[Yukio] Eu... Desmaiei...? O que aconteceu... eu não vejo nada...

Yukio sentia que estava caindo, mas tudo que via era uma imensidão sem cor, sem dimensão, sem espaço ou tempo.

[Yukio]: Eu... estou morrendo? Eu não sinto meu corpo...

(Voz): Você se tornou digno, Herdeiro da Rainha Alada.

Yukio sai do estado em que se encontrava. Agora, ele não sentia mais a queda. Ele se via flutuando no ar, em uma imensidão azul, sem chão, sem céu, sem limite.

[Yukio] Que sensação boa... eu morri?

(Voz): Errado... sua batalha ainda está por vir...

Uma voz serena, feminina, jovem, chegava em Yukio de todas as direções.

(Voz): Por isso, eu serei seu escudo. Eu o levantarei, guerreiro, para que possa continuar rumo ao seu verdadeiro destino.

A direção por onde a voz vinha ficava cada vez mais nítida. Agora, era claro de onde vinha a voz. Quando Yukio se virou para ver, pode ver uma jovem de pele alva, de cabelos vermelhos, vestida com uma túnica branca e um elmo de ouro. A mulher portava uma lança metálica e vinha montada em um cavalo alado, com uma majestade indescritível. Quando ela o alcançou, estendeu a mão para ele, que instintivamente aceitou.

No mesmo instante, Yukio se viu novamente em queda. Quando recuperou uma certa lucidez, percebeu que já estava a poucos metros do chão. Não conseguia se lembrar direito de tudo o que tinha visto, era como um sonho turvo. Entretanto, por reflexo, Yukio fez uma força sobrenatural para conseguir apontar os pés para o chão, mesmo não conseguindo ficar em pé. Muito próximo ao solo, ele sentiu sua magia, e liberou um pouco de Energia Arcana, seguindo o fluxo do que sentia. O movimento liberou uma magia em sua Form, uma brisa de luz esverdeada, que o impulsionou de volta para cima, freando sua velocidade de queda, como se tivesse executado um segundo salto pequeno no ar.

Entretanto, não foi o suficiente para corrigir totalmente o movimento. Do mesmo jeito que a magia o desacelerou, sua posição o arremessou para a frente de seu eixo, o jogando contra o chão. Sem forças, Yukio não se equilibrou no final da queda, sutilmente chocando-se contra o solo destruído pela batalha. Ali ficou, imóvel, sem conseguir sequer se mexer.

(Amemaru): Ga...roto... você...

Yukio se assusta. Então, gasta sua última força para olhar em direção a seu inimigo.

(Amemaru): Você... conseguiu... eu fui... derrotado... depois de todos esses anos... eu consegui...

(Yukio): O que... quer dizer?

(Amemaru): Eu não devo ter muito tempo... mas vou tentar te contar. -O homem falava com dificuldade, devido ao ferimento em seu tronco. - Há... vários anos... Eu fui vítima de um experimento há cerca de 35 anos. Naquele tempo, a Corporação, a Dark Corp, ainda estava no começo dos estudos sobre a Magia Original dos quatro Reis. Segundo eles, essa magia era a chave para libertar o Rei das Trevas do selo que prende todo o seu imensurável poder arcano. Então, eles me acharam. Eu era apenas uma criança, mas demonstrei um poder arcano incrível... eu podia transformar minha magia em qualquer elemento.

Então, foi criado um experimento para provar a hipótese formulada em laboratório. Esta dizia que, se o mago que dominava os elementos se tornasse poderoso o suficiente, ele poderia criar os Elementos Primordiais, a Magia das Trevas e a Magia Sagrada, as magias usadas pelo Mago Ancestral para fazer o selamento.

Eles selaram em mim, usando magia arcana poderosíssima, uma alma artificial. Essa alma foi criada com traços da magia das Trevas, era um demônio sedento por sangue. Cada vez que meu sangue fervia, que uma batalha acontecia, essa alma vinha à tona, me dominando, apossando-se do meu corpo para derramar sangue em batalha. Consequentemente, minha magia foi ficando mais forte, como eles queriam. Entretanto, eu vivi todos esses anos com esse demônio dentro de mim... atormentando meus sonhos... falando em minha cabeça... eu só desejava me livrar desse mal...

(Yukio): Então é por isso que seu comportamento em batalha mudava?

(Amemaru): Sim, quando eu uso a Magia Arcana, eu perco o controle de mim mesmo. Anos atrás, em um ápice de desespero, eu invadi o laboratório que conseguiu a magia arcana que selou aquela besta dentro de mim. analisando as informações, eu descobri um meio de ter paz. Se eu fosse gravemente ferido em combate por magia arcana, sendo o ferimento mortal ou não, a fenda criada em meu corpo poderia ser o suficiente para expulsar essa alma selada no meu corpo.

