Nami In Wonderland escrita por Leh Paravel


Capítulo 12
O que?!




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A chegada dos grupos foi no mínimo bagunçada. Hazard era cheia de destrambelhados sem o mínimo senso de etiqueta, de nada na verdade, e empurraram as duas outras facções para chegar na frente. Alabasta seguia logo atrás com um grande número de feridos e por último Skypiea com seus guerreiros ansiosos para encontrar seu outro líder novamente.

Nami e Robin os receberam na grande porta principal. Os líderes de cada grupo logo desceram de seus cavalos para cumprimentá-las.

“Majestade, é muito bom vê-la bem e em segurança” Kohza era um homem alto, de pele queimada pelo sol e cabelos loiros. Uma cicatriz atravessava seu olho esquerdo e seu olhar era amistoso, porém cansado. Este usava calças de montarias pretas, botas também pretas, um longo casaco pardo e um lenço azul ao redor do pescoço

“Bem vindo à Marmoreal, Kohza” respondeu a rainha com um aceno e um sorriso.

“Princesa Nami, eu presumo” ele curvou-se levemente diante da ruiva “É bom tê-la de novo conosco.”

“É um prazer finalmente conhecê-lo, Lord Kohza. Sinto muito pelo o que aconteceu com a sua base” ela cumprimentou de volta.

“Perdemos ótimas pessoas, princesa, mas ainda não fomos derrotados. Com vossa alteza de volta recuperamos nossa esperança” Vivi veio logo em seguida e o sorriso caloroso a fez se sentir mais relaxada.

“Nami, é muito bom vê-la de novo!” Aquele sorriso lhe era muito familiar, pensou a ruiva e os modos que a linda moça de cabelos azulados e pele pálida tinham a faziam pensar que já se conheciam. Ela tinha longos cabelos azulados presos em um rabo de cavalo, usava um vestido azul escuro e botas altas de montaria pretas.

“Eu acho que a princesa ainda não se lembra de você, Vivi” respondeu a rainha e a ruiva viu a azulada murchar.

“Minhas memórias ainda estão um pouco bagunçadas, Lady Vivi, mas eu sinto que a conheço e espero voltar a me lembrar de você” a azulada se iluminou novamente e fez uma leve reverência. Luffy, que estava ao lado de Nami, pareceu feliz com a resposta.

“A Vivi te conhece também há muito tempo, vocês duas eram grandes amigas.” Robin explicou baixinho “Ela estava muito empolgada em te ver de novo”

“Eu sinto que a conheço, mas é só” a rainha concordou levemente com a cabeça. Após Vivi veio uma mulher de cabelos rosados, ela usava calças de montaria masculinas pardas e um corset branco que não deixava nada para a imaginação finalizando com um casaco curto preto.

“Lady Jewelry Bonney” cumprimentou a ruiva “É bom finalmente conhecê-la” a mulher lhe encarou como quem encara uma criança desagradável.

“O prazer é meu, princesa. Diga-me, pretende ficar em Wonderland dessa vez?” Nami arqueou uma sobrancelha.

“Pretendo ficar o tempo que for necessário, espero que isto não seja um problema” um sorriso enorme e inocente surgiu no rosto de Bonney, surpreendendo a ruiva.

“É muito bom ouvir isso, princesa, espero que fique pra sempre” e saiu sem dizer mais nada deixando Nami sem fala.

“Você entendeu alguma coisa, Robin?” Nami recebeu somente uma risada como resposta.

Hazard tinha Eustass como líder e este já estava no meio do grupo cumprimentando seus colegas. Viu também Law no meio do grupo de Skypiea dando ordens para levarem todos os feridos para a ala médica. Viu com pesar dezenas de crianças chorando em um grupo, muitas delas com ferimentos leves no rosto e braços, outras choravam perguntando dos pais. Sentiu seu peito apertar e se viu caminhando na direção delas.

“Crianças, bem vindas a Marmoreal” ela cumprimentou com um sorriso convidativo. As crianças primeiro ficaram confusas e um pouco receosas. “Meu nome é Nami, prazer em conhecê-los.”

“Princesa Nami?!” As crianças reagiram em cadeia e todas elas ficaram surpresas por verem a princesa bem ali falando com eles “Desculpe não termos te reconhecido” Uma menina de cabelos pretos e curtos falou. Nami agachou pra ficar na altura deles. Muitos pareciam humanos como ela, mas outras era ratinhos, coelhos e até pássaros.

