Nami In Wonderland escrita por Leh Paravel


Capítulo 2
Chapeleiro


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura XD



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— É isso que eu ganho por confiar em uma rena – estava muito irritada e se sentindo uma idiota – Muito bem, tem que ter um jeito de sair daqui.

Tinha quatro portas nessa sala, duas de metal e duas de madeira, todas com as maçanetas velhas e gastas. Nami tentou cada uma delas sem sucesso, começava a sentir o desespero tomar conta si.

— Não, Nami, você tem que se acalmar – ela fechou os olhos e respirou fundo, focando em resolver a situação, observe, observe, era o que seu pai sempre dizia. Quando abriu os olhos tinha uma mesa com uma chave dourada na sua frente – curioso.

Ela pegou a chave e tentou novamente em todas as portas, mas era muito pequena pra qualquer uma delas, irritada, chutou uma das paredes que caiu o reboco, revelando uma porta minúscula. Ela se agachou, tentou a chave e com alívio no rosto a porta abriu. Mas era pequena demais. Levantou frustrada, aqui nada era fácil?

Do nada apareceu uma bebida em cima da mesa.

Beba-me

— Que não seja veneno – ela bebeu um pouco e fez uma careta pelo gosto. Sentiu as coisas a sua volta mudarem, pareciam... maiores? Não, era ela que estava menor! Se afogou nos panos de seu próprio vestido. Ótimo, agora estava minúscula e nua.

Enrolou uma de suas enormes meias envolta de si, sentia-se exposta, mas era melhor que nada. Por sorte pegou a chave antes de encolher. Correu até a portinha e abriu, a luz do outro lado a cegou por alguns instantes. Nami esperava por muitas coisas, mas não aquilo.

Plantas exóticas de todas as cores e tamanhos, animais e insetos que com certeza não existiam em seu mundo. Era incrível, esse mundo era lindo... e estranhamente familiar.

— Nami, você conseguiu! – era Chopper, parecia muito feliz em vê-la. Nami deu um passo pra trás, estava do tamanho de Chopper agora – Fiquei com medo de que não conseguisse passar.

— Por onde você andou? – exigiu irritada – Não ia me ajudar a chegar aqui?

— Mas eu ajudei – respondeu com medo da ruiva – Todo mundo que não vive aqui tem que passar por aquela sala. Desculpe, Nami – a ruiva se acalmou, a rena não lhe queria mal.

— Tudo bem, é que tem muita coisa acontecendo, estou tensa.

— Tudo bem – ele respondeu – Vem, vou te levar até o Franklen.

— Franklen?

— Ele é nosso sábio, vai responder suas perguntas.

“Finalmente alguém vai me explicar o que está acontecendo” – se deixou levar por Chopper.

...

Se ficar em um baile cheio de pessoas que a odiavam já era desconfortável, ficar rodeada de flores e animais que não paravam de encará-la era ainda pior. Sem falar na nuvem de fumaça enorme que rodeava todo o lugar.

— Chopper – Nami sussurrou no ouvido dele – Qual desses é o Franklen?

— No meio da nuvem de fumaça, fumando. Estamos esperando dissipar – Chopper respondeu todo reverente.

— Ele ainda tá fumando?

— Sim, ele não para de fumar – falou a rena.

— Então como a fumaça vai dissipar? – Chopper abriu a boca, mas não soube o que responder.

— Boa pergunta – Nami suspirou em derrota.

— Eu posso ajudar – uma enorme planta com longas folhas começou a abanar a fumaça para longe, clareando a visão de todos. Uma enorme lagarta azul de topete surgiu.

— Franklen! – gritaram em uníssono.

— Super! – a lagarta gritou de volta. Todos, menos Nami, foram a loucura – Onde está Nami? Cadê a Nami eu quero ver a nossa SUPER Nami.

— Oh grande Franklen – disse Chopper – Nami está bem aqui. Veja você mesmo.

Nami levantou para que a lagarta a visse. Franklen aproximou seu enorme corpo dela, rodeando-a sem realmente tocá-la. Nami quis mandar que se afastasse, mas ficou quieta.

— Qual o seu nome? – perguntou.

— Nami. Nami Kingsleigh.

