Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 17
Capítulo 17 - NATUREZA MORTAL OU PROTETORA ?


Notas iniciais do capítulo

MEU AGRADESCIMENTO ESPECIAL AO MEU MAIS NOVO LEITOR(A) RAY ! PELA RECOMENDAÇÃO QUE FEZ A FIC ! OBRIGADA UM BEIJO , ESSE CAPITULO E PARA VOCÊ !
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A vida numa corda bamba
Costumo dizer que quando estamos muito tristes, com a alma triste até a morte, é como se estivéssemos atravessando um desfiladeiro em uma corda bamba. O que tem embaixo é um Abismo, e o que está acima é o Céu. Se você olhar pra baixo, você verá o Abismo.
O Abismo atrai o olhar, mas o Abismo é morte certa, e ao olhar para ele você pode entontecer e cair. Portanto, nunca olhe para o Abismo. Mas também não olhe para o Céu. O Céu é como um sonho, e ele pode estar belíssimo, muito azul, com um Sol radiante ou repleto de estrelas, não importa: não olhe para o Céu, por que de tão belo ele pode fazer você esquecer de que precisa manter o equilíbrio e seus pés bem firmes na corda.
Desta forma, eu te digo: o único lugar para o qual você deve olhar é para a frente, onde está o Horizonte. O Horizonte é onde está tudo o que você pode descobrir, viver e alcançar. Basta seguir em frente.
Se você olhar para trás, poderá ver teus familiares e amigos dizendo siga em frente. Mas se não puderes ouvir isto, concentre-se em teus pensamentos, por que é na verdade o que você quer: Seguir em frente!Então apenas mire o horizonte, mantenha teus passos bem firmes e você atravessará o desfiladeiro, onde do outro lado haverá um mundo, pessoas e uma vida que esperam, sinceramente, que você siga em frente.
Augusto Branco



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Lucian descia impaciente as escadas principais do castelo. Já tinha procurado por Felix o castelo inteiro, sem encontra-lo. Sentia seu cheiro, mas era como se o vampiro estivesse fugindo dele. Lucian foi até a garagem. Encontrou o porsche prata de Felix, estacionado lá, ainda. Lucian sentou no banco do carona, ligando o rádio do carro. Decidido a esperar ali, até o vampiro aparecer. Não demorou muito, até que ele surgisse, vindo até ele.

- O que pensa que está fazendo dentro do meu mimo, garoto?

- Até que enfim, Felix. Onde você estava?

Felix bufou irritado, olhando para Lucian, que não entendeu o olhar irritado que Felix lhe lançava.

- O que foi, Felix? Por que está com essa cara, todo irritadinho, parecendo uma namoradinha traída? Não vamos mais sair? A gente ia caçar, lembra?

Felix analisava Lucian, mas entrou no carro, irritado ainda, batendo a porta com força.

- Pensei que já tivesse arrumado diversão para esta noite, garoto.

- Do que está falando, Felix?

- Você e Chelsea.

- O que tem, eu e Chelsea?

- São um casal agora?

- Claro que não, Felix. Ela é só minha amiga.

- Amiga que geme bem alto. É um castelo de vampiros, Lucian. Espero que saiba, que nada desse tipo de natureza passa, sem que todos saibam.

- Eu sei muito bem, Felix. Mas o que está te irritando de verdade não são os gemidos de Chelsea, é? É o fato, dela ter feito isso comigo e não com você. É isso, não é?

- Ela não é como as outras, Lucian.

- Eu não saberia dizer, Felix. Ela foi a primeira.

Felix o olhou com indignação agora, abrindo a boca e a fechando, em uma linha de raiva contida. Bateu no volante, mas logo se deteve, com medo de quebrar seu mimo.