“Fiquem calmos, ok? Vocês estão feridos e cansados, não me devem nada” ela pegou a mão da menina que falou com ela antes “Qual o seu nome?”

“Meu nome é Mocha, alteza” respondeu tímida.

“Onde estão seus pais, Mocha?” percebeu que cometeu um erro quando a menina começou a chorar.

“Mama e Papa saíram pra fora disseram que iam lutar contra os soldados maus da Vermelha, eles disseram pra eu ficar quietinha e escondida, mas eles não voltaram” a menina chorava sem parar e a ruiva olhou para o lado e viu outras crianças no mesmo estado. Ela sentiu lágrimas nos olhos, mas se conteve.

“Mocha, meu bem, seus pais são heróis” a menina a mirou “Foi por causa deles que você e seus amigos estão aqui, eles te protegeram, entende?”

“Mas eu queria eles aqui”

“A minha mãe também me protegeu, sabia? Ela me protegeu pra que eu pudesse estar aqui pra te proteger agora e eu garanto minha pequena que eu vou te proteger” a menina se acalmou um pouco “Agora venham, vocês devem estar cansados” Nami pegou na mão de Mocha e pediu que as crianças a seguissem. Cyndry correu até ela apavorada.

“Alteza, isso não é necessário, deixe que eu cuido disso, por favor”

“Não precisa se preocupar, Cyndry, essas crianças estão sob minha total responsabilidade, eu as levarei a ala médica” A chefe da criadagem arregalou os olhos ao ouvir aquilo “Qualquer  coisa que elas precisarem quero que fale diretamente comigo”

“Sim, alteza”

Cyndry não foi a única a ver a princesa levando pessoalmente um bando de crianças embora, todos os líderes e muitos soldados observaram intrigados ela ir.

“Essa princesa não tem a menor noção de sua posição” resmungou Kid “Se eu fosse o rei, não permitiria a minha rainha andar com um bando de orfãos”

“Ainda bem que você não é o rei e muito menos a Nami é sua rainha” respondeu Vivi com desprezo pelo irritante homem. Robin sorriu satisfeita com a resposta da azulada.

“Vamos pra dentro, para todos que estiverem bem mais tarde, teremos um baile de boas vindas esta noite”

 

OOO

 

Depois de deixar as crianças na ala médica e dar instruções diretas sobre a prioridade de atendimento delas, Nami foi para seu quarto trocar de roupa para o baile. De acordo com Branca, o baile era uma mera formalidade para declarar o retorno da herdeira e o compromisso de Nami com Luffy. Estava um pouco nervosa, mas esperava que tudo corresse bem.

Sentiu uma sombra a seguindo, porém ficou tranquila ao perceber quem era.

“Você baixou sua guarda, Sanji” ela comentou divertida.

“Apenas para você reparar que estou aqui, princesa Nami” ele ainda não tinha se revelado, preferindo permanecer nas sombras, como ele fazia isso era um segredo pra ela.

“Está nervoso com todas essas pessoas aqui?”

“Bom, todas elas querem me matar por algo que eu fiz, mas eu tenho uma princesa teimosa do meu lado então não estou preocupado” os dois riram.

“O que sabe sobre os líderes?”

“Em resumo? Kid é um sádico, Bonney é louca, Viva e Kohza são valentes e nobres como reis e o Law é...”

“O Law é intrigante” a ruiva não deixou de reparar o meio-sorriso no rosto do outro.

“Bom, apesar de ser muito irritante, eu tenho que admitir que ele é muito bonito”

“Sim, sim...” Sanji corou ao perceber o que tinha falado “Quer dizer eu-”

“Não precisa se preocupar, seu segredo está a salvo comigo” riu alto quando viu o soldado ficar mais vermelho. “Será que vamos conseguir treinar amanhã com todas essas pessoas aqui?”

“Vamos começar ainda mais cedo, assim que amanhecer” ela assentiu.

“Sanji você não acha estranho a Vermelha ter atacado um grupo apenas? Como se ela quisesse todos nós aqui?”

“Para o que? Um cerco? Ela já tentou essa tática algumas vezes  e nunca deu certo, além disso o castelo é praticamente auto-sustentável por anos”

“Eu não sei, mas algo me parece estranho nisso tudo.”