— Eu decido qual nome você tem, menina burra – Franklen parecia contrariado com a resposta-  até eu decidir você fica quieta.

Nami agarrou o corpo da lagarta, um idiota vem e começa a falar idiotices sem tamanho. Ela não era obrigada a aguentar esse tipo de coisa.

— Escute isso e escute bem – seu olhar causou um calafrio em Franklen – Ou você me diz o que estou fazendo aqui ou eu vou embora, porque não vou ficar aqui ouvindo esse tipo de coisa, você me entendeu? – ela o soltou e ele se afastou dela rapidinho.

— L-Levem ela para o Chapeleiro, se ela não for parente daqueles dois eu viro um cogumelo – Franklen voltou para o enorme cogumelo, tremendo – E eu não tô com medo!

— Vem, Nami – a rena lhe puxou pelo braço – Eu levo você lá.

— Eu vou junto – um pequeno rato de focinho longo e olhar medroso apareceu.

— Ussop – ele e Chopper pareciam se conhecer. Nami achou aquele rato um pouco estranho, mas não disse nada.

— Valete! – alguém gritou e Nami viu Chopper e Ussop empalidecerem, tinha alguma coisa errada. Sem muita delicadeza, os dois pegaram os braços da menina e começaram a correr freneticamente.

— Chopper, o que foi?! De quem estamos fugindo? – Chopper pareceu ignorar o que ela disse – Por favor, o que está acontecendo?

Eles a levaram para uma mata alta, onde uma discreta trilha estava escondida. Nami afastou um galho e viu com horror as flores sendo pisoteadas por pés enormes, os animais capturados e alguns até assassinados. Era um verdadeiro massacre.

— Nami, nós temos que ir – Ussop a puxou pelo braço. Ela se deixou guiar, estava em choque pelo violência que presenciou.

Isso não fazia parte das histórias de seu pai.

...

Chopper e Ussop estavam preocupados com Nami, ela estava quieta. Só esperavam que o Chapeleiro a animasse, ele sempre foi o melhor nisso.

Eles seguiam por uma estrada escura, ambos sentiam que estavam sendo seguidos, só que não sabiam por quem.

— Chopper – Ussop chamou baixinho – melhor corrermos.

— Não precisa ter medo de mim, Ussop – uma fumaça esverdeada os rodeou, Ussop tremia de medo, correu pra perto de Nami, usando-a como escudo. A fumaça condensou numa árvore próxima tomando a forma de um gato carrancudo.

— Chess – Chopper suspirou aliviado – é muito bom ver você.

— Vocês tão indo pra onde? – perguntou o gato.

— Levar a Nami para o Chapeleiro, vai estar segura com ele – Chess abriu um sorriso grande demais para um gato.

— Eu vou com vocês.

...

Nami estava mais calma, tinha de estar, estava andando com três criaturas muito estranhas no meio da floresta e uma delas, o gato de sorriso estranho, mudava de direção do nada, atrasando a viagem. Tinha que manter os olhos bem abertos.

Chopper disse que estava levando ela para um tal de chapeleiro, seria um código? Como um chapeleiro poderia ajudá-la nessa situação? E será que nenhum ser humano vivia aqui? E o mais importante, quem era aquele Valete? E por que ele faria uma coisa dessas?

OOO

Valete estava irritado, como nunca esteve antes em seus anos de serviço. Estava bebendo em um bar quando ouviu um rumor bem desagradável.

“Tony Tony Chopper foi buscar a filha de Frau”

Há anos ele não ouvia aquele nome, era um tabu. Ninguém nunca dizia o nome da antiga rainha de prata. Foi com muita satisfação que entrevistou o dodô, de início ele se negou a falar, mas bastou um alicate e óleo quente que a ave abriu o bico e disse tudo o que sabia. Reuniu uma tropa de cartas e correu para a vila de Tony Tony Chopper, entretanto, não o encontrou e nenhum dos prisioneiros sabia onde ele estava.

— Soldados, acorrente os prisioneiros, vamos para a Fortaleza Vermelha.

...

Valete sabia que poderia ser só um rumor, uma mentira qualquer contada por um bêbado, mas seus métodos não incitavam a mentira, estava certo disso. Caminhou pelos grandes corredores da fortaleza, o escritório de sua rainha era logo à frente. Bateu na porta três vezes e um suave entre foi ouvido.