- Como pode? Eu tento há séculos, entrar no meio das pernas daquela maldita vampira, e você... Um fedelho, mal saído das fraldas, consegue em menos de duas semanas, com esse corpo saradinho, meio bombado e essa pele, que parece que faz bronzeamento artificial escondido naquele quarto, se enterrar dentro dela. Isso é muito errado, Lucian!! Deveria ter mais justiça nesse mundo. Pelo menos para os vampiros como eu, que tentam honestamente ganhar a carne e o sangue de cada dia.

- Felix, você é um ridículo. Se você gosta da Chelsea, deveria ter me dito. Eu não sabia. Ela não me disse nada sobre você ou qualquer... outro. Eu acho!

- Ela não tem qualquer outro, moleque. Ela só teve um, há muitos séculos atrás, e eu esperava pacientemente minha vez, até você aparecer cheio de testosterona e com essa pele quente, que parece mais que a gente anda ao lado de um vulcão!! E pronto... Acaba com o celibato dela.

Lucian começou a gargalhar pelas caretas que Felix fazia, quando falava. Ele se contorceu ainda mais com as gargalhadas do garoto.

- Felix, ela está disponível. Foi só... Não sei... Uma iniciação, como a luta no pátio. Ela quis. Eu não sou seu namorado, ou seja lá, qual for o nome. Continue tentando. Mas eu acho que você tem que ser mais claro em suas investidas. Duvido até, que ela saiba desse seu interesse todo por ela.

- Era só o que me faltava... Estou recebendo dicas românticas, de um garoto, que acabou de perder a porra do cabaço. Eu sou um vampiro fodido de merda, mesmo.

Lucian ria de se contorcer, enquanto Felix ligava o carro e saia pela estrada de pedra. Lucian se sentia feliz e livre ao lado de Felix. Ele é um fanfarrão quando não está em serviço. Falando tantos palavrões, que Lucian ria de cada um. É mal educado. Totalmente o oposto de Alec, com seus gestos finos e temperamento tranquilo. Felix o levou às boates mais quentes, mas bem afastadas de Volterra. Não é permitido aos vampiros, caçar na cidade antiga. Sempre tinham que ir o mas longe possível, com intervalos longos a cada caçada. Entraram em um casa notura chamada Parame, onde belas garotas dançavam seminuas, em cima de postes, e desfilavam servindo bebidas com seus seios expostos. Lucian tentava não ficar encarando cada uma, para não chamar a atenção para si. Como se aquilo fosse novidade para ele, como de fato é . Felix logo pediu uma mesa. A mais discreta possível, para a garota que direcionava os clientes para os lugares. O lugar era escuro, e as poucas luzes que tinha lá, eram coloridas e havia a fumaça seca, que era jogada por vezes no ar. Ou seja, o lugar perfeito para caçar, sem ser notado. Felix fez sinal para três garotas, que vieram se juntar a eles. Elas eram bonitas. Muito maquiadas, mas bonitas. Felix abraçou duas, e a outra foi logo se sentar no colo de Lucian.

