de Alec, se afastando. Pegou seu casaco na cadeira, e Alec pôde ver que era um uniforme militar. Felix o seguiu, sem olhar para ele. Eles saíram da sala, passando por alguns guardas, que fizeram cumprimento militar à Lucian. Alec se sentiu excluído, e foi à procura de Chelsea. Afinal, tinha deixado o garoto sobre os seus cuidados. Por que ele agora andava com Felix para cima e para baixo? E ainda recebendo cumprimento militares da guarda?

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– Chelsea!!


Ela se sobressaltou, mas não demostrou seu susto e apreensão ao encarar Alec, voando em sua direção, pelo extenso corredor. Ele a pegou pelo braço, enfiando ela em uma sala vazia, trancando a porta. Se posicionou à sua frente e ela sentiu seu olhos a fulminarem de raiva.



– Eu tentei, Alec. Mas ele não é mais o mesmo. Ele está diferente. Eu sinto muito.


– O quê aconteceu, Chelsea?

– Ele, agora, é capitão da guarda, e sai quase todas as noites com Felix, em missões e outras coisas.

Chelsea contou tudo a Alec, que escondia seu rosto horrorizado, com as mãos.

– Ele está caçando humanos?

– Ainda não, mas falta bem pouco. Felix está ensinando ele.

– O quê?

– Mas isso não é tudo, Alec... E é melhor que você saiba logo.

– Eu vou matar o Felix!

– Não! Alec você não entende. Ele está o ajudando.

– Como ajudando, Chelsea? Ele está tornando Lucian em um mostro.

– Ele está tornando Lucian um príncipe de Volterra, Alec.

- Não! Ele não pode!

– Por que não? Se é o que ele vai ser, se algo acontecer ao mestre Aro .

– Ele não é como nós, Chelsea. Ele é um...

– Um lobo... Sim, ele é. Mas ao que parece, sua família, somos nós agora. E ele não sobrevivera em nosso mundo, sendo um cordeiro, Alec. Ele precisa ser o que ele é. Um líder. Um capitão. Um general... Um rei! Você estava o domesticando. Ele é um ser selvagem, Alec. Eu vi. Ele lutou com Nahuel. Poderia facilmente tê-lo matado, mas não o fez.

– Ele fez bem em não mata-lo.

– Como? O que está dizendo? Você mesmo já teve ganas de assassinar aquele pulha, e agora me vem com isso, Alec?

– Você não entende, Chelsea. Eu fiz uma promessa. Eu disse à ela que...

– Ela está morta, Alec. É o fim! Fez o melhor por aquele garoto. Deu tudo de si. Agora, deixe-o seguir sozinho e buscar seu caminho, para o bem ou para o mal. A decisão é dele. Somente dele. Não deve interferir.

– Ele se perderá de si mesmo, Chelsea. Eu não posso ver isso acontecer e não fazer nada.

– Pois deixe que ele se perca, Alec! E depois, tente resgata-lo. Porque se tentar impedi-lo agora, o perderá para sempre!

Alec abaixou a cabeça consternado. Sabia que no fundo, Chelsea estava certa se tentar impedi-lo. Agora só o provocaria, mesmo com seu porte de homem, Lucian era só um adolescente birrento, testando seus limites e fazendo valer suas vontades tolas.

– Não vou impedi-lo. Mas preciso falar com ele.

– Fale com ele, mas não coloque algemas nele. Ele está provando o sabor da liberdade. Deixe que ele prove e se embriague disso. Ele voltará!

Alec saiu, deixando Chelsea sozinha. Mas suas palavras ardiam em seus ouvidos. Se perguntava se teria errado com Lucian. Se não deveria ele mesmo a ter mostrado tudo à ele. Os horrores de Volterra. O levado a caçar sangue, para que ele veja o que isso é de verdade. Com Felix, ele só vai achar tudo mais divertido. Mas por mais que tenha a eternidade pela frente, o passado é algo imutável, como ele. Nada poderia ser diferente do que fora. Só poderia torcer, para que o que foi ensinado a Lucian, esteja com ele. E ele o use para o bem, e não para o mal.