— Minha rainha – curvou-se.

— Meu amado Valete – a voz de sua rainha fazia inveja ao cântico de qualquer anjo – é sempre um prazer vê-lo.

Sua rainha usava uma vestido vermelho sangue, os ombros e colo estavam à mostra revelando sua pele branca macia e intocada, seus longos cabelos negros e lisos soltos ao vento até a cintura e seu rosto de porcelana trazia um sorriso suave e convidativo. Perfeita, inalcançável e apaixonante.

— Rainha Hancock – ele adotou uma postura séria – trago-lhe notícias. Não queria preocupar a senhora antes do necessário, mas devo alertá-la – o sorriso dela diminuiu – tenho suspeitas de que a filha de Frau está de volta a Wonderland.

Hancock levantou da mesa onde estava, seu semblante sério, porém tranquilo. Com graça, ela foi até ele e acariciou sua face.

— Por que diz isso? – a voz macia, mas autoritária – Você a viu?

— Não, senhora, mas tenho informações de que Tony Chopper foi mandado atrás dela – a rainha se afastou do soldado um pouco irritada. Isso era um mal sinal. Chopper era uma rena de nariz azul, os únicos animais em Wonderland que tinham a capacidade de atravessar dimensões como bem quisessem. Mas por que agora?

“Quinze anos se passaram, significa que a pirralha agora tinha dezoito anos” — raciocinou a morena – Valete, quero que traga essa rena pra mim, quero saber o que ela sabe. E se vir a garota, mate-a.

— Sim, minha rainha.

OOO

Nami ficou feliz por ver a luz do sol de novo, achou que nunca mais sairia daquele floresta com o trio de idiotas. Estavam numa clareira cheia de plantas e folhas secas, ao fundo um grande moinho completamente destruído e no meio de tudo isso uma enorme mesa de chá, devia ter lugar pra umas vinte pessoas. Alguma coisa nesse lugar era familiar pra ela, ela conhecia esse lugar e se sentia triste, por que ela se sentia triste?

— Chapeleiro! – gritou Ussop – Temos uma surpresa pra você – prestando atenção na enorme poltrona na ponta da mesa, Nami viu alguém sentado, parecia adormecido. Ele usava um blazer vermelho escuro com detalhes aqui e ali, uma grande gravata cheia de bolinhas e em sua cabeça uma cartola que não conseguia definir a cor. Não parecia muito confiável. Que animal ele seria?

Chopper sentou em uma das cadeiras perto do chapeleiro, sacudindo-o para que acordasse. Um ronco baixo foi a única resposta que conseguiu.

— Ussop, preciso de ajuda aqui – o rato ficou de pé em cima da mesa e gritou.

— Chapeleiro, acorde! Trouxemos um banquete de carne só pra você – o dito levantou na hora, procurando o banquete de carne.

— Carne! Cadê?! Cadê o banquete? – ele pulou na mesa, procurando.

“É um homem normal” pensou Nami

— É brincadeira, Chapeleiro – Ussop morria de rir com a cara dele – tem uma pessoa querendo te ver – Ussop apontou pro fim da mesa.

Os olhos dele cravaram nela e por um momento se sentiu completamente exposta. Ele estava em choque e ficou assim por alguns segundos até um enorme sorriso aparecer em sua cara e ele vir correndo na direção dela.

— Nami! – ele gritou muito feliz. Já viu pessoas felizes em vê-la como Chopper e Ussop, mas esse chapeleiro parecia brilhar, realmente brilhar de felicidade – Você tá do mesmo tamanho que te vi dá última vez, que legal – Nami ainda estava do tamanho da Rena, ou seja, do tamanho de uma criança de três anos.

— N-Não, é que eu bebi uma poção e fiquei pequena – ela explicou. Ele a estava deixando sem graça encarando tanto.

— Ah entendi, eu vou te dar outra pra crescer, vem cá – ele a pegou pela mão e meio sem jeito a levou até a cadeira ao lado dele.

Ele pegou alguns doces e frutas e colocou na sua frente. Nami não fez cerimônia, estava mesmo com fome.

— Shishishi – riu o chapeleiro – o legal de ser pequeno é que todo pedaço de carne fica gigante e mais gostoso.