PDV - Lucian

As coisas a partir deste ponto, ficaram muito loucas. Aquela garota, era uma coisa. Fez coisas que eu nem sabia que uma humana poderia fazer, com o meu membro. Felix se fazia também, e isso estava ficando quente demais. Queria leva-la dali e consumar logo o ato em si, mas Felix não parecia com a menor pressa. Quando finalmente, eu achei que eu ia explodir dentro daquela garota, ali mesmo, ele fez sinal para a gente sair com elas. Dali, fomos para atrás da boate. As meninas estavam bem animadas, e Felix trouxe com ele da boate, mais uma garrafa de whisky. Ele não bebeu nada, mas as garotas e eu entornamos todas. Eu não ficava bêbado, mas elas já tropeçavam nas pernas, rindo de qualquer idiotice que dizíamos. Mas Felix já não falava tanto, quanto ele falaria normalmente. Ficou extremamente quieto. As meninas agora se beijavam, e ele apenas as observava. A outra estava meio ocupada comigo, e bem distraída com o que ela estava fazendo com meu membro na boca. Eu gemia, segurando ela pelo cabelo, enquanto ela me sugava. Felix resolveu participar da festinha das meninas. Mas foi aí, que eu percebi ele cheirava a nuca das meninas como um predador. Seus olhos vermelhos brilharam, com uma fúria violenta. Não demorou nem mesmo um segundo, para ele segurar uma pelo pescoço ela ficou imóvel e sem poder se mexer presa em sua mão, enquanto a outra era sugada completamente. Segurei firme a garota que estava comigo pelo braço, a levantando. Ela pareceu confusa, sem saber o que eu estava fazendo. Felix ainda sugava a sua primeira vítima e segurava a outra imóvel com suas mãos de garra. Ela não podia gritar. Ele a segurava pelo pescoço, de modo que os gritos não podiam sair. Senti meu corpo todo tremer. Meus dentes rangiram violentamente. Aquela cena embrulhava meu estômago. Olhei a garota confusa, em meus braços. Sabia o que tinha que fazer. Devia mata-la e sugar todo seu sangue, como Felix fazia, agora com sua segunda vítima. Mas o lobo dentro de mim, urrava com força. Eu não podia fazer isso. Eu devia parar Felix. Tentar salvar aquelas meninas e mata-lo. Isso era o certo. Era isso, que o lobo dizia para eu fazer. Mas, por que? Eu sou um Volturi. Eu bebo sangue. E o sangue da garota tinha um cheiro bom. Me fazia salivar. Olhei em seus olhos. Ela já me olhava com medo, querendo gritar. Eu tapei sua boca. Olhei no fundo de seus olhos, que eram de um mel claro. Era uma menina. Pude ver isso claramente. Era só um menina. Eu não podia mata-la. Eu não posso.

- Fuja daqui! Não olhe pra trás. Corra com toda a sua força.

Eu a soltei. Ela correu, fugindo pelo beco. Felix me olhou indignado. Solto a garota de seus braços, indo em direção da menina que fugia à toda a sua velocidade. Inútil... É humana. Eu me agachei naquele beco sujo e escuro, ouvindo seu grito estridente. E depois nada... Ela estava morta. Mais tremores, e eu corri dali. Sentia que o lobo queria sair ali, no meio daquele beco. Isso ia ser absurdo. Não tinha como esconder a fera no meio da cidade. Passei por Felix, que me chamou, mas eu não podia parar de correr. O lobo queria sair. Eu não tinha controle sobre ele. Os tremores invadiam meu corpo, e eu pulei para um terreno baldio, no meio da cidade. Era um ferro velho, e eu deixei, finalmente, o calor dominar meu corpo. Tirei toda a roupa rápido, para que ela não se rasgasse inteira. O lobo surgiu, e foi um alívio. Meu corpo lupino bufava, em uma respiração pesada e descontrolada. Deitei no chão sujo do ferro velho, tentando me acalmar, mas acabei adormecendo.

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- Você é uma vaca. Só estamos aqui há dois dias, e você dormindo com metade da cidade!

Lucian acordou, se encolheu em um canto. Estranhou a claridade. Já amanhecera. Ele dormiu toda a noite ali, naquele ferro velho. Ouvia o som de pessoas discutindo ao fundo. Era um casal. Lucian procurou suas roupas. Seria muito difícil explicar um cara pelado, no meio de ferro velho.

Achou as calças e os sapatos, mas a blusa estava perdida. Ouviu um rosnado. Era um pit bull. Ele rosnava, meio encolhido. Estava com medo, mas ainda rosnava para ele. Lucian percebeu sua blusa toda rasgada e cheia de urina. O animal tinha destruído sua blusa fina e ainda urinado em cima.

- Deveríamos ser amigos, e não estar em uma disputa de território aqui amigo .

O cão se encolheu mais ainda, enfiando o rabo entre as penas.