 

OOO

 

Bailes eram uma raridade em Marmoreal, eram um luxo desnecessário levando em conta que guerras eram caras e Branca preferia gastar estas provisões com seus povo, mas, esta era uma ocasião especial, Nami precisava conseguir o respeito do povo e dos nobres e não havia melhor maneira para isso do que um baile.

O grande salão estava cheio das mais diversas criaturas, humanóides, répteis, felinos, pássaros, todos dançavam e se divertiam e a rainha desejou que aquele momento durasse para sempre.

As trombetas tocaram anunciando a chegada da princesa no recinto e todos pararam para ver a deslumbrante mulher de cabelos alaranjados atravessar a porta. O vestido era branco, representando sua família e sua mãe, com detalhes azuis-escuro como a noite na altura do busto e na barra, garantido-lhe um ar etéreo. Seu longo cabelo estava preso apenas o suficiente para emoldurar o seu lindo rosto de porcelana. Nami reconheceu diversos rostos na multidão, mas sorriu em alegria quando viu Luffy vir em sua direção. Ele usava calças e botas pretas, um belíssimo casaco branco com detalhes azulados e uma camisa azul escura com uma gravata frouxa prateada. Os três primeiro botões da camisa abertos e os cabelos bagunçados escondidos parcialmente embaixo da costumeira cartola davam um charme jovial e rebelde a ele.

“Princesa Nami” o olhar do moreno não escondia a admiração que ele sentia naquele momento, Nami estava linda.

“Duque Luffy” ela nunca o tinha chamado por seu título antes, mas ele não pareceu se importar.  Ele a levou para perto de Branca no trono e ficou ao lado dela.

“Meus amados súditos, hoje este baile é em homenagem ao retorno de minha querida sobrinha e herdeira, Nami e o anúncio oficial de seu compromisso com o duque Luffy, mais conhecido como Chapeleiro, que todos aproveitem esta linda noite.”

Robin mal terminou de falar para o moreno puxar a princesa para o meio do salão e começarem a dançar. Nami percebeu que Luffy era muito enérgico e um pouco desengonçado ao dançar, mas ela achou isso tão ele que só se deixou levar.

No canto do salão, Kid via com desgosto o casalzinho no meio da pista de dança.

Que humilhação, não imaginava que a princesa seria tão… petulante. Imaginava uma ratinha assustada demais com este mundo e pronta a aderir qualquer sugestão e pra piorar aquele maldito Chapeleiro não era mais como se lembrava também. Antes o tampinha não responderia suas provocações, mas agora via um brilho mortal em seu olhar. Tinha que separar esses dois, se a princesa não se casaria com ele por bem, então que fosse por mal.

Sem pensar duas vezes, Eustass Kid foi em direção à pista de dança para resolver isso de uma vez por todas.

Ele saiu empurrando os outros casais do local até chegar à ruiva.

“Princesa Nami” Como ela odiava o jeito que ele dizia o nome dela “Me concede a próxima dança?”

“Não”

Nami era filha de um visconde onde cresceu e lá ela não poderia recusar nenhum convite devido a essa posição, porém, como princesa, duquesa e herdeira, ela tinha todo o direito a recusar quem quisesse, principalmente homens como Eustass Kid.

“O que?!”

“O lorde ouviu muito bem, não desejo dançar com você” Nami sentiu o braço de Luffy em sua cintura, dando-lhe apoio.

“Acho que não entendeu-”

“Você quem não entendeu, Kid” cortou Luffy “Nami tem o direito de fazer o que quiser, ela é livre para escolher e ela escolheu não dançar com você”

“Acho que você-”

“Você, Lord Eustass?” a essa altura todos no salão pararam de dançar, Robin, que observava de longe, interrompeu a fala do ruivo “Vossa graça, a duquesa Nami Kingsleigh é princesa de Wonderland e herdeira desse reino, que direito VOCÊ tem de chamar ela assim?”

“Com o direito de ser um candidato a sua mão” a multidão exclamou em surpresa.

“O que está dizendo?!” Luffy apertou o braço ao redor de Nami, claramente possessivo.