Yukio se surpreende com o fato, e começa a entender porque seu inimigo estaria contando isso a ele.

Então, eu comecei a procurar por combate. Centenas, milhares de vezes, eu deixei que essa... essa coisa me possuísse, para que eu pudesse achar alguém que me matasse em combate. Entretanto, essa besta me deixou muito forte, moldando a minha magia elemental para a magia que eu usava contra você. Uma defesa sem falhas. Ele não queria se separar de mim... não queria ser morto. Mas, quando você me feriu, foi o suficiente para, depois de tantos anos, eu conseguir realizar meu sonho... minha mente está em paz... é ótimo...

(Yukio): Eu... realmente... fico feliz... por você...

(Amemaru): É bom ouvir isso... como uma última e única gentileza na vida...

(Yukio): O que... quer dizer?

O corpo de Amemaru começa a secar. Amemaru começa a, literalmente, se desfazer.

(Yukio): O que... O que está acontecendo???

(Amemaru): Eu sabia, eu havia analisado a magia corretamente...

(Yukio): O que??

(Amemaru): É o efeito colateral da separação das almas... esse corpo não pode, de maneira nenhuma, continuar tendo uma vida, agora que uma alma saiu dele... ou seja, esse corpo está morto...

(Yukio): Não... NÃO!

(Amemaru): Jovem garoto... obrigado. Você realizou meu sonho... de ter... a paz eterna...

O corpo de Amemaru se desfaz completamente, virando cinzas, que correm com o pouco vento ali existente.

Yukio fica olhando para a cena, totalmente em choque.

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Depois que viram a magia que cobria os céus desaparecer, Yuudai e Yukihana correram em direção ao lugar em que provavelmente estaria acontecendo uma batalha.

(Yuudai): Ou alguém derrotou quem usava aquela magia, ou...

(Yukihana): Ou quem estava lutando foi derrotado.

Yuudai pega o comunicador.

(Yuudai): Fiammata??

(Oro): Ah, Yuudai, você cortou a comunicação do nada há uma meia hora e não deu mais sinal de vida, sabia?

(Yuudai): Desculpa, muitas coisas aconteceram... onde você está?

(Oro): Olha, eu não sei... mas digamos que eu não estou em um bom dia.

Fiammata e Catherine estão correndo em direção oposta ao prédio principal, com dezenas de soldados da Dark Corp em seu encalço.

(Oro): Ok, então... assim que eu acabar por aqui eu te ligo. CATHERINE, FAZ ALGUMA COISA!

(Catherine): FAZER O QUE? FAZ VOCÊ!

(Oro): Eu não tenho mais magia arcana pra derrubar tanta gente...

(Catherine): Então só corre!

(Oro): Entendido...

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(Yuudai): Bom, pelo menos eles estão OK...

(Yukihana): Olha, ali!!

A dupla vê Yukio caído, imóvel. Yuudai dispara na frente, correndo.

(Yukihana): Meu Deus! Ele está bem??

(Yuudai): Está muito machucado... Assim, muito mesmo...

(Yukihana): Vou prestar os primeiros socorros. Mas, diga, o que diabos aconteceu aqui? Esse lugar...

(Yuudai): Sim, até o solo está destruído. Isso é... aquela magia?

(Yukihana): Então Yukio foi derrotado?

(Yukio): Onii-san...

Yukio abre os olhos lentamente.

(Yuudai): Ah, ele está bem. Yukio! O que aconteceu? Onde está o usuário daquela magia? Droga, eu sabia que era loucura deixá-lo aqui...

(Yukio): Siga... para o objetivo... Eu derrotei um dos Arcanist.

(Yuudai): Derrotou?? É sério?? Onde... ele está?

Yukio parece ter arrepios de lembrar o que aconteceu, mas não conseguia sequer mexer a cabeça.

(Yukio): A gente cuida disso... Onii-san, continue... Você precisa salvar a vida do seu amigo...

Yuudai parece estranhar a resposta do garoto, ele parecia bem menos agitado do que costumava ser.

(Yuudai): ...Certo. Yukihana, quero que fique aqui até Catherine-san chegar.

(Yukihana): Mas é claro!

(Yuudai): Então...

(Yukio): Onii-san...

(Yuudai): Hum?

(Yukio): Não ouse... morrer... nessa batalha...

(Yuudai): ... Eu vou voltar logo.

Yukio desmaia novamente.

(Yuudai): Estou indo.

Yuudai se afasta. Yukio recobra a consciência novamente.

(Yukio): Yukihana-san... quando... a gente voltar... por favor, me... lembre de... acender uma lanterna para uma pessoa...

Yukihana estranha o pedido, mas faz que sim com a cabeça. Yukio, então, olha para cima e sorri.