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( Dia seguinte Lucian )





– Lucian ...Lucian!








Ouvia de longe a voz de Alec a me chamar. Ele estava me procurando, e logo me encontraria. Não. Eu não queria descer dali. Estava muito bem encima daquela árvore. É a mais alta de todas. É um ótimo ponto de observação. Posso ver o castelo no alto, e a cidade de Volterra à baixo, sem ser notado por ninguém. A paisagem é impressionante. O Sol queimava ao longe. É verão na Itália, e as sombras das montanhas de Maré de Volterra, me pareciam como curvas sinuosas de uma mulher gigante. Não! Não queria nenhuma agora. Nenhuma vampira fria e muito dura, ou talvez Nerida. Mas nem ela me parecia interessante no momento. Olhava as montanhas. As sombras que faziam de um moreno dourado pelos raios fortes do sol, era quase criminoso de tão bonito. Se surgisse daquelas formas uma mulher, seria a perfeição em forma da natureza. Como se a própria terra tivesse uma filha e ela saísse dali. Sem perceber, um rugido abafado saiu da minha garganta, só de imaginar como ela seria. A filha da terra não seria como os oceanos, porque deles vem o frio e o vento. Não seria do ar, porque se esvairia. Seria do fogo e da terra. A junção dos dois. A perfeição seria ela. Era isso. O sol era o fogo e as montanhas a terra. A mistura perfeita. Terra e fogo... Tive que rir das minhas divagações poéticas. Fogo e terra. Se tal mulher existe, deve ser muito estranha, e teria muito medo de andar com um lobo gigante.








– Lucian!





Alec me olhava contrariado, de baixo da árvore, coberto com sua capa protegendo sua pele de diamante. Eu sorri para ele, sem fazer menção de descer, e ele logo subiu para se sentar comigo no galho da árvore. Como eu, ele ficou embebecido pela vista das montanhas ao longe. Mas seu olhar vago foi logo se desviando para mim.


– Quando chegou de Napoli? Por que não me procurou?

– Cheguei hoje, Alec. Não procurei ninguém. Queria ficar sozinho!

– Sozinho! Não me parece ser esse seu desejo ultimamente.

– Dando ouvidos à fofocas do castelo, Alec? Não sabia que era chegado a isso. Deveria se juntar a Caius, então. É ele quem gosta de saber de tudo. Até, se as vampiras estão ou não de roupa de baixo.

– É! Com certeza, isso ele deve perguntar à você, pelo que eu soube!!

Tive que soltar uma forte gargalhada, que fez a árvore chacoalhar, e logo tivemos que descer dali. Perigava ela cair. Fomos caminhando sem pressa alguma, rumo ao castelo. Alec me contou tudo de sua missão. Estranhei ele não editar os detalhes mais macabros, como a morte da irmã das sombras, e de como ele teve que encarcerar os vampiros. Senti o seu desconforto com isso. Eu na verdade, não sabia qual era o crime dos irmãos das sombras. Supunha somente, que eram vampiros nômades, que andavam errantes. E por serem poderosos demais, tinham que ser detidos, pois poderiam fazer estragos irreparáveis no mundo dos humanos. Mas se era isso, por que isso incomodava tanto, Alec? Ele deveria se sentir honrado e feliz, pela missão ter sido um sucesso.

– Não me parece feliz com a missão, Alec. Parece lamentar pelos irmãos das sombras.

Alec parecia pensar, se deveria me responder ou não e eu já me preparava para mais uma pergunta sem resposta dele.

– Não gosto de tirar a liberdade de escolha de ninguém, Lucian. Não me parece muito correto. Só isso.

– Eles são perigosos. Podem pôr as pessoas em perigo. Denunciar nossa existência.

– Esses vampiros caminham sobre a terra há muitos séculos, Lucian. Não acredito que seja interesse deles serem descobertos. Se não, já teriam feito isso.

– Não entendo, então.