- Kenny! O que foi, garoto? Tá tudo bem?

A voz do homem da briga, agora vinha na direção de Lucian. O cachorro grunhia baixinho, ainda.

- Você me denunciou. Realmente, não há camaradagem entre a gente.

Lucian disse ao cão que se encolheu mas ainda no canto .

- Mas, quem é você?

O homem olhava Lucian, com olhos arregalados. Logo depois, veio uma mulher atrás dele. Eles olhavam Lucian, sem entender. Se entreolharam de forma acusatória. Lucian cogitava a possibilidade de pular o muro, sem dar maiores explicações. Ia se passar por um bandido. Vagabundo, bêbado, ou qualquer coisa do tipo. Nem se importava. Ele queria era sair dali, o mais rápido possível.

- Sua vagabunda!

Splat!! O cara deu um tapa no rosto da mulher, que fez ela girar e cair desacordada, quando na queda, bateu a cabeça com muita força em uma máquina de lavar velha, que estava jogada no canto do ferro velho.

Lucian foi ajuda-la, mas ela estava apagada e sangrava com um corte na cabeça. O homem tinha sumido, mas já voltava com um taco de basebol na mão. Com toda a força, acertou nas costas de Lucian, que estava agachado, tentando socorrer a mulher desacordada. O taco de madeira se espatifou ao meio. O cara olhou sem acreditar para Lucian, que foi levantando lentamente, se virando para o homem. Os espasmos e tremores já vinham, mas ele fechou a mão em um punho, os controlando de maneira surprieendente . Não ia matar aquele homem. Ele não queria ver nos olhos dele, o que viu nos olhos das meninas do beco. Mas aquele homem tinha que sair dali. Tinha que se proteger. Lucian conseguia se controlar, mas se aquele homem tentasse novamente contra ele, Lucian não tentaria mais conter o lobo , o homem olhava Lucian, apavorado ainda, segurando nas mãos, o restante do taco, que eram fiapos em sua mão. Via o homem crescer em sua frente. Era a visão da morte. Ele sabia. Tinha que correr dali, ou estaria morto. Soube disso, assim que olhou para os olhos de Lucian. Ele soutou o resto do taco e correu como um louco, pulando a grade do portão, do ferro velho. Lucian suspirou aliviado. Já se preparava para ir embora, quando olhou o corpo da mulher caída. Suspirou pesadamente, contrariado consigo mesmo.

“Eu não tenho nada com isso. Ela é só uma humana sem importância. Eu não a conheço. Eu não quero conhece-la. Eu tenho mais, é que ir embora.”

Lucian deu três passos em direção do muro para saltar. Chutou o chão, e areia levantou.

“Qual o meu problema? Por que não posso simplesmente ir embora e deixar essa mulher ai?

Pelo mesmo motivo que não pôde matar a menina no beco.”

Lucian travava consigo mesmo, um fervoroso debate interno.

“Eu devo ser defeituoso. Só pode! Sou um maldito lobo defeituoso.”

Lucian deu meia volta, pegando o corpo da mulher do chão, levando-a para dentro. Abriu a porta do trailer, que estava um caos, e fedia a cerveja e a cigarros. Colocou a mulher deitada na cama, e ela gemeu em dor. Já estava começando a acordar, e olhou para Lucian, que já se afastava.

- Espere! Não vá! Quem é você, afinal?

Lucian não pretendia responder. Ia sair dali, o mais rápido possível, mas a mulher soltou outro gemido, segurando a cabeça, como se fosse desmaiar de novo. Lucian a amparou, deitando seu corpo na cama de novo. Ela abriu os olhos e sorriu para ele.

- Qual seu nome?

- Já está melhor. Eu tenho que ir.

- Não! Por favor, pegue uma bolsa de gelo, na geladeira, pra mim. Sempre tem uma lá, para quando ele me bate.