“Com todo o respeito, vossa alteza é quase uma forasteira depois de todos esses anos fora, você diz que lutará por nós, mas como pretende fazer isso?” Branca normalmente ignorava tudo o que Eustass Kid dizia com exceção de estratégias de batalha, no entanto, o que ele disse era impossível de se ignorar, aquele homem nojento deve ter notado que muitos ainda não acreditavam no potencial de sua sobrinha e, querendo ou não, muitos respeitavam Kid por suas habilidades com a espada.

“Entendo, como podemos corrigir este erro, Lord Eustass?” a voz de Nami era fria como gelo.

“Que tal uma luta?” ela arregalou os olhos “Se ganhar, eu admito que tem capacidade de nos liderar na batalha, se fracassar… aceitará se casar comigo” Nami arregalou os olhos.

“Como ousa, seu-”

“Nami” a voz calma e fria de Branca a calou. “Muito bem. Eustass Kid, você fez duas petições bem interessantes aqui. É uma lei de Wonderland que todos os membros da nobreza tem o direito de duelar com a realeza em combates oficiais por n razões” um sorriso de satisfação surgiu nos lábios do ruivo “Porém esta condição é a única coisa que eu não posso conceder” Nami visivelmente relaxou “O único modo de você ter a mão de minha sobrinha é vencendo o atual prometido em um duelo, não há exceção para essa regra”

“Mas majestade, por que lutar duas vezes quando podemos resolver isso de uma vez apenas?”

“Está querendo ir contra as leis de Wonderland, Eustass Kid?” De repente, as luzes do castelo mudaram de seu amistoso branco para um azul escuro, as paredes escureceram e as portas fecharam num baque surdo.

“O que está acontecendo?” Nami olhou para os lados e viu Luffy com os olhos vermelhos colados em Eustass. Olhou para fora e viu Sanji observando a situação pela janela, parecia preocupado.

“N-Não, majestade eu não quis dizer isso” Kid vacilou? Nami nunca tinha visto o enorme homem vacilar ou tremer, o que Branca estava fazendo?

“Monkey D. Luffy, você aceita o desafio proposto por Eustass Kid pela mão de Nami Kingsleigh?”

“Com certeza eu aceito” Os olhos do Chapeleiro eram puro sangue vermelho brilhante, todos no salão, com exceção de Nami, Robin e Eustass se afastaram.

“Então está feito, o desafio será feito ao amanhecer junto de uma demonstração de habilidades de Nami Kingsleigh”

“Mas, Branca, isso é-” Nami calou a boca quando as paredes escureceram ainda mais.

“Amanhã ao amanhecer” O salão ficou claro novamente e Robin voltou a sorrir com cortesia “Vamos continuar a dançar?”

 

OOO

 

Robin deitou exausta em sua cama, seu corpo inteiro tremia de estresse. Dispensou as damas porque não queria que elas a vissem assim.

“Parabéns, majestade, você conseguiu fazer Eustass Kid ter pesadelos pra sempre” a voz mal humorada de um gato voador se fez presente.

“Você sabe que era necessário, Zoro” O gato pousou bem ao lado dela na cama.

“Talvez, faz tempo que tudo mundo quer ver o Kid calar a boca, mas não tinha que ser você”

“Ele estava querendo quebrar uma das leis mais antigas de Wonderland na minha frente” ela alcançou o gato e fez um leve carinho atrás das orelhas, conseguindo um ronronar suave do felino. “Não vamos discutir, está bem? Hoje não” Robin remexeu-se desconfortavelmente na cama, ela ainda usava o complicado vestido de festa e ele estava incomodando.

“Deixa eu te ajudar.” O gato pulou da cama e uma nuvem cinza o rodeou até um homem de cabelos verdes surgiu no lugar. Ele foi até a mulher de cabelos brancos, primeiro tirou os belos sapatos brancos, depois subiu devagar a barra do enorme vestido e puxou as meias brancas para baixo, revelando as longas e belíssimas pernas.

“Mulheres e suas roupas complicadas” Robin sabia que o comentário era mais uma maneira de quebrar o gelo do que uma crítica. Zoro pegou uma das pernas e começou uma massagem lenta, Robin suspirou satisfeita.

“Você sabe mimar uma mulher, Zoro” o homem/gato a mirou com os olhos brilhantes e ardentes.

“Só você” Robin já tinha ouvido isso dos lábios dele, mas seu corpo nunca deixava de reagir àquelas palavras.

Zoro gastou mais alguns minutos ali até ficar satisfeito, depois subiu na cama, Robin não se moveu e deixou ele fazer o que quisesse. Ele a puxou para que sentasse na cama um momento enquanto soltava o vestido e o corpete nas costas, seus olhos nunca deixando os dela. Ele abriu e grunhiu satisfeito quando sentiu as costas lisas da morena que o mirava com anseio, querendo mais. Zoro baixou o vestido, deixando os ombros daquela pele de pêssego à mostra e, não resistindo mais, iniciou uma trilha de beijos do ombro ao pescoço, finalmente arrancando um gemido baixo de Robin.

“Onde está sua roupa de dormir?” Ele perguntou puxando-a mais para si.

“Não preciso dela agora” Zoro rosnou desta vez antes de puxar Robin para um beijo violento e necessitado, as mãos dela foram direto para o curto cabelo dele e puxaram com força o suficiente para machucar, mas ele não se importou.

Ela o puxou para baixo para que ele ficasse agora em cima dela, o peso do corpo dele era delicioso, tê-lo perto era um prazer raro e por isso devia ser aproveitado ao máximo. Seu corpo, porém protestava de cansaço e estresse e ele estava vencendo a batalha e isso ficou claro quando Zoro apertou uma de suas coxas e um protesto infeliz de dor saiu de seus lábios.

“Você deveria estar descansando” o moreno se afastou apesar dos protestos da ruiva “Onde está sua roupa de dormir” Robin apontou a contragosto para um um robe branco na outra sala. Ela terminou de retirar o vestido e ficou apenas com uma fina camisa de seda que deixava pouco para a imaginação.

“Fique comigo esta noite, quero também que esteja amanhã no desafio entre Luffy e Kid”

“Ainda não entendo porque fez isso”

“Aconteceria eventualmente”

“Essa não é você, Robin” Ele a ajudou a se vestir com mais força que o necessário “O que está acontecendo?” Robin apenas lhe deu um sorriso irritantemente cordial “Não, não faça isso, não comigo” a ordem saiu como uma súplica.

“Eu sabia” Ela sussurrou “Desde que Hancock se aliou ao Doflamingo eu sabia que esta seria a batalha definitiva e que eu não poderia fazer nada para impedi-la” Zoro viu com assombro lágrimas caindo daqueles lindos olhos azuis.

“O que é? Me diz!”

“Amanhã ao por do sol, Doflamingo virá e Marmoreal não poderá fazer nada para impedí-lo”

“A barreira de Marmoreal é indestrutível”

“Não, não é. O marmóreo, substância que foi utilizada na construção deste castelo, tem gotas do meu próprio sangue em sua matriz que me reconhecem, por isso o castelo me protege de qualquer ameaça externa, mas isso você já sabe”

“Sim” Zoro já tinha ouvido essa história antes, o que aconteceu hoje no castelo foi o marmóreo reagindo às emoções de sua mestra, rainha Branca.

“O marmóreo é traiçoeiro no entanto, ele reconhece o poder no sangue, ele protegerá aquele que considerar digno de ser protegido. Minha família é antiga, fomos escolhidos como governantes de Wonderland para proteger essa terra”

“Por isso que ninguém poderia tomar Marmoreal, Robin, não há sangue mais poderoso do que o da sua família”

“Nós fomos escolhidos, Zoro, mas você não lembra por quem?”

Oh não

“Merda” ele amaldiçoou.

“A família DonQuixote foi quem escolheu a minha família para governar. Amanhã, tudo o que Doflamingo precisa fazer é colocar uma gota de sangue na entrada do jardim branco” E desta vez Robin chorou ainda mais. Zoro correu para o seu lado e a abraçou, ele ficaria ao lado dela esta noite.

 

OOO

 

“Isso é ridículo” resmungou Nami.

“Shh, não adianta esse ser um exercício de espionagem se você não consegue falar baixo, alteza” Sanji a repreendeu em algum lugar próximo.

Sanji decidiu que eles passariam a noite toda treinando, não combate, mas técnicas de espionagem, controle mental e etc.

“Os melhores truques são os mais simples alteza. Meu pai era um verdadeiro canalha e por isso eu tive que aprender a me esconder dele. Todos em Wonderland tem um pouco de magia dentro de si, você só tem que exercitar.” Os dois estavam no jardim branco de pé um de frente para o outro, Nami ainda com seu vestido de festa, Sanji com seu costumeiro estilo casual, mas perfeitamente arrumado “Sabe aquela sensação no fundo de nós quando queremos desaparecer de uma sala ou estar lá sem sermos percebidos por ninguém? Isso é possível se souber canalizar a mágica pra isso” Ele apertou a mão dela “Tudo o que você tem precisa fazer é esconder sua presença com mágica”

“Não estou acostumada a lidar com magia, Sanji”

“Você vem de uma família antiga, que governa nossa terra há milhares de anos, além disso você tem o Lightning com você, acredite alteza, ninguém neste lugar tem mais potencial de magia do que você”

‘Isso é verdade, Light?’ ela questionou em pensamento.

‘É sim, Nami. Imagine seu corpo como um canalizador da sua magia, seu sangue aumenta seu potencial em mil vezes e eu aumento isso em um milhão de vezes, por isso, se você acreditar minha querida, pode apagar sua presença como o Sanji com o simples estalar de dedos’

“Conversando com o Lightning?” Sanji perguntou fazendo-a perceber que ficou off por alguns minutos.

“Sim, ela me confirma o que você disse”

“Você tem todo o potencial, princesa, só precisa relaxar” Sanji tinha uma maneira estranha de fazer Nami se sentir calma e confiante, talvez porque sempre que ela o mirava, ela lembrava de sua outra casa, de sua mãe e sua outra vida.

“Muito bem, vou tentar” Nami fechou os olhos e tentou fazer como o loiro a ensinou, sentir como se quisesse desaparecer de uma sala. Era ridículo, mas o que foi normal em sua vida na última semana?

‘Nami, se não acredita em si mesmo, acredite em mim’

Sim, ela acreditava.

“Princesa?” ela ouviu Sanji chamar. “Princesa, eu sei que devia dizer parabéns agora, mas será que poderia se mostrar pra mim? Tudo o que tem que fazer é me permitir sentir você, ver você”

‘O que...?’

Nami abriu os olhos e á princípio não notou nada de diferente, olhou para o loiro e apesar de ele encarar o lugar em que ela estava, ele não realmente a via.

“Estou aqui, Sanji” Ele virou na direção da voz e ela soube que dessa vez ele a via. Nami viu uma expressão de orgulho e alívio nos olhos dele. Ela se aproximou e tocou seu rosto “Achou que eu sumiria pra sempre?”

“Isso seria muito cruel da sua parte, princesa” Ele respondeu com um sorriso.

“Já que eu aprendi esse poder super legal, que tal fazermos uso dele?” Nami tinha um sorriso positivamente maligno nos lábios.

“O que tem em mente princesa?”

“Es-pi-o-nar” Sanji arregalou os olhos.

“Que coisa feia, alteza” respondeu com o tom brincalhão. “Lembre-se de manter a concentração” Nami sorriu como uma criança que sabe que vai aprontar, ela pegou a mão de Sanji e correu para o castelo.

Como duas crianças os dois correram pelo palácio sem ter medo do que diziam ou do volume das risadas, era algo libertador para duas criaturas tão controladas no dia-a-dia como eles. Eles andavam pelo corredor da ala médica quando ouviram duas vozes bem familiares.

“Eu já disse que não, Bonney-ya” resmungou um irritado Trafalgar Law.

“Mas por que não, Law? Com a princesa de volta, suas chances com o Chapeleiro não existem mais” Nami respirou fundo. “Não que você tivesse alguma chance antes”

“Será que dá pra calar a boca, Bonney-ya? Não preciso do castelo todo ouvindo a nossa conversa”

“Law” o tom de Bonney ficou mais suave, suplicante “Eu te conheço há anos, crescemos juntos, não é possível que não sinta nada por mim. Eu te amo e quero ficar com você, enquanto o Chapeleiro está apenas nos seus sonhos, eu estou aqui em carne e osso pra você.” Bonney segurava as mãos do médico e Nami podia ver lágrimas teimosos ameaçando sair dos olhos da rosada.

Sanji experimentava sentimentos estranhos naquele momento, sentia simpatia pela pobre Bonney que amava um homem que não a correspondia, contudo não conseguia deixar de sentir uma raiva por vê-la tocando o médico que lhe chamou a atenção.

“Bonney-ya” o tom de Law era calmo e condescendente, o que foi uma facada no coração da rosada “Eu sei, mais do que ninguém, os sentimentos do Luffy-ya pela princesa” Sanji e Nami sentiram o coração falhar uma batida. “Eu achei que poderia tentar uma última vez conquistá-lo, mas eu nunca o vi tão feliz em minha vida e eu não posso… Eu não posso tirar isso dele”

“Mas então porque você está aqui?” Sanji parou de respirar esperando pela resposta.

“Não é da sua conta, Bonney-ya” e saiu andando. Bonney bufou, ele era sempre assim, mas não desistiria, deu meia volta pra ir embora e quase caiu depois de tropeçar em alguma coisa. Ela olhou pra trás, mas não tinha nada.

“Vossa alteza é má” o loiro resmungou querendo rir.

“A aula está suspensa, Sanji” Nami queria verificar uma coisa e não queria Sanji no caminho.

“Aconteceu alguma coisa?”

“Não, quero ver se consigo manter a minha presença apagada sozinha” Sanji ponderou por uns segundos, mas logo deu de ombros. Não podia ir contra uma ordem direta.

“Boa noite, alteza” disse indo embora, coincidentemente na mesma direção que Law.

“Boa noite, Sanji” ela correu pelos corredores, nossa como se arrependia de não ter tirado aquele vestido de festa.

Ela não queria ter mentido para o loiro, mas a verdade é que desde aquele incidente no salão, Nami tinha o péssimo pressentimento de Luffy faria alguma bobagem se não ficasse de olho nele. Chegou no corredor onde o quarto dele estava a tempo de vê-lo saindo do quarto com um semblante sério. Segui-o pelo castelo até vê-lo parar na frente de um dos quartos e bater na porta. Qual foi sua surpresa quando viu Eustass Kid sair.

“Chapeleiro”

“Kid”

Os dois não falaram mais nada, mas a tensão estava ali e aumentava a cada minuto. Nami se aproximou e ficou a poucos metros dos dois.

“Veio aqui só pra ficar olhando pra minha cara? Ou será que está esperando que eu te convide pra entrar? Você não é bem meu tipo, mas acho que posso fazer uma exceção” Nami sentiu  bile subir pela garganta com a imagem nojenta que veio a sua mente, ele realmente achava que poderia ter o que era de direito dela?

“Eu não passei todo esse tempo esperando por ela pra me entregar a um verme como você” Nami arregalou os olhos quando viu o familiar brilho escarlate e o tom de voz ameaçador “Eu vim aqui apenas para te contar seu futuro”

“Ah é? E qual é o meu futuro?” Esse homem não tinha o menor instinto de autopreservação?

“Amanhã eu vou acabar com você na frente de todos e te usar de exemplo pra que ninguém nunca mais tente roubar o que é meu” Eustass Kid percebeu que aquela não era uma simples ameaça, que Luffy tinha toda a intenção de fazer o que dizia “Eu vou te matar bem devagar, você vai sentir a vida deixar o seu corpo minuto a minuto e quando você implorar pra morrer eu vou te levar pra um lugar onde nem a Vermelha vai pensar em vir atrás de você” Kid suava frio e Nami viu que isso já tinha ido longe demais. “Pensando bem, vou poupar o tempo de nós dois e matar você agora...” o Chapeleiro ia avançar quando Nami tocou seus ombros, aproximou seu rosto do dele e sussurrou seu nome bem baixinho. Ele parou na hora e olhou para os lados pra ver se não tinha imaginado coisas.

“Nami, é você?”

“Chapeleiro” ela chamou “Pare com isso, se matá-lo agora será preso” ela ainda não tinha se revelado pra ele, mas o chapeleiro sabia que era ela ali. Kid observava a cena num misto de confusão e pânico.

“Por que você sempre interrompe as coisas na melhor parte, princesa” ele não parecia bravo com ela, mas talvez porque não conseguia vê-la.

“Desacorde o Kid aí podemos conversar” Antes que o ruivo pudesse contestar, o moreno lhe deu um forte soco na cara que o fez desmaiar, por que ele obedeceu ela mesmo?

Depois de arrastar o cara pra dentro do quarto e fechar a porta, o Chapeleiro ficou esperando Nami aparecer, mas ela não disse nada.

“Apareça, princesa” ela não respondeu “Vai ser assim então” o moreno fechou os olhos e deixou os instintos lhe dizerem onde ela estava. Ele andou alguns passos e agarrou algo. Nami levou um pequeno susto.

“Como pode saber onde estou sem me ver?” a mão dele subiu até o rosto dela e acariciou com carinho. Ela fechou os olhos e envolveu o chapeleiro no mesmo feitiço, isolando-os do resto do mundo.

“Laranjas, sempre que você está perto eu sinto o cheiro de laranjas” Nami pegou a mão que estava em seu rosto e deu um beijo na palma.

“Não pense que sendo fofo você não vai explicar porque veio aqui”

“Eu nunca fui muito paciente, princesa”

“O duelo vai ser daqui a algumas horas, você poderia ter sido preso e morto vindo aqui. Você não pensou que eu ficaria sem você, não é?” O Chapeleiro arregalou os olhos, imaginou que a ruiva o impediu porque não queria ver o Kid morrer, interessante.

“Então não se importa que ele morra, princesa?” era um desafio, queria saber se o que ela tinha dito era verdade. Nami se aproximou e ficou a poucos centímetros deles, os olhos castanhos com um ligeiro brilho dourado.

“Nada me importa contanto que você esteja vivo” o Chapeleiro grunhiu de prazer ao ouvir o tom possessivo na voz dela.

“Acho que virei uma má influência pra você” o tom rouco não escondia o desejo na voz dele

“Você é meu tanto quanto eu sou sua, não vejo problemas em dizer que mataria uma pessoa pra te proteger”

“Nami...” era a primeira vez que ele a chamava pelo seu nome e não seria bom que continuasse, havia algo no modo como ele a chamava que a deixava em chamas.

“Temos coisas pra fazer amanhã, vamos dormir”

“Não, não se afaste de mim” era pra ser uma ordem, mas Nami ouviu como uma súplica.

“Não estou me afastando”

“Está sim, está se afastando do desejo que sinto por você, a pergunta é por quê?”

“Eu...Eu amo as duas partes de você, mas ceder aos meus desejos com apenas um de vocês parece… eu não sei, errado” o Chapeleiro se afastou um pouco, seus dedos brincando com as mechas alaranjadas.

“Como se estivesse traindo o outro? Por que eu lhe garanto, Nami, se eu quiser, Luffy-chan pode ver tudo o que faríamos como expectador”

“Mas não como participante e eu quero ele tanto como quero você então me conte, Chapeleiro, como posso ter vocês dois? O que eu tenho que fazer pra vocês serem um novamente?” Chapeleiro a encarou, primeiro com surpresa, depois raiva e finalmente resignação.

“Achei que estávamos falando de sexo aqui” resmungou entredentes “Luffy-chan já deve ter te dito que eu não posso me unir a ele, não é?” Nami assentiu “Eu estou amaldiçoado, Nami, mas eu vou ficar bem. O Lightning é capaz de me curar e vai fazer isso do mesmo jeito que você curou o Sanji”

“Eu já sabia de tudo isso, Chapeleiro. Eu fui atrás da Lightning por você” o moreno ficou pasmo ao ouvir aquilo “Eu li uma vez sobre a sua maldição e lá dizia que só o Lightning poderia reparar”

“Nami você se arriscou por mim? Mas nós mal nos conhecíamos naquela época” o Chapeleiro estava comovido, ninguém nunca tinha feito algo assim por ele e ouvir que a mulher que amava, do seu próprio jeito perturbado, tinha arriscado a vida por ele sem nem lembrar era bem lisonjeiro.

“Bom, eu… admito que não pensei muito, eu só sabia que faria qualquer coisa por você desde aquela época, mas não mude de assunto. Se o que precisamos pra você se curar é o Lightning, eu posso fazer isso agora.” Ela ia puxar o bastão das dobras do vestido, quando o moreno a impediu.

“Não, você ainda não está forte pra isso” ela se afastou dele irritada.

“Não é você quem decide isso”

“Nami, você acreditaria se eu te dissesse que você sabia usar o Lightning quando era pequena?”

“O que?!”


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Notas finais do capítulo

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