– Aro os quer há muito tempo. Quer que eles se juntem a nós. Mas o fato de Nerida ter matado a irmã deles, pode ter um efeito irremediável em suas decisões. Se eles já eram contrários a nós, por que seriam favoráveis agora que matamos sua irmã? Provavelmente nunca sairão daquelas masmorras. E o fato de ter sido eu a coloca-los lá, não me agrada em nada.

– Posso pedir a Aro que os liberte, se isso fará com que sinta melhor.

Alec parou, me olhando incrédulo.

– O quê? Acha que ele não atenderia um pedido meu?

– Não sei dizer... Não! Acho que não, Lucian. Ele tem planos para os irmãos das sombras. Não se preocupe mais com isso. E depois, liberta-los, só faria com que Nerida fosse a caça, em vez da caçadora, desta vez. Eles a querem morta, para vingar sua irmã.

O fato de Nerida ser ameaçada me incomodou. Mas eu a ajudaria, caso eles tentassem mata-la, o que não ajudaria em nada. O melhor, é que por enquanto, eles fiquem bem trancafiados onde estão. Mesmo não entendendo muito bem a lógica disso tudo, é como se as peças não se encaixassem muito bem. Sempre julguei Aro um vampiro justo e cumpridor das leis. Se eles não fizeram nada que ameaçar o mundo dos imortais, por que os manter cativos, só para que se juntassem a nós? A lembrança de todos aqueles vampiros nas masmorras sucumbidos pela sede e a loucura me atingiu.

– O que foi, Lucian? Parece perturbado?

– Estive nas masmorras com Felix.

– Ele não deveria ter levado você lá. É um lugar deplorável, Lucian.

– Deveriam ser tratados melhor. Deveria ser dado à eles, uma cota de sangue, pelo menos para que não enlouqueçam e...

– Não poderia! As masmorras são à prova de vampiros, Lucian. Mas existem ali, somente os dotados de algum poder especial. Dar sangue a eles, só daria força para que eles se rebelassem e atacassem o castelo!

– O que sugere, então? Liberdade ou morte?

– Justiça seria o mais apropriado. Mas isso é muito difícil aqui em Volterra.

Alec estava me surpreendendo cada vez mais. Nunca tinha ouvido ele falar assim, tão contrário às leis de Volterra.

– Não entendo, Alec. Se é tão contra as leis e tudo que os Volturi acreditam, por que ainda permanece aqui? Ou mais! Por que me trouxe com você, pra cá?

Alec parecia perdido em lembranças, e não me respondeu de imediato.

– Saberá que não é somente nas masmorras que habitam prisioneiros, Lucian.

– Como? O que está...

Mas fomos interrompidos, antes de concluir nossa conversa.

– Aí estão vocês, finalmente!!

Nerida saiu de dentro dos jardins do castelo, com seu sorriso jovial. Vestia um vestido branco, que contrastava com o negro de seus cabelos encaracolados. Alec grunhiu contrariado, com a sua aparição súbita. Ela parou estática à nossa frente, me encarando de boca aberta, com as mãos juntas à boca.

– Com licença, Lucian. Nos falamos depois. Nerida, até._Alec disse de forma meio brusca.

Nerida nem respondeu. Apenas acenou com a cabeça, respondendo ao cumprimento. Não tirou os olhos de mim. Nem mesmo piscava. Alec sumiu rápido em direção ao castelo.

– Lindo! Você está lindo, meu príncipe, como eu sabia que ficaria.

Sorri meio constrangido, e ela se enlaçou no meu pescoço, colando seu corpo no meu, afundando suas mãos no meu cabelo, sem ter tempo de falar ou qualquer outra coisa. Me beijou, em um beijo ardente e acalorado. Seus lábios eram como eu me lembrava. Nem frios, nem quentes. Eram mornos e suculentos. Sem dúvida nenhuma, apetitosa. Ela comandava o beijo, por ter me pego desprevenido. Mas eu logo inverti a posição, a puxando mais pra mim. Ela respondeu ao meu abraço, me puxando para uma árvore, sem desgrudarmos um do outro. Terra e Fogo.