Lucian foi até a precária geladeira, a abrindo. Não havia nada lá, além de latas de cerveja e a bolsa de gelo, que ela queria. Pegou a bolsa, estendendo à mulher, que o analisava de cima à baixo. Ela pegou a bolsa de gelo, colocando na altura do corte da cabeça. Se recostou na cama, olhando Lucian. Que olhava tudo em volta, com cara de desgosto.

- Não é uma mansão. Não é mesmo?

Lucian a olhou meio envergonhado por ela ter notado sua espreção de repulsa ao local . Era uma mulher bonita. Ainda devia ter seus trinta anos. Cabelos curtos, vermelho tingidos. Olhos cansados e tristes, de um verde fraco. Havia varias tatuagem em seus braços e pernas, que ele podia ver pelo short ínfio, que ela usava.

- Qual seu nome? Não vai mesmo me dizer?

Não tinha porque não dizer o nome a ela. Provavelmente, nunca mais voltaria a vê-la.

- Lucian.

- Bonito nome. Mas não combina com você. É muito italiano. Você mais parece um latino. De onde você é?

- Daqui.

- Hum... Você não é daqui. Você é muito diferente. Parece um índio... Sei lá...

Lucian sorriu com isso. O único índio que conhecia, o odiava completamente.

- Tenho que ir agora.

- Não quer saber meu nome? Não quer saber o nome da mulher, que você ajudou?

Lucian se sentiu estranho. Ele nunca tinha ajudado ninguém. Ele nem fez nada demais. Só a trouxe para dentro, e a deu uma bolsa de gelo.

- Eu não fiz nada. Eu só a trouxe para dentro.

- Você fez muito. Você botou aquele canalha pra correr, e me tratou com o mínimo de dignidade, sem querer nada, além de ir embora o mais rápido possível.

Lucian sorriu sem graça, pela mulher ter percebido seu desconforto em estar ali.

- Desculpe! Eu não quis parecer mal educado. É que eu saí com um amigo ontem, e bebemos demais. Ele deve estar me procurando. Eu tenho que voltar pra casa.

- Herói, bonito, educado, preocupado com o amigo... É... Você não é daqui mesmo.

A mulher disse, pegando os cigarros na mesa da cabeceira. Acendeu, tragando. Ofereceu à Lucian, que recusou. A mulher saiu da cama, se segurando nos móveis para não cair. Lucian a amparou.

- Tem alguém que possa ficar aqui com você? Uma amiga? Eu posso ligar e chamar alguém.

A mulher olhou Lucian, dando a ele um sorriso terno, afagando seu rosto.

- Obrigada! Mas eu não conheço ninguém aqui. Eu vou ficar bem. Já fez muito.

- Quer que eu a leve ao hospital?

A mulher soltou uma gargalhada fraca.

- Não! claro que não. Eles nem deixariam eu entrar. Sou pobre, garoto. Este ferro velho é tudo que tenho. Não tenho como pagar hospitais e remédios.

- Eu pago.

Lucian disse, de forma simples e natural.

- Agora chega! Vai me fazer acreditar em papai noel, se continuar sendo bonzinho assim, menino. Diga a sua mãe, que ela merece um prêmio, por deixa-lo assim, tão perfeito.

Lucian se afastou da mulher, com os olhos escurecido. Não sabia por que. Mas toda vez que a palavra mãe era mencionada, seu peito doía.

- O que foi, garoto? Disse algo errado? Não diga que ela morreu, ou coisa assim.

Lucian desviou o olhar da mulher, se afastando.

- Mas que droga! Ela morreu, não é mesmo? Me desculpe. Eu sou uma toupeira sem noção. Desculpe garoto. Eu sinto muito, mesmo.

- Tá tudo bem. Eu tenho que ir.

- Laura.

Lucian a olhou, sem entender, quando já estava na porta do trailer.

- É o meu nome. Laura. Só pra você saber, que não ajudou uma mulher desconhecida. Diga a seus amigos “Eu estava ajudando minha amiga Laura, dona do ferro velho Bigam.”

Lucian riu, do jeito que ela falou, com um sotaque camponês carregado. Ela era uma mulher do campo. Pôde notar isso claramente. Mesmo com seu cabelo pintado e suas roupas curtas e as tatuagens.

- Foi um prazer te ajudar, Laura.

Lucian sorri, saindo. Mas olhou a mulher mais uma vez.

- Devia largar aquele babaca, Laura.

Ela riu, tragando seu cigarro.

- É, eu sei! Sempre sabemos o que fazer. Mas é difícil tomarmos a decisão.

Lucian concordou, confirmando com a cabeça.

- Ei, espere.

Laura sumiu por um instante. Apareceu estendendo a ele, um blusão xadrez vermelho, de flanela.

- Vista! É melhor que andar por ai assim, sem nada. Vai parecer um índio perdido na cidade grande. Não vai fechar os botões. Mas ainda, é melhor que nada.

Lucian pegou, vestino o blusão, e realmente ele ficou curto e não fechava. Mas pelo menos, era alguma coisa.

- Adeus, Laura! Obrigado pelo blusão.

- Adeus, garoto! E... Eu não sei o que aconteceu com sua mãe. Mas onde ela estiver, ela deve sentir orgulho do garoto legal que você é, Lucian. Obrigada!

Lucian não respondeu. O nó na sua garganta não permitia responder. Saiu a passos humanos do terreno do ferro velho, rumo à rua principal. Fez sinal para um táxi e seguiu com ele para Volterra. O taxista estranhou a distância, mas não reclamou, colocando o taxímetro para rodar, marcando a corrida, que sairia cara. Mas Lucian não prestava atenção nisso. Estava longe dali fechou os olhos se recostando no acento do carro e se viu , em uma floresta muito verde e fria. Ouvia risos e vários rostos desconhecidos. Uma mulher loira cantando uma canção de criança, sorridente. Um homem alto e forte com cara de bebê, e mais outros rostos que ele sempre via. Mas o dela, era o mais impressionante. Seus cabelos, de uma cor que Lucian nunca vira em nenhuma mulher . Suas mãos quentes e seu colo acolhedor. Seu cheiro de flores. Ele a tocava no rosto e ela beijava suas mãos pequenas. Uma voz rouca e forte chamava por ela mas ele não entendia seu nome . Lucian não sabia se isso era uma lembrança ou um sonho, mas ele tinha estas imagens de todos aqueles rostos desconhecidos e a voz masculina rouca e forte, que lembravam um trovão. E o cheiro de flores, que vinha da mulher de cabelos de cor estranha. Lucian teve um estalo na sua mente. Não é cor estranha. É a mesma cor dos meus...

- Chegamos, senhor. É aqui, mesmo?

O motorista do táxi se virou para Lucian, que despertava de seus devaneios.

- É aqui sim.

- Posso levar o senhor até a porta principal.

Lucian sorriu de má vontade, pagando o homem.

- Acredite. Você não iria querer subir lá.

Lucian desceu do carro, abrindo o pesado portão de ferro sem dificuldade. Sabia que tinha guardas nas guaritas, e eles observavam ele entrar. Fizeram uma reverência militar para Lucian, que os saudou com a cabeça, andando tranquilamente pela estradinha de pedra. Felix o alcançou no caminho, assim que avistou Lucian subindo a estradinha.

- Garoto, onde você se enfiou? Eu já estava vendo meu corpo desmembrado por Aro, quando ele perguntasse por você. O que eu ia dizer? Que levei você pela cidade e o perdi? Se ele não me matasse, Alec me mataria, com certeza.

Lucian se sentia cansado, e toda aquela falação de Felix o estava irritando. Lembrar da noite passada, revirava o estômago de Lucian. Olhou com desgosto para Felix, que o segurou firme pelo braço, o impedindo de andar.

- O que é, garoto? Não está me ouvindo? Procurei você como um louco, por toda a cidade. Perdi seu rastro no meio do caminho. Fiquei desesperado. E agora... Chega com essa cara, me olhando com nojo.

-Me deixe Felix !Estou cansado. Não dormi bem. Um cachorro urinou na minha blusa favorita, depois de rasga-la. Fui atacado por um babaca, com um taco de basebol, e não vou ficar ouvindo seu blá, blá, blá de matrona arrependida. Você não me perdeu na cidade. Eu te larguei lá. Posso ir e vir, com minhas próprias pernas. Não sou criança!

Felix fincou os olhos de maneira furiosa para Lucian , que não se abalou , o fitando da mesma forma desafiando-o .

- Mas se comportou como uma, quando não matou aquela garota. O que pensava? Que ia solta-la e ela ia toda feliz e agradecida pra casa. Ela ia falar... Falar que o que aconteceu com suas amigas. Ninguém ia acreditar nela. Iram achar que ela é louca. Mas e aí? Cadê as amiguinhas dela? Sumiram. Talvez, ela não seja tão louca. Há dois psicopatas por aí, que seduzem mulheres, as levando para becos escuros, se fartam delas e bebem seu sangue? Como? Que tipo de psicopata bebe sangue Lucian? Pense, garoto, pense. Eu disse à você o que iríamos fazer. Eu falei. O que esperava lá? Que elas ficassem tão loucas e satisfeitas com nosso paus mágicos e dessem seu sangue de boa vontade? Não!!! Elas tem que morrer pra isso. É assim que funciona, garoto. Essa é a caça!!! Depois jogamos seus corpos no rio, ou em outro lugar qualquer, onde demorem a ser encontrados. Tornando impossível se dizer do que morreram. E mesmo que saibam, será inútil! É assim que é!! Você sabia e fugiu daquele beco, como um garotinho assustado, procurando a mamãe!

Lucian ouvia tudo, sem esboçar nenhum músculo. Mas a palavra final, fez seu sangue ferver, quase como uma lava de um vulcão. Agarrou o pescoço de Felix, o levantando acima do chão, trincando seu rosto com uma fenda até a cabeça do vampiro, que se debatia sem conseguir detê-lo.

- Lucian!!!

Lucian se virou. Viu Chelsea o olhar assustada, negando com a cabeça, sem acreditar no que via.

Chelsea se aproximou meio vacilante de Lucian, que a encarava. Mas ela não sabia se ele a via. Seu olhar era furioso, e parecia querer sair para fora, de tão aberto que estava.

- Solte-o, Lucian. Felix fala muita besteira. Você sabe. Você não quer fazer isso, Lucian. Solte-o, por favor.

Os olhos de Lucian se abrandaram, voltando ao normal. Soltou Felix, que caiu pesadamente no chão, segurando o pescoço. Lucian saiu dali, sem olhar para trás, rumo ao seu quarto. Felix e Chelsea o olhavam se afastar. Chelsea se abaixou para ver com Felix estava, e o vampiro já se levantava.

- Como está, Felix? Deixe-me ver.

Felix esticou o pescoço. Só sua pele ainda estava trincada, mas logo voltaria ao normal.

- Estou bem, Chelsea. O garoto pirou, mas valeu à pena.

Chelsea o olhou, sem entender.

- Você veio me defender, como uma fêmea defendendo seu macho.

- Você bebeu sangue de alguma vaca louca ontem, Felix? Não defendi você. Me preocupei com Lucian, que logo se arrependeria de arrancar esse seu pescoço, e ia ficar se lamentando pelos cantos.
Chelsea já saia, deixando Felix todo sorridente, ajeitando a gola da roupa.

- Não foi o que pareceu, vampirinha. Não foi o que pareceu... 


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Notas finais do capítulo

ATÉ DOMINGO AMORES !



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