— Você não deu carne pra ela, Chape – disse Chess se materializando numa das cadeiras.

— Oh é verdade. Você quer carne, Nami?

— Não, muito obrigada – ela recusou educada – é... Ussop e Chopper disseram que você poderia me ajudar.

— hmm e você quer ajuda pra quê?

— Bom, na verdade eu queria entender por que eu estou aqui, meu pai me contou histórias, mas eu nunca pensei que viria pra cá – Chapeleiro olhou pra ela com curiosidade – e todos parecem me conhecer, você também, mas me fale, já nos vimos?

Todos trocaram olhares, preocupando Nami, viu cada um jogando a responsabilidade pra cima do outro e no final sobrou pro Chapeleiro.

— hmm o que você sabe de Wonderland pra começar?

— Pouca coisa, eu acho – ela começou – Ele sempre fez esse lugar parecer épico, na verdade. Existiam duas rainhas, uma branca e uma vermelha. A vermelha decidiu que queria governar Wonderland sozinha, mas ela era má e egoísta. A rainha branca era boa, inteligente e se importava com seus súditos então eles ficaram do lado dela, mas a vermelha era mais forte então as duas começaram uma guerra - ela mirou todos na mesa, eles não estavam surpresos então concluiu que o que ela falava era verdade - Ele contava também que tinha mais uma rainha que nunca foi coroada, uma rainha poderosa que se sacrificou pelo seu amado - Nami sorriu com nostalgia, era sua história favorita - Meu pai era um romântico nato.

— É só isso? – falou Ussop – Achei que Arthur te contaria mais sobre nós.

— Meu pai? E por que ele teria tanta coisa assim pra dizer, Ussop?

— Porque ele era nosso rei! – respondeu Ussop irado. Chess bufou e Luffy suspirou.

— Luffy, isso é verdade? – ele não precisava responder – O que aconteceu? Como assim meu pai é o rei de Wonderland? Ele nasceu aqui?

— Não, Nami – disso o rapaz – Ele nasceu no mundo onde você vive hoje. Ele veio pra cá por acidente. Ele caiu numa toca de rena e chegou aqui.

— Toca de rena?

— São buracos feitos por renas – respondeu Chopper – eles são tão fundos que ligam dimensões.

— Normalmente coelhos é que fazem tocas.

— O que são coelhos?

— Deixa pra lá – respondeu ela.

— O importante é que ele caiu aqui e era o cara mais legal do mundo – disse o Chapeleiro com um sorriso.

— A história que ele te contou está um pouco errada também, Nami - disse Ussop - Arthur caiu aqui em Wonderland e criou uma grande confusão pois nunca tínhamos visto um humano antes.

— Ele foi para o castelo onde conheceu as três princesas e se apaixonou pela mais velha, Frau – Chopper achou um algodão doce – foi uma cerimônia linda. A princesa de prata virou a rainha de prata.

— Todo mundo amava o rei e rainha e depois de alguns anos eles tiveram uma filha – Chapeleiro olhou pra ela com carinho – você, Nami.

— O que? – indagou chocada. Nami levantou da cadeira, indignada – Você... tá dizendo que meu pai... que a minha mãe, que a minha mãe não é a... – Nami caiu de joelhos. Mentiram pra ela. Todos mentiram.

— Nami, você tá bem? – Chapeleiro perguntou, fez menção de tocá-la, mas Nami se afastou.

— É claro que eu não to bem – respondeu ela amarga – como você se sentiria se soubesse que seu pai e sua mãe mentiram pra você toda a sua vida? Que minha mãe – as lágrimas presas na garganta – que a Margareth, a mulher que cuidou de mim a minha vida toda, que eu amo mais que minha vida, que... – o choro veio todo de uma vez – eu... eu e ela nós não somos parentes de verdade.

Chapeleiro aproximou sua cadeira da dela, Nami tinha uns 40cm agora então era um pouco difícil se aproximar. Ele segurou os braços dela com cuidado pra não machucar, e lhe deu um lenço pra limpar as lágrimas. Ela aceitou e limpou o rosto, mas ainda se sentia muito triste.

— Nami – ele chamou – me escuta, Nami. Só porque ela não te deu a luz não quer dizer que não é sua mãe – ela olhou pra ele – ela te criou, te alimentou e te amou como uma filha então não se sinta mal. Você são uma família, Nami.

Ela encarou ele por segundos que pareceram horas, ele estava certo. Margareth nunca a maltratou, nunca a fez se sentir só ou desprotegida, ela poderia ter lhe ignorado e desconsiderado, mas não, ela foi a mãe que Nami sempre respeitou e admirou.

— Obrigada, Chapeleiro – ela agradeceu segurando sua enorme mão.

— Shishi, pode me chamar de Luffy.

— Luffy – gostou do som daquele nome em seus lábios.

...

— Luffy...

— O que foi?

— O que aconteceu... com a Frau, minha outra mãe? – Luffy adquiriu uma feição sombria.

— A rainha vermelha amava o seu pai também e quando não se casou com ele, ela enlouqueceu. Matou os próprios pais e dominou tudo. Transformou a Fortaleza Vermelha no seu castelo e atacou vilas e cidades – ele bebeu um pouco de chá – seus pais e a princesa Branca resistiram, mas Hancock era muito forte. Ela roubou a arma da Frau e ameaçou matar você e todo o reino se Arthur não a aceitasse como sua rainha. Frau não queria ver você morrer então mandou você e seu pai pra longe, onde a Vermelha não poderia te alcançar.

— E por que ela não foi junto?

— Só os seres daquele mundo podem viver lá, Nami – Chopper respondeu – eu só consigo passar, porque meus ancestrais acharam uma fenda pra esse mundo e decidiram ficar.

— Frau morreu protegendo vocês dois, Nami – ele virou pra ela – você tem duas mães incríveis.

— Sim – ela sorriu – sim, eu tenho.

— Chapeleiro eu tenho que ir – falou Chopper descendo da mesa – Você vai levar ela pra rainha Branca?

— Vou sim, daqui a pouco.

— Encontro você lá, Nami – ele se despediu e foi embora.

— Rainha Branca? Então minha tia ainda está viva?

— Sim – ele respondeu com sorriso enorme no rosto.

— Chapeleiro! – Alguém gritou na floresta.

— Merda – resmungou Luffy, pegando uma poção no bolso – Valete. Beba isso, Nami – ela bebeu e encolheu de novo, ficando do tamanho de uma laranja – fique quieta, ok?

Ele a colocou dentro de um bule limpo e escondeu no seu colo embaixo da toalha de mesa. Valete era um saco, mas não criaria problemas.

— Olha quem está aqui. O chapeleiro solitário – Valete vestia uma armadura negra da cabeça aos pés, seu sorriso cínico o tempo todo em sua cara.

— Quer chá, Valete? – perguntou Luffy inocente.

— Não, hoje não. Estou trabalhando – disse ele olhando em volta – procuro a rena Chopper. Por acaso sabe dele?

— Não, por que?

— Minha rainha deseja vê-lo, parece que Chopper é suspeito de traição – Luffy franziu o cenho.

— Traição? E o que ele fez?

— O que ele quer fazer, meu caro Chapeleiro – respondeu Valete – é trazer a pequena Nami de volta. Isso se já não trouxe. Você sabe de alguma coisa, Chape?

— Por que eu saberia?

— Porque correr pros seus braços é a primeira coisa que ela faria – ele começou a se aproximar demais do chapeleiro – Esperando dia e noite pelo retorno dela, sem sair do lugar que vocês prometeram se encontrar...

— Fique quieto, Valete – cortou – Nenhum dos dois está aqui, me deixe sozinho.

— É assim que sempre vai ficar, Chapeleiro – respondeu o soldado se afastando – Porque quando eu achar a princesa, vou levar a cabeça dela pra Vermelha – Luffy o encarou com olhos vermelhos de raiva, mas não se mexeu. Nami dependia dele – Adeus.

Luffy segurou o bule com tanta força que lascou, assustando Nami.

— Luffy! – chamou ela aflita. Percebendo o que fez, abriu o bule e tirou uma Nami super sem graça enrolada em um monte de pano.

— O que aconteceu com as suas roupas, Nami?

— Eu encolhi e elas não, idiota.

— Ah desculpe, eu vou fazer outra pra você – ele pegou uns pedaços do enorme bolo de pano e uma tesoura.

— Você sabe costurar?

— Eu não sou chapeleiro só de nome, Nami – riu ele – pronto - Era um vestido simples e bonito, todo azul, do tamanho exato dela.

— Obrigada – ela se meteu no meio dos panos e se vestiu - ficou perfeito, Luffy!

— shishishi, de nada - Luffy pegou Nami com a mão e a colocou no seu chapéu - Vou te levar até a rainha branca.

— No chapéu? Não posso ir andando no meu tamanho normal?,

— Assim é mais divertido - Nami soube naquele momento que não voltaria ao seu tamanho normal tão cedo.

Luffy foi por uma trilha cheia de árvores secas, era melancólico e bonito ao mesmo tempo.

— Luffy…

— Hm?

— Me fala dos meus pais? - Luffy considerou o pedido.

— O que você quer saber?

— Como eles eram?

— Hmm, eles eram legais eu acho. Eu era bem pequeno quando conheci eles - comentou nostálgico - Eu mal falava com eles, você queria brincar o tempo todo comigo e não me deixava fazer nada e - Nami se apoiou na borda da cartola pra encarar o chapeleiro que a mirou divertido - mini Nami.

— Você brincava comigo quando eu era pequena?

— Sim, todos os dias - ela se levantou pra não perder o equilíbrio

— Agora eu sei porque me sinto tão confortável com você.

— Shishishi.

Luffy parou do nada, tinha alguma coisa errada. Ele olhou pros lados. Alguém estava atrás dele. Valete

— O que foi, Luffy? - ele pegou sua cartola e colocou no chão.

— Me promete que você vai ficar quieta aqui, Nami, você não pode dizer uma palavra. Não importa o que aconteça. Você entendeu? - Luffy estava muito sério, sem margem pra questionamento.

— Entendi - ele sorriu. Luffy escondeu bem o chapéu entre as folhas, mas Nami ainda conseguia ver tudo o que se passava.

Luffy foi para o meio da estrada, o som de passos era nítido agora, ele devia saber que o Valete ficaria de olho nele. Bom, pelo menos deixaria o Chopper em paz.

Cinco cartas o cercavam mais o Valete que parecia muito satisfeito consigo mesmo por trás do elmo que cobria metade do seu rosto.

— Você sempre foi um péssimo mentiroso, Luffy.

— Não me chame assim – Nami não reconheceu o chapeleiro naquele momento, sua voz era cheia de ódio.

— Por que não? Não éramos amigos quando crianças? - o soldado falou com uma quase inocência em sua voz - Ou ainda não me perdoou?

— Você estava lá com a rainha vermelha naquela noite e não fez nada - o tom de Luffy era ressentido e cheio de tristeza.

— Eu não mudaria nada - Sanji fez um sinal pros guardas que investiram contra o chapeleiro.

Nami, que observava toda a cena, teve medo pelo Luffy e esperou o pior quando viu as cinco lanças o cercaram. Estava a ponto de gritar o nome dele quando viu Luffy pular e desviar de todas as lanças ao mesmo tempo. Em pleno ar ele deu um soco poderoso num dos guardas que caiu no chão, o elmo completamente destruído.

Luffy desceu e mal teve tempo de desviar quando a segunda veio em sua direção com uma espada, ele pegou a arma da mão do soldado e o acertou com uma forte joelhada. As outras três cartas vieram ao mesmo tempo, Luffy pulou e, usando a cabeça do do meio como apoio, deu um chute nos dois da ponta e um forte chute nas costas do terceiro, apagando-o.

— Incrível - Nami estava impressionada. Luffy não usava armas ou armaduras, aumentando sua rapidez e agilidade. Lutava com graça, mas sem matar os inimigos.

— Eu não deveria esperar menos de você, Chape - disse o Valete - o que vou dizer pra minha rainha agora? - Luffy não respondeu - me entregue a princesa, Luffy. Eu sei que você tá com ela.

— Nunca - Valete suspirou.

— Você não me desaponta, Chape - Valete tirou o elmo.

— Não! - a palavra saiu sem pensar da boca dela. Não era possível, não ele, não aqui.

 

Sanji

Sanji era o Valete da rainha.


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