As palavras arderam na minha mente de repente, como se uma voz tivesse sussurrado elas no meu ouvido. Soltei-me dos braços de Nerida, confuso, olhando a todos os lados, procurando o responsável por aquela brincadeira sem graça. Mas quem poderia ser, se não eu mesmo. Se não, eu que criei essa fantasia maluca na minha mente. Era minha mente gritando pra mim, que não era ela. Não era a minha...

– O que foi, Lucian? Me parece distante de repente, meu menino. Não pare! Continue.

Nerida me puxou pra ela, mas tudo que eu consegui dar a ela, foi longos selinhos e já tentava me desvencilhar de seus braços.

– Agora não, Nerida. Preciso encontrar Felix. Temos uma reunião com os reis, para dar conta de nossa missão em Napoli.

Ela fez um bico, contrariada. Eu tive que rir da cara que ela fazia.

– Mas tarde, querida. Vá ao meu quarto à noite.

Seus olhos brilharam e ela estreitou a vista, me encarando.

– Sem desculpas, meu príncipe. Estarei lá!

Ela disse, saindo. Mas antes, me provocou, apertando minha nádega. Olhei sem acreditar para ela, que me sorriu provocando.

– Sua louca!

Disse, sem poder conter o sorriso. Ela saiu, piscando os olhos e passando a língua nos lábios de forma sensual. Sacudi a cabeça para me focar em achar Felix. O encontrei sem dificuldades. Mexia no motor de seu mimo e falava com o carro, como se ele fosse uma pessoa. Balancei a cabeça, pela insanidade dele.

– Não deveria deixar as pessoas verem você falando com um automóvel Felix. Vão pensar que está louco.

– O quê? Não ficamos loucos, garoto. Somente entramos em um estágio de letargia, quando ficamos sem sangue. É bem parecido com alguém catatônico. E quanto a falar com meu, mimo... Eu prefiro conversar com ela, do que ouvir estórias velhas, de séculos que já morreram, destes vampiros.

Ele abraçava o capô, como se fosse realmente uma pessoa.

– Ela?

Perguntei, sem entender.

– Claro, que é ela. Olha estas curvas simétricas e perfeitas.

– É! Acho que Chelsea tem uma concorrente, então.

Ele me olhou, levantando a sobrancelha surpreso.

– Aquela maldita vampira não me veria, nem se eu dançasse pelado sem cabeça, na frente dela.

– Porque não a chama pra sair.

– Sair? Como um jantar fora?

Felix soltou uma gargalhada estrondosa.

– Imagino a cara dela me vendo caçar. O que seria? Um casal? Vamos sugerir uma coisa em grupo e depois vamos suga-los?

Outra gargalhada estrondosa.

– Não seja podre, Felix. Leve-a em um lugar bonito. Compre um presente pra ela. A seduza. Você trata esse carro tão bem, e não sabe cortejar uma mulher?

– Nunca precisei fazer isso. Elas sempre vem à mim. É só eu lançar meu olhar sedutor, que voam em bandos. Só esta maldita vampira, que corta os laços, parece imune ao meu charme secular.

– Ela pareceu gostar do meu charme mais jovem.

O provoquei, e ele rugiu em minha direção. Me afastei, fingindo me defender. Mas ele já ria divertido, pela piada.

– Ela deve gostar de pelo de cachorro. É isso!

– Isso! Dê a ela um bonito casaco de pele. Ela vai gostar.

Ele pareceu pensar, e logo um sorriso malicioso brilhava em seus olhos vermelhos.

– Garoto... Eu gosto mesmo de você... Mas não diga a ninguém que eu disse isso.

Fiz um ok com os dedos.

– Vamos, Felix. Temos que passar a missão de Napoli para Aro.

Imediatamente, a postura de Felix modificou. Era como sempre acontecia com a maioria ali mesmo. Alec e Chelsea, que são os mais próximos de mim, eu vejo essa mudança na frente dos reis. É como se eles se transformassem em outras pessoas.

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Notas finais do capítulo

olá ! Estou atrasada com os capítulos de Volterra, então teremos uma sequencia grande de Volterra com JASONLUCIAN e companhia , pra quem gosta eheheheheheh . Para quem não gosta faz biquinho triste huhuhuhummmm.
bjs amores